segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Receita de Ano Novo

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Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


(Carlos Drummond de Andrade)

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domingo, 23 de dezembro de 2012

‎"A receita de veneno do comissariado"

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Lula e José Dirceu, bem como os comissários Gilberto Carvalho e Rui Falcão (foto), mostraram-se dispostos a botar povo na rua para defender o que chamam de “nosso projeto”. A ideia é tirar a nação petista do inferno astral em que se meteu com o ronco das praças. Deveriam pensar duas vezes. Talvez três, consultando-se com o senador Fernando Collor de Mello. Em agosto de 1992, ainda na Presidência, acossado por denúncias de roubalheiras, ele foi à televisão e pediu ao povo que o defendesse, vestindo verde e amarelo no dia 7 de setembro. A garotada ouviu-o e saiu por aí vestindo luto, com as caras pintadas. Em dezembro, Collor renunciou à Presidência.

O que vem a ser o “nosso projeto” em cuja defesa o comissariado quer gente na rua? O pedaço dos dez anos de mandarinato petista que garantem popularidade a Lula e à doutora Dilma nada tem a ver com o infortúnio dos mensaleiros e dos jardins de Rose Noronha. Há gente disposta a sair às ruas para defender muitas iniciativas realizadas pelo PT desde 2003, mas, se o comissariado acredita que conseguirá uma mobilização popular para proteger delinquentes condenados pelo Supremo Tribunal ou apanhados pela Polícia Federal, pode estar apostando numa radicalização suicida.

O repórter José Casado acompanhou três comícios de Lula durante a última campanha eleitoral. Viu-o nas praças de São Bernardo, Santo André e Diadema. Em cada uma delas, havia algo em torno de duas mil pessoas. Dois terços da audiência eram compostos por uma plateia que havia chegado em ônibus fretados por comissários. Casado tirou uma prova perguntando a vendedores de água como ia a féria. Muito mal.

Se a ideia é botar povo na rua sem ônibus de prefeituras, dispensando a infraestrutura da Viúva, tudo bem. Se acreditam que podem usar esses recursos sem que ninguém perceba, enganam-se. Produzirão apenas mais situações escandalosas.

Quando Collor teve sua péssima ideia, já existia mobilização popular contra ele. Potencializou-a. Há pessoas indignadas com a postura petista de defesa de delinquentes condenados. Elas ainda estão em casa, quietas. Se o negócio é ir para a rua, elas também podem ir, sem ônibus das prefeituras.


( Elio Gaspari )
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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Para que servem os militares ?

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Para aqueles que às vezes aparecem pondo em dúvida para que servem os militares, o Presidente Obama deu a resposta.

"...É graças aos soldados, e não aos sacerdotes, que podemos ter a religião que desejamos.

É graças aos soldados, e não aos jornalistas, que temos liberdade de imprensa.

É graças aos soldados, e não aos poetas, que podemos falar em público.

É graças aos soldados, e não aos professores, que existe liberdade de ensino. 

É graças aos soldados, e não aos advogados, que existe o direito a um julgamento justo. 

É graças aos soldados, e não aos políticos, que podemos votar..."


(Barack Obama no Memorial Day)

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domingo, 16 de dezembro de 2012

Receita padrão de adultério

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Não suportou mais e foi procurar o amigo escritor. Era amizade antiga, mas distante. De há muito o considerava um péssimo caráter, capaz de cometer qualquer miséria desde que tivesse lucro com uma mulher ou com um assunto que lhe desse inspiração. Aproveitava-lhe a sabedoria, mas evitava contagiar-se com a devassidão de sua vida abominável.

Ele desejava mudar o nome do prédio onde morava (Babilônia), aconselhara-se com o amigo, haveria uma reunião de condomínio e o escritor incentivou-o, que fosse formidando ao fazer a proposta.

- Formidando? Quê que é isso?

- Uma expressão clássica, Raul Pompéia usava muito em "O Ateneu", o professor Aristarco era formidando. Significa formidável, feroz, tonitruante.

- É isso aí! Serei formidando!

A reunião foi numa sexta-feira, à noite, nada teve de formidanda. No sábado, ele voltou ao amigo.

- Como é? Você foi formidando?

- Formidando uma ova! Foi um desastre!

- Mas por que diabo você quer mudar o nome do prédio?

Abriu-se. Pela primeira vez na vida, abria-se. Tinha medo de ser traído. Sabia que as mulheres depois de certa idade sofriam crises, as tentações eram muitas. Ele achava que o nome "Babilônia" era um péssimo agouro. Mas reconhecia que não adiantava mudar o nome do prédio.

- É. Não resolve mesmo, admitiu o amigo.

- Você seria capaz de dar em cima da minha mulher?

A pergunta, à queima-roupa, desorientou o escritor, que apesar de cínico não estava preparado para ela.

- Não. Ela é muito magra.

- Era. Agora engordou um pouco.

Para ser fiel ao papel de cínico, o amigo novamente admitiu:

- Bem, se está no ponto, por que não?

- Você gosta de mulher gorda?

- Nada disso. Mas mulher magra foi uma impostura dos costureiros, dos modistas. São, em geral, pederastas. Odeiam a mulher. Querem os homens todos para eles e o melhor modo de eliminar a concorrência é obrigar a mulher a ficar ossuda, sem carnes. As idiotas fazem regime, ficam com as pernas que parecem palitos, a bunda vira uma tábua. Não é à toa que os homossexuais terminam levando vantagens. Agora, veja, as fêmeas bíblicas, a mulher das Escrituras, as mulheres de Renoir, de Rubens, as madonas, a "Fornarina" de Rafael...

- Bem, eu não entendo muito disso, mas acho que você tem razão.

- Uma porrada de razão! Os homens gostam e se casam com mulheres magras para a exibição, o jogo social. Na hora de rebolar na cama, preferem as gordinhas, as falsas magras...Todas as amantes dos meus amigos são assim...

- Eu não tenho amantes, Otávia me basta.

O amigo ia dizer qualquer coisa, freou-se a tempo.

- Você acha que sua mulher seria capaz de um adultério?

- Sei lá.

- Bom, em princípio todas as mulheres são capazes disso. Elas têm a matéria-prima do adultério: o sexo e o marido. Falta apenas o beneficiamento, que é o terceiro elemento, o amante, que não é difícil de encontrar. Mas fique sabendo, nenhuma mulher nasce adúltera, como os poetas que nascem poetas. Ela se faz, como os oradores. Ou melhor, o marido é que a faz adúltera.

- Você já cometeu adultério?

O amigo fingiu que não ouvira bem, mesmo assim tirou o corpo fora:

- Eu sou solteiro!

- Não é isso que quero dizer. Pergunto se você já cometeu adultério com alguma mulher casada?

- Que eu saiba, não. Não gosto de adultérios. Eles precisam de hotéis sórdidos, exigem códigos ridículos, praticam ritos abomináveis, dificilmente se comete adultério em paz de espírito.

- Isso é necessário? Essa paz de espírito?

- Tanta mulher no mundo, porque escolher uma que pode dar problema?

