Entre pela velhice com cuidado,
pé ante pé, sem provocar rumores
que despertem lembranças do passado,
sonhos de glória e de ilusões de amores.
Do que houveres no teu pomar plantado,
apanha os frutos e recolhe as flores,
mas lavra ainda e cuida o teu eirado –
outros virão colher quando te fores.
Não faças da velhice enfermidade,
alimenta no espírito a saúde,
luta contra as tibiezas da vontade.
Que a neve caia, que o ardor não mude,
mantém-te jovem, não importa a idade :
tem cada idade a sua juventude...
(Bastos Tigre - 1882 – 1957)
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