A chegada dos dissidentes cubanos à Espanha, após intensa campanha daquele país para sua libertação, mostra quais eram as duras condições a que estavam submetidos os cidadãos cubanos nas prisões da ditadura castrista. Muito mais do que a indignidade de ser obrigado a ficar longe da família, do convívio com os amigos e até de exercer a sua profissão apenas por ter discordado de um déspota e ousado expor suas opiniões e pensamentos livremente; os cativos cubanos expuseram as atrocidades e os crimes a que eram submetidos pelos carcereiros e pelos agentes do regime cubano. Surras com paus e barras de ferro, comida estragada ou fome, ratos, insetos e até injeções com misturas não reveladas que, para aumentar o terror psicológico, às vezes eram descritas como inoculações de vírus responsáveis por doenças das mais variadas. As técnicas de coerção são bem parecidas às utilizadas pelos nazistas, pelos russos (os padrinhos intelectuais da polícia política cubana) e por qualquer ditadura que reine através do terror em algum canto desse mundo. Isso já é algo esperado e só mesmo os “Românticos de Cuba” para não acreditar na canalhice e nas atrocidades das quais o governo cubano e seus componentes são capazes. Agora, o que revolta mesmo, é a enorme vergonha que todo brasileiro amante da democracia e combatente de um regime igualmente autoritário e conhece os expedientes bem semelhantes usados pelos cubanos para se impor deve sentir ao ver esses homens libertos e perceber que, como nação, nada fizemos para isso. Sim. A vergonha é o único sentimento aceitável para definir com precisão o nosso silêncio diante de um pedido de socorro, a nossa apatia diante das mãos estendidas em súplica e a nossa tibieza moral ao comparar os usurpadores com democratas e suas vítimas com criminosos comuns. Enorme vergonha deve nos causar o fato de estarmos sendo criticados publicamente, como parceiros dos algozes e como vozes de apoio e regozijo uníssono dos tiranos. Diante da tragédia humana que se desenrolou bem em frente aos nossos olhos impassíveis e indiferentes; a nação brasileira referiu sorrir e olhar para o outro lado. Nojo! Esse é o único sentimento que vem a mente e se alastra, como uma metástase, num aperto no estômago e um nó na garganta. Diante da revolta e do desabafo do dissidente que diz: “Quando houve a tragédia de Orlando Zapata, Lula estava apertando a mão de Fidel e Raúl e não advogou nem levantou a voz para salvar a vida de Zapata. Aliou-se ao crime e não à Justiça. Orlando Zapata podia ter tido, mesmo que remotas, possibilidades de sobreviver se Lula tivesse intercedido pessoal e publicamente por ele. Diz que está feliz com a nossa liberação, mas nós estaríamos felizes se tivesse advogado por Orlando Zapata Tamayo”. Mas, não pense que o nojo é gerado pelas palavras duras e verdadeiras do ex-preso que desabafa. O nojo vem, mais uma vez, da vergonha de viver numa nação que optou por se omitir – ou muito pior – desdenhar frente ao sofrimento do próximo. O nojo grita retumbante e eleva seu clamor em nossa alma silenciosa e rendida aos encantos do discurso populista do falso messias que prega a liberdade e a democracia com palavras vazias; mas, vive intensamente o desrespeito às leis, o autoritarismo, o culto à personalidade o populismo barato, a falta de ética e humanidade em nome da sede insaciável de poder. Vergonha e nojo de si mesmo é o que cada brasileiro deve estar sentindo hoje e, em especial, o próprio presidente Lula – o responsável direto por nossa omissão e por nossa vergonha como nação. Tão certo disto estou que nem estranhei o fato de Lula, sempre verborrágico e senhor de si, ter ficado mudo diante do desabafo verdadeiro e carregado de indignação do dissidente. Para nós, brasileiros comuns, resta apenas engolir o orgulho e aprender com os erros. Para os dissidentes; a única opção é continuar a luta e a vida fora de sua pátria e no exílio. Mas, para Lula, a claque que o aplaude e seus doutrinários mentores; resta apenas a vergonha de estarem do lado errado.
(Arthurius Maximus) . |
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Dissidentes cubanos, Lula e a vergonha de estar do lado errado
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