- O problema pode compensar.

Calaram-se por um tempo. O escritor ofereceu um uísque.

- Bem, por hoje chega. Aprendi bastante. Outro dia apareço.
- Você tem lido meus livros? -a pergunta foi também à queima-roupa.

- Não. Otávia acha-os indecentes e eu termino escondendo-os. Na última mudança, sumiram.

- Ainda bem. Qualquer que seja a solução do seu caso, mantenha-me informado. Você pode me dar bom assunto.



(Carlos Heitor Cony - Fonte: http://cronicasbrasil.blogspot.com.br/search/label/Adult%C3%A9rio)
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Feias, bonitas...

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Eram duas irmãs, uma muito bonita e a outra - bem, a outra não. A bonita tinha um corpo como qualquer mulher gostaria de ter (sem ser esquálida), era não só elegante, como se vestia de maneira diferente. Era original, criativa, isso sem ser extravagante nem exibida. Um show de mulher, que quando entrava nos lugares era olhada por homens e mulheres, com admiração.


Eu, ainda garota, era amiga das duas; inicialmente da mais bonita, pois era com ela que saía à noite, ia às festas, aos lugares onde as coisas aconteciam. A outra era casada; mal casada mas casada, e nos víamos eventualmente para almoçar. Ela era simpática, agradável, mas perto da irmã, desaparecia. E a irmã tinha sempre muitas histórias boas para contar.

Histórias dos bastidores da alta costura (tudo isso se passou em Paris), das pessoas famosas que ela conhecia, e sobretudo dos seus "dramas" amorosos. Ela nunca tinha um namorado só e, como nenhum morava em Paris, isso facilitava bem as coisas.

Ainda me lembro: naquela época - estou falando dos anos 50 - os telefones eram precários, e as comunicações aconteciam por telegrama. Um dos namorados era príncipe - havia tantos, sobretudo na Itália - , se chamava Galvano e morava na Sicília. Volta e meia chegava um telegrama, marcando de encontrá-la em Palermo no fim de semana; e lá ia ela. O outro morava em Milão, e o encontro seria em Roma. Na época, nunca me ocorreu por que razão eles não iam nunca a Paris; era assim e pronto.

Ela sofria, e eles aprontavam, sumiam, namoravam outras, e assim foi indo a vida. Um dia ela achou que estava na hora de sossegar e se casou com um belo italiano; não me parece que tenha sido um grande amor, mas foi um casamento que funcionou. Ela foi morar em Milão, trancou-se em casa, e sua única distração, digamos assim, era a moda. Comprava tudo que aparecia de novo, até que um dia teve uma doença ruim e morreu.

Enquanto isso a vida da irmã continuava: separou-se do primeiro marido - porque quis -, marido esse que passou anos fazendo tudo para que ela voltasse. Se casou de novo, com um produtor de cinema, e o casamento, muito feliz, durou até que um dia ele teve um infarto fulminante e morreu.

Ela sofreu, mas não deixou a peteca cair; tempos depois estava casada de novo, com o homem que mais amou, e que trabalhava no show business. Foi um amor louco, absoluto; ele tinha uns 15 anos menos que ela, era lindo, e morreu aos 33 anos de cirrose. Como ela sofreu; parecia que nunca mais levantaria a cabeça.

É preciso aqui fazer uma pausa: desde que a irmã se casou, fomos ficando cada vez mais amigas. Fui percebendo o quanto ela era generosa, interessada pelas pessoas, pelo mundo em geral, sempre pronta a fazer agrados, carinhos, tolerante e paciente com todos que a rodeavam. Um dia conheceu seu último marido, com o qual está casada há 30 anos. Um ótimo casamento, devo dizer.

E fiquei pensando que os atributos físicos, tão valorizados, fazem com que as pessoas se esqueçam do principal, do que realmente importa, e que faz com que as pessoas se gostem, fiquem amigas, até se apaixonem. Nunca nenhum homem largou essa minha amiga; já a bonita teve uma vida sentimental atrapalhada, eu diria mesmo infeliz, e não sei se por acaso ou por que, eu comecei amiga de uma, o tempo passou e fui ficando amiga da outra como nunca havia sido da primeira.

E ainda sou.


(Danuza Leão - Fonte: http://cronicasbrasil.blogspot.com.br/2007/03/feias-bonitas-danuza-leo.html)
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Dilma e Lula

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Diariamente o público brasileiro é bombardeado com novos escândalos, denúncias e ramificações de esquemas de corrupção. Por simples fadiga, muitos talvez não se tenham dado conta de que a crise política em torno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhou impulso e mudou de patamar.

Ela alcançou, agora, o Palácio do Planalto. E quem avocou o assunto para o centro do poder foi a própria presidente Dilma Rousseff.

Ungida por Lula como sucessora, ela parece ter concluído que chegou a hora de sair em defesa enfática do mentor, ora enredado no mensalão. Coisa que Dilma se abstivera de fazer, até aqui, mantendo a imprescindível equidistância de primeira mandatária com relação ao julgamento, por outro Poder da República, do caso de desvio de recursos públicos para comprar apoio do Congresso ao primeiro governo Lula.

"É sabida a minha admiração, o meu respeito e a minha amizade pelo presidente Lula", afirmou Dilma em Paris, em rara declaração sobre política doméstica dada em solo estrangeiro. E arrematou: "Eu repudio todas as tentativas --e esta não será a primeira vez-- de tentar destituí-lo da imensa carga de respeito que o povo brasileiro lhe tem".

O que parece ter motivado a presidente a dar o passo temerário foi a conjugação, em manchetes sucessivas, de duas revelações particularmente danosas para a reputação de seu antecessor.

Primeiro, a divulgação da Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, que expôs as negociatas de pessoa íntima de Lula --Rosemary Noronha-- no governo federal. Depois, a confirmação do conteúdo do depoimento do operador do mensalão, Marcos Valério, dado ao Ministério Público Federal em setembro (depois de condenado pelo STF, mas antes de ser apenado com mais de 40 anos de prisão).

Valério arrastou Lula para o fulcro do mensalão. Ainda que a credibilidade do empresário seja duvidosa, tantas são as contradições e reviravoltas em seus testemunhos, só uma investigação séria das alegações poderá dissipar suspeitas que pairam sobre a participação de Lula no esquema.

Dilma disse ao diário francês "Le Monde" que ela e seu governo não toleram corrupção, mas que não se devem confundir investigações com caça às bruxas. Assim como seus ministros, que saíram em defesa concertada do prócer petista, dá indicação de que tem Lula na conta de cidadão especial, fora do alcance da lei e da Justiça.

Não há lugar para isso na República. Ao avalizar a conduta de seu correligionário e padrinho, antes de qualquer investigação, a presidente se apequena aos olhos de quem lhe atribuía a disposição de romper com a corrupção política.



