segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Os novos escravos

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Escravos na colheita de café, Vale do Paraíba, 1882
(Foto de Marc Ferrez/Colección Gilberto Ferrez/Acervo Instituto Moreira Salles)




A escravidão sempre foi uma das grandes tragédias da humanidade.

É inadmissível que pessoas humanas sejam encaradas como simples objetos, passíveis de serem utilizados em transações mercantis. E isto, infelizmente, aconteceu na antiguidade em toda a face da Terra e ainda existe, apesar de todos os esforços para impedir tal ignomínia. Ainda há a escravidão mascarada, em algumas regiões do mundo, inclusive no Brasil, onde seres humanos são submetidos a tal prática, sem quaisquer direitos, nas mais adversas circunstâncias, sem a devida contrapartida.

Contudo, há outras formas de escravidão de natureza indireta, na maioria das vezes nem percebida pelos que são escravizados, de fato. Se analisarmos bem a conjuntura, esta será a conclusão lógica. Os “donos do mundo” (grupos que controlam o sistema financeiro mundial e seus instrumentos como o Clube de Roma, o Diálogo Interamericano etc.) comandam os destinos da população mundial.

Como são os detentores do poder econômico, cooptam os meios de comunicação mais influentes do mundo, pautando grande parte da mídia e influenciando decisivamente grande parte da humanidade. Não por acaso elegem seus representantes (de sociedades secretas ou até ostensivas, como o Diálogo Interamericano, no caso das Américas) para os principais cargos dos Poderes Executivo e Legislativo, além de influenciar expressivamente o Judiciário.

É comum emplacar seus integrantes até na presidência da República, como foi na Argentina (Raul Alfonsín), Brasil (FHC e Lula, que entrou e saiu), Uruguai (Sanguinetti), Colômbia (Juan Santos), Chile (Michele Bachelet) etc. Até o ex-presidente do Bacen, Sr. Henrique Meirelles, bem como Marina Silva são integrante do Diálogo. Somente possuindo estas informações é que somos capazes de compreender o comportamento esquizofrênico das últimas administrações, em especial as petistas.

Na expressão econômica, a administração é inteiramente submissa aos interesses da banca internacional e nacional, com a adoção de medidas tão radicais como a taxação dos inativos e o aluguel de imensas áreas da Amazônia, tentadas, mas não concretizadas por FHC, mas realizadas pelos petistas. Nas expressões psicossocial e política adota medidas preconizadas pelo Foro de São Paulo, de perpetuação no poder, admitindo ainda a ação predatória de movimentos como o MST, MLST e outros, sem a devida instalação de instrumentos preventivos e repressivos.

As classes mais abastadas acumulam cada vez mais riquezas, em especial os bancos (como exemplo, o Banco do Brasil apresentou, nos primeiros seis meses deste ano, um lucro superior a R$8,82 bilhões, não tendo vergonha de informar que arrecada com receitas de serviços mais do que paga com despesas de pessoal, enquanto leva a CASSI à falência e usurpa recursos da PREVI), usufruindo “alegremente” das vantagens obtidas, enquanto as categorias menos favorecidas são obrigadas a entrar na informalidade, expandindo a economia informal e recebendo o “ bolsa esmola”. Os bancos particulares nunca ganharam tanto em sua “estória”.

A sempre sacrificada classe média, em extinção, acaba transformando-se em produtora dos novos escravos. Nascem, vivem e morrem dentro os rígidos limites impostos pelos detentores do poder, com raras exceções. O sistema tributário é uma vergonha. Quem ganha muito não paga, com o emprego do “planejamento tributário”, enquanto um cidadão que ganha pouco menos de três salários mínimos (SM) mensais é obrigado a pagar.

Em 2015 a carga tributária aumenta para algo em torno de 36 % do PIB. Ao mesmo tempo, os serviços públicos estão sendo deteriorados a cada dia (educação, saúde, segurança, saneamento etc.) e vão sendo progressivamente transferidos para a iniciativa privada.

Até a previdência pública vai sendo quebrada para dar espaço à previdência privada. Internamente, é apresenta a inacreditável proposta (a não ser para os usuários) da descriminalização das drogas, felizmente objeto de forte reação por parte das forças vivas da Nação.

O ensino público vai sendo brutalmente esvaziado, em especial com o sistema de cotas e outros instrumentos para o segmento privado, dando lugar a fábricas produtoras de diplomas, “formando” profissionais de baixa qualificação.

A maioria dos empregos gerados apresenta remuneração inferior a 2 SM e o desemprego, o subemprego quantitativo e qualitativo alcançam mais de 1/3 da PEA. Os cidadãos acordam todos os dias, trabalham exaustivamente, formal ou informalmente, sendo extorquidos de todos os modos, direta ou indiretamente, pelo poder público ou então pelos marginais.

Como não conseguem chegar até o fim do mês com seus parcos rendimentos, endividam-se cada vez mais, acumulando dívidas impossíveis de serem pagas. Os escravos antigos trabalhavam duramente, mas tinham pelo menos casa e comida garantida. Os novos escravos modernos também trabalham duramente e nem isto conseguem obter.

A administração petista não consegue sequer concluir com êxito um programa de implantação de contribuições compulsórias para as famílias possuidoras de empregados domésticos, submetendo-as a uma verdadeira tortura continuada. Exigem de pessoas físicas as responsabilidades de empresas. Reina o caos econômico, social e político.

Prepara-se um “acordão” para que “mal feitos” permaneçam impunes. E ainda querem impor a volta da CPMF (tributo em cascata), que representa um verdadeiro “cheque em branco” para os perdulários.

Isto não é admissível em qualquer país do mundo, ainda mais no Brasil do Século XXI.


(Marcos Coimbra, Economista e Professor, é Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e Autor do livro Brasil Soberano)


Artigo no Alerta Total – http://www.alertatotal.net/2015/11/os-novos-escravos.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+AlertaTotal+%28Alerta+Total%29

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