sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Eles se merecem

.







Que Natan Donadon (ex-PMDB-RO) tenha sido condenado pelo Supremo Tribunal Federal; que a última instância da Justiça tenha sentenciado o deputado a mais de 13 anos de detenção e que ele já estivesse encarcerado; enfim, que o motivo de sua prisão tenha sido o desvio de R$ 8,4 milhões dos cofres públicos, nada disso, aos olhos da Câmara, constituiu razão para cassar o mandato do parlamentar.

A rigor, sendo conhecidos os hábitos deploráveis de boa parte dos políticos brasileiros, surpresa seria se a Casa legislativa houvesse agido de forma diferente.

A população, no fundo, sabe disso. Não é por acaso que a aprovação ao Congresso é tradicionalmente baixa. Segundo pesquisa recente, a taxa dos que consideram ruim ou péssima a atuação dos congressistas está em 42%, e apenas 13% entendem que ela é ótima ou boa. E esses patamares nem estão entre os piores da história.

Diante de níveis tão baixos de popularidade, qualquer instituição que se preze faria de tudo para melhorar a própria imagem. Pois os deputados que atualmente compõem a Câmara deixaram patente que não têm a organização a que pertencem em tão alta conta.

Nem mesmo as manifestações de junho foram suficientes para que eles buscassem conduta mais ética. A abominável verdade é que, em português claro, eles estão se lixando para a opinião pública.

Vai, sem dúvida, uma dose de injustiça na generalização. Dos 513 deputados, 233 quiseram cassar Natan Donadon e 131 foram contrários. Faltaram 24 votos para alcançar a maioria exigida por lei.

Como a votação foi secreta, porém, é impossível saber como se comportou cada congressista --salvo no caso dos 108 deputados que simplesmente não votaram, pois estes, na prática, ficaram abertamente ao lado de Donadon. Ao fim e ao cabo, igualam-se todos.

Seriam apenas esdrúxulas, não fosse a gravidade da situação, as questões que se apresentam. Por exemplo, Donadon manterá o salário de R$ 26,7 mil? Preservará assessores, apartamento funcional?

Mais importante, sem dúvida, é saber como a Câmara procederá diante dos deputados que são réus no processo do mensalão.

Enquanto vigorar o voto secreto nas sessões de cassação, sempre estará aberta a porta para o espírito corporativo. O presidente da Câmara quer, agora, acelerar a tramitação de proposta que levanta esse véu da impunidade.

Será um óbvio avanço, mas não apagará o fato de que a atual legislatura, por sua própria vontade, tem um presidiário em seus quadros. É revelador, mas não deixa de ser triste que os parlamentares se enxerguem dessa forma.




(http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/126523-eles-se-merecem.shtml)

.

NATAN DONADON, POLÍTICOS E OS BANDIDOS QUE SE PROTEGEM

.








Ladrões de protegem? Bandidos costumam ajudar os cúmplices em dificuldades? Há mesmo honra entre ladrões?

Se você ainda duvidava disso e costumava fazer essas perguntas ao ler as páginas policiais, pode desistir delas. A Câmara dos Deputados e os políticos brasileiros deixaram bem claro que ladrões se protegem; bandidos ajudam seus cúmplices em dificuldades e a honra entre ladrões não é um mito.

O vergonhoso resultado da votação do pedido de cassação do mandato do ladrão condenado (e ainda deputado) Natan Donadon dá o tom da qualidade dos homens e mulheres que andam pelos corredores da política nacional.

Acostumados a parasitar o suor dos brasileiros, as excelências meliantes se uniram para jogar de vez na fossa entupida, pútrida e transbordante na qual se transformou a política nacional, o pouco de esperança de honradez; seriedade e honestidade que ainda restava no coração do eleitor brasileiro.

Na verdade, não devemos estranhar de todo a manutenção do mandato de Natan Donadon. Afinal de contas, a mesma Câmara dos Deputados recebeu de braços abertos e defendeu com unhas e dentes a posse de ladrões condenados pelo Mensalão petista e, não satisfeita, ainda lhes deu poder sobre o cerne do processo de elaboração de leis e normas de toda nossa república: a Comissão de Constituição e Justiça da casa.

Não duvido que os mesmos deputados abracem, com igual ternura, os mensaleiros do DEM e do PSDB que vierem a ser condenados pelo STF e a mesma Câmara abrirá suas entranhas calorosas para proteger o pior dos criminosos que envergar as cores de algum partido político (hoje, mais adequadamente chamados de quadrilhas).

Mais do que uma surpresa ou um vexame; a manutenção do mandato de Donadon é o ápice de um processo de deterioração de valores sem precedente pelo qual passa nossa sociedade e nossa “elite política”. Grande parte dessa banalização e falta de vergonha na cara deve ser atribuída ao “gênio” Lula que, com seu método mafioso, fomentou e acelerou a degradação final da política nacional.
Se antes o corrupto e o ladrão tinham medo de serem apontados como tal e tentavam a todo custo manter certa “aura de honestidade”; depois de Lula a canalhice, a bandidagem, a cara de pau e a desonestidade passaram a ser condição “sine qua non” para todo político que deseja atingir o objetivo de ficar rico a todo custo. Sem o “selo de qualidade” de um escândalo e sem a exposição de sua cara feia nas páginas dos jornais em alguma mamata da moda; o político hoje é considerado “sem expressão” e fica a margem das negociatas e das falcatruas que pululam em Brasília. Se antes eles apareciam no Jornal Nacional com uma toalha na cabeça, como forma de esconder o rosto e estampar sua vergonha; hoje eles bradam com um sorriso nos lábios e os olhos marejados de emoção: “Roubei sim, mas, quem não rouba?”

A claque espúria de ladrões aplaude emocionada e a canalhada reverencia o novo membro da quadrilha; permitindo assim que, mesmo da cadeia, o integrante do bando mantenha seu status. Isso desde que, é claro, continue molhando a mão de uns e outros.

Ao mesmo tempo, o eleitor surge como agente principal dessa corja. Pois, ao abraçar alegremente os corruptos e dar-lhes uma contínua renovação de seus mandatos pelo voto; por mais que a cara desses canalhas seja estampada nas manchetes; por mais que eles cuspam na cara do povo brasileiro afirmando a plenos pulmões que se lixam para nós; por mais que nos mandem relaxar e gozar (mesmo nos piores momentos de tragédia) é o eleitor brasileiro a figura que insiste em garantir a essa corja a continuidade de seus privilégios e sua perpetuação no poder; garantindo até a ascensão política de seus descendentes, geração após geração.

Assinando um verdadeiro atestado de imbecilidade a cada nova eleição, o brasileiro aclama seus algozes com alegria renovada e esperanças que sabe serão descartadas assim que as cerimônias de posse tenham acabado. Enquanto morre sem atendimento nas filas dos hospitais sucateados e abandonados; o eleitor defende, com unhas e dentes, a cor do partidão ou aplaude, com um misto de respeito e admiração, o último discurso de mais um “salvador da pátria” que jurou melhorar a saúde (enquanto vai, ele mesmo, se tratar no exterior ou no melhor hospital particular do país).

E assim, os milhares de Donadons continuam roubando e matando impunemente enquanto fazem dos corredores de mármore e granito de Brasília o habitat preferido para a sua sanha de poder e fome inesgotável por dinheiro e falcatruas.

E você, o que pensa disso?

.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

A escalada da censura

.



0


Mais uma decisão judicial de primeira instância, desta vez no Paraná, vem demonstrar que continua a se agravar o problema da censura prévia a órgãos de imprensa, embora o direito à livre expressão esteja consagrado na Constituição. Liminar concedida pelo juiz Benjamin Acácio de Moura e Costa proíbe que o jornal Gazeta do Povo publique informações sobre investigações abertas contra o presidente do Tribunal de Justiça daquele Estado, desembargador Clayton Camargo.

Em seu pedido - que inclui também as reportagens colocadas na página da Gazeta do Povo na internet - Camargo afirma que "os fatos em notícia (...) vieram impregnados pelo ranço odioso da mais torpe mentira". E, ao acatá-lo, um mês atrás, Moura e Costa salienta o que chama de caráter "degradante e personalizado" das reportagens, "transcendendo o dever informativo". Em recurso contra essa decisão, ajuizado neste mês, o jornal afirma que "não existe qualquer agressão a direitos da personalidade do autor, mencionado nas reportagens na qualidade de autoridade pública".

A importância do objeto das investigações não deixa dúvida sobre o interesse da sociedade de delas tomar conhecimento por meio da imprensa. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu, em abril, investigar denúncia de venda de sentença pelo desembargador Camargo numa ação que envolvia disputa da guarda de filhos, em 2011, quando ele atuava na área de Família. Outro procedimento foi aberto pelo CNJ, no mês passado, envolvendo o mesmo magistrado, agora para investigar suspeita de que ele se teria valido da sua influência para ajudar a candidatura de seu filho Fábio Camargo, deputado estadual pelo PTB, a uma vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Paraná. Cargo que ele obteve e do qual tomou posse em julho.

