domingo, 12 de agosto de 2012

Não desperdicem um só pensamento

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Não desperdicem um só pensamento
Com o que não pode mudar!
Não levantem um dedo
Para o que não pode ser melhorado!
Com o que não pode ser salvo
Não vertam uma lágrima! Mas
O que existe distribuam aos famintos
Façam realizar-se o possível e esmaguem
Esmaguem o patife egoísta que lhes atrapalha os movimentos
Quando retiram do poço seu irmão, com as cordas que existem em abundância.
Não desperdicem um só pensamento com o que não muda!
Mas retirem toda a humanidade sofredora do poço
Com as cordas que existem em abundância!


2

Que triunfo significa ser útil!
Mesmo o alpinista sem amarras, que nada prometeu a ninguém, somente a si mesmo
Alegra-se ao alcançar o topo e triunfar
Porque sua força lhe foi útil ali, e portanto também o seria
Em outro lugar. E depois dele vêm os homens
Arrastando seus instrumentos e suas medidas ao pico agora escalável
Instrumentos que avaliam o tempo para os camponeses e para os aviões.


3

Aquele sentimento de participação e triunfo
De que somos tomados ante as imagens da revolta no encouraçado Potemkin
No instante em que os marinheiros jogam seus algozes na água
É o mesmo sentimento de participação e triunfo
Ante as imagens que nos mostram o primeiro voo sobre o Pólo Sul.

Eu presenciei como
Mesmo os exploradores foram tomados por aquele sentimento
Diante da ação dos marinheiros revolucionários: assim
Até mesmo a escória participou
Da irresistível sedução do Possível, e das severas alegrias da Lógica.

Assim como os técnicos desejam por fim dirigir na velocidade máxima
O carro sempre aperfeiçoado e construído com tamanho esforço
Para dele extrair tudo o que possui, e o camponês deseja
Retalhar a terra com o arado novo, assim como os construtores de ponte
Querem largar a draga gigante sobre o cascalho do rio
Também nós desejamos dirigir ao máximo e levar ao fim
A obra de aperfeiçoamento desde planeta
Para toda a humanidade vivente. 



(Bertolt Brecht)
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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Doutor é quem faz Doutorado

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No momento em que nós do Ministério Público da União nos preparamos para atuar contra diversas instituições de ensino superior por conta do número mínimo de mestres e doutores, eis que surge (das cinzas) a velha arenga de que o formado em Direito é Doutor.

A história, que, como boa mentira, muda a todo instante seus elementos, volta à moda. Agora não como resultado de ato de Dona Maria, a Pia, mas como consequência do decreto de D. Pedro I.

Fui advogado durante muitos anos antes de ingressar no Ministério Público. Há quase vinte anos sou Professor de Direito. E desde sempre vejo "docentes" e "profissionais" venderem essa balela para os pobres coitados dos alunos.

Quando coordenador de Curso tive o desprazer de chamar a atenção de (in) docentes que mentiam aos alunos dessa maneira. Eu lhes disse, inclusive, que, em vez de espalharem mentiras ouvidas de outros, melhor seria ensinarem seus alunos a escreverem, mas que essa minha esperança não se concretizaria porque nem mesmo eles sabiam escrever.

Pois bem!

Naquela época, a história que se contava era a seguinte: Dona Maria, a Pia, havia "baixado um alvará" pelo qual os advogados portugueses teriam de ser tratados como doutores nas Cortes Brasileiras. Então, por uma "lógica" das mais obtusas, todos os bacharéis do Brasil, magicamente, passaram a ser Doutores. Não é necessária muita inteligência para perceber os erros desse raciocínio. Mas como muita gente pode pensar como um ex-aluno meu, melhor desenvolver o pensamento (dizia meu jovem aluno: "o senhor é Advogado; pra que fazer Doutorado de novo, professor?").

1) Desde já saibamos que Dona Maria, de Pia nada tinha. Era Louca mesmo! E assim era chamada pelo Povo: Dona Maria, a Louca!

