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Setenta e cinco por cento dos brasileiros, ou cerca de 143 milhões de pessoas, população superior à do Japão, dependem do SUS (Sistema Único de Saúde). Os outros 25%, ou 47 milhões de cidadãos, número equivalente à totalidade dos habitantes da Espanha, são capazes de pagar por planos/seguros de saúde privados. Contudo tanto uns quanto outros enfrentam problemas.
São bastante conhecidas as reclamações dos pacientes quanto à saúde no Brasil. Mas os milhões de brasileiros que recorrem aos planos de saúde privados, e que pagam custos crescentes, muito acima da inflação (nos últimos três anos, só os empresariais subiram 43%), não deveriam ter tantos obstáculos no atendimento.
Tal cenário lembra a sabedoria popular: "Falta pão e ninguém tem razão", como evidencia a presente greve em rodízio dos médicos credenciados nesses planos.
Tais profissionais estudam seis anos, fazem mais dois de residência, outros de especialização, compram livros, assinam revistas técnicas e participam de cursos e congressos caros para se manterem atualizados. Trabalham muito e não são remunerados nem pelo piso da tabela da Associação Médica Brasileira.
Os planos, por sua vez, argumentam que seus custos são crescentes, já que, entre outros fatores, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) exige maior número de procedimentos cobertos, impõe limites máximos no prazo de atendimento e no reajuste dos seguros individuais. E há quem reclame dessa ação reguladora...
Por sua vez, os custos dos hospitais e dos tratamentos médicos são crescentes. Fator interessante, pois o uso de tecnologia avançada eleva custos em vez de reduzi-los. Os laboratórios, que investem pesado em pesquisa e desenvolvimento, sofrem com patentes, preços de insumos e aprovação de novos medicamentos.
Fabricantes de equipamentos se justificam na mesma toada.
Buscando manter sua saúde financeira, as seguradoras, setor cada vez mais oligopolizado, tentam conter custos e criam dificuldades na prestação dos serviços, dão preferência a planos empresariais em vez dos individuais.
Afinal, de quem é a culpa por tantas desventuras? Quais são os responsáveis por esses graves problemas da saúde? Cento e noventa milhões de brasileiros gostariam de uma resposta convincente!
Se algumas pessoas acham que pagam muito e recebem pouco, há quem retruque afirmando que ganha pouco e oferece muito. Por isso, doutores fazem greves, hospitais deixam de atender pacientes, fabricantes de remédios aumentam preços e planos de saúde dificultam, cada vez mais, os serviços aos segurados.
Diante desse quadro, cabe a pergunta: será, então, que a culpa é nossa, dos doentes?
(Josué Gomes da Silva - Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0210201106.htm)
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domingo, 2 de outubro de 2011
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