O fato de o CNJ ter aceitado apurar esses casos demonstra que - embora nada exista ainda de definitivo contra o desembargador Camargo - eles se baseiam em suspeitas sólidas. Não resultam de mera especulação do jornal objeto da censura prévia determinada pela Justiça, em primeira instância.

Quem mais uma vez colocou o problema em seus devidos termos, e com a habitual clareza, foi o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Ayres Britto: "Pessoalmente, entendendo que a liberdade de imprensa é, antes de tudo, liberdade de informação. Assim, tudo o que for veículo de informação deveria estar a salvo de qualquer censura". E vale recordar, a respeito deste novo caso, declaração anterior sua: "Não há no Brasil norma ou lei que chancele poder de censura à magistratura".

O que é particularmente inquietante nessa questão é que não estamos diante de casos isolados de decisões judiciais infelizes. Seu número é crescente. Uma das primeiras grandes vítimas desse tipo insidioso de censura prévia foi, como se sabe, o Estado, proibido desde julho de 2009 de publicar notícias com base nas investigações feitas pela Polícia Federal, dentro do quadro da chamada Operação Boi Barrica, a respeito de possíveis ilícitos praticados pelo empresário Fernando Sarney, filho do senador José Sarney.

Em cinco anos, acrescido agora o caso do Paraná, houve 58 decisões determinando censura à imprensa. Só no ano passado foram 11, segundo pesquisa feita pela Associação Nacional de Jornais (ANJ). "Isso tem sido recorrente. Com muita frequência, essas decisões posteriormente são revogadas (em instâncias superiores). Mas o mal já está feito", afirma o diretor executivo da ANJ, Ricardo Pedreira. Sim, porque enquanto vigoram elas causam prejuízos tanto à imprensa como à sociedade, que deixa de ser informada sobre questões relevantes.

Sem falar no quanto tudo isso mancha a imagem do Brasil lá fora. No ranking da liberdade de imprensa, referente a 2012, divulgado pela ONG Repórteres Sem Fronteira, a posição do País piorou ainda mais, passando de 99 para 108. O que esperam ainda os tribunais superiores para pôr fim a esse atentado a um dos princípios básicos da Constituição?



(Publicado por Associação dos Magistrados Mineiros - Fonte:
http://amagis.jusbrasil.com.br/noticias/100664696/estado-de-s-paulo-a-escalada-da-censura)

.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Gestão é o remédio que a saúde precisa

.







Criado em 1988, o Sistema Único de Saúde tinha um objetivo claro: universalizar o atendimento aos brasileiros, que, em troca, pagam altos impostos. Como é de conhecimento público, não foi isso o que aconteceu. Passados 22 anos, usuários enfrentam filas e esperam meses e até anos para conseguir realizar uma cirurgia eletiva - os procedimentos não emergenciais. Seria ainda pior se parte da população - 26,3% - não tivesse abandonado o SUS, pagando um valor extra por planos privados de saúde.

Especialistas são unânimes quanto ao remédio que poderia curar o SUS: mais dinheiro. Nas contas de Ligia Giovanella, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, ligada à Fundação Oswaldo Cruz,o Brasil precisaria ao menos dobrar os recursos destinados ao setor. Mas não é fácil, uma vez que boa parte do Orçamento federal é comprometida com outras despesas. E não é tudo. Além de mais dinheiro, o SUS precisa de mais gestão. "É necessário um reordenamento do destino dos atuais gastos, priorizando o investimento em setores que dinamizem o setor", diz Lígia Bahia, professora de Saúde Pública da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O desejado choque de gestão deveria começar pela própria administração do sistema, defendem especialistas. "Os gestores do SUS são, em sua maioria, indicados por motivos políticos, mas a saúde é uma área que requer conhecimento técnico amplo em todas as etapas: planejamento, execução e avaliação dos resultados", diz Newton Lemos, consultor em Serviços de Saúde da Organização Mundial da Saúde. "Não é uma coisa que qualquer profissional – que não de carreira – pode fazer".

Outro alvo de mudanças seria o programa Saúde da Família, que fornece atendimento básico à população previamente inscrita. Atualmente, apenas 50% das famílias brasileiras fazem parte do programa - o ideal seriam 80%. Atender mais gente demandaria mais médicos, estrutura e, portanto, recursos? Óbvio. Contudo, nas contas dos especialistas, o investimento seria compensado pela economia advinda dos frutos do atendimento preventivo. Por exemplo: ao invés de um cidadão procurar um hospital quando já se encontra doente, o que demanda um tratamento caro, ele receberia cuidados permanentes e prévios.

"Estender o acesso ao médico da família é uma estratégia importante", afirma Gastão Wagner de Souza, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e ex-secretário executivo do Ministério da Saúde. "Cidadãos inscritos nesse programa recebem atendimento clínico, o que diminui a busca desnecessária por especialistas e a realização de exames. Você gasta menos, com resultados melhores".

Por fim, nunca é demais lembrar: em matéria de dinheiro público, é preciso endurecer a fiscalização dos gastos. "Precisamos fortalecer os conselhos de saúde, que exercem tal controle", completa Maria Fátima de Souza, coordenadora do Núcleo de Estudos em Saúde Pública da Universidade de Brasília (UnB).

Curar o SUS deverá ser uma tarefa cada vez mais importante nos próximos anos. Isso porque é provável que parte da classe média, que atualmente, conta com planos privados, migre para o sistema público. Segundo projeção realizada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e pelo Procon, se mantidos os atuais níveis de reajustes de mensalidades nos próximos 30 anos, as tarifas deverão subir mais de 120% acima da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). É verdade que a maior parte dos planos são custeados parcialmente pelas empresas. Contudo, é provável que aumentos como os estimados pelo Idec/Procon não sejam assimiláveis nem mesmo pelas companhias.

Há algumas altenativas ao sistema, menos uma: a criação de mais impostos para alimentar a saúde - a exemplo do que ocorreu no passado com a CPMF. "No curto prazo, os políticos que só pensam em seu mandato encontram resultados com a medida. Mas, no médio e longo prazos, é preciso lembrar que novos tributos diminuem o crescimento econômico", explica Marcos Bosi Ferraz, diretor do Centro Paulista de Economia da Saúde, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).


(Natalia Cuminale - Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/gestao-e-o-remedio-que-a-saude-precisa)

.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Mais Fatos e Menos Propaganda – A verdade sobre os Médicos no Brasil

.







Uma tentativa de breve texto para elucidar a realidade dos Médicos no Brasil.



No dia 06 de maio deste ano, o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, anunciou a intenção de “importar” (termo utilizado) 6 mil “médicos cubanos” para trabalhar em “áreas carentes” do Brasil, sem exigência do “Revalida”. O argumento utilizado foi que existe carência de médicos no país, e gerou-se o embrião de mais uma crise dentre as várias outras que atingem o governo federal atual.


“Médicos cubanos”, “Revalida”, “áreas carentes”, termos que vêm sendo usados exaustivamente na mídia, que tentarei explicar o contexto ao qual eles pertencem.

Os parágrafos seguintes dispõe de alguns números que podem parecer um monte de dados, mas estão dispostos de forma sucinta para que cada um possa tirar suas próprias conclusões.

Primeiramente, o Brasil dispunha, em outubro de 2012, de 388.015 médicos, sendo que em um ano (entre outubro de 2011 e outubro de 2012) formaram-se 16.277 novos médicos, conferindo um aumento anual de 4.36%.

De 1970 até 2012, a população brasileira aumentou 101.84%, enquanto o número de médicos aumentou 557.72%, cinco vezes mais.

O número de faculdades de medicina no Brasil cresceu 82% nas duas últimas décadas, chegando a 167 no ano de 2007, levando o país para a segunda posição mundial em número de cursos de graduação na área, perdendo apenas para a Índia, que possui 222 cursos para uma população de mais de 1 bilhão de pessoas. A China e os EUA possuem, respectivamente, 150 e 125 faculdades de medicina.

O Brasil dispõe de 2,0 médicos por 1.000 habitantes, segundo o último senso de demografia médica do Conselho Federal de Medicina, sendo 1,01 na região Norte, 1,2 no Nordeste, 2,67 no Sudeste, 2,09 no Sul e 2,05 na região Centro Oeste. No Distrito Federal, berço do governo, a taxa é de 4,09 médicos por 1.000 habitantes, a mais alta do país.

Mantendo o ritmo atual de formação de profissionais, o Brasil atingirá 500 mil profissionais daqui a sete anos (em 2020) com uma taxa de 2,41 médicos por 1.000 habitantes, semelhante à atual taxa americana.