2) Em seguida, tenhamos claro que o tão falado alvará jamais existiu. Em 2000, o Senado Federal presenteou-me com mídias digitais contendo a coleção completa dos atos normativos desde a Colônia (mais de quinhentos anos de história normativa). Não se encontra nada sobre advogados, bacharéis, dona Maria, etc. Para quem quiser, a consulta hoje pode ser feita pela Internet.

3) Mas digamos que o tal alvará existisse e que dona Maria não fosse tão louca assim e que o povo fosse simplesmente maledicente. Prestem atenção no que era divulgado: os advogados portugueses deveriam ser tratados como doutores perante as Cortes Brasileiras. Advogados e não quaisquer bacharéis. Portugueses e não quaisquer nacionais. Nas Cortes Brasileiras e só! Se você, portanto, fosse um advogado português em Portugal não seria tratado assim. Se fosse um bacharel (advogado não inscrito no setor competente), ou fosse um juiz ou membro do Ministério Público você não poderia ser tratado assim. E não seria mesmo. Pois os membros da Magistratura e do Ministério Público tinham e têm o tratamento de Excelência (o que muita gente não consegue aprender de jeito nenhum). Os delegados e advogados públicos e privados têm o tratamento de Senhoria. E bacharel, por seu turno, é bacharel; e ponto final!

4) Continuemos. Leiam a Constituição de 1824 e verão que não há "alvará" como ato normativo. E ainda que houvesse, não teria sentido que alguém, com suas capacidades mentais reduzidas (a Pia Senhora), pudesse editar ato jurídico válido. Para piorar: ainda que existisse, com os limites postos ou não, com o advento da República cairiam todos os modos de tratamento em desacordo com o princípio republicano da vedação do privilégio de casta. Na República vale o mérito. E assim ocorreu com muitos tratamentos de natureza nobiliárquica sem qualquer valor a não ser o valor pessoal (como o brasão de nobreza de minha família italiana que guardo por mero capricho porque nada vale além de um cafezinho e isto se somarmos mais dois reais).

A coisa foi tão longe à época que fiz questão de provocar meus adversários insistentemente até que a Ordem dos Advogados do Brasil se pronunciou diversas vezes sobre o tema e encerrou o assunto.

Agora retorna a historieta com ares de renovação, mas com as velhas mentiras de sempre.

Agora o ato é um "decreto". E o "culpado" é Dom Pedro I (IV em Portugal).

Mas o enredo é idêntico. E as palavras se aplicam a ele com perfeição.

Vamos enterrar tudo isso com um só golpe?!

A Lei de 11 de agosto de 1827, responsável pela criação dos cursos jurídicos no Brasil, em seu nono artigo diz com todas as letras: "Os que frequentarem os cinco anos de qualquer dos Cursos, com aprovação, conseguirão o grau de Bachareis formados. Haverá tambem o grau de Doutor, que será conferido àqueles que se habilitarem com os requisitos que se especificarem nos Estatutos que devem formar-se, e só os que o obtiverem poderão ser escolhidos para Lentes".

Traduzindo o óbvio. A) Conclusão do curso de cinco anos: Bacharel. B) Cumprimento dos requisitos especificados nos Estatutos: Doutor. C) Obtenção do título de Doutor: candidatura a Lente (hoje Livre-Docente, pré-requisito para ser Professor Titular). Entendamos de vez: os Estatutos são das respectivas Faculdades de Direito existentes naqueles tempos (São Paulo, Olinda e Recife). A Ordem dos Advogados do Brasil só veio a existir com seus Estatutos (que não são acadêmicos) nos anos trinta.

Senhores.

Doutor é apenas quem faz Doutorado. E isso vale também para médicos, dentistas, etc, etc.

A tradição faz com que nos chamemos de Doutores. Mas isso não torna Doutor nenhum médico, dentista, veterinário e, mui especialmente, advogados.

Falo com sossego.

Afinal, após o meu mestrado, fui aprovado mais de quatro vezes em concursos no Brasil e na Europa e defendi minha tese de Doutorado em Direito Internacional e Integração Econômica na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Aliás, disse eu: tese de Doutorado! Esse nome não se aplica aos trabalhos de graduação, de especialização e de mestrado. E nenhuma peça judicial pode ser chamada de tese, com decência e honestidade.

