sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Namorofobia?

.


A praga da década são os namorofóbicos. Homens (e mulheres) estão cada vez mais arredios ao título de namorado, mesmo que, na prática, namorem.

Uma coisa muito estranha. Saem, fazem sexo, vão ao cinema, freqüentam as respectivas casas, tudo numa freqüência de namorados, mas não admitem.

Têm alguns que até têm o cuidado de quebrar a constância só para não criar jurisprudência, como se diria em juridiquês.

Podem sair várias vezes numa semana, mas aí tem que dar uns intervalos regulamentares, que é para não parecer namoro.

- É tua namorada? - Não, a gente tá ficando. - Ficando aonde, cara pálida?

Negam o namoro até a morte, como se namoro fosse casamento, como se o título fizesse o monge, como se namorar fosse outorgar um título de propriedade.

Devem temer que ao chamar de namorada (o) a criatura se transforme numa dominadora sádica, que vai arrastar a presa para o covil, fazer enxoval, comprar alianças, apresentar para a parentada toda e falar de casamento - não vai. Não a menos que seja um (a) psicopata. Mais pata que psico.

Namorar é leve, é bom, é gostoso. Se interessar pelo outro e ligar pra ver se está tudo bem, pode não ser cobrança, pode ser saudade, vontade de estar junto, de dividir.

A coisa é tão grave e levada a extremos que pode tudo, menos chamar de namorado. Pode viajar junto, dormir junto, até ir ao supermercado junto (há meses!), mas não se pode pronunciar a palavra macabra: NAMORO.

Antes, o problema era outro: CASAMENTO. Ui. Vá de retro! Cruz credo! Desafasta.

Agora é o namoro, que deveria ser o test drive, a experiência, com toda a leveza do mundo.

Daqui a pouco, o problema vai ser qualquer tipo de relacionamento que possa durar mais que uma noite e significar um envolvimento maior que saber o nome.

Do que o medo? Da responsabilidade? Da cobrança? De gostar?

Sempre que a gente se envolve com alguém tem que ter cuidado...

Não é porque "a gente tá ficando" que não se deve respeito, carinho e cuidado. Não é porque "a gente tá ficando" que voce vai para cama num dia e no outro finge que não conhece e isso não dói ou que não é filhadaputice. Não é porque "a gente tá ficando" que o outro passa a ser mais um número no rol das experiências sexuais - e só.

Ou é? Tô ficando velha? Se estiver, paciência.

Comigo, só namorando!!!

( Danusa Leão )

2 comentários:

  1. Este texto da Danuza é ótimo! concordo com tudo! Na verdade, acho que as mulheres acabaram aceitando essa história de ficar pra poder "ficar" com o cara. É melhor ter essa atitude do que não ter ninguém. É melhor sentir-se amada e gostada e acompanhada de vez em quando do que não ter com quem sonhar. Acho "filhadaputice" dos homens que fazem isso, e não das mulheres que aceitam, e, de repente, sentem uma vontade enorme de ligar no dia seguinte, depois de uma linda noite de amor ou sexo, e não fazê-lo porque o cara não vai gostar. Acho maucaratismo pra caramba esses caras acharem que são os donzelos que estão prontos para serem pegos pelas bruxas de contos de fadas. Ora, cá pra nós, quem eles pensam que são?

    Adorei o tema,o texto,me empolguei e deixei o meu lado feminista divagar.

    Berenice,vou dar um tempo do diHITT e do blog. Quando eu voltar te aviso. Adoro teus textos! Especialmente os feministas! Por favor, continue escrevendo! Abçs!

    ResponderExcluir
  2. Eu adoro namorar e principalmente, amo a minha namorada, até pq se ela lesse só a primeira frase ficaria complicado pra mim! hehehe
    Brincadeira à parte, conheci muitas pessoas que tinham mesmo essa fobia de compromissos. Sei lá pq. O que importa é a felicità e se ela depende ou não de estar com alguém, vai de cada um. A minha é bem maior com minha namorada. :-)

    Beijo

    ResponderExcluir

Seu comentário é muito bem vindo.