(Editorial da Folha de São Paulo - 16/12/12 - Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/1200995-editorial-dilma-e-lula.shtml)
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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

O Brasil na encruzilhada - Ives Gandra

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A economia não é uma ciência ideológica, como quer certa corrente política, nem uma ciência matemática, como pretendem os econometristas. É evidente que a matemática é um bom instrumental auxiliar, não mais que isso, enquanto a ideologia é um excelente complicador. A economia é, fundamentalmente, uma ciência psicossocial, que evolui de acordo com os impulsos dos interesses da sociedade, cabendo ao Estado garantir o desenvolvimento e o equilíbrio social, e não conduzi-la, pois, quando o faz, atrapalha.

Por outro lado, o interesse público, em todos os tempos históricos e períodos geográficos, se confunde, principalmente, com o interesse dos detentores do poder, políticos e burocratas, que, enquistados no aparato do Estado, querem estabilidade e bons proventos, sendo o serviço à sociedade mero efeito colateral (vide meu Uma Breve Teoria do Poder, Ed. RT). Por essa razão o tributo é o maior instrumento de domínio, sendo uma norma de rejeição social, porque todos sabem que o pagam mais para manter os privilégios dos governantes do que para o Estado prestar serviços públicos. A carga tributária é, pois, sempre desmedida, para atender aos dois objetivos.


Na superelite nacional, representada pelos governantes, o déficit previdenciário gerado para atender menos de 1 milhão de servidores aposentados foi superior a R$ 50 bilhões em 2011, enquanto para os cidadãos de segunda categoria - o povo - foi de pouco mais de R$ 40 bilhões, para atender 24 milhões de brasileiros! Numa arrecadação de quase R$ 1,5 trilhão - 35% do produto interno bruto (PIB) brasileiro -, foram destinados à decantada Bolsa-Família menos de R$ 20 bilhões! Em torno de 1% de toda a arrecadação! O grande eleitor do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff não custou praticamente nada aos erários da República.


O poder fascina! No Brasil há 29 partidos políticos. Mesmo consultando os grandes filósofos políticos desde a Antiguidade até o presente, não consegui encontrar 29 ideologias políticas diferentes, capazes de criar 29 sistemas políticos autênticos e diversos. Desde Sun Tzu, passando por indianos, pré-socráticos, pela trindade áurea da filosofia grega (Sócrates, Platão e Aristóteles), pelos árabes Alfarabi, Avicena e Averrois e pelos patrísticos e autores medievais, entre eles Agostinho e São Tomás, e entrando por Hobbes, Locke, Montesquieu, Hegel até Proudhon, Marx, Hannah Arendt, Rawls, Lijphart, Schmitt e muitos outros, não encontrei 29 sistemas políticos distintos.


Ora, 29 partidos políticos exigem de qualquer governo a acomodação de aliados e tal acomodação implica a criação de ministérios e encargos burocráticos e tributários para o contribuinte. O Brasil tem muito mais ministérios que os Estados Unidos. Por essa razão suporta uma carga tributária indecente e uma carga burocrática caótica para tentar sustentar um Estado em que a presidente Dilma não conseguiu reduzir o peso da administração sobre o sofrido cidadão. E os detentores do poder, num festival permanente de auto-outorga de benesses, insistem em aumentar seus privilégios, como ocorre neste fim de ano, com a pretendida contratação de mais 10 mil servidores e aumentos em cascata de seus vencimentos.


Acresce-se a esse quadro a ideológica postura de que os investidores no Brasil não devem ter lucro, ou devem tê-lo em níveis bem reduzidos. Resultado: México e Colômbia têm recebido investidores que viriam para o Brasil, pois tal preconceito ideológico inexiste nesses países.


A consequência é que, no governo Dilma, jamais os prognósticos deram certo. Têm seus ministros econômicos a notável especialidade de sempre errarem os seus prognósticos, o que dá insegurança aos agentes econômicos e desfigura o governo. Os 4,5% de crescimento do PIB para 2011 ficaram em torno de 2,5%. Os 4% prometidos para 2012 ficarão ainda pior, ou seja, pouco acima de 1%.


A política energética - em que o governo pretende que seja reduzido o preço da energia pelo sacrifício das empresas, e não pela redução de sua esclerosadíssima máquina pública - poderá levar à má qualidade de serviços e à desistência de algumas concessionárias de continuarem a prestá-los. A Petrobrás, por exemplo, para combater a inflação, provocada principalmente pela máquina pública, tem seus preços comprimidos. Nem mesmo a baixa de juros está permitindo combater a inflação, com o que terminaremos o ano com baixo PIB e inflação acima da meta.
Finalmente, a opção ideológica pelo alinhamento com governos como os da Venezuela, da Bolívia, do Equador e da Argentina tem feito o Brasil tornar-se o alvo preferencial dos descumprimentos de acordos e tratados por parte desses países, saindo sempre na posição de perdedor.


Muitas vezes tenho sido questionado em palestras por que o Brasil, com a dimensão continental que tem, em vez de se relacionar, em pé de igualdade, com as nações desenvolvidas, prefere relacionar-se com os países de menor desenvolvimento, tornando-se presa fácil de políticas estreitas, nas quais raramente leva a melhor. Tenho sugerido que perguntem à presidente Dilma.


Como a crise europeia não será solucionada em 2013, como os investidores estão se desinteressando pelo País, por força dessa aversão dos governantes brasileiros ao lucro, e como investimos em consumo, beneficiando, inclusive, a importação, e não a produção e o desenvolvimento de tecnologias próprias, chegamos a uma encruzilhada.


Bom seria se os ministros da área econômica deixassem de fazer previsões sempre equivocadas e a presidente Dilma procurasse saber por que os outros países estão recebendo investimentos e o Brasil, não. Como dizia Roberto Campos, no prefácio de meu livro Desenvolvimento Econômico e Segurança Nacional - Teoria do Limite Crítico, "a melhor forma de evitar a fatalidade é conhecer os fatos".






(Ives Ganda Martins).





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Hélio Bicudo conta tudo: ESTARRECEDOR e INACREDITÁVEL!

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Hélio Bicudo conta tudo: Lula, Dirceu, Dilma e o esquema PT - ESTARRECEDOR e INACREDITÁVEL!


Não há como ter argumentos contra depoimentos gravados em vídeo em que o próprio acusado se auto-condena.

Também não sei qual é a sua preferência política mas, independentemente daquilo que você entende como ideal para o país, não deixe de assistir o presente vídeo, através do qual Hélio Bicudo, de forma corajosa e com muita clareza, revela as mazelas do PT, o envolvimento do Lula no mensalão e, principalmente, nos alerta sobre o perigoso caminho em que as instituições brasileiras se encontram no momento.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A náusea

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O grande Cole Porter tem uma letra de música que diz: "Conflicting questions rise around my brain/ Should I order cyanide or order champagne?" ("Questões conflitantes rondam minha cabeça/ devo pedir cianureto ou champanha?)