Porém, a OMS recomenda 1.0 médico por 1.000 habitantes. Olhando apenas pelos números, estamos duas vezes acima do recomendado, e prontos para alcançar (e ultrapassar) os americanos em 07 anos.

Ainda assim, não há médicos em muitas regiões do Brasil, especialmente as carentes, e por carentes não pensem em uma aldeia no Acre, pois em regiões metropolitanas de grandes metrópoles também não se encontram profissionais. E reforçando, o Brasil forma 16.277 novos médicos por ano atualmente. Então, por quê há carência de médicos?

Salário? Muitos já ouviram falar de salários de R$ 30 mil oferecidos para médicos no interior do Pará, ou R$ 15 mil de uma cidade no interior de algum estado do sudeste.

Pois bem, tais salários oferecidos não dispõe de direitos trabalhistas, leiam-se férias, 13º salário e quaisquer outro direito que qualquer trabalhador brasileiro tem. Não existem garantias ou contratos. A maioria é verbal e o médico é o único responsável pelas vidas daquela região. Você toparia perder uma mãe e um filho em um parto, por R$30 mil?

Se topasse, você também não receberia R$ 30 mil. As prefeituras que oferecem salários extremamente altos geralmente honram apenas o primeiro mês, as vezes o segundo, e atrasam e/ou simplesmente não pagam os meses seguintes. Em uma média aritmética de um atraso de quatro meses, o salário real cai para 25%. Como não existem contratos, garantias, direitos trabalhistas, fica tudo por isso mesmo.

Não menos importante, falta infra-estrutura. Não estamos falando de ressonância magnética ou medicina nuclear, e sim de um ultra som para fazer pré natal, exame de sangue e raio x para diagnosticar pneumonia, remédios básicos para trata-la e, o mais importante, outros profissionais da área de saúde.

Médico não trabalha sozinho, os vetos do ato médico estão aí pra provar. Não fazemos partos ou cirurgias sem enfermeiras, não sabemos fazer fisioterapia, não sabemos estimular crianças com dificuldades ou necessidades especiais, dietas para tratar diabéticos ou obesos. E obviamente, a única coisa que sabemos sobre higiene bucal é escovar os dentes.

A imagem do médico sozinho carregando a própria maleta na porta de uma casa é uma realidade de uma época que a medicina não conhecia nem sabia tratar nada do que ela tenta cuidar hoje.

O governo conhece toda essa realidade, e os médicos também.

Por isso os médicos estão propondo, há dez anos, uma solução para, pelo menos, as garantias trabalhistas, apresentando ao governo federal um plano de concurso público com carreira de estado para os médicos, nos moldes dos que ocorrem com juízes, que teriam estabilidade e garantia de carreira para se fixarem no interior com suas famílias.

Porém, após dez anos, a solução subitamente emergencial apresentada pelo governo, segundo os fatos, foi a importaçãoimediata de médicos estrangeiros, cubanos ou não, para suprir a carência destes profissionais. Nenhuma vírgula foi dita sobre maiores ou melhores investimentos no SUS e em sua infra-estrutura ou sobre os outros profissionais da área de saúde.

Mas, para um médico estrangeiro trabalhar no Brasil, este precisa antes fazer um exame chamado Revalida, que é uma prova de conhecimentos médicos para avaliar se o conteúdo adquirido em outro lugar do mundo é suficiente à realidade brasileira. Apesar do corpo humano ser o mesmo, o ambiente difere, e muito, de um país para o outro. E é dele que contraímos as doenças. Febre amarela, por exemplo, é muito conhecida pelos médicos na região norte do Brasil. Agora pergunte para um argentino, americano, europeu, ou mesmo um gaúcho. Não é uma doença comum nessas regiões, assim como nelas existem as mais comuns. E há o idioma. Existe uma diferença entre saber o que é uma dor epigástrica e um bucho doído. O índice de reprovação nas últimas provas do Revalida atingiram 92%.

Para driblar o possível imbróglio que uma reprovação em massa poderia causar, o governo criou outra solução, e literalmente driblou o Revalida. Os médicos que estão aportando no país não precisarão fazer a prova e terão um registro profissional provisório, que não existe e não está previsto de existir nos Conselhos Regionais de Medicina. Não é como uma Carteira Nacional de Habilitação Provisória, onde há um limite de erros para você não perdê-la.

Quanto à remuneração, ofereceram bolsas de R$10 mil reais, chegando a R$30 mil reais em regiões inóspitas.

Perceberam o termo “bolsa”? Por que não “salário”? Simplesmente porque os médicos não terão direitos trabalhistas, e se permanecerem menos de três anos, terão de devolver o dinheiro. Qual o nome de trabalho sem direitos e de graça, caso alguém desista?

Sabe-se que o governo federal irá pagar R$ 511 milhões para Cuba, pelos médicos cubanos, porém o governo brasileiro não sabe quanto será repassado ao médico cubano. O salário de um médico cubano, em Cuba, é de aproximadamente R$60,00 (sessenta reais).

Os cubanos são os únicos que irão para o interior, carente de infra- estrutura, simplesmente porquê eles não dispõem de opção de escolha, também conhecida como liberdade.

E, finalmente finalizando, 4.000 cubanos? Isso aumentaria a taxa atual de médicos no Brasil de 2,0 para apenas 2,02 por 1.000 habitantes, sem alterar mais nenhum aspecto o sistema público de saúde.

Com uma conta matemática simples e não eleitoral, ao final de 2014, sem os médicos cubanos, a taxa de médicos no Brasil já seria de 2,08 por 1.000 habitantes (com os 16.277 novos formandos anuais) e os R$ 511 milhões poderiam ser investidos, com folga, em hospitais, outros profissionais e, tão importante quanto e tão aclamado nas manifestações, educação para, quem sabe, os futuros governos saibam fazer contas básicas em vez de eleitorais.



(João Paulo Gonzaga de Faria é médico, residente em Genética Médica no Hospital das Clínicas da UFMG - Fonte: 
http://medicoliberal.blogspot.com.br/2013/08/mais-fatos-e-menos-propaganda-verdade.html?m=1)
.

Os 12 defeitos insuportáveis dos Brasileiros

.






Se você me perguntasse qual o melhor país do mundo, sem dúvida, responderia Brasil. A resposta seria a mesma se perguntasse sobre o povo. Os brasileiros são incríveis, além de únicos, pois entre os povos que habitam esse planeta, os brasileiros são os mais acolhedores. Entretanto, certos comportamentos, melhor dizendo, caraterísticas do nosso povo são extremamente irritantes. Talvez sejam resultados de fatos históricos, talvez seja resultado dessa cultura tão miscigenada…. não dá de saber ao certo de onde provém esses defeitos mas é certo que eles estão presentes do norte ao sul desse país. Não que tais sejam exclusividades brasileiras, apesar de que nas terras tupiniquins pareça muito mais acentuado que em outros lugares. Veja a lista e dê sua opinião:

Obs:. Lembrando que o post fala da maioria dos brasileiros e não está generalizando. Maioria = Número excedente a metade do todo; Grupo preponderante.

Ressalto também que os itens também não estão por ordem de importância.

12. Brasileiro reclama de tudo e não resolve nada



Reclamação vem do latim reclamatione, que designa o ato de “desaprovação manifestada por gritos”, e do verbo reclamare (reclamar) que significa exigir ou reivindicar. Essa, sem sombras de dúvida, é a atitude mais adorada e praticada pelos brasileiros. Nosso povo reclama de tudo!

Apesar do abuso desse ato, o problema não está em reclamar: o problema está em apenas reclamar. Não existe o hábito do segundo passo por aqui. A pessoa reclama, xinga muito no Twitter e fica por isso mesmo. A parte mais importante, que seria achar a solução para reclamação, simplesmente é abandonada, transformando a atitude de reclamar em algo totalmente inútil.


11. Brasileiros são um bando de maria-vai-com-as-outras



A explicação para o excesso de reclamação e para a falta de reação já virou estudo aqui no Brasil. O resultado não apresentou nenhuma novidade: O brasileiro não tem o hábito de protestar no cotidiano. A corrupção dos políticos, o aumento de impostos, o descaso nos hospitais, as filas imensas nos bancos e a violência diária só levam a população às ruas em circunstâncias excepcionais. Por que isso acontece? A resposta a tanta passividade pode estar em um estudo de Fábio Iglesias, doutor em Psicologia e pesquisador da Universidade de Brasília (UnB). Segundo ele, o brasileiro é protagonista do fenômeno “ignorância pluralística”, termo cunhado pela primeira vez em 1924 pelo americano Floyd Alport, pioneiro da psicologia social moderna.