Escrevi mais de trezentos artigos, pareceres (não simples cotas), ensaios e livros. Uma verificação no sítio eletrônico do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) pode compravar o que digo. Tudo devidamente publicado no Brasil, na Dinamarca, na Alemanha, na Itália, na França, Suécia, México. Não chamo nenhum destes trabalhos de tese, a não ser minha sofrida tese de Doutorado.

Após anos como Advogado, eleito para o Instituto dos Advogados Brasileiros (poucos são), tendo ocupado comissões como a de Reforma do Poder Judiciário e de Direito Comunitário e após presidir a Associação Americana de Juristas, resolvi ingressar no Ministério Público da União para atuar especialmente junto à proteção dos Direitos Fundamentais dos Trabalhadores públicos e privados e na defesa dos interesses de toda a Sociedade. E assim o fiz: passei em quarto lugar nacional, terceiro lugar para a região Sul/Sudeste e em primeiro lugar no Estado de São Paulo. Após rápida passagem por Campinas, insisti com o Procurador-Geral em Brasília e fiz questão de vir para Mogi das Cruzes.

Em nossa Procuradoria, Doutor é só quem tem título acadêmico. Lá está estampado na parede para todos verem.

E não teve ninguém que reclamasse; porque, aliás, como disse linhas acima, foi a própria Ordem dos Advogados do Brasil quem assim determinou, conforme as decisões seguintes do Tribunal de Ética e Disciplina: Processos: E-3.652/2008; E-3.221/2005; E-2.573/02; E-2067/99; E-1.815/98.

Em resumo, dizem as decisões acima: não pode e não deve exigir o tratamento de Doutor ou apresentar-se como tal aquele que não possua titulação acadêmica para tanto.

Como eu costumo matar a cobra e matar bem matada, segue endereço oficial na Internet para consulta sobre a Lei Imperial:

www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_63/Lei_1827.htm

Os profissionais, sejam quais forem, têm de ser respeitados pelo que fazem de bom e não arrogar para si tratamento ao qual não façam jus. Isso vale para todos. Mas para os profissionais do Direito é mais séria a recomendação.

Afinal, cumprir a lei e concretizar o Direito é nossa função. Respeitemos a lei e o Direito, portanto; estudemos e, aí assim, exijamos o tratamento que conquistarmos. Mas só então.



(PROF. DR. MARCO ANTÔNIO RIBEIRO TURA - Fonte: http://por-leitores.jusbrasil.com.br/noticias/1682209/doutor-e-quem-faz-doutorado)
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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Quem é Dias Toffoli - Breve Biografia

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ALGUNS DADOS BIOGRÁFICOS DO MINISTRO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, JOSÉ ANTONIO DIAS TOFFOLI

ELE É UM DOS JULGADORES DO MENSALÃO ...


Nome: José Antonio Dias Toffoli
Profissão (atual): Ministro do Supremo Tribunal Federal / STF- Suprema Corte.
Idade: 41 anos

Um breve histórico, para entender "COMO SE SOBE NA VIDA"

Currículo:

- Formado pela USP

- Pós-Graduação: nunca fez

- Mestrado: nunca fez

- Doutorado: também não fez

- Concursos: 1994 e 1995

Reprovado em concursos para juiz estadual em São Paulo (é Estadual e não Federal, não vá se confundir).

- Depois disso, abriu um escritório e começou a atuar em movimentos populares.

Nessa militância, aproximou-se do deputado federal Arlindo Chinaglia e deu o grande salto na carreira ao unir-se ao PT.

Em Brasília:

- Aproximou-se de Lula e José Dirceu, que o escolheram para ser o advogado das campanhas 1998, 2002 e 2006;

- Com a vitória de Lula foi nomeado Subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, então comandada por José Dirceu;

- Com a queda do chefe, pediu demissão e voltou à banca privada;

- Longe do governo, trabalhou na campanha para a reeleição de Lula, serviço que lhe rendeu 1 milhão de reais em honorários.