Sinto-me assim, como articulista. Para que escrever? Nada adianta, nada. E como meu trabalho é ver o mal do mundo, um dia a depressão bate. A náusea - não a do Sartre, mas a minha. Não aguento mais ver a cara do Lula, o homem que não sabe de nada, talvez nem conheça a Rosemary, não aguento mais ver o Sarney mandando no País, transformando-nos num grande "Maranhão", com o PT no bolso do jaquetão de teflon, enquanto comunistas e fascistas discutem para ver quem é mais de "esquerda" ou de "direita", com o Estado loteado por pelegos sem emprego, não suporto a dúvida impotente dos tucanos sem projeto; não dá mais para ouvir quantos campos de futebol foram destruídos por mês nas queimadas da Amazônia, enquanto ecochatos correm nus na Europa, fazendo ridículos protestos contra o efeito estufa; não aguento mais contar quantos foram assassinados por dia, com secretários de segurança falando em "forças-tarefas" diante de presídios que nem conseguem bloquear celulares, não suporto a polêmica nacionalismo-pelego x liberalismo tucano, tenho enjoo de vagabundos inúteis falando em "utopias", bispos dizendo bobagens sobre economia, acadêmicos decepcionados com os 'cumpanheiros' sindicalistas, mas secretamente fiéis à velha esquerda, que só pensa em acabar com a mídia livre, tremo ao ver a República tratada no passado, nostalgias masoquistas de tortura, indenizações para moleques, heranças malditas, ossadas do Araguaia e nenhuma reforma no Estado paralítico e patrimonialista, não tolero mais a falta de imaginação ideológica dos homens de bem, comparada com a imaginação dos canalhas, o que nos leva à retórica de impossibilidades como nosso destino fatal e vejo que a única coisa que acontece é que não acontece nada, apesar dos bilhões em propaganda para acharmos que algo acontece. Odeio a dúvida de Dilma, querendo fazer uma política modernizante, mas batendo cabeça para o PT, esse partido peronista de direita.

Não aturo a dúvida ridícula que assola a reflexão política: paralisia x voluntarismo, processo x solução, continuidade x ruptura; deprimo quando vejo a militância dos ignorantes, a burrice com fome de sentido, balas perdidas sempre acertando em crianças, imagens do Rio São Francisco com obras paradas e secas sem fim, o trem-bala de bilhões atropelando escolas e hospitais falidos, filas de doentes no SUS, caixas de banco abertas à dinamite, declarações de pobres conformados com sua desgraça na TV; tenho engulhos ao ver a mísera liberdade como produto de mercado, êxtases volúveis de 'descolados' dentro de um chiqueirinho de irrelevâncias, buscando ideais como a bunda perfeita, bundas ambiciosas querendo subir na vida, bundas com vida própria, mais importantes que suas donas, odeio recordes sexuais, próteses de silicone, pênis voadores, sucesso sem trabalho, a troca do mérito pela fama, não suporto mais anúncio de cerveja com louras burras, abomino mulheres divididas entre a 'piranhagem' e a 'peruice', repugnam-me os sorrisos luminosos de celebridades bregas, passos de ganso de manequim, notícias sobre quem come quem, horroriza-me sermos um bando de patetas de consumo, rebolando em shoppings assaltados, enquanto os homens-bomba explodem no Oriente e Ocidente, desovando cadáveres na Palestina e em Ramos, ônibus em fogo no Jacarezinho e Heliópolis, a cara dos boçais do Hamas querendo jogar Israel no mar e o repulsivo Bibi invadindo a Cisjordânia, o assassino pescoçudo Assad eliminando o próprio povo, enquanto formigueiros de fiéis bárbaros no Islã recitam o Alcorão com os rabos para cima, xiitas sangrando, sunitas chorando, tudo no tão mal começado século 21, século 8.º para eles ainda, não aguento ver que a pior violência é nosso convívio cético com a violência, o mal banalizado e o bem como um charme burguês, não quero mais ouvir falar de "globalização", enquanto meninos miseráveis fazem malabarismo nos sinais de trânsito, cariocas de porre falam de política e paulistas de porre falam de mercado, museus pós-modernos em forma de retorcidos bombardeios em vez da leveza perdida de Niemeyer, espaços culturais sem arte nenhuma para botar dentro, a não ser sinistras instalações com sangue de porco ou latinhas de cocô de picaretas vestidos de "contemporâneos", não aguento chuvas em São Paulo e desabamentos no Rio, enquanto a Igreja Universal constrói templos de mármore com dinheiro arrancado dos ignorantes sem pagar Imposto de Renda, festas de celebridades com cascata de camarão, matéria paga com casais em bodas de prata, políticos se defendendo de roubalheira falando em "honra ilibada", conselhos de ética formado por ladrões, suplentes cabeludos e suplentes carecas ocultando os crimes, anúncios de celulares que fazem de tudo, até "boquete"; dá-me repulsa ver mulheres-bomba tirando foto com os filhinhos antes de explodir e subir aos céus dos imbecis, odeio o prazer suicida com que falamos sem agir sobre o derretimento das calotas polares, polêmicas sobre casamento gay, racismo pedindo leis contra o racismo, odeio a pedofilia perdoada na Igreja, vomito ao ver aquele rato do Irã falando que não houve Holocausto, cercados pelas caras barbudas da boçal sabedoria de aiatolás, repugnam-me as bochechas da Cristina Kirchner destruindo a Argentina, a barriga fascista do Chávez, Maluf negando nossa existência, eternamente impune, confrange-me o papa rezando contra a violência com seus olhinhos violentos, não suporto Cúpulas do G20 lamentando a miséria para nada, tenho medo de tudo, inclusive da minha renitente depressão, estou de saco cheio de mim mesmo, desta minha esperançazinha démodé e iluminista de articulista do "bem", impotente diante do cinismo vencedor de criminosos políticos.

Daí, faço minha a dúvida de Cole Porter: devo pedir ao garçom uma pílula de cianureto ou uma "flute" de champagne rosé?


(Arnaldo Jabor - Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,a-nausea-,971949,0.htm)
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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Se amolde ao "Mosaico"...

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Se todos seres humanos fossem iguais, não haveria sentido algum toda essa natureza sempre ser tão diferente e ricamente diversificada em todas sua dimensão.

Diferentes árvores...
Diferentes animais...
Diferentes flores...
Diferente dias...

Seria muito prático para a raça humana, olhar para o outro e logo perceber, que ele é exatamente perfeito na medida das nossas concepções do que seja perfeito ou aceitável de se conviver. P
erfeições baseadas sempre nas nossas definições, do que seja ou não perfeito e belo.

E nunca tenha dúvida de algo: Procurarmos e desejarmos, sempre o perfeito e o belo, nos tornam os seres mais imperfeitos e feios que possamos imaginar.

Fazer isso, é matar por completo a PERFEIÇÃO DO AMOR. A PERFEIÇÃO DO RESPEITO AS DIFERENÇAS.

Essa é a única perfeição a ser alcançada, e desejada nas nossas vidas: a perfeita maneira de se conviver em harmonia com as diferenças. Essa perfeita maneira de se viver, não tem formas definidas...

Imagens imagináveis. 
Essa é a perfeição dos sentimentos.

Humanos diferentes, assim como um belo quadro de mosaicos se adaptando e tornando sempre, ainda mais perfeita e bela nossa natureza maior. Que vai bem além de um limitado conhecimento, e da definição do que seja o perfeito para nós.