“Esse comportamento ocorre quando um cidadão age de acordo com aquilo que os outros pensam, e não por aquilo que ele acha correto fazer. Essas pessoas pensam assim: se o outro não faz, por que eu vou fazer?”, diz Iglesias. O problema é que, se ninguém diz nada e conseqüentemente nada é feito, o desejo coletivo é sufocado. O brasileiro, de acordo com Iglesias, tem necessidade de pertencer a um grupo. “Ele não fala sobre si mesmo sem falar do grupo a que pertence.”

Iglesias começou sua pesquisa com filas de espera. Ele observou as reações das pessoas em bancos, cinemas e restaurantes. Quando alguém fura a fila, a maioria finge que não vê. O comportamento-padrão é cordial e pacífico. Durante dois meses, ele analisou o pico do almoço num restaurante coletivo de Brasília. Houve 57 “furadas de fila”. “Entravam como quem não quer nada, falando ao celular ou cumprimentando alguém. A reação das pessoas era olhar para o teto, fugir do olhar dos outros”, afirma. O aeroviário carioca Sandro Leal, de 29 anos, admite que não reage quando vê alguém furar a fila no banco. “Fico esperando que alguém faça alguma coisa. Ninguém quer bancar o chato”, diz.

Iglesias dá outro exemplo comum de ignorância pluralística:     "Quando, na sala de aula, o professor pergunta se todos entenderam, é raro alguém levantar a mão dizendo que está com dúvidas”, afirma. Ninguém quer se destacar, ocorrendo o que se chama “difusão da responsabilidade”, o que leva à inércia.

Mesmo quem sofre uma série de prejuízos não abre a boca. É o caso da professora carioca Maria Luzia Boulier, de 58 anos. Ela já comprou uma enciclopédia em que faltava um volume; pagou compras no cartão de crédito que jamais fez; e adquiriu, pela internet, uma esteira ergométrica defeituosa. Maria Luzia reclamou apenas neste último caso. Durante alguns dias, ligou para a empresa. Não obteve resposta. Foi ao Procon, mas, depois de uma espera de 40 minutos, desistiu de dar queixa. “Sou preguiçosa. Sei que na maioria das vezes reclamar não adianta nada”, afirma.

O “não-vai-dar-em-na-da” é um discurso comum entre os “não-reclamantes”. O estudante de Artes Plásticas Solano Guedes, de 25 anos, diz que evita se envolver em qualquer situação pública. “Sou omisso, sim, como todo brasileiro. Já vi brigas na rua, gente tentando arrombar carro. Mas nunca denuncio. É uma mistura de medo e falta de credibilidade nas autoridades”, afirma.

A apatia diante de um escândalo público também é freqüente no Brasil. Nas décadas de 80 e 90, o contador brasiliense Honório Bispo saiu às ruas para lutar pelas Diretas Já e pelo impeachment do ex-presidente Fernando Collor. Caso que apenas se concretizou pelo massivo uso da imprensa. Estudiosos acreditam que o Impeachment nunca aconteceria se a mídia não colocasse no ar o ataque massivo ao presidente: 10 das 24 horas de programação das emissoras nas semanas anteriores ao ato divulgavam a ideia das Diretas Já e Impeachment.

O estudo da UnB constatou que a “cultura do silêncio” também acontece em outros países. “Portugal, Espanha e parte da Itália são coletivistas como o Brasil”, afirma o psicólogo. Em nações mais individualistas, como em certos países europeus e a vizinha Argentina, o que conta é o que cada um pensa. “As ações são baseadas na auto-referência”, diz o estudo. Nos centros de Buenos Aires e Paris, é comum ver marchas e protestos diários dos moradores. A mídia pode agir como um desencadeador de reclamações, principalmente nas situações de política pública. “Se o cidadão vê na mídia o que ele tem vontade de falar, conclui que não está isolado”, afirma o pesquisador.

O antropólogo Roberto DaMatta diz que não se pode dissociar o comportamento omisso dos brasileiros da prática do “jeitinho”. Para ele, o fato de o povo não lutar por seus direitos, em maior ou menor grau, também pode ser explicado pelas pequenas infrações que a maioria comete no dia-a-dia. “Molhar a mão” do guarda para fugir da multa, estacionar nas vagas para deficientes ou driblar o engarrafamento ao usar o acostamento das estradas são práticas comuns e fazem o brasileiro achar que não tem moral para reclamar do político corrupto. “Existe um elo entre todos esses comportamentos. Uma sociedade de rabo preso não pode ser uma sociedade de protesto”, diz o antropólogo.

O sociólogo Pedro Demo, autor do livro Cidadania Pequena s (ed. Autores Associados), diz que há baixíssimos índices de organização da sociedade civil – decorrentes, em boa parte, dos também baixos índices educacionais. Em seu livro, que tem base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o sociólogo conclui que o brasileiro até se mobiliza em algumas questões, mas não dá continuidade a elas e não vê a importância de se aprofundar. Um exemplo é o racionamento de energia ocorrido há doze anos: rapidamente as pessoas compreenderam a necessidade de economizar. Passada a urgência, não se importaram com as razões que levaram à crise. Para o sociólogo, além de toda a conjuntura atual, há o fator histórico: a colonização portuguesa voltada para a exploração e a independência declarada de cima para baixo, por dom Pedro I, príncipe regente da metrópole. “Historicamente aprendemos a esperar que a decisão venha de fora. Ainda nos falta a noção do bem comum. Acredito que, ao longo do tempo, não tivemos lutas suficientes para formá-la”, diz Demo.

A historiadora e cientista política Isabel Lustosa, autora da biografia Dom Pedro I, um Herói sem Nenhum Caráter (ed. Companhia das Letras), acredita que os brasileiros reclamam mas têm dificuldades de levar adiante esses protestos sob a forma de organizações civis. “Nas filas ou mesas de bar, as pessoas estão falando mal dos políticos. As seções de leitores de jornais erevistas estão repletas de cartas de protesto. Mas existe uma espécie de fadiga em relação aos resultados das reclamações, especialmente no que diz respeito à política.” Segundo Isabel, quem mais sofre com a falta de condições para reclamar é a população de baixa renda. Diante da deterioração dos serviços de educação e saúde, o povo fica sem voz. “Esses serviços estão pulverizados. Seus usuários não moram em suas cercanias. A possibilidade de mobilização também se pulveriza”, diz.

Apesar das explicações diversas sobre o comportamento passivo dos brasileiros, os estudiosos concordam num ponto: nas filas de espera, nos direitos do consumidor ou na fiscalização da democracia, é preciso agir individualmente e de acordo com a própria consciência. “Isso evita a chamada espiral do silêncio”, diz o pesquisador Iglesias. O primeiro passo para a mudança é abrir a boca.

10. Brasileiro acha que a vida é resumida em futebol, fofoca, carnaval, cerveja e putaria

Oito em cada dez brasileiros tem o assunto do seu dialogo com outrem resumido nesses termos. Quando não está falando de futebol, está falando de sexo ou fofocando ou falando do quanto bebeu no final de semana e vice-versa. Qualquer tema que saia dessa esfera é rejeitado pela maioria, exceto, se o tema for inicio de um reclamação coletiva (do tipo que não vai dar em nada). Não é de estranhar que a definição do Brasil seja “o país do futebol e do carnaval”.

Tanto a filosofia quanto a Psicologia e a Sociologia explicam que essas paixões comprometem o intelecto humano. Tal como um homem apaixonado pela sua amada, o ser apaixonado não pensa, somente age de acordo com suas emoções. Os brasileiros dão provas que essas paixões os transformam em verdadeiros “trouxas”, entre os quais podemos destacar os seguintes fatos decorridos dessa passionalidade:

 - Ronaldinho Gaúcho ganhando medalha Machado de Assis da Academia Brasileira das Letras;
 - Bruna Surfistinha virando best-seller e depois blockbusters;
 - Brigas de torcidas;
 - Brigas anuais nas apurações das campeãs do Carnaval;
 - Pelé sendo reconhecido como um dos maiores brasileiros de todos os tempos pela Times;
 - Pesquisas mostrando que brasileiro gasta mais com cerveja do que com Educação;
 - Xvideo como o vigésimo segundo site mais acessado do Brasil, perdendo apenas para sites de funções essenciais(como Google e sites de bancos) e para redes sociais.

Muito se pergunta se o Brasil poderá suportar seu crescimento diante de pensamento tão rudimentar. Existe uma estimativa construída em cima das pesquisas realizadas pelo IBGE que diz que provavelmente daqui a 5 anos o Brasil venha a atingir índices de países de primeiro mundo em diversas áreas. Porém, como comportar tamanho avanço se a cultura brasileira continua a mesma? É por esse motivo que a entrada de estrangeiros no nosso mercado de trabalho cresce a cada dia. 