- No segundo mandato, voltou ao governo como chefe da Advocacia-Geral da União;

TOFFOLI É DUAS VEZES RÉU!!!

Ele foi condenado pela Justiça em dois processos que correm em primeira instância no estado do Amapá.

Em termos solenemente pesados, a sentença mais recente manda Toffoli devolver aos cofres públicos a quantia de 700.000,00 (setecentos mil reais) dinheiro recebido "indevidamente e imoralmente" por contratos "absolutamente ilegais", celebrados entre seu escritório e o governo do Amapá.

- Um dos empecilhos mais incontornáveis para ele é sua visceral ligação com o PT, especialmente com o ex-ministro José Dirceu, o chefe da quadrilha do mensalão.

De todos os ministros indicados por Lula para o Supremo, Toffoli é o que tem mais proximidade política e ideológica com o presidente e o partido.

Sua carreira confunde-se com a trajetória de militante petista – essa simbiose é, ao fundo e ao cabo, a única justificativa para encaminhá-lo ao Supremo.

POSSE: Cadeira dos sonhos

No dia 23/10/2009 ocorreu a posse de Dias Toffoli como ministro do STF (indicado pelo Presidente Lula)

Algumas atividades como Ministro do STF.

Ao longo de oito meses no STF ele participou de julgamentos polêmicos e adotou posturas isoladas.

- Em março, foi o único entre dez ministros que votou favoravelmente ao pedido de habeas corpus para libertar José Roberto Arruda, ex-governador do Distrito Federal.

- Em maio, votou pela absolvição do deputado federal Zé Gerardo (PMDB-CE), primeiro parlamentar condenado pelo Supremo desde a Constituição de 1988 (o julgamento acabou em 7 a 3).

- Duas semanas depois, indeferiu um pedido de liminar em habeas corpus em favor do jornalistaDiogo Mainardi, em processo no qual foi condenado por calúnia e difamação.

Mainardi é crítico da gestão petista e de Lula e mora na Itália, devido a ameaças de morte que recebeu!!

Toffoli, que também é ministro-substituto do Tribunal Superior - Eleitoral, pediu vista de um dos processos por propaganda eleitoral antecipada contra Lula e a presidente pelo PT, Dilma Rousseff.

O julgamento avaliava um recurso contra uma decisão que multou os dois, nos valores de R$ 10 mil e R$ 5 mil, respectivamente, e que foi determinada pelo ministro Henrique Neves no dia 21 de maio.


(Recebido por Email)
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terça-feira, 7 de agosto de 2012

O encanto de viver

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Um sábio me dizia: esta existência,
não vale a angústia de viver. A ciência,
se fôssemos eternos, num transporte
de desespero inventaria a morte.
Uma célula orgânica aparece
no infinito do tempo. E vibra e cresce
e se desdobra e estala num segundo.
Homem, eis o que somos neste mundo.

Assim falou-me o sábio e eu comecei a ver
dentro da própria morte, o encanto de morrer.

Um monge me dizia: ó mocidade,
és relâmpago ao pé da eternidade!
Pensa: o tempo anda sempre e não repousa;
esta vida não vale grande coisa.
Uma mulher que chora, um berço a um canto;
o riso, às vezes, quase sempre, um pranto.
Depois o mundo, a luta que intimida,
quadro círios acesos : eis a vida

Isto me disse o monge e eu continuei a ver
dentro da própria morte, o encanto de morrer.

Um pobre me dizia: para o pobre
a vida, é o pão e o andrajo vil que o cobre.
Deus, eu não creio nesta fantasia.
Deus me deu fome e sede a cada dia
mas nunca me deu pão, nem me deu água.
Deu-me a vergonha, a infâmia, a mágoa
de andar de porta em porta, esfarrapado.
Deu-me esta vida: um pão envenenado.

Assim falou-me o pobre e eu continuei a ver,
dentro da própria morte, o encanto de morrer.

