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A implantação da USP, em 1934, foi um dos maiores acertos da oligarquia paulista. Era um projeto elitista, no sentido modernizador, que agregou núcleos universitários já existentes (direito, medicina e engenharia) em torno de um novíssimo centro nervoso, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras.
Ali, em razão das missões estrangeiras que moldaram professores nativos, deu-se um salto intelectual. A profissionalização de pesquisadores, a adoção de metodologias exaustivas e o mergulho sistemático na tradição filosófica do Ocidente espantaram o diletantismo bacharelesco.
Na FFCL, jovens da classe ascendente -muitos oriundos de famílias imigrantes- fizeram-se intelectuais capazes de influir no destino da nação. A escola formou quadros que tomaram posições em governos. Formou Fernando Henrique Cardoso, mais tarde presidente da República.
É triste testemunhar a decadência sem elegância a que se entrega a faculdade de filosofia, rebatizada de FFLCH. Deixa-se permear por grupelhos semialfabetizados e violentos que impõem a sua agenda sem encontrar resistência à altura. Encanta-se por um bordão do passado, mera forma sem conteúdo, quando clama pela saída da PM do campus.
A polícia representa a tirania? Ou a força legítima que mantém a ordem na democracia? Defendem-se privilégios no campus. Por que razão mágica alguém pego com maconha ali não deveria ser levado à delegacia?
Está livre para o uso de drogas a Cidade Universitária? Significa liberá-la para o tráfico, sem o qual não há consumo -e o tráfico não existe sem crimes conexos, como homicídios.
Instauraremos também a impunidade no campus? Quem destruiu a reitoria pode continuar estudando e trabalhando livremente na USP?
Chega de paternalismo na faculdade de filosofia. Chega de tratar depredadores como bebês inimputáveis. Chega de defender privilégios no campus.
(Reinaldo Azevedo - Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo)
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