Se alguma aparente imperfeição te incomoda, e te causa ainda alguma rejeição...Aperfeiçoe o seu olhar... Olhe sempre com o olhar do amor, os olhos do coração. Que é sempre, além das definições.

Esse diferente olhar, será o fim de você ainda achar em alguém, alguma imperfeição.



(Raquel Free)
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Resoluções (sexuais) para o fim do mundo

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E se o diabo desse mundo estivesse mesmo à beira do apocalipse previsto para o dia 21?

Não duvido mais de nada na face da terra depois de tantas coisas incomuns que vimos neste ano.

E se você tivesse certeza que já era?

Cantaria que gostosa?

Chamaria que homem, sem firulas ou mimimis, à chincha, à cama?

Proporia que ménage?

Arriscaria tudo no swing?

Sei, és do tipo que não pensa só naquilo. Preferias ler um bom livro, não é, respeitável mentiroso(a)?.

Nestes nostradâmicos momentos, sempre nos bate essas vontades urgentes.

Nada como um bom álibi da bagaceira final. Seja na iminência da bomba atômica iraniana, seja na profecia Maia, tudo é bela desculpa. Já que o mundo vai se acabar mesmo, tudo está permitido.

Pense que maravilha: você está finalmente livre da ressaca moral e da ansiedade amorosa. Pode tudo.

Tem gente, aliás, que vive sempre com o apocalipse no bolso. Como se não houvesse amanhã mesmo. Flamejantes criaturas sem rédea ou juízo.

Um amigo do Sul me sopra aqui, ao telefone:

-Bá, pegava toda a grana e torrava na tia Carmén.

Para quem não conhece esse maravilha de cenário, esclarecemos: Tia Carmén talvez seja a melhor casa de moças de fino trato do país.

-Que mané talvez, irmão, é a melhor do planeta! – reage o gaudério.

Nada como uma desculpa de fim de mundo.

Para um corintiano, depois de ser campeão no Japão, pouco importa a sequência dos dias.

E você, amigo(a), que loucura faria?

Talvez eu corresse o risco de estragar alguma amizade, propondo juntar, sob os mesmos lençóis, afeto e sexo sauvage. Sabe aquela amiga que você pensou, com algum desejo, a vida inteira?

Talvez eu telefonasse para todas as ex-mulheres. Creio que faria isso. Ligação safada prometendo renovar os mil perdões e repetir as phodinhas iniciais depois das siestas.

Não. Não buscaria novas mulheres. Estocaria ostras e caixas de champanhe. Renovaria o amor que tive por todas elas que um dia me fizeram cruzar o paraíso bem antes do fim do mundo.



(Xico Sá - Fonte: http://xicosa.blogfolha.uol.com.br/2012/12/10/resolucoes-sexuais-para-o-fim-do-mundo)
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Perdão aos 98 anos...

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NA MISSA DAS SEIS DO DOMINGO PASSADO, NA IGREJA DE SÃO PAULO APÓSTOLO, EM COPACABANA, O PADRE EUSÉBIO PERGUNTOU AOS FIEIS, AO FINAL DA HOMILIA:

- "QUANTOS DE VOCÊS ESTÃO DISPOSTOS A PERDOAR SEUS INIMIGOS?"

MUITOS LEVANTARAM A MÃO.

O PADRE, ENTÃO, VOLTOU A REPETIR A MESMA PERGUNTA E ENTÃO TODOS LEVANTARAM A MÃO, MENOS UMA PEQUENA E FRÁGIL VELHINHA QUE ESTAVA NA SEGUNDA FILEIRA, APOIADA NUMA ENFERMEIRA PARTICULAR.

- "DONA MARIAZINHA! A SENHORA NÃO ESTÁ DISPOSTA A PERDOAR SEUS INIMIGOS OU SUAS INIMIGAS?"

- "EU NÃO TENHO INIMIGOS!" RESPONDEU ELA, DOCEMENTE.

- "SENHORA MARIAZINHA, ISTO É MUITO RARO!" DISSE O SACERDOTE. E
PERGUNTOU: "QUANTOS ANOS TEM A SENHORA?

E ELA RESPONDEU: - "98 ANOS!"

A TURMA PRESENTE NA IGREJA SE LEVANTOU E APLAUDIU A IDOSA, TÃO ENTUSIASTICAMENTE QUANTO PERMITIDO.

- "DOCE SENHORA MARIAZINHA, SERÁ QUE PODERIA VIR CONTAR PARA TODOS NÓS COMO SE VIVE 98 ANOS E NÃO SE TEM INIMIGOS?"

- "COM PRAZER", DISSE ELA.

AÍ AQUELA GRACINHA DE VELHINHA SE DIRIGIU LENTAMENTE AO ALTAR AMPARADA PELA SUA ACOMPANHANTE,OCUPOU O PÚLPITO,E VIROU-SE DE FRENTE PARA OS FIÉIS. AJUSTOU O MICROFONE COM SUAS MÃOZINHAS TRÊMULAS E ENTÃO DISSE EM TOM SOLENE, OLHANDO PARA OS PRESENTES, TODOS VISIVELMENTE EMOCIONADOS:


- "PORQUE JÁ MORRERAM TODOS, AQUELES FILHOS DA PUTA!"








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Nada é tão fácil como dizem...

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O que me irrita em você (?)

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A questão da individualidade é um tema bastante complexo. As pessoas se diferem em personalidade, estilo de vida e comportamento. Nem todos aceitam determinadas regras ou imposições da mesma maneira. Costuma-se dizer que pessoas que repelem ou reagem negativamente a certas atitudes comuns ao coletivo são tidas como mal-humoradas e mal-educadas.

Fomos educados para viver em sociedade de maneira amigavelmente tolerável e harmoniosa. Porém, ocorrem determinadas situações que não se alinham com o nosso modo de pensar, ocasionando possíveis conflitos frente à espontaneidade das nossas reações. Espera-se sempre um comportamento padrão, mais ou menos do tipo “calar e consentir” para se evitar problemas de relacionamento.

A vida não é uma via de mão única e, se todos compreendessem que temos, sim, o direito de discordar quando algo entra em choque, alcançaríamos, talvez, maior amplitude nas relações a que somos submetidos. Mas, infelizmente, não é esse o pensamento da maioria, haja vista tantos cursos e palestras sobre Relacionamento Humano, pautados no tema da relevância como base para o “sucesso” do nosso convívio social.


Irritam-me pessoas que falam sem parar, que contam todas as suas mazelas diárias, que se sentem vítimas dos imprevistos, que invadem a vida dos outros com perguntas diretas, que enviam mensagens incentivadoras como se estivéssemos precisando de força externa para nos mantermos vivos, que elogiam os filhos sem parar como se fossem os únicos seres do planeta, que têm resposta para tudo e, principalmente, que se acham donas da verdade, não permitindo outras versões de pensamento.

Irritam-me pessoas que dão conselhos e esperam que tenhamos a conduta X para algo que só a nós diz respeito. Exigem que ajamos de acordo com a multidão: se todos gostam de verde, não temos o direito de nos vestirmos de amarelo e, se o fizermos, somos tidos como prepotentes, individualistas e polêmicos.


