Mal a aurora tingiu de púrpura o levante,
e afogou em orvalho as flores nos canteiros,
a princesa saiu do seu castelo,
diante da guarda fiel dos seus lanceiros.
Eis que surgem, porém, numa curva de estrada,
as bruxas! Infernais, diabólicas, ferozes,
elas, saltarelando, armavam na cilada
originais metamorfoses.
Mas, ao poder do amor se realiza um milagre!
Por uma fada sempre há de ser protegida
a vida que, na terra, em voto, se consagre
inteiramente a uma outra vida.
E antes que a exaltação da essência venenosa
a fizesse tombar, inanimada, e fria,
a princesa tomou a forma de uma rosa,
a única flor que não havia.
E evitando que as feiticeiras, de surpresa,
a pudessem poluir com hálitos daninhos,
os lanceiros então cercaram-na em defesa
e transformaram-se em espinhos.
(Paulo Gonçalves)
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