Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente.
Nada define melhor a passagem de ano do que esse poema de Drummond. Quando as fatias estão se acabando e com elas nossas ilusões, surgem doze fatias novinhas, cheias de promessas. Pegamos a primeira fatia plenamente convencidos de que agora, seja lá o que esse agora signifique para cada um de nós, agora, vamos!
Impossível listar os sonhos e desejos que ocupam nossos corações e mentes, seres humanos sempre ligados aos eventos de ontem e à mercê dos de amanhã. São em maior número que os grãos de areia nas praias e desertos.
Mas é talvez possível imaginar quais os sonhos e desejos que temos como cidadãos. É verdade que muitos entram mesmo é na categoria de milagres, mas de que serviriam as doze novas fatias se não acreditássemos em milagres?
O primeiro milagre: Paz. Sem ela nada se constrói, nem mesmo se pode sonhar. O segundo milagre: que não houvesse um lugar onde a Liberdade não fosse a rainha inconteste.
Milagres requerem a interveniência do divino. Que precisamos merecer. E para merecer o divino é preciso cumprir o que se espera do Homem, essa que é a mais bela criatura a habitar a Terra. Há, pois, regras a serem cumpridas.
Fácil? Não, não é fácil. Mas tem que ser feito.
Vamos lá, as doze fatias ainda estão intocadas: vamos sonhar alto.
Vivemos em sociedade por mil motivos mas, sobretudo, porque a solidão é um horror. Para viver em sociedade precisamos obedecer a um conjunto de regras, caso contrário o convívio é impossível. A base de tudo é a educação e aqui não me refiro à instrução, mas aos bons modos.
Sendo o homem como é – e não adianta querer reformá-lo inteiramente, isso já foi tentado, não deu certo... – é preciso ter quem cuide para que as regras sejam cumpridas. Aí mora o maior perigo. Na escolha da pessoa que vai cuidar. Que só pode ser bem feita se todos tivermos instrução e a sacrossanta liberdade para escolher.
E que o escolhido saiba e nunca se esqueça que está ali por um breve período e que é responsável por entregar tudo intacto a quem o suceder, com uma impecável prestação de contas. Nada ali é dele, o poder é transitório.
Viram como não é fácil? Para bem escolher é preciso que tenhamos as armas necessárias – instrução e a independência que só a liberdade dá. E para ter essas armas é preciso escolher muito bem quem vai cuidar das regras que impõem instrução e liberdade para todos.
Difícil, mas possível se zelarmos pela liberdade da palavra que traduz nosso pensamento. Escrita, oral, virtual, pichada nos muros, nossa expressão tem que ser livre e respeitada. Desde que bem educados, respeitando o outro e a palavra dele, se faz favor...
Às 12 novas fatias!
Feliz Vida Nova !
(Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2011/12/30/cortar-tempo-423971.asp)
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