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Por unanimidade, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República decidiu arquivar nesta segunda-feira, 14, a denúncia contra a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, à respeito das polêmicas 28 lanchas-patrulha adquiridas por R$ 31 milhões pelo Ministério da Pesca — parte da conta foi paga na gestão de Ideli. Apesar de ter livrado Ideli, a comissão mantém o foco sobre os negócios de consultoria do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, que desrespeitou o prazo de 10 dias para prestar mais esclarecimentos aos conselheiros.
“Ideli não fez licitação, não assinou contrato, pagou uma das prestações a que estava obrigada e foi inteiramente excluída das indagações do Tribunal de Contas da União. Não há nada marítimo hoje”, afirmou o presidente da comissão, Sepúlveda Pertence. “Não é possível pedir a cada ministro que faça, antes de tomar posse, a folha corrida do seu ministério para saber se no passado houve alguma irregularidade.”
Conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo, o dono da fabricante das lanchas, a Intech Boating, doou a pedido do ministério, R$ 150 mil ao comitê financeiro do PT de Santa Catarina, que bancou 81% dos custos da campanha derrotada de Ideli ao governo catarinense.
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(Por Rafael Moraes Moura, no Estadão Online)
Bem… No dia 3 de abril, comentei uma fala da ministra Ideli Salvatti. Indagada sobre o rolo das lanchas, ela chamou a jornalista de “meu amor” para explicar que ela não tinha nada a ver com o peixe — ooops. Repito trecho daquele post.
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Pois é… Sempre que leio as palavras dessas almas delicadas do petismo para explicar as suas lambanças — como eles são rigorosos, Deus meu! —, sinto, assim, o frêmito de quem se vê diante da moral e em estado bruto… Não! Eu quis dizer da “moral em estado puro”, é evidente.
Veja bem, “meu amor”: as lanchas foram, na hipótese benigna, havendo uma, um “erro” em si. Por quê? Não poderiam ser utilizadas com o fim a que se destinariam, a vigilância, porque o Ministério da Piaba não tinha competência para tanto. O outro “erro” foi escolher a empresa de um petista para o fornecimento dos equipamentos — sem licitação, naturalmente. E o terceiro “erro” consistiu em receber a doação dessa mesma empresa para a campanha eleitoral de… Ideli. A mesma Ideli que, ainda senadora e já pré-candidata do partido ao governo, participou de solenidades de assinatura de contrato. Titular, depois, do Ministério da Piaba, encarregou-se de pagar a dívida, que era, então, do Ministério, com a empresa que fizera a doação para a própria Ideli — quer dizer, para o partido, “meu amor”.
Mas Ideli, “meu amor”, não vê problema nenhum em nada disso. Não vendo, supõe-se que aplique esses seus critérios de rígida moral na relação do governo com os partidos da base aliada. Ela já está pronta para editar uma cartilha de Educação Moral e Cívica. Lembro que o primeiro titular do Turismo do governo Dilma, Pedro Novais, caiu porque a pasta não conseguiu explicar lambanças que somavam… R$ 2 milhões. As lanchas custaram R$ 23 milhões. Petistas podem pecar até 10 vezes mais, que ainda estão no terreno da inocência.
E só porque a memória é uma das defesas que temos contra a empulhação, cumpre lembrar que, antes mesmo de assumir o Ministério da Piaba, Ideli não conseguiu explicar por que, então senadora, havia gastado verba de representação com hospedagem em hotéis em Brasília, mesmo tendo o auxílio-moradia.
Mas essas coisas, “meu amor”, não precisam de explicação. Ser petista, afinal de contas, é nunca ter de pedir perdão.
Meu amor!
(Por Reinaldo Azevedo)
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