terça-feira, 11 de setembro de 2012

A cara-de-pau do ex nas redes sociais II

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Só vingança, vingança, vingança aos santos clamar, como canta o gênio gaúcho Lupicínio Rodrigues.

É, é o domingo que pega.

Uma amiga de Curitiba, a C., me conta agora. Acordou cedo, tentando ser saudável e se recuperar de um amor perdido, mas caiu na tentação de ver os passos do desgraçado nas redes sociais.

Que humaníssima e grandiosíssima mierda. Deus castiga.

Lá estava o miserável todo feliz, saudável e ecológico em um passeio de bike. Com uma gazela na cola. Pode até não ser nada disso que ela estava pensando, mas duvido. Nesses casos, sempre é o que parece.

Sinto muito.

E, por favor, amigos, risquem os nomes dos amores perdidos dos seus instagrams, twitters, facebooks etc.

Como dizia a canção das antigas, aqui na voz de Nelson Gonçalves: “Risque meu nome do seu caderno, pois não suporto o inferno do nosso amor fracassado”.

Essas coisas só acontecem aos domingos.

É o domingo que dói como um gol contra aos 47 do segundo tempo.

Desculpa a chatice do cronista repetitivo, porém, de novo, advirto: o pior de quem perdeu o amor recentemente é o almoço domingueiro.

Neste caso, nem vale uma refeição completa. Não vale nem o mais vagabundo dos quilos. A este tipo de solidão a gente alimenta com miojo ou com a pizza da véspera.

Domingo dói como aquele golzinho fanhoso que ouvimos no rádio do porteiro.

Melancólico como aquele operário em construção que põe só os olhos de fora na janelinha de compensado de mais um prédio.

O domingo é um perigo. Você pode cair na fraqueza e ligar para o(a) vagabundo (a).

Não adianta. Não caia nesse conto. A essa altura ele(a) já estará no cinema, mãozinhas dadas, com outro(a). Depois tem vinho ou sorvete.

Que mierda!

A um domingo assim, amiga de Curitiba, a gente acaba com ele logo na véspera, com a ilusão do sábado, com um porre monstro para uma ressaca monstruosa.

Para não ter forças nem de fuçar a vida do lazarento. Para cair de inércia, para deixar quieto.

Amiga de Curitiba, só a lama cura nessas horas, melhor morrer de vodka do que de tédio, como receitava o velho poeta russo.

Só a lama cura, incluindo aquela velha receita de dar para o primeiro que encontrar pela frente. Melhor ainda que seja um bêbado amigo do sujeito.

Só vingança, vingança, vingança aos santos clamar! O mais, nesta hora, é bondade fictícia.

Buena sorte!



(Xico Sá - Fonte: 
http://xicosa.blogfolha.uol.com.br/2012/09/02/a-cara-de-pau-do-ex-nas-redes-sociais-ii/)
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