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Os ventos da mudança varrem o mundo com uma fúria poucas vezes vista.
Em algumas sociedades classicamente totalitárias o povo se levanta e exige maior participação e mais liberdade, mesmo sob a perspectiva de ser assassinado por seus próprios governantes ou sofrer um endurecimento ainda maior de seu modo de vida. A ânsia da busca pela libertação do julgo totalitário e uma vida futura melhor faz com que os riscos da morte iminente e de um possível endurecimento do regime sejam aceitáveis diante dos benefícios futuros.
Mesmo nas sociedades democráticas esses ventos sopram na direção da exigência de mais justiça social, mais valorização do ser humano e do combate aos privilégios. Também diante de ameaças de prisão e do risco de grandes perdas econômicas as vozes dos cidadãos se fazem ouvir e gritam por mudanças.
E aqui?
Aqui os ventos da mudança não sopram de jeito algum. São as mesmas caras, os mesmos escândalos, a mesma face podre da política e a mesma cara-de-pau distribuída a granel e exposta na televisão para quem quiser ver.
Ministros que acham o uso de aviões e recursos de empresas ligadas a seus ministérios algo normal; políticos que multiplicam seus patrimônios “da noite para o dia” graças à “consultorias” mágicas e mirabolantes; líderes partidários que não trabalham há anos e, no entanto, ostentam bens de grande valor e fortunas crescentes; filhos de presidentes que, ao iniciar o mandato do pai, são “reles” estagiários num zoológico e, ao fim deste mandato, se encontram “miraculosamente” alçados a categoria de milionários.
Escândalos, negociatas, mamatas e “arregos” de toda espécie desfilam no horário nobre das emissoras de TV; navegam pela Internet e estampam as manchetes da imprensa escrita acompanhados de provas variadas e abundantes: gravações telefônicas, vídeos, documentos assinados, recibos de propina (coisa incrível) e até cheques (certeza maior de impunidade não há) são apresentados contra políticos e autoridades num verdadeiro festival de comprovações que somente a justiça brasileira, moldada para proteger o corrupto e o corruptor, entende como insuficiente. A coisa chega ao ponto da própria Corte Suprema da nação se erguer para contestar a prisão de canalhas responsáveis pelo roubo de milhões.
Contudo, mesmo assim, a população segue apática. Alheia a força modificadora que reside em seu interior e incapaz de levar sua indignação e sua revolta para além da mesa do bar. Unem-se aos milhões para uma passeata do orgulho gay; aos milhares para legalizar a maconha e não se dignam sequer a comparecer a um protesto por uma vida melhor, menos corrupção e por um futuro livre da praga da impunidade. É chegada a hora do brasileiro entender que a verdadeira esperança serve para combater as necessidades que nos assolam e não para nos tornar conformistas.
Há a necessidade de reviver os brios dos brasileiros. Há a necessidade de olhar-se para o alto e para frente, muito além do próprio umbigo. Há a necessidade de estabelecer prioridades e de lutar pelo que é certo e justo. Há a necessidade da mente do brasileiro ser varrida pelos mesmos ventos da mudança que varrem o planeta. Há a necessidade de acabar com o conformismo, com a omissão, com a alienação e com a apatia que não nos permitem erguer os olhos e vislumbramos um futuro melhor e mais justo. Há a necessidade de aprendermos com os mártires que se multiplicam pelas nações que lutam por mudanças. Há a necessidade de ir além da mesa do bar. Há a necessidade de fechar as bocas que nos sugam os recursos para engordar a si mesmas. Há a necessidade de lutarem juntos, por todos nós, por nossa nação, por nossa pátria e por um país mais justo; e não cada um por si.
Mas, por tudo que vejo, essa ainda é uma esperança vã.
Pense nisso.
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