No território da intimidade, os homens se sentem massacrados por uma suposta superioridade feminina
Mulheres reclamam de falta de intimidade. Acreditam que os homens são incapazes de serem mais subjetivos. Queixam-se por eles serem infantis, superficiais, incapazes de expressar seus sofrimentos, vontades e emoções.
Elas afirmam que, para os homens, intimidade se resume a fazer sexo, uma proximidade apenas física. Intimidade, dizem elas, é muito mais do que sexo. É uma maneira especial de estar juntos, conversar, escutar, compartilhar o silêncio, uma profunda comunicação psicológica, uma forma única de entrega amorosa.
Elas se sentem lesadas por investirem muito mais do que eles em um relacionamento.
Uma mulher, que acredita ser "100% heterossexual", conta que está vivendo uma relação extraconjugal com outra mulher. Diz que a amante lhe dá o que falta no casamento: atenção, carinho, delicadeza, diálogo e intimidade física e emocional.
"Meu marido não sabe dar um abraço aconchegante ou escutar verdadeiramente. Acho que os homens são ignorantes em tudo o que diz respeito à intimidade."
Outra revela que tem um amante virtual com quem conversa todas as madrugadas. Ela diz que vive, o que pode parecer um paradoxo, uma intimidade à distância: "Nunca tive conversas tão profundas com meu marido. Sei que pode ser só uma fantasia e que tudo pode acabar se nos encontrarmos no mundo real. Mas prefiro a intimidade que temos no mundo virtual do que a intimidade que jamais tive no mundo real, mesmo que seja apenas uma ilusão de intimidade."
A objetividade, praticidade e racionalidade masculinas, valorizadas em outros contextos, tornam-se impedimentos para um relacionamento íntimo, dizem elas.
Elas se consideram mais sensíveis, maduras e reflexivas. Eles são considerados mais carnais e sexuais. Nos discursos femininos percebe-se a ideia de que a natureza da mulher, em termos de autoconhecimento e exploração da subjetividade, é superior à masculina.
A recorrência da falta de intimidade como principal queixa feminina parece fazer parte de um jogo de dominação entre os gêneros, que legitima o poder das mulheres em tudo o que diz respeito ao mundo privado, às emoções e às relações amorosas.
No domínio da intimidade, os homens se sentem massacrados por uma suposta superioridade feminina.
Um deles, cansado das excessivas reclamações da esposa, pergunta ironicamente: "Será que está na hora de queimar as gravatas em protesto contra a permanente insatisfação das mulheres?".
(Miriam Goldenberg - antropóloga e professora da UFRJ - Fonte: Folha)
Muitas mulheres se preocupam tanto em serem iguais aos homens que esquecem que os homens querem tambem uma igualdade; não posso reclamar neste ponto, porque sempre vivi uma relação baseada na intimidade, estamos juntos a muitos anos, e ainda passeamos, conversamos abraçados por horas os assuntos não se esgotam, rimos das nossas infantilidades, trocamos beijos, ou seja ainda namoramos.
ResponderExcluirQuando ele fala eu escuto e tento compreender o que se passa, se preciso for dou conselhos, se for algo que esta fora do meu alcance ajudar, dou carinho; e vice-versa.
Sim nós dominados a arte da sensibilidade e da intimidade,rsrs...mas nao podemos achar que somos as senhoras sabem tudo...
Belo texto!
beijos