Azedume em excesso? Mau humor pode ser doença, afirma psiquiatra | |
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"Tristeza não tem fim, felicidade sim". Se você concorda ou conhece quem encare a vida como Tom Jobim e Vinícius de Moraes escreveram em seu sucesso "Felicidade", fique alerta. Mau humor crônico pode ser doença. Trata-se da Distimia, um transtorno psíquico que caracteriza-se por um estado constante de humor rebaixado. O estado de espírito dos distímicos lembra o de Hardy, a famosa hiena ranzinza do desenho animado que vivia resmungando "Oh dia, oh céu, oh vida, oh azar". E, negando o antigo clichê de que a rabugice piora com a idade, o mau humor, como reflexo da Distimia, tem maior índice de aparecimento na infância e adolescência. Quando não tratado, permanece sintomático ao longo da vida. Em grego, Mal Humor, com L e não com U, significa Distimia. O termo, então, é associado à doença pois o mau humor é o principal sintoma do mal do humor, de características patológicas contrárias ao humor sadio. "A Distimia acompanha sentimentos de inadequação, perda generalizada do interesse ou prazer, retraimento social, fadiga, sentimentos de culpa ou preocupação extrema, e sensações de raiva excessiva", explica a psiquiatra Magda Vaissman, do Instituto de Psiquiatria da UFRJ. Trata-se de um estado de mau humor atípico que se manifesta como birra, implicância, desânimo, irritabilidade. "A pessoa está em constante estado de mal com a vida", completa. Não é mera coincidência essas serem as principais características das pessoas rotuladas vulgarmente como rabugentas. O distímico é pouco tolerante com o ambiente de modo geral, seja com as pessoas, com os acontecimentos, com os objetos, com o clima, com a política, com a sociedade, com a economia, com o trânsito, com as filas, enfim, com o mundo. O que o torna muito mais sensível a tudo com o que interage, como uma pessoa alérgica. Só que ao invés de crises de espirro, ele reage aos acontecimentos com mau humor. Como a vida social e em família implica em reciprocidade de comportamentos, as pessoas, motivadas pela chatice e azedume do mau-humorado, adotam comportamentos preventivos, o que prejudica ainda mais a vida em sociedade dos rabugentos. O estudo da doença é recente. Entre as causas do surgimento da Distimia estaria uma disfunção dos neurotransmissores, que ocasiona o rebaixamento das substâncias que regulam o humor, o que seria fator biológico. Também entram na lista fatores psicológicos, ambientais e genéticos, que podem contribuir para a evolução da quadro. "Não existe, no entanto, um fator único, mas uma associação deles", assegura Vaissman. O Tratamento da Distimia geralmente é feito com a combinação de medicamentos, principalmente anti-depressivos, e psicoterapia. Vaissman revela que a doença é difícil de ser curada, e que as chances de uma recaída são grandes, porém, ela afirma, o mais difícil é fazer os ranzinzas tomarem consciência do problema e procurarem ajuda. "A maioria das pessoas só procura tratamento quando já desenvolveram um quadro de depressão", explica. O cuidado antecipado é importante, pois o diagnóstico também é demorado. Só o médico pode fazer e é necessário ávaliar os sintomas por um período mínimo de dois anos.
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(Por Raphaela Guimarães - maisde50.uol.com.br) |
domingo, 20 de setembro de 2009
O mal da rabugice
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Interessante;são tão tênues as linhas que separam a distimia,depressão endogena....
ResponderExcluirExcelente artigo, desvenda alguns mitos, esclarece os comportamentos, muito bom.
ResponderExcluirParabéns!!!!