Importar “cabeças-pensantes” é lucrativo para empresas já que aqui as cabeças estão ocupadas com outros pensamentos. Enquanto os gringos buscam soluções para os setores da indústria e da sociedade, nós continuamos com a imaturidade de apoiar nosso micro-universo na preocupação com nossos times de futebol e quantos dias de folga vamos pegar no carnaval. A carência de ambição e a passividade diante do que precisa ser feito converte a maior parte dos brasileiros em cartas fora do baralho do setor industrial quando o assunto exige dedicação e disciplina.

9. Brasileiro gosta da hipocrisia

“Sem as pequeninas hipocrisias mútuas nos tornaríamos intoleráveis uns para os outros”. A frase é atribuída ao filósofo alemão Emanuel Wertheimer, coincidindo com as práticas gerais do mundo até nas grandes hipocrisias, como freqüentemente chega ao nosso conhecimento por meio das manchetes diárias. Há milênios condenada pela sociedade, a Hipocrisia se encontra presente, acompanhando o Homem desde do seu engatinhar pela superfície terrestre. Sua definição é difícil de lidar e sua complexidade é relevante, já que, em certas situações, o que parece hipocrisia, na verdade não é.

“Impostura, fingimento, simulação, falsidade”. Dessas quatro facetas ligadas à definição da hipocrisia provavelmente a menos conhecida é a impostura, como “artifício para iludir, embuste, vaidade ou presunção extrema”. De qualquer maneira, o que se ressalta aí é a presença da mentira. No caso da hipocrisia, a mentira social por excelência.

O conceito mais comum de hipocrisia, conceito qual iremos adotar aqui para discutir a situação brasileira, seria o ato de fingir ter crenças, virtudes, ideias, devoção, comportamento e sentimentos para alcançar o apreço publico, mesmo sendo o acusador vítima da sua própria crítica. Ou seja, o assassino que condena o homicídio, o funkeiro que critica a música ruim do Latino, o analfabeto que reclama da falta de leitura do povo.

Brasileiro adora uma boa hipocrisia. São tantos os exemplos para provar essa ultima afirmação que até fiquei em dúvida sobre qual deveria escolher. Optei pelo mais conhecido: Brasileiros versus emissoras de TV. Não deve ser novidade para ninguém que o Brasileiro critica e repudia programas de TV os quais assiste. BBB, o maior exemplo de hipocrisia brasileira, mostra a real face desse povo: de um lado, pessoas engajadas, criticando, dizendo para os outros não assistirem o programa. De outro, um dos programas com uma das maiores audiências da era dos “reality shows”. Nem é preciso ser especialista comportamental para saber que alguém está mentindo nessa história, ou precisa? De maneira semelhante temos o Zorra Total, o programa mais odiado pelo público brasileiro e líder de audiência do seu horário. Oras, de onde provém essa controvérsia senão da mentira e falsidade de alguns que condenam diante do olhar alheio mas, no aconchego do seu lar, passa parte do seu tempo livre assistindo esses programas.

Além dessa hipocrisia direta temos a hipocrisia indireta. Assumindo o mesmo exemplo anterior, podemos dizer que é um hipócrita de forma indireta aquele que reclama de quem assiste BBB, alegando que o último é um programa sem caráter cultural, contudo, não perde o jogo de futebol de quarta a noite ou mesmo, faz questão de assinar um canal de TV exclusivo de Futebol. São dois lados de uma mesma moeda.

8. Brasileiro não sabe lidar com o politicamente correto e politicamente incorreto
Quem tem boa memória e passa algumas horas do seu dia na frente do computador deve lembrar do caso do Stand Up do Rafinhas Bastos ano passado. Durante um dos seus shows, Rafinha resolveu utilizar do humor negro extreme nonsense, típico dele, fazendo uma piadinha um tanto sem graça sobre o estuprador fazer um favor à uma feia quando a estupra.

Quando essa notícia se espalhou foi o caos. Todo mundo condenou o humorista. Foi um tal de “esse cara tem que ser preso” para lá e um “que absurdo, é o fim do mundo” para cá.
Algum tempo depois, começou o novo BBB e aconteceu o tal “estupro”. O que você pensa que o povo brasileiro fez? Criticou? Não, pelo contrário, ele brincou com a situação, fazendo piadinhas sobre o ocorrido. O politicamente correto foi esquecido, o que leva ao pensamento que aqui no Brasil parece que ele é de lua, ou vem por estação…. não dá para definir. Em certa hora o brasileiro desaprova, condena, critica tal ato incorreto, em outra, pratica e apoia.

7. Brasileiro tem o pé no extremismo para babaquices
Fanatismo ideológico é o estado psicológico que caracteriza qualquer pessoa como idiota. O Fanático é irracional, inflexível, persistente e teimoso. Sua natureza irregular, baseada em paixões, leva a paranoias e gera preconceitos e agressividade com quem discorda de seus valores e crenças. Nos países árabes, esse estado é bastante comum por causa da religião. Em alguns países europeus, extremismo e fanatismo se misturam na busca de alguns grupos por liberação de certos estados de seus países. Já aqui no Brasil…. bem, aqui é uma coisa inexplicável. Brasileiro adota o fanatismo para as coisas mais idiotas, por exemplo:

 - Defender partidos políticos ( PT e PSDB é tudo farinha do mesmo saco, mermão!)
 - Defender crenças religiosas ( Evangélico conservador que paga dízimo para pastor e se acha no direito de julgar a vida de todo mundo)
 - Brigar por times de futebol ( Enquanto você briga, eles recebem um salário gordo e riem da sua cara de otário)
 - Arrumar confusão por causa de celebridades, atores, atrizes, músicos ( Familia Restart é o cacete da Maria João! Lady Gaga não canta, apenas troca de roupa! Justin Bieber fez sucesso apenas por causa do cabelo! Tarantino é uma farsa! Chorem mimimimi…)
Esses são exemplos somente de uma pequena fração de todos os tipos de fanatismos babacas verde e amarelo. Deveria existir um projeto de lei que classificasse as pessoas por grau de idiotice fanática. Quem fosse reprovado deveria ser jogado, de imediato para evitar a contaminação aos demais, na Ilha de Queimada Grande para servir de alimento para as cobras do local.

6. Brasileiro não admite a própria culpa

“A culpa é minha e eu coloco ela em quem eu quiser” uma das famosas frases de Homer Simpson faz total sentido nessa republica. Segundo International Stress Management Association – em pesquisa com mais de com 1 000 profissionais – praticamente metade dos brasileiros analisados (47%) apresentam um comportamento agressivo quando algo dá errado e tende a negar a participação no erro. Percentual altíssimo se comparado aos países orientais e alguns europeus, os quais não ultrapassam os 14%.

Já faz parte da nossa cultura colocar a culpa nos outros. Não unicamente no trabalho mas em tudo que estamos envolvidos. O Brasil não funciona é culpa dos políticos e não nossa e do nosso voto e apatia frente a tanta corrupção. Enchetes ocorrem por causa do acumulo de lixo nos bueiros e a culpa é do El nino. Para tudo há sempre um bode expiatório.

Um exemplo clássico disso é a falta de leitura dos brasileiros atribuída aos preços dos livros. O Brasileiro consumiu a média 120 litros de cerveja por habitante em 2010. A estimativa é que ultrapasse a marca de 15 bilhões de litro de cerveja em 2012 segundo a Sindicerv. Acredita-se que o gasto do brasileiro de classe C2 a B2 seja de R$ 360 reais anuais. O estudo da CBL (Camara Brasileira dos Livros) mostra que o brasileiro lê em média 1,8 livros/ano e os livros mais comprados no nosso mercado tem preço em torno de 35 reais. Desse modo, assumindo todos esses fatos, fica claro que a falta de leitura do brasileiro vem pela ausência de vontade. Oras, comprar R$ 360 reais de cerveja pode mas gastar R$ 35 reais com um livro é muito caro? Eita “paíszinho”….


5. Brasileiro não sabe resolver um problema de cada vez
Eis que existe um problema que incomoda muita gente e que ninguém nunca mexeu um dedo para solucionar. Certo dia, um brasileiro resolve sair do seu estado apático e coloca a mão na massa. Consegue um percentual razoável de apoio para sua ideia e ela começa a evoluir até que se torna popular. Nesse momento, o outro lado dos brasileiros apresenta-se: o de querer resolver tudo de uma vez só.

Você apresenta uma proposta para reduzir os impostos da importação de produtos e aparece sujeito dizendo que “enquanto perdemos tempo querendo diminuir os impostos, políticos roubam verbas em Brasília”. Você apresenta uma proposta para acabar com a violência nos esportes e aparece um brasileiro dizendo que “enquanto perdemos tempo querendo cessar a violência nos esportes, faltam medicamentos nas farmácias populares”. PORRA! Mas que diabos esse sujeito estava fazendo que não tomou a iniciativa para resolver esses problemas…. ficou esperando alguém tomar a iniciativa para resolver outro problema que não tem nada a ver com aquele que ele exalta para ficar reclamando. E assim, ninguém nunca resolve nada! Achar que tudo pode ser resolvido de uma só vez é um pensamento de babaca que leva ao fracasso. Se você acha que tal problema não é prioridade, faça a sua campanha para resolver o problema que você considera principal e não fique criticando quem está tentando melhorar o nosso país.