Uma mulher me disse: vem comigo!
Fecha os olhos e sonha, meu amigo.
Sonha um lar, uma doce companheira
que queiras muito e que também te queira.
No telhado, um penacho de fumaça.
Cortinas muito brancas na vidraça
Um canário que canta na gaiola.
Que linda a vida lá por dentro rola!

Pela primeira vez eu comecei a ver,
dentro da própria vida, o encanto de viver.

(Guilherme de Almeida)

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O amor acaba

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O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.



(Paulo Mendes Campos - Texto extraído do livro "O amor acaba", Editora Civilização Brasileira – Rio de Janeiro, 1999, pág. 21)
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Só a mulher sabe acabar uma história de amor

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Vejo aqui, em reportagem de Isabela Barros para o UOL, respeitáveis especialistas, gente da USP etc, tratando da dificuldade que o macho tem para terminar as relações.

E ponha dificuldade nisso. E bote enrolação e nove-horas.


É isso mesmo. Homem é frouxo, só usa vírgula, no máximo um ponto e virgula; jamais um ponto final.

Sim, o amor acaba, como sentenciou a mais bela das crônicas de Paulo Mendes Campos: “Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar…”

Acaba, mas só as mulheres têm a coragem de pingar o ponto da caneta-tinteiro do amor. E pronto. Às vezes com três exclamações, como nas manchetes sangrentas de antigamente.

Sem reticências…

Mesmo, em algumas ocasiões, contra a vontade. Sábias, sabem que não faz sentido prorrogação, os pênaltis, deixar o destino decidir na morte súbita.

O homem até cria motivos a mais para que a mulher diga basta, chega, é o fim!!!

O macho pode até sair para comprar cigarro na esquina e nunca mais voltar. E sair por ai dando baforadas aflitas no king-size do abandono, no Continental sem filtro da covardia e do desamor.

Mulher se acaba, mas diz na lata, sem metáforas.

Melhor mesmo para os dois lados, é que haja o maior barraco. Um quebra-quebra miserável, celular contra a parede, controle remoto no teto, óculos na maré, acusações mútuas, o diabo-a-quatro.

O amor, se é amor, não se acaba de forma civilizada.

Nem no Crato…nem na Suécia.

Se ama de verdade, nem o mais frio dos esquimós consegue escrever o “the end” sem uma quebradeira monstruosa.

Fim de amor sem baixarias é o atestado, com reconhecimento de firma e carimbo do cartório, de que o amor ali não mais estava.

O mais frio, o mais “cool” dos ingleses estrebucha e fura o disco dos Smiths, I Am Human, sim, demasiadamente humano esse barraco sem fim.

O que não pode é sair por ai assobiando, camisa aberta, relax, chutando as tampinhas da indiferença para dentro dos bueiros das calçadas e do tempo.

O fim do amor exige uma viuvez, um luto, não pode simplesmente pular o muro do reino da Carençolândia para exilar-se, com mala e cuia, com a primeira criatura ou com o primeiro traste que aparece pela frente.




(Xico Sá - Fonte: http://xicosa.blogfolha.uol.com.br/2012/08/05/so-a-mulher-sabe-acabar-uma-historia-de-amor)


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Hospitais filantrópicos sofrem com dívidas e falta de verbas

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Santa Casa de BH teve bens e um prédio penhorados pela Justiça


Mesmo que a origem das Santas Casas de Misericórdia esteja na colonização brasileira, quando, para cada cidade fundada, erguiam-se um centro administrativo, uma igreja e um hospital, a situação enfrentada por elas e outros hospitais filantrópicos de Minas não faz jus à tradição e ao papel que essas unidades assumiram no sistema de saúde do Estado. 

Segundo dados da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos de Minas Gerais (Federassantas), a dívida somada das 350 entidades mineiras já ultrapassa R$ 2,5 bilhões. Juntas, elas concentram 57,14% dos leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) de Minas, conforme a Secretaria de Estado de Saúde (SES). 

Ainda que não seja possível mensurar o total de pessoas atendidas pelos hospitais filantrópicos - que são privados e sem fins lucrativos - em território mineiro, as contas "no vermelho" acendem um alerta, pois os serviços oferecidos estão ameaçados.

