quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O Burro Juiz - Fábula de Monteiro Lobato


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Disputava a gralha com o sabiá, afirmando que a sua voz valia a dele. Como as outras aves rissem daquela pretensão, a bulhenta matraca de penas, furiosa, disse: 
- Nada de brincadeiras. Isto é uma questão muito séria, que deve ser decidida por um juiz. Canta o sabiá, canto eu, e a sentença do julgador decidirá quem é o melhor artista. Topam? 
- Topamos! - piaram as aves - mas quem servirá de juiz? 
Estavam a debater este ponto, quando zurrou um burro. 
- Nem de encomenda! - exclamou a gralha - está lá um juiz de primeiríssima para julgamento de música, pois nenhum animal possui maiores orelhas. Convidê-mo-lo. 
Aceitou o burro o juizado e veio postar-se no centro da roda. 
- Vamos lá, comecem! - ordenou ele. 
O sabiá deu um pulinho, abriu o bico e cantou. Cantou como só cantam sabiás, garganteando os trinos mais melodiosos e límpidos. Uma pura maravilha, que deixou mergulhado em êxtase o auditório em peso. 
- Agora eu! - disse a gralha, dando um passo à frente. 
E abrindo a bicanca matraqueou uma grita de romper os ouvidos aos próprios surdos. 
Terminada a justa, o meritíssimo juiz deu a sentença: 
- Dou ganho de causa à excelentíssima senhora dona Gralha, porque canta muito mais forte que mestre sabiá. 
Moral da Estória: 
Quem burro nasce, togado ou não, burro morre.
(Fonte: delmamoraes.blogspot.com/2010/03/fabulas-de-monteiro-lobato.html)

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