Porque despertar em mim esse animal alucinado.
Animal de olhos de fogo.
Selvagem e louco.
Esse animal acuado que perde sangue no jogo.
Essa fera que te ataca e te resiste.
Que por pouco não te mata.
Ah, essa desenfreada que me existe e me devora.
Porque despertá-la agora já que há tanto vinha adormecida.
Porque assustá-la assim em meio ao sono.
Porque arrancá-la bruscamente de seu sonho e transportá-la de repente para a vida.
Porque despertar em mim essa cavala doida que vai te galopar de corpo inteiro.
Enlouquecida que vai se ferir em meio ao trote.
Porque atiçar esse bicho que nessa luta vai morrer primeiro.
Que vai morrer de fome, de grito, de garganta enxuta, de tanta entrega.
Dilacerado de tanta força bruta.
Porque despertar essa besta que me habita que se torna cruel e desumana quando aflita.
Porque gritar com ela no silêncio de um sono branco em que já vinha há tanto.
Porque provocá-la em meio ao espanto quando ainda não era o seu tempo.
(Bruna Lombardi)
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