A falta de memória na imprensa, na hipótese de que não seja alinhamento político, contribui para criar o mito de que o PT é realmente um partido inovador. Vejam um caso. A presidente Dilma Rousseff anunciou, no Dia Internacional da Mulher, que, em caso de divórcio ou fim da união estável, o imóvel do programa “Minha Casa Minha Vida”, na faixa de financiamento de até três salários mínimos, fica com a mulher — exceto se o homem ficar com a guarda dos filhos.
Não se lembrou em quase lugar nenhum que essa é, por exemplo, prática adotada em São Paulo desde o governo Mário Covas e mantida nas gestões de seus sucessores. O que parece ser uma medida que só “poderia ser adotada por uma presidenta” está em prática, em São Paulo há mais de 12 anos.
Alguns leitores perguntam o que acho a respeito e se penso que isso pode ser considerado uma discriminação ilegal. Eu apóio a medida. A razão é simples. Dados objetivos de que dispõem o governo federal e o governo de São Paulo indicam que, na esmagadora maioria dos lares desfeitos, as crianças ficam com a mãe. Não é raro que o pai simplesmente dê no pé. Nesse caso, o que importa é a segurança da criança. E que se note: trata-se de dar a melhor destinação a um dinheiro que é público. Não faria sentido adotar essa prática quando os recursos são privados.
Há casos em que as mulheres é que são as irresponsáveis. É evidente que sim. Cuida-se aqui, no entanto, de saber onde está a maioria para otimizar o dinheiro público. A decisão é correta e deveria ter sido adotada pelo governo há muito mais tempo, a exemplo do que se faz em São Paulo.
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