O ano começou e, sem querer apelar para o surrado recurso da bola de cristal, é possível prever o que acontecerá nos próximos meses e apontar alguns temas que frequentarão as manchetes dos jornais de hoje até dezembro.
Haverá novos apagões de eletricidade, causados por deficiências no sistema, embora a presidente Dilma Rousseff tenha garantido no final de 2012 que a causa dos sucessivos blackouts pelo país afora são falhas humanas.
A usina de Belo Monte e as demais hidrelétricas que estão sendo construídas terão as obras paralisadas mais uma vez.
As rodovias federais se mostrarão insuficientes para garantir o trânsito livre e seguro aos motoristas que viajarão (ou tentarão viajar) por elas. O trânsito nas cidades maiores ficará ainda pior.
Os aeroportos, mesmo com as melhorias feitas nos terminais privatizados, continuarão lotados e os usuários tratados sem o respeito que um cliente merece.
Hoje em dia, um passageiro que vai de Brasília para São Paulo corre o risco de demorar mais tempo à espera da bagagem e do táxi no aeroporto do que dentro do avião.
A despeito de tudo isso, o debate eleitoral ganhará espaço – sobretudo no segundo semestre – e as soluções desses e de outros problemas serão empurrados para o próximo mandato presidencial.
É assim que tem sido nos últimos anos e nada indica mudanças nesse cenário. O Brasil desenvolveu uma capacidade incrível de se contentar com soluções improvisadas em lugar de colocar todos os problemas sobre a mesma prancheta, fazer estudos sérios e isentos de viés partidário e propor soluções de longo prazo.
O Brasil precisa deixar de ser o país das gambiarras e de se contentar com alguns dos argumentos mais utilizados para justificar a inoperância de algumas instituições. Um desses argumentos é o de que em ano eleitoral não se mexe em problemas delicados.
Outro argumento é o de que a configuração do Congresso Nacional impede que se mexa em temas estruturais. Existe ainda o velho e falacioso argumento de que o Brasil, por não ser um país desenvolvido, pode se contentar com soluções de segunda linha.
Finalmente, tem muita gente por aí que demonstra uma convicção impressionante diante da ideia de que a capacidade de improvisação e a alegria natural do povo brasileiro transformam qualquer tragédia em festa. Não precisa ser assim.
O Brasil precisa se imaginar como quer ser daqui a 20 anos e começar agora a se preparar para isso. Precisa traçar um plano, discuti-lo e colocá-lo em prática. Precisa investir mais em programas como o Ciência Sem Fronteiras, que criarão uma geração inteira de cidadãos que, por terem passado anos vivendo em sociedades mais organizadas, ajudarão a mudar a face do país.
Precisa entender que grandes problemas exigem grandes soluções. E ir em frente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é muito bem vindo.