Com cerca de R$ 220 milhões em dívidas tributárias, a Santa Casa de Belo Horizonte, que tem 80% de suas internações e 100% dos seus atendimentos feitos pelo SUS, teve bens e um prédio penhorados pela Justiça. 

"Não é mistério que, durante mais de 30 anos, os valores pagos pelo SUS não foram suficientes", afirma o superintendente de planejamento, finanças e recursos humanos da Santa Casa, Gonçalo de Abreu Barbosa, ao explicar o principal motivo do saldo negativo. Por ano, cerca de 3 milhões de pacientes passam pela unidade, provenientes de todas as regiões de Minas e até de outros Estados. 

Para a promotora de vendas Maria Madalena dos Santos, 31, cujo pai fez um cateterismo na Santa Casa da capital, mesmo com deficiências, a estrutura desses hospitais é indispensável. 

"Meu pai passou mal, foi para uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) e, depois, veio para cá (Santa Casa). Ainda há problemas no hospital, mas não posso reclamar dos médicos, e tudo foi feito pelo SUS", diz a moradora de Vespasiano, na região metropolitana.

Pelos serviços prestados ao SUS, os filantrópicos são remunerados por meio de uma tabela que discrimina o preço de cada procedimento médico. Segundo o presidente da Federassantas, Saulo Levindo Coelho, desde 1996 não há atualização completa desses valores. Com isso, a maioria dos hospitais passou a arrecadar menos do que gastava e, assim, vieram os empréstimos bancários e as dívidas com fornecedores e funcionários. 

"Para cada R$ 100 que gastamos, o governo nos paga R$ 64".






Santa Casa de Sabará tem déficit de R$ 100 mil. 

Apesar de não pagarem tributos como IPTU, ISS, Imposto de Renda e Cota Patronal, que inside sobre os salários de seus funcionários, os hospitais filantrópicos ainda precisam quitar taxas e contribuições, como a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e as autorizações de funcionamento. 

Para a Santa Casa de Sabará, única responsável pelo atendimento de urgência do município, localizado na região metropolitana, são as dívidas trabalhistas que preocupam. O débito total da entidade é de R$ 5 milhões. Com alas fechadas e impossibilitada de cumprir exigências da Vigilância Sanitária, a entidade arrecada, por mês, cerca de R$ 100 mil a menos do que necessita. 

"Em 2009, o hospital fechou por falta de médicos. O dinheiro não dá, não é viável", lamenta o coordenador administrativo, Felipe Parabal.

Há quatro anos levando a filha Geovana, 11, ao Hospital da Baleia para acompanhar um tumor na cabeça, a dona de casa Rita de Cassia do Carmo, 34, moradora de Itabirito, na região Central do Estado, não imagina a situação vivida pela instituição. A dívida da unidade, que tem 88% de seus serviços realizados pelo SUS, é de R$ 30 milhões. 

"O Baleia foi fundamental na minha vida. Nesse tempo todo, convivi com pessoas que vieram de fora e precisam do hospital", diz a dona de casa.

A entidade atende a cidades de todas as regiões mineiras, com 56% de seus pacientes oriundos do interior. 

"O SUS remunera, mas impõe uma tabela ridícula. A gente tem uma grande preocupação com o nosso horizonte", explica a diretora-presidente do hospital, Tereza Guimarães Paes.



(JOHNATAN CASTRO - FONTE: O Tempo - 06/08/2012)
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segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Os benefícios do vinho

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Um pouco de História 

Desde a antigüidade, o vinho apresenta-se intimamente ligado à evolução da medicina, desempenhando sempre um papel principal. Os primeiros praticantes da arte da cura, na maioria das vezes curandeiros ou religiosos, já empregavam o vinho como remédio. Papiros do Egito antigo e tábuas dos antigos Sumérios (cerca de 2200 a.C.) já traziam receitas baseadas em vinho, o que o torna a mais antiga prescrição médica documentada.