4. Brasileiro acha que os EUA é o melhor em tudo

Você deve conhecer algum brasileiro que foi para os EUA e voltou para a nossa amada terra parecendo um robozinho defensor do Tio Sam, ou não? Eu conheço muitos. Sujeito vai para o exterior, principalmente para os EUA, e volta desdenhando tudo.

Esse hábito é de visitar o exterior e adotar o lado do extremo-negativo quando volta é típico de brasileiro. Comparações que, por muitas vezes, não fazem qualquer sentido, como as reclamações por não haver aqui um fast-food em cada esquina.

O que brasileiro tem que compreender é que cada país é um país. São culturas diferentes, são histórias diferentes, são povos diferentes. Você adotar o que há de positivo lá fora e implantar aqui é ótimo. Ruim é você ver o que há de positivo lá fora para ficar desdenhando o que há de simples por essas bandas.

3. Brasileiro é o câncer da Internet
A raça mais odiada da Internet tem nome: Brasileiros. Não é questão de xenofobia, o repúdio dos brasileiros por outros povos na Internet é pela total falta de postura e ética nossa no meio virtual. O comportamento baderneiro incomoda muitos povos, por isso que os brasileiros tem seu acesso restrito em diversos MMORPG, fóruns, sites, redes sociais, entre outros. Somos o povo mais irritante e troll da Internet.
O Orkut e Facebook são exemplos disso. Quando o Orkut era febre nos outros países, tudo era muito organizado, até que os brasileiros colocaram os pés nas terras googleanas. Foi um deus nos acuda, tamanha a bagunça que a rede virou. As comunidades de idioma inglês foram invadidas pelos brasileiros que começavam a falar em português no meio de debates em inglês. Os gringos irritados com tanta bagunça mudaram para o Facebook. E assim foi até que os brasileiros migraram para o Facebook e o abrasileiraram ( leia-se Orkutizaram). O reflexo dessa mudança canarinho já foi demonstrado na ultima pesquisa de ingresso e saída da empresa que mostram a migração dos gringos para redes sociais alternativas. A invasão brasileira acabou se tornando ameaças para essas empresas da web por representarem grandes baixas nos países onde a empresa já possui determinado sucesso, levando a mesma proibir a nossa entrada com o intuito de manter o negócio.

Brasileiro enche essas redes de spam, de gifs que brilham, de páginas de humor, de páginas de putaria… compartilham qualquer coisa a qualquer tempo. Embora não exista nenhum Código de Ética para Internet, o bom senso deve estar sempre presente. Assim, compartilhar no Facebook, por exemplo, a foto de um gato esquartejado ou algo do gênero não é legal, todo mundo sabe disso, exceto a massa brasileira.

De modo parecido os brasileiros invadem os MMORPG’s. Em semanas eles destroem com os servers. Talvez devido a nossa natureza corrupta, corrompemos tudo que tocamos. E daí surge os BOTS, hacks, cheats e tantos outros mecanismos para obter vantagens sobre os outros que nós inventamos e que fazem os jogos perderem toda a graça.

Espero que com o tempo nós percebamos o quanto somos inconvenientes e irritantes, adquirindo uma postura mais sensata antes que sejamos expulso de tudo que é canto da web.


2. Brasileiro não sabe a própria Língua

A Educação no Brasil é lastimável, isso não é segredo para ninguém. Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que para 2.773 entrevistados (27,3% ), que avaliaram nosso sistema educacional, não houve mudanças na qualidade do ensino e quase um quarto (24,2%) acredita que o sistema piorou. Já o IBGE mostrou no seu estudo de 2011 que apenas 11% dos brasileiros conseguiram concluir o ensino superior ( percentual baixo se analisarmos outros países, tais como Russia (54%) , Cuba (92%), Chile (24%)).

Apesar dos pesares, com toda essa estrutura educacional precária, ainda é inexplicável o domínio débil do brasileiro sobre a sua língua. Não estou me referindo ao domínio completo – compreendendo todas aquelas regras exageradas e chatas -, estou dizendo do “basicão”.

Você leitor deve estar pensando que isso é resultado da falta de investimento do governo, ou não? Logicamente, essa é uma das possíveis causas, contudo, não é a única. Existem outras causas para explicar as anomalias do nosso sistema educacional, como a pesquisa feita por uma das principais empresas de contratos de estágio do país, que constatou no primeiro semestre de 2011 que nem mesmo os graduando de jornalismo dominam a língua. Através de um ditado de 30 palavras, a empresa verificou que o índice de erro ficou na média 1/3 das palavras.
Esse defeito pode ser verificado em todas as áreas, desde das melhores escolas particulares até mesmo no próprio Sistema Judiciário.

Percebeu leitor? Estamos falando do topo da escala financeira e não um bando de pobre coitado que não tem aonde cair morto. Os grandes nomes da Língua Portuguesa do país, como o autor do livro “Preconceito Linguístico” Marcos Bagno, afirmam que a explicação para esses acontecimentos é mais simples do que parece:
o completo desinteresse do povo por sua Língua devido a dificuldade que a mesma apresenta; a ausência do hábito da leitura.

Por esse e outros motivos, nesse país, a Língua virou arma de manipulação e fator gerador de preconceito.


1. Brasileiro adora dar reconhecimento para quem não merece

Quantas vezes você viu uma homenagem para o Carlos Chagas no horário nobre da TV? Releia a pergunta e substitua “Carlos Chagas” por Pelé e mentalize a resposta. No Brasil, quanto mais você faz pela sociedade, menos reconhecimento você tem dela. Em contrapartida, quanto menos você faz, maior notoriedade tem o seu trabalho. Assim temos cientistas, pesquisadores, juízes, médicos, engenheiros, bombeiros, policiais, professores, entre outros, que dedicam a sua vida em prol de todos e tem reconhecimento zero pela sociedade. Muitos deles sequer recebem um salário justo.

Já quem não faz nada pela sociedade, como atletas – principalmente jogadores de futebol – , artistas, atores, músicos, mulheres de bundas grandes e perfeitas, entre outros que exercem uma “profissão” que não presta qualquer serviço para o bem comum, somente beneficiando aos próprios, além de receber salários altíssimos, são ovacionados pelo público.

Esse hábito não é exclusivamente brasileiro, boa parte dos países ocidentais, em especial aqueles que importam a cultura americana, se comportam dessa maneira. Esse culto as celebridades e o total descaso com quem realmente faz acaba gerando a insatisfação da maior parte das pessoas cultas seja aqui ou em qualquer parte do mundo. Como as pessoas com considerável grau intelectual são minorias, tal comportamento se espalha feito vírus, recebendo o apoio das mídias. Cabe a você e eu, que temos consciência desse tumor, espalhar nossa ideologia e derrubar essa idolatria e admiração aos falsos feitores originada da ignorância humana.



O “Elogio de Mandela”

.







O “Elogio de Mandela”, assinado por Mario Vargas Llosa, condensa a deslumbrante trajetória de um dos maiores estadistas da história em apenas 13 parágrafos. No sétimo, reproduzido a seguir, resume o que foi provavelmente a etapa mais fascinante da biografia de Nelson Mandela:

Seria preciso recorrer à Bíblia, àquelas histórias exemplares do catecismo que nos contavam quando éramos crianças, para tentar entender o poder de convicção, a paciência, a vontade inquebrantável e o heroísmo que Nelson Mandela deve ter demonstrado durante todos aqueles anos para persuadir, primeiramente seus próprios companheiros de Robben Island, depois seus correligionários do Congresso Nacional Africano e, por último, os próprios governantes e a minoria branca, de que não era impossível que a razão substituísse o medo e o preconceito, que uma transição sem violência era igualmente factível e ela assentaria as bases de uma convivência humana em lugar do sistema cruel e discriminatório imposto à África do Sul por séculos. Creio que Nelson Mandela é ainda mais digno de reconhecimento por esse trabalho extremamente lento, hercúleo, interminável, graças ao qual suas ideias e convicções foram contagiando os seus compatriotas como um todo, do que pelos extraordinários serviços que prestaria depois, já no governo, aos seus concidadãos e à cultura democrática.

