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Mais tolerante do que parecia
Tudo indica que a degola de Carlos Lupi não passa de amanhã. Mas a essa altura Dilma Rousseffjá deve admitir – senão em público, ou para seus auxiliares diretos, ao menos para ela própria – que errou no timing da demissão.
Dilma quis, com Lupi, seguir um script que ensaiara com Orlando Silva – e que já não dera certo. Ou seja, não entregar a cabeça de um ministro – por mais enrolado que estivesse – por causa de revelações feitas pela imprensa. Lula e aliados insistiam que Dilma devia resistir.
Às favas com a ética e moralidade, mas isso lhe daria, por essa visão, força junto à base governista. O negócio é proteger a base, que lhe retribuirá com o apoio necessário no Congresso.
Dilma, portanto, já tentara ainda com Orlando guardar a vassoura no armário e deixar o assoalho enlameado. A estratégia não deu certo ali, mas Dilma quis dobrar a aposta com Lupi. “O.K., ele não tem condições de continuar ministro, mas dá para empurrar com a barriga até a reforma ministerial de janeiro”, virou o novo mote.
Imaginou – ou “imaginaram”, ela e os gênios do Planalto – que depois de dúzias de revelações, a fonte dos descalabros secara. Não contava que, neste caso, é só vasculhar o lixo que o cheiro ruim se espalha.
Foi o que aconteceu. A Folha de S. Paulo e outros jornais provaram isso na semana passada. A Comissão de Ética da Presidência supreendeu e fez a permanência de Lupi no governo ficar ainda mais esdrúxula.
Novamente, portanto, não vai dar para segurar um ministro desmoralizado. Mas Dilma sai menor desse rolo todo. Alguns exemplos passados, mostram que sua popularidade não deve ser afetada por isso. A economia, embora em franca desaceleração, caminha razoavelmente bem, mais ainda se o brasileiro olhar o quadro mundial.
O fato de nenhuma dessas vacilações de Dilma grudar na sua imagem não deve causar surpresa. Todo governante que comanda um país com economia em crescimento se beneficia do efeito tefal. Já se dizia isso de FHC, em seu primeiro mandato. Lula foi exemplo inconteste disso em seu governo. Exemplos não faltam.
A marca de uma governante que não tolera conviver com a corrupção, fraudes e malfeitos, no entanto, está virando conversa de marqueteiro.
(Lauro Jardim - Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/riscos-e-oportunidades/dilma-e-a-demissao-de-lupi-a-marca-de-uma-governante-que-nao-tolera-conviver-com-a-corrupcao-esta-virando-conversa-de-marqueteiro)
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