O grego Hipócrates (cerca de 450 a.C.), tido como o pai da medicina sistematizada, recomendava o vinho como desinfetante, medicamento, um veículo para outras drogas e parte de uma dieta saudável. Para ele, cada tipo de vinho teria uma diferente função medicinal.

Galeno (século II d.C.), o mais famoso médico da Roma antiga, empregava o vinho na cura das feridas dos gladiadores, agindo este como um desinfetante.

Também os Judeus antigos tinham o vinho como medicamento. Segundo o Talmud, "sempre que o vinho faltar, a medicina tornar-se-á necessária".

Foi na Universidade de Salermo (Itália), fundada no século XI, que a importância do vinho sobre a dieta e a saúde foi codificada. Lá, correntes clássicas e árabes se fundiram, fornecendo as bases da medicina européia. O "Regime de Salermo" especificava "diferentes tipos de vinho para diversas constituições e humores".

Avicena (século XI DC), talvez o mais famoso médico do mundo árabe antigo, reconhecia a importância do vinho como forma de cura, embora seu emprego fosse limitado por questões religiosas.

O uso medicinal do vinho continuou por toda a Idade Média, sendo divulgado principalmente por monastérios, hospitais e universidades.

Até o século XVIII, muitos consideravam mais seguro beber vinho do que água pois esta era, freqüentemente, contaminada. Conta a lenda de Heidelberg, na Alemanha, que o guardião do grande barril (Große Faß) onde o soberano guardava todo o vinho recolhido como imposto, só bebia vinho. Seu nome era "Perkeo" (do italiano “Perche no” - por que não). Certa feita deram um líquido diferente para que ele bebesse e este morreu imediatamente. O tal líquido assassino era nada mais nada menos que água.

Em 1865-66, Louis Pasteur, o grande cientista francês nascido na região do Jura (terra dos famosos vin jaune e vin de paille), empregou o vinho em diversas de suas experiências, declarando que o vinho é "a mais higiênica e saudável das bebidas".

Em 1892, durante a grande epidemia de cólera em Hamburgo, o vinho era adicionado à água com intuito de esterilizá-la.

A partir do final do século XIX, a visão do vinho como medicamento começou a mudar. O alcoolismo foi definido como doença e os malefícios de seu consumo indiscriminado começaram a ser estudados. Nas décadas de 70 e 80, o consumo de álcool foi fortemente atacado por campanhas de saúde pública exaltando as complicações de seu uso em excesso. Entretanto, várias pesquisas científicas bem conduzidas têm demonstrado que, consumido com moderação, o vinho traz vários benefícios à saúde.



Vinho e Saúde: Alguns fatos

Doenças coronárias: o consumo moderado de vinho controla os níveis sangüíneos de algumas substâncias químicas inflamatórias chamadas citocinas. Estas, por sua vez, afetam o colesterol e as proteínas da coagulação. O vinho é capaz de reduzir os níveis de LDL e aumentar os de HDL (colesterol bom). Com relação à coagulação, o vinho torna as plaquetas presentes no sangue menos aderentes e reduz os níveis de fibrina, evitando que o sangue coagule em locais errados. Estes efeitos poderiam prevenir o entupimento de uma coronária, evitando um infarto do miocárdio.

Doenças do cérebro: Os efeitos mais conhecidos do álcool sobre o sistema nervoso são a embriaguez e a dependência alcoólica. Entretanto, quando consumido com parcimônia, o vinho parece reduzir o risco de demência, incluindo o Mal de Alzheimer. Segundo alguns especialistas, os polifenóis presentes no vinho (principalmente nos tintos) seriam os responsáveis por evitar o envelhecimento das células cerebrais. É intrigante notar que, proporcionalmente falando, a ação antioxidante dos polifenóis dos vinhos brancos é superior à dos tintos. Entretanto, a quantidade de polifenóis dos tintos é muito superior à dos brancos, tornando estes vinhos mais interessantes para as células cerebrais. Além da ação antioxidante, os vinhos melhoram a circulação cerebral, com o fazem com a circulação coronária. Sabe-se, ainda, que as chances de apresentar depressão são menores em consumidores moