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Cortar R$ 6,5 bilhões só em fraudes? Então isso não é um caso de política, mas de polícia!
Publiquei ontem aqui um post um tanto irônico, elogiando Dilma pela “coragem” por meter o facão nos programas sociais. A cobertura política e a chamada “crônica especializada”, como se dizia antigamente, chegam a ser cômicas. Parece que “corte de gastos” é um valor em si. Ora, só se faz quando necessário, certo? No caso em questão, o que determina o aperto de agora é a farra de antes. Mas a coisa ainda está um tanto confusa. E aqueles que costumam pôr preço na confusão comentavam ontem que:
a) o governo parece estar batendo cabeça;
b) o corte não chega a R$ 50 bilhões nem debaixo de porrete;
c) no que haverá de cortes, PAC e obras sociais serão afetados.
Bem, até aí…
Mas espantoso mesmo é que não se aponte o óbvio: na ânsia de mover os tanques para dar a impressão de estar fazendo alguma coisa, o governo promete fazer uma auditoria em si mesmo. “Ah, Reinaldo, sempre pode aparecer alguma coisa para cortar. É louvável!”
Alguma coisa?
Como apontou aquele meu amigo economista, para o seguro-desemprego, estão orçados R$ 30 bilhões, e o governo pretende cortar R$ 3 bilhões! Há a possibilidade de 10% dos recursos do seguro-desemprego irem para a sem-vergonhice?
O próprio governo considera que o seguro-desemprego, controlado pelo Ministério do Trabalho, é uma cornucópia de fraudes. Informa hoje o Estadão:
“A investigação [do TCU] informa que a ausência de um sistema de cruzamento dos dados fornecidos pelo suposto desempregado com informações oficiais prejudica a fiscalização. A auditoria pede o aperfeiçoamento do software do seguro-desemprego. Os auditores mencionam, por exemplo, a falta de confiabilidade nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), usado pelo governo como ferramenta do seguro-desemprego. “O sistema pode ser baixado da internet por qualquer pessoa e não há necessidade de autenticação, ou seja, não se sabe a origem dos dados cadastrados, o que abre a possibilidade de fraudes nas ações de seguro-desemprego”, diz trecho do relatório de auditoria.”
No total, R$ 6,5 bilhões viriam só do combate às fraudes. Bem, das duas uma: ou esse volume é uma fantasia, ou é preciso chamar a Polícia — no caso, a Federal. E ela deve começar investigando o Ministério do Trabalho.
(Reinaldo Azevedo - http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/)
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