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Com mais esse depoimento, PF prepara o indiciamento do filho de Erenice
Em depoimento à Polícia Federal, Ana Veloso, irmã do ex-piloto de motocross Luís Corsini, confirmou o que ele já havia revelado a VEJA em setembro: Corsini pagou 40.000 reais a Israel Guerra, filho da ex-ministra-chefe da Casa Civil Erenice Guerra, em troca de um patrocínio de 200.000 reais da Eletrobras.
Ana depôs à PF na tarde de terça-feira. De acordo com a edição desta quarta-feira do jornal O Estado de S. Paulo, com as informações dela anexadas ao inquérito que investiga o esquema de tráfico de influência operado por Israel com a ajuda da mãe na Casa Civil, o delegado Roberval Vivalvi deve preparar o indiciamento do filho da ex-ministra.
A irmã do ex-piloto disse à PF que o patrocínio estava “entravado” e que a estatal havia recusado o mesmo pedido em 2007. Foi só quando Corsini entrou em contato com Israel que as coisas começaram a andar. Segundo Ana, o filho de Erenice apresentou-se ao ex-piloto dizendo que "a mãe e a tia" o ajudariam a remover as dificuldades. A tia em questão é Dilma Rousseff, hoje candidata do PT à Presidência, que ocupava o cargo de ministra-chefe da Casa Civil na ocasião.
Dilma renunciou ao cargo em março para disputar a eleição. Em seu lugar deixou Erenice, seu braço direito. Era justamente na Eletrobrás que a influência das duas se fazia mais forte.
As informações reveladas por Ana foram as mesmas que seu irmão disse à PF no depoimento que prestou na última quinta-feira. Corsini afirmou que, se não fosse a ajuda de Israel, não teria recebido o patrocínio. Em setembro, o ex-motociclista, que é o chefe da Corsini Racing, equipe que recebeu o patrocínio da Eletrobras, revelou a VEJA que teve de negociar com Israel Guerra a ajuda do governo. A Eletrobras liberou 200.000 reais para a equipe, mas apenas 160.000 reais foram parar nas mãos dos atletas. Os 40.000 restantes ficaram com Israel e sua turma.
De acordo com o depoimento de Ana, o dinheiro foi liberado em duas parcelas. Como Israel sabia exatamente quando o dinheiro seria depositado, começou a pressionar Corsini pelo imediato pagamento de sua comissão. O piloto demorou a efetuar o pagamento e Israel, então, intensificou a cobrança. Sua pressão se estendeu a Ana, que trabalha na equipe. "Foi chantagem mesmo e eu vim aqui reafirmar tudo em detalhes", afirmou ela ao jornal antes de entrar na sede da PF.
VEJA revelou, no mês passado, que Israel Guerra transformou-se em um lobista em Brasília, intermediando contratos entre empresas e o governo. A Capital Consultoria, empresa comandada por ele, cobrava uma comissão de 6% para facilitar negociações de empresas privadas interessadas em firmar contratos com estatais. O escândalo derrubou Erenice Guerra do cargo de ministra-chefe da Casa Civil.
Em 11 de setembro, VEJA traz à tona um caso surpreendente de aparelhamento do estado. Sua figura central é Erenice Guerra, ministra-chefe da Casa Civil, sucessora de Dilma Rousseff. A reportagem demonstra que, com a anuência e o apoio de Erenice, seu filho, Israel Guerra, transformou-se em lobista, intermediando contratos milionários mediante uma 'taxa de sucesso'. Cinco dias depois, Erenice deixa a pasta. No mesmo dia, seu filho e seu irmão são demitidos. E Dilma, que havia achado a denúncia 'mais um factoide', opina que a saída de sua antiga colaboradora é a 'atitude mais correta'.
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