Assim é Nelson Mandela aos olhos do extraordinário escritor e democrata. Visto por Lula, o gigante que impediu a sangrenta dissolução da África do Sul tem semelhanças com Dilma Rousseff. Essa miopia obscena se manifestou pela primeira vez em maio de 2010, quando o PT transformou o horário do partido na TV num comício eletrônico. O duplo insulto à inteligência alheia inspirou o post abaixo transcrito:

O presidente Lula precisou de duas frases e uma comparação infamante para afrontar a Justiça Eleitoral, escancarar a própria indigência intelectual e assassinar a verdade: “Uma parte da história da Dilma me lembra muito a do Mandela”, disse no programa ilegal do PT. “Uma vez o Mandela me disse que só foi para o confronto quando não deram outra saída para ele”. O estupro da História foi chancelado pela candidata que mente como quem respira: “Eu lutei, sim. Pela liberdade, pela democracia”.

A comparação é mais que uma impostura atrevida, é mais que outro estelionato eleitoreiro. É um insulto ao homem que redesenhou o destino da África do Sul. Nelson Mandela lutou pelo fim do apartheid, pela restauração da liberdade e pelo nascimento do regime democrático. Dilma Rousseff serviu a grupos radicais que queriam trocar a ditadura militar pela ditadura comunista. Ele aceitou o confronto depois de propor todas as soluções pacíficas possíveis. Ela aderiu à luta armada em 1967, um ano antes da decretação do AI-5.

Mandela protagonizou combates reais. Dilma não passou de figurante em assaltos a bancos e cofres particulares. Ele ficou preso 27 anos por liderar a imensa maioria negra. Ela ficou três anos na cadeia por obedecer a extremistas ignorados pelo povo. Mandela venceu. Dilma perdeu. A ditadura militar foi derrotada pela resistência democrática de que jamais participou.

Mandela chegou ao poder pela vontade popular. Dilma, que nunca disputou nem eleição de síndico, é fruto da vontade de Lula. Ele negociou com os carcereiros brancos a extinção do apartheid. Ela despreza os democratas que negociaram a anistia de que foi beneficiária e declara guerra a todos os oposicionistas. Mandela é um grande orador, um líder vocacional e um político sedutor. Dilma não diz coisa com coisa, faz tudo o que manda o mestre e tem a simpatia de um poste.

Nelson Mandela é um estadista. Dilma Rousseff é uma farsa.

No penúltimo parágrafo do artigo, Vargas Llosa lembra que Nelson Mandela não foi afetado por “esse tipo de devoção popular mitológica que costuma atordoar quem a recebe e fazer dele – como no caso de Hitler, Stalin, Mao, Fidel Castro – um demagogo e um tirano”. O gênio que acaba de completar 95 anos não se deixou envaidecer: “Ele continuou sendo o homem simples, austero e honesto que sempre foi e, para surpresa do mundo todo, negou-se a permanecer no poder, como seus compatriotas pediam. Aposentou-se e foi passar os seus últimos anos na aldeia indígena de onde se originara sua família”.

Nada a ver com políticos menores. Nada a ver com lulas e dilmas.



.

A sociedade civil deve combater o bom combate

.






Tinha decidido parar de encaminhar e-mails com conteúdo político mas, ao ouvir hoje uma pessoa defendendo o "coitado do Sérgio Cabral" e o vendo como "bode expiatório" desses protestos, além de outras pessoas achando que as manifestações vão parar e que todos vão esquecer esses protestos, decidi "rides again"...

Vamos continuar as manifestações, os protestos pacíficos. Temos que, como sociedade civil, combater o bom combate...



CONVOCAÇÃO

O BRASIL SAIRÁ NOVAMENTE ÀS RUAS!

DIA 7 DE SETEMBRO, EM TODO O PAÍS!
ABAIXO ESSA CORJA DE CORRUPTOS!
REPASSE, COMPARTILHE, PARTICIPE!


Abaixo você encontrará motivos para isso...



Veja qu
  


Solidariedade na ilha

.










‘A presidenta, coitada. Eu estive pensando que não haveria melhor maneira de começar o programa Braços Abertos do que com ela’ 




Contam os mais antigos que, faz algumas décadas, em Salinas da Margarida, em plena festa da padroeira Nossa Senhora do Carmo, Zecamunista encerrou um comício do Partidão com um discurso incendiário no qual, agitando o punho na direção do céu, xingou o padre e repetiu várias vezes que a religião é o ópio do povo. Acabado o comício e pouco antes de o delegado levá-lo em cana novamente, ele foi muito cumprimentado por cidadãos que se agradaram especialmente dessa parte do ópio, mas, mal ele se recuperava da surpresa, descobriu que o pessoal não sabia o que era ópio e, na maior parte, achava que se tratava de um elogio fino, desses que a gente não entende direito, mas finge que entende, para não passar por iletrado.


Tudo indica que ele nunca superou esse trauma da juventude, pois não se manifesta mais sobre o assunto, a não ser quando muito provocado. Nem mesmo a visita do Papa suscitou qualquer manifestação da parte dele, que assistiu ao noticiário na televisão do Bar de Espanha muito composto e sem gritar nenhuma palavra de ordem. Na verdade, circula até uma fofoca, quiçá invenção de algum marido sem espírito esportivo, ou parceiro de pôquer ressentido, altamente difamatória para um bolchevique de quatro costados, segundo a qual ele conseguiu a colaboração de alguém que conhecia alguém que iria estar com Sua Santidade, para ver se descolava uma bençãozinha para a estampa de São Caetano que tem em casa e de quem se murmura à boca pequena que ele é devoto. São Caetano é o paciente, compreensivo e laborioso padroeiro dos jogadores, apostadores e dos que precisam de sorte em geral, mas Zeca desmente tudo com indignação, embora, se desafiado a renegar o santo, disfarce, mude de assunto e, no máximo, responda que não aceita provocações da direita e não entra em discussões pequeno-burguesas. De forma que, diante de uma história tão eivada de dúvidas e controvérsias, não chegou a causar surpresa o anúncio que ele fez, de que a visita do Papa o tinha inspirado.


— Eu confesso que fui influenciado pelo Papa — disse ele. — Somente depois da visita dele foi que eu me toquei.

— Você se converteu?

— Me respeite! Eu nunca traí meu currículo, eu sou subversivo desde os oito anos, boicotei a páscoa da escola duas vezes e já tomei muito porre de vinho de padre, roubado da sacristia, me respeite. Somente um ignorante é que acha que um materialista cem por cento, como eu, não pode sentir solidariedade humana. Não tem nada de conversão, ele apenas me levou a conceber um novo projeto aqui para a ilha, só que desta vez não é visando o lucro, é por uma recompensa moral, por assim dizer espiritual. E também pode ajudar na imagem aqui da ilha, a hospitalidade é muito importante para o turismo.

— É como aquele outro plano que você bolou, para fazer aqui a cadeia dos condenados do mensalão?

— Não aquele eu abandonei, só vai ter preso mensaleiro na outra encarnação e, como eu não acredito em outra encarnação, é nunca mesmo, esqueça essa besteira, foi tudo brincadeira deles. Não, agora é um projeto muito diferente, ainda não achei um bom nome para o programa, mas creio que talvez Braços Abertos ficasse bem. O primeiro em que eu pensei foi Aconchego da Consolação, mas achei com pinta de filme mexicano de antigamente. Braços Abertos, que é que você acha? Você acha que ela ia compreender o espírito da coisa e até recuperar sua crença na humanidade?

— Zeca, o que é que você andou bebendo? Não entendi nada, ela quem?

— A presidenta, coitada. Eu estive pensando que não haveria melhor maneira de começar o programa Braços Abertos do que com ela, todo mundo ia saber da iniciativa e ver como a ilha seria a solução para muitos. Eu tenho o coração mole, fico comovido com o sofrimento dela.

— Eu não sei de sofrimento nenhum dela.

— Você desconhece a política, eu conheço a política. Você veja, coitadinha, nada deu certo, ela não levou sorte. Praticamente tudo foi para trás, a bagunça é grande, quem era para ajudar atrapalha muito mais do que ajuda, ninguém se entende direito, é um pega pra capar muito feroz, cadê o meu pra lá, cadê o meu pra cá, só estão com ela enquanto acharem que dá futuro. E agora já começaram a se engalfinhar e a disputar o que vai aparecer e o que vai sobrar. Ninguém mais liga para ela, que não sabe se expressar direito e, quando começa a falar, parece que vai dar um cascudo em alguém, coitadinha. Eu fico com pena, é muito duro, às vezes eu penso que ela está ali, querendo fazer pose de cáiser prussiano, mas com vontade de chorar, é desumano.

— Eu nunca tinha pensado nisso.