Irritam-me pessoas contraditórias e alcoviteiras, que dizem "fazer e acontecer" e, no frigir dos ovos, tomam o partido da massa. São esses, aliás, os indivíduos que menos merecem a nossa confiança, pois agirão de acordo com o andar da carruagem e não com o que esbravejam ao vento para quem quiser ouvir.

É por causa da nossa própria inoperância frente a esses indivíduos que temos que tolerar conversas inconvenientes, visões equivocadas e atitudes invasivas. A questão da individualidade deveria ser levada mais a sério pelas pessoas para que não houvesse tanta padronização nos comportamentos. Reagir ao que nos causa irritação nada tem a ver com mau-humor, egoísmo ou falta de educação. Se o relacionamento humano é uma faca de dois gumes, por que insistimos em utilizar sempre o mesmo lado?



(ARIANA - Fonte: http://perfumedeafrodite.zip.net/)

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O PT não é o que prometia ser, demoliu seu passado honrado

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Constatação de Mino Carta: Miro Teixeira, o verdadeiro relator da CPI do Cachoeira. 
Foto: Agência Brasil




A traição do PT



Dizia um velho e caro amigo que a corrupção é igual à graxa das engrenagens: nas doses medidas põe o engenho a funcionar, quando é demais o emperra de vez. Falava com algum cinismo e muita ironia. Está claro que a corrupção é inaceitável in limine, mas, em matéria, no Brasil passamos da conta.

Permito-me outra comparação. A corrupção à brasileira é como o solo de Roma: basta cavar um pouco e descobrimos ruínas. No caso de Roma, antigos, gloriosos testemunhos de uma grande civilização. Infelizmente, o terreno da política nativa esconde outro gênero de ruínas, mostra as entranhas de uma forma de patrimonialismo elevado à enésima potência.


A deliberada confusão entre público e privado vem de longe na terra da casa-grande e da senzala e é doloroso verificar que, se o País cresce, o equívoco fatal se acentua. A corrupção cresce com ele. Mais doloroso ainda é que as provas da contaminação até os escalões inferiores da administração governamental confirmem o triste destino do PT. No poder, porta-se como os demais, nos quais a mazela é implacável tradição.


Assisti ao nascimento do Partido dos Trabalhadores ainda à sombra da ditadura. Vinha de uma ideia de Luiz Inácio da Silva, dito Lula, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo até ser alvejado por uma chamada lei de segurança nacional. A segurança da casa-grande, obviamente.

Era o PT uma agremiação de nítida ideo­logia esquerdista. O tempo sugeriu retoques à plataforma inicial e a perspectiva do poder, enfim ao alcance, propôs cautelas e resguardos plausíveis. Mantinha-se, porém, a lisura dos comportamentos, a limpidez das ações. E isso tudo configurava um partido autêntico, ao contrário dos nossos habituais clubes recreativos.

O PT atual perdeu a linha, no sentido mais amplo. Demoliu seu passado honrado. Abandonou-se ao vírus da corrupção, agora a corroê-lo como se dá, desde sempre com absoluta naturalidade, com aqueles que partidos nunca foram. Seu maior líder, ao se tornar simplesmente Lula, fez um bom governo, e com justiça ganhou a condição de presidente mais popular da história do Brasil. Dilma segue-lhe os passos, com personalidade e firmeza. CartaCapital apoia a presidenta, bem como apoiou Lula. Entende, no entanto, que uma intervenção profunda e enérgica se faça necessária PT adentro.

Tempo perdido deitar esperança em relação a alguma mudança positiva em relação ao principal aliado da base governista, o PMDB de Michel Temer e José Sarney. E mesmo ao PDT de Miro Teixeira, o homem da Globo, a qual sempre há de ter um representante no governo, ou nas cercanias. Quanto ao PT, seria preciso recuperar a fé e os ideais perdidos.

Cabe dizer aqui que nunca me filiei ao PT como, de resto, a partido algum. Outro excelente amigo me define como anarcossocialista. De minha parte, considero-me combatente da igualdade, influenciado pelas lições de Antonio Gramsci, donde “meu ceticismo na inteligência e meu otimismo na ação”. Na minha visão, um partido de esquerda adequado ao presente, nosso e do mundo, seria de infinda serventia para este País, e não ouso afirmar social-democrático para que não pensem tucano.

O PT não é o que prometia ser. Foi envolvido antes por oportunistas audaciosos, depois por incompetentes covardes. Neste exato instante a exibição de velhacaria proporcionada pelo relator da CPI do Cachoeira, o deputado petista Odair Cunha, é algo magistral no seu gênero. Leiam nesta edição como se deu que ele entregasse a alma ao demônio da pusilanimidade. Ou ele não acredita mesmo no que faz, ou deveria fazer?

Há heróis indiscutíveis na trajetória da esquerda brasileira, poucos, a bem da sacrossanta verdade factual. No mais, há inúmeros fanfarrões exibicionistas, arrivistas hipócritas e radical-chiques enfatuados. Nem todos pareceram assim de saída, alguns enganaram crédulos e nem tanto.

Na hora azada, mostraram a que vieram. E se prestaram a figurar no deprimente espetáculo que o PT proporciona hoje, igualado aos herdeiros traidores do partido do doutor Ulysses, ou do partido do engenheiro Leonel Brizola, ­obrigados, certamente, a não descansar em paz.

Seria preciso pôr ordem nesta orgia, como recomendaria o Marquês de Sade, sem descurar do fato que algo de sadomasoquista vibra no espetáculo. Não basta mandar para casa este ou aquele funcionário subalterno. Outros hão de ser o rigor, a determinação, a severidade. Para deixar, inclusive, de oferecer de graça munição tão preciosa aos predadores da casa-grande.




(Mino Carta - Fonte: http://www.viomundo.com.br/politica/mino-carta-o-pt-nao-e-o-que-prometia-ser-demoliu-seu-passado-honrado.html)
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Politica 1 x Energia 0

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A campanha eleitoral de 2014 já começou nas contas de luz.

A oposição, que ao que tudo indica vai de Aécio Neves (ainda resta saber que tipo de jogada o governador de Pernambuco Eduardo Campos prepara para esse tabuleiro de xadrez), já sai com a fama de ter impedido a redução de 20% nas contas, que foi a promessa que a presidente Dilma fez ao País.

O discurso já está pronto e já foi espalhado aos quatro ventos: a redução não chegará a 20% porque os estados governados pelo PSDB, São Paulo, Minas e Paraná, não permitiram que as suas concessionárias, Cesp, Cemig e Copel, reduzissem o preço das tarifas na rodada de renegociação e renovação das concessões.

O governo já mostrou que gosta de brincar de capitalismo como se este fosse uma modalidade de banco imobiliário, e de tanto mudar as regras aqui e ali, instalando a volatilidade e semeando dúvidas sobre a validade das regras e dos contratos, o que conseguiu foi produzir o anti-milagre de aumentar a carga tributária de 33,58% para 35,31% do PIB e diminuir o crescimento para algo próximo de 1%.

A racionalidade econômica vem sendo cada vez mais substituída pelo voluntarismo, como se as regras fossem apenas um capricho que deve curvar-se à vontade política do governo e produzir o milagre intangível do famoso almoço grátis.

Todos devem curvar-se à vontade da rainha. O secretário executivo de Minas e Energia, Marcelo Zimmerman, saiu com a linda frase de que as companhias elétricas dos 3 estados “preferiram privilegiar seus acionistas do que favorecer o povo”, como se a função das empresas fosse encher seus acionistas de prejuízos.

É o capitalismo de Branca de Neve e os 7 anões, o que só funciona em fábulas.

É o tipo da demagogia primária que funciona eleitoralmente. A complexidade do tema e a necessidade que as empresas têm de manter a saúde financeira para poder continuar investindo e impedir que o sistema entre em colapso, é um raciocínio complexo demais para chegar ao consumidor.

Antes de baratear as tarifas, barateia-se o raciocínio. Raciocínio barato rende votos.

Todo mundo, sem exceção, acha que o governo, sim, deve baratear as tarifas de energia, que estão entre as mais altas do mundo.

Mas há maneiras e maneiras de fazer. Dois técnicos altamente insuspeitos de anti-governismo, como Luiz Pinguelli Rosa e Ildo Sauer, acham que o governo errou na maneira como conduziu a renovação das concessões e as elétricas de SP, MG e Paraná, estão certas em resistir à imposição de baixar as tarifas sob risco de afetar a sua saúde econômica e sua capacidade futura de investimento.

Mas o jogo de 2014 começou: política 1, energia 0.



(Sandro Vaia - Publicado no blog do Noblat em 07/12/2012)
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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

"Folha Corrida"

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Lula pede ao governo as fichas da Abin com perfis dos irmãos Paulo e Rubens Vieira



FICHA CORRIDA

O ex-presidente Lula pediu ao governo as fichas da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) com os perfis dos irmãos Paulo e Rubens Vieira, indiciados na Operação Porto Seguro. Queria saber se, quando foram nomeados para agências reguladoras (ANA e Anac, respectivamente), havia alguma restrição ao nome deles.


FICHA CORRIDA 2

A Abin quase sempre faz um pente-fino nas pessoas que vão ser nomeadas para cargos de relevo. A agência diz, por exemplo, se há denúncias ou processos contra os eventuais candidatos tramitando na Justiça.


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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Quem vai ficar com as crianças?

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Tenho recebido mensagens de pais --de mães, principalmente-- que comentam as consequências que as férias escolares dos filhos provocam em suas vidas, levantam questões e manifestam dúvidas sobre o que fazer com as crianças durante o recesso.

Muitos deles perguntam se faz mal para a criança frequentar a escola nessa época, já que muitas delas oferecem recreação e cursos extracurriculares para a criançada ter o que fazer ou com quem ficar enquanto os pais trabalham.

Outros questionam se a criança precisa mesmo passar tanto tempo sem ir para a escola, sem encontrar seus colegas, sem ter atividades diferentes para realizar com seu grupo.

Há também os que reclamam. Vou citar uma leitora que, magoada, contou que havia planejado fazer um cruzeiro em meados do semestre próximo, mas que, como não encontrou alternativa para o filho, teve de renunciar ao passeio e marcar suas férias para o mês de janeiro, sem direito de viajar sozinha.

Alguns pais perguntam a partir de qual idade a criança pode ir para um acampamento, outros querem dicas do que inventar para os filhos fazerem em casa, perguntam se devem manter rotina, hora de sono, tempo no videogame ou computador, escola de esportes etc.

Há dúvidas de todo tipo. Então, vamos ajudar a esclarecê-las antes de refletir a respeito do tema.

Ir para a escola quando a maioria dos colegas não está lá não deve ser muito agradável para crianças, não acha, leitor? Além disso, deixar sua casa quando não é necessário --as crianças sabem o significado de férias-- é custoso para elas.

Descansar dos adultos que trabalham na escola, do ambiente físico, das regras que lá existem, tais como hora de se alimentar, de trocar de roupa etc., é revigorante. Você não gostaria de passar dias de suas férias em seu local de trabalho, não é verdade?

À escola a criança vai para aprender. Mesmo no ciclo da educação infantil, o brincar da criança é diferente e promove o aprendizado. Nem sempre sabemos dizer o que ela está aprendendo, mas que aprende, aprende. E isso é exaustivo. Por isso, a criança precisa de férias escolares, mesmo quando pequena.

Ter filhos significa ter de renunciar, mesmo que temporariamente, a diversas coisas. Reclamar não é produtivo, já que o desejo de ter filhos foi dos próprios pais.

É recente essa ânsia dos adultos de criar programação para os filhos. Eles mesmos podem fazer isso, mas só se tiverem tempo para o ócio. Claro que, depois de viver apenas com os adultos dirigindo suas atividades, eles estranharão um pouco, mas vão aprender o quanto é valioso serem donos de seu tempo, de suas escolhas, da ordem de seus afazeres.

Por último, vale a pena pensarmos nos motivos que levaram muitos pais a tratar as férias dos filhos como um problema. Talvez, seja difícil saber o que fazer com as crianças sem a mediação dos horários rígidos e dos compromissos da agenda escolar. Talvez, seja mais difícil ainda conviver com os filhos por períodos maiores do que os pais estão acostumados.

A partir de quando ficar com os filhos em casa transformou-se em um problema? Desde o momento em que ter filhos passou a ser uma ideia diferente da de acompanhar a vida de uma criança, cuidar dela, dedicar-se a ela, ficar disponível para o que possa acontecer; desde que passamos a querer viver com filhos do mesmo modo que vivíamos antes de tê-los. A partir do momento em que nossa vida desobrigada deles parece ser muito mais sedutora.

Por que temos filhos?


(Rosely Sayão - Fonte http://www1.folha.uol.com.br/colunas/roselysayao/1195154-quem-vai-ficar-com-as-criancas.shtml)
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domingo, 2 de dezembro de 2012

A República de Roses, por Mary Zaidan

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Um favorzinho aqui, outro acolá. Nomeações, falsificações, tráfico de influência, e sabe-se lá mais o quê. Na semana em que a Suprema Corte encerrou a dosimetria das penas dos réus do mensalão, pela primeira vez decidindo mandar poderosos para a cadeia, a estrela foi Rosemary Noronha. Ou simplesmente Rose, ex-chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo, que se vangloria da intimidade com Lula, e que por 12 anos secretariou o agora condenado José Dirceu.

Perto dos crimes do mensalão, os “malfeitos” de Rose parecem pecadinhos, quase risíveis. Mas a naturalidade com que foram cometidos vai além da conhecida confusão do petismo entre o público e o privado. Expõe, em miúdos, como o PT apoderou-se do Estado.

O PT tem muitas Roses.

E o aval à prática veio de cima. Em 2004, a primeira-dama Marisa Letícia achou natural fazer nos jardins do Palácio da Alvorada uma estrela de cinco metros de diâmetro com sálvias vermelhas. Estrela, aliás, que continuava lá quando Dilma Rousseff assumiu a residência oficial.

A ex-ministra da Assistência Social de Lula, Benedita da Silva, também achou que podia ir rezar na Argentina à custa do erário. E o ex-ministro dos Esportes Orlando Silva pagou até tapioca com cartão corporativo, como se dele fora. Isso foi em 2008, quando se desbaratou a farra dos cartões que financiaram todo tipo de particulares com dinheiro do contribuinte.

Menos folclóricos e mais lucrativos foram o aporte milionário da Telemar, hoje Oi, para a Gamecorp, empresa do filho de Lula, ou os negócios da família Erenice Guerra, substituta de Dilma na Casa Civil e amiga da presidente. A lista de exemplos parece não ter fim.

Dilma foi rápida para demitir os citados no Rosegate, preservando a imagem de faxineira implacável. E antes que a água lhe roçasse o pescoço fez saber que pretende fechar os gabinetes da Presidência que ela própria criou em Belo Horizonte e em Porto Alegre.

O escritório de BH, que como o de São Paulo funciona em um andar de um Banco do Brasil cada vez mais dominado pelo governo de plantão, a presidente entregou para Sônia Lacerda Macedo, colega de ginásio e de armas. Nunca foi lá. Para o de Porto Alegre, que nem foi instalado, designou Cristian Raul Juchum em maio de 2011.

Os chefes regionais são remunerados mensalmente e nada fazem, pelo menos visível ao público pagante. Mas até Rose vir à tona, Dilma achava normal ter estruturas para atender a si nessas cidades, sob o argumento “republicaníssimo” de que nasceu em uma e fez política em outra.

Ou seja, por mais que finja tentar, nem Dilma escapa da República de Roses.



Mary Zaidan é jornalista, trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa, @maryzaidan

(Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2012/12/02/a-republica-de-roses-por-mary-zaidan-477372.asp)
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sábado, 1 de dezembro de 2012

Jornal decide contar ao leitor o que Lula e Rosemary eram amantes desde 1993

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Jornal decide contar ao leitor o que os jornalistas e o governo sabiam há muito: Lula e Rosemary, no centro do novo escândalo, eram amantes desde 1993



Um homem público ter uma amante é ou não assunto relevante? Nos EUA, basta para liquidar uma carreira política, como estamos cansados de saber. Foi um caso extraconjugal que derrubou o todo-poderoso da CIA e quase herói nacional David Petraeus.

Desde quando estourou o mais recente escândalo da República, todos os jornalistas que cobrem política e toda Brasília sabiam que Rosemary Nóvoa Noronha tinha sido — se ainda é, não sei — amante de Lula. Assim define a palavra o Dicionário Houaiss: “Amante é a pessoa que tem com outra relações sexuais mais ou menos estáveis, mas não formalizadas pelo casamento; amásio, amásia”.

Embora a relação fosse conhecida, a imprensa brasileira se manteve longe do caso. Quando, no entanto, fica evidente que a pessoa em questão se imiscui em assuntos da República em razão dessa proximidade e está envolvida com a nomeação de um diretor de uma agência reguladora apontado pela PF como chefe de quadrilha, aí o assunto deixa de ser “pessoal” para se tornar uma questão de interesse público.

O caso, com todos os seus lances patéticos e sórdidos, evidencia a gigantesca dificuldade que Lula sempre teve e tem de distinguir as questões pessoais das de Estado. Como se considera uma espécie de demiurgo, de ungido, de super-homem, não reconhece como legítimos os limites da ética, do decoro e das leis.

Outro dia me enviaram um texto oriundo de um desses lixões da Internet em que o sujeito me acusava de “insinuar”, de maneira que seria espúria, uma relação amorosa entre Rose e Lula. Ohhh!!! Não só isso: ao fazê-lo, eu estaria, imaginem vocês!, desrespeitando Marisa Letícia, a mulher com quem o ex-presidente é casado. Como se vê, respeitoso era levar Rose nas viagens a que a primeira-dama não ia e o contrário.

Mas isso é lá com eles. A Rose que interessa ao Brasil é a que se meteu em algumas traficâncias em razão da intimidade que mantinha com “o PR”. Lula foi o presidente legítimo do Brasil por oito anos. A sua legitimidade para nos governar não lhe dava licença para essas lambanças. Segue trecho da reportagem daFolha. Volto para encerrar.
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A influência exercida pela ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, no governo federal, revelada em e-mails interceptados pela operação Porto Seguro, decorre da longa relação de intimidade que ela manteve com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Rose e Lula conheceram-se em 1993. Egressa do sindicato dos bancários, ela se aproximou do petista como uma simples fã. O relacionamento dos dois começou ali, a um ano da corrida presidencial de 1994.

À época, ela foi incorporada à equipe da campanha ao lado de Clara Ant, hoje auxiliar pessoal do ex-presidente. Ficaria ali até se tornar secretária de José Dirceu, no próprio partido. Marisa Letícia, a mulher do ex-presidente, jamais escondeu que não gostava da assessora do marido. Em 2002, Lula se tornou presidente. Em 2003, Rose foi lotada no braço do Palácio do Planalto em São Paulo, como “assessora especial” do escritório regional da Presidência na capital. Em 2006, por decisão do próprio Lula, foi promovida a chefe do gabinete e passou a ocupar a sala que, na semana retrasada, foi alvo de operação de busca e apreensão da Polícia Federal.

Sua tarefa era oficialmente “prestar, no âmbito de sua atuação, apoio administrativo e operacional ao presidente da República, ministros de Estado, secretários Especiais e membros do gabinete pessoal do presidente da República na cidade de São Paulo”. Quando a então primeira-dama Marisa Letícia não acompanhava o marido nas viagens internacionais, Rose integrava a comitiva oficial. Segundo levantamento da Folha tendo como base o “Diário Oficial”, Marisa não participou de nenhuma das viagens oficiais do ex-presidente das quais Rosemary participou.
(…)
Procurado pela Folha, o porta-voz do Instituto Lula, José Chrispiniano, afirmou que o ex-presidente Lula não faria comentários sobre assuntos particulares.

Encerro
Como se vê, Lula considera Rosemary um “assunto particular”, o que soa como confissão. Só que ela era chefe de gabinete do escritório da Presidência em São Paulo. O Brasil pagava o salário do “assunto particular” do Apedeuta. Ainda assim, ela poderia ter sido uma funcionária exemplar. Não parece o caso…

É um modo de ver a República. O mesmo Lula que classifica a chefe de gabinete da Presidência em São Paulo de “assunto particular” não distingue a linha que separa o interesse público de seus impulsos privados.



PS – Não deixem que a sordidez da história contamine os comentários. Há sempre o risco de se ultrapassar a linha do decoro em temas assim. Façam o que Lula não fez.



(Reinaldo Azevedo - http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/jornal-decide-contar-ao-leitor-o-que-os-jornalistas-e-o-governo-sabiam-ha-muito-lula-e-rosemary-no-centro-do-novo-escandalo-eram-amantes-desde-1993)

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