O misto de pistolagem com realpolitik um dia terminaria em chantagem. O dia chegou! Ou: Hoje é Lupi quem diz a Dilma o que ela pode fazer
Dêem-me um só motivo razoável para a presidente Dilma Rousseff não demitir Carlos Lupi, seu ministro do Trabalho. Convenham: ele já não está mais na categoria dos demissíveis, mas dos enxotáveis.
É tão ridícula, é tão constrangedora, é tão absurda a situação desse ministro que não há alternativa possível: Dilma só fica com Lupi porque, por enquanto, demiti-lo provocaria mais estragos do que mantê-lo.
Até que ele próprio não seja convencido de que tem de sair ou que não lhe seja oferecida alguma boa compensação, ele fica. Empregando uma palavra de seu vocabulário e gosto pessoais, o fato é que ele tem “bala” para decidir se e quando vai sair.
Um governo que se estabeleceu do modo como se estabeleceu o do PT, desde a era Lula, cairia, um dia, vítima de alguma grande chantagem. Até agora, todos os aliados operaram com a contenção própria de pistoleiros da “realpolitik”: todos brigam muito, mas ninguém atira. Em 2005, quando um contrariado decidiu disparar — Roberto Jefferson —, nós vimos bem as conseqüências. Com um pouco mais de coragem das oposições, Lula teria sido impichado.
O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), em entrevista concedida ontem ao Estadão, limitou-se à chantagem eleitoral. É pouco para manter Lupi. O ministro que afirmou que só sairia a bala — mas tinha de ser coisa grande… — é, no momento, dono de seu cargo. E tem um grande trunfo que lhe permite dizer a Dilma o que ela deve ou não deve fazer nesse particular.
Lupi, como se diz na minha terra, “de bobo, só tem o andado…”
(Reinaldo Azevedo - Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/)
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