— É que você também é desumano. Mas eu vou fazer um convite a ela para vir esquecer as mágoas aqui. Agora não, ainda é muito cedo, ela ainda não acreditará, se alguém contar a ela o que vai acontecer. Mas daqui a pouco, a começar pelos atuais bajuladores, vai ter gente sem querer atender ao telefonema, vai ter gente mandando dizer que não está, vai ter mais gente ainda dizendo a ela uma coisa e fazendo outra, vai ter até um cara do cafezinho sem as mesmas mesuras de antigamente, outros vão deixar de lembrar o aniversário, é um conjunto de coisas sutil, mas muito cruel, eu fico comiserado. Aqui ela vai ser recebida com carinho e compreensão, vai até conseguir fazer amigos.

— Que é isso, amigos ela já tem.
— Possivelmente, mas agora não dá para ela saber quem são eles. Ela ainda tem muito susto pela frente e o Braços Abertos chegou para ajudar. O Papa aconselha amar o semelhante. E a semelhanta, como diria ela.




João Ubaldo Ribeiro - Fonte: http://oglobo.globo.com/opiniao/solidariedade-na-ilha-9208476#ixzz2aaHsHadW )
.

domingo, 25 de agosto de 2013

O anarquista inofensivo

.









Aqui e ali, a propósito das manifestações nas ruas e do vandalismo de alguns grupos em diversas cidades brasileiras, volta e meia há referências explícitas ao anarquismo, que muitos, da esquerda ou da direita, acham completamente fora de moda, como a virgindade, o samba-canção e o Hydrolitol.

Com a chegada dos anos, comecei a fazer coisas que detestava, culminando com um discurso quando tomei posse na Academia Brasileira de Letras. Amigos pediram que eu me definisse ideologicamente, e fui buscar em Eça de Queiroz, nas suas "Notas Contemporâneas", um trecho que sempre usei como meu:

"A presença angustiosa das misérias humanas, tanto velho sem lar, tanta criança sem pão, a incapacidade da Monarquia e da República, da Ditadura e da Democracia para realizar a única obra urgente do mundo, a casa para todos, o pão para todos, lentamente me tem tornado um vago anarquista, um anarquista entristecido, humilde e inofensivo".

Quando alguém se refere ao anarquista, pensa-se na anedota do espanhol ("Hay gobierno acá? Entonces soy contra"). Bombas jogadas em creches, descarrilamento de trens, profanações de cemitérios e igrejas, empastelamento de jornais --a imagem do anarquista é, acima de tudo, a de um ofensivo, em defesa ou em ataque a determinado sistema ou credo.

O que seria então um anarquista inofensivo, como se intitulou o autor de "A Ilustre Casa de Ramires", seu livro que mais aprecio, do qual roubei impunemente a expressão?

Para falar a verdade, não sei. É como me sinto desde que tomei conhecimento da sociedade, nobreza, clero e povo.

Não fui consultado quando fizeram a bandeira nacional. Mudaria o dístico: não aprecio a ordem e sempre desconfiei do progresso. Mas sou preguiçoso e, por isso, inofensivo.



(Carlos Heitor Cony - Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/carlosheitorcony/2013/08/1331536-o-anarquista-inofensivo.shtml)
.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Jabuticaba no banco dos réus

.







Se já há um grande condenado na segunda fase do julgamento do mensalão é o festival de recursos no Brasil. Atenção: a condenação não é ao princípio, que é questão de justiça, mas ao abuso.

Ao se manifestar contra os embargos infringentes, que podem recomeçar partes importantes do julgamento praticamente do zero, o ministro Gilmar Mendes lembrou que não há precedentes desse tipo de embargo nem no próprio STF, nem no STJ nem nos outros tribunais, o que tornaria esse recurso "mais uma jabuticaba" --ou seja, algo tipicamente brasileiro.

Na avaliação dos contrários a esses embargos, eles são cabíveis como recurso a instâncias superiores, não à mesma instância, com os mesmos ministros, o mesmo número de votos. Só estão sendo aventados por uma brecha burocrática: o regimento do Supremo prevê, mas a lei que rege julgamentos de ações penais em tribunais superiores, não.

Na véspera, o novato Luís Roberto Barroso já tinha dado uma aula ao vivo para milhões de telespectadores, condenando, em tese, "o uso de recursos de maneira manifestamente protelatória" e chamando a atenção para o descompasso do sistema brasileiro de recursos "com as demandas da sociedade".

Sua descrição é estonteante: há o recurso extraordinário, o tribunal nega; vem o agravo de instrumento, o relator desprovê; saca-se o agravo contra o desprovimento, depois entra-se com o embargo de declaração e, não raro, com um segundo embargo de declaração, que é, mais ou menos, o embargo do embargo.

"Essa praxe recorrente não é boa para a advocacia, não é boa para a sociedade nem para as partes", disse o novo ministro, defendendo dar um basta: "Verificado o caráter protelatório, declara-se o trâmite em julgado". E ponto final.

É assim, ou mudando a lei, que se pode tentar evitar a já rotineira eternização dos processos. Bem... quando o réu é rico e famoso.






(Eliane Cantanhêde - Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/125359-jabuticaba-no-banco-dos-reus.shtml -elianec@uol.com.br)

.

Casa-grande e senzala

.






Muito comum, nos setores da inteligência nacional, reclamar contra a existência de dois Brasis, o rico, que procura viver em ritmo de Primeiro Mundo, e o pobre, que, em alguns casos, atinge o grau da miséria absoluta, sem saúde, sem escola, sem terra, sem comida e sem nada. Evidente que existem realmente dois países dentro de um só, ou melhor, duas nações dentro de uma.

Não é apenas no setor econômico que o Brasil dividiu-se em dois. No setor cultural também já existem duas nações que não se misturam, que cada vez mais se distanciam. Assim como há nababos que têm contas nas Ilhas Cayman, iates colossais em Miami, apartamentos em Nova York e vilas na Costa Azul, há na cultura nacional o povo eleito que sabe das coisas, que está por dentro do mais recente filme do Almodóvar ou da mais antiga bobagem do Andy Warhol.

Gente que compara a batida do violão do João Gilberto aos afrescos da Capela Sistina. E os gorjeios do Milton Nascimento aos "Cantos Pisanos" de Ezra Pound. Para a plebe ignara, que não sabe o que é a Capela Sistina nem nunca ouviu falar de Pound, além de nebulosa, a comparação resulta inútil.

Este Brasil sofisticado, culturalmente correto, equivale aos novos ricos que festejam o aniversário de seus animais domésticos ou expõem sua vida em reality shows e tem direito à ampla cobertura na mídia.

Falei em "culturalmente correto" e acho que falei bem em vez de falar mal. Faz contraponto exato com o politicamente correto, que começou simultaneamente ao Consenso de Washington e tem como objetivo separar as águas, criando em escala internacional os países ricos e corretos (na política e na cultura) e os países pobres (ou miseráveis), que insistem em continuar errados politicamente, querendo soberania, liberdade e desenvolvimento.

Assim como a recente onda do neoliberalismo reduziu o Brasil ao estágio colonial, ao país portuário que depende do cais para exportar matérias primas e importar produtos industrializados, a cultura correta recria o estágio da casa-grande e da senzala.

No salão da casa-grande cabem os culturalmente corretos, que são obrigados a gostar das mesmas coisas (corretas culturalmente), que continuam contando uns aos outros a história do gato do citado João Gilberto que se suicidou por causa de um pato; do banheiro do bar Antonio's que, durante um assalto, ficou entupido de intelectuais da zona sul, dos emocionantes começos da bossa nova.

Os mais velhos e eruditos contam às novas gerações culturalmente corretas a história das sardinhas do Báltico do José Sanz e se emocionam quando passam pela esquina do antigo bar Veloso, sitio sagrado, que equivale ao monte Tabor, onde a garota de Ipanema foi vista pelo Tom e Vinicius, numa transfiguração que só tem igual quando viram Jesus no céu, ao lado de Moisés e Elias.

Na senzala, bem, na senzala são permitidas as expressões mais grosseiras da arte e da cultura, as bruxas de pano ou de barro da barbárie suburbana, da sub-humanidade que se amontoa nos grotões das classes D e E e nas filas do Bolsa Família e do Seguro Desemprego.

Para a turma da casa-grande, os programas de auditório e o bumbum das funkeiras equivalem ao culto dos orixás que os negros trouxeram da África. São menosprezados, mas vistos com entusiasmo.

O povo eleito da casa-grande e os gentios da senzala são estanques por exigência do politicamente correto. E antagônicos por força do culturalmente correto. Criam-se assim as duas nações, a casa-grande desprezando a senzala. E a senzala, embora respeitando os valores da casa-grande, preferindo ter seus próprios valores.

Apesar da patrulha da casa-grande que tenta destruir os ícones da turma contrária, a senzala resiste e muitas vezes vence a partida a longo prazo.

O ponto de encontro entre os dois Brasis são as novelas, o futebol, os reality shows e, em certas oportunidades, a bunda das mulheres.




(Carlos Heitor Cony - Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/carlosheitorcony/2013/08/1330683-casa-grande-e-senzala.shtml)

.