As pessoas vivem imaginando que, se algo fosse diferente no parceiro, ele seria melhor. Quando você entra nesse jogo de comparações, alguém sempre sai perdendo. E, geralmente, é você mesmo. Quando iniciamos uma relação, na maioria das vezes, vemos o outro como uma pessoa diferente dos parceiros anteriores. Porém, à medida que os problemas vão surgindo, começam as comparações com o último relacionamento e, depois de algum tempo, reafirma-se a crença negativa de que amar não dá certo.
O grande desafio é nos desvencilhar da imagem projetada que fazemos de nós mesmos e de quem está ao nosso lado, nos permitindo aceitar as qualidades e os defeitos do ser humano. Enquanto vivermos sob o domínio da neurose, com sistemas de comparações, jamais amaremos alguém com intensidade.
Uma frase de que gosto muito diz: "O casamento dá certo para quem não precisa de casamento". Normalmente, a compulsão de casar e de viver junto nasce da dependência. Essa não é a função de um relacionamento, o outro não vai preencher uma lacuna, mas, sim, ajudar a desenvolver o que esta não têm. Infelizmente, a maior parte das pessoas odeia sua própria companhia e vê no outro uma forma de "salvação".
O único jeito de amar é buscando a sinceridade. Temos que redescobrir a forma de amar, a naturalidade do relacionamento. As pessoas precisam ter interesse genuíno no outro. Quem fica estudando demais o parceiro "mata " a possibilidade de amá-lo. O mundo é feito de absurdos e encontros, os absurdos fazem parte, porém, devemos entender que é possível ser feliz acreditando na naturalidade dos sentimentos
Devemos perceber que a única maneira de amar o outro é nos amando. Se a pessoa tem baixa auto-estima, usará o outro para "tapar o buraco" de suas carências; no entanto, ninguém resolve a carência de ninguém. Conviver e saber aceitar a ideia de que qualquer relacionamento pode acabar é a chave para o amor saudável. Tentar dominar o parceiro por ter medo da perda, só faz com que ele se afaste ainda mais. Esse é outro grande desafio da arte de amar: lidar com a possibilidade da perda, sem dominar o outro.
(Roberto Shinyashiki - Veja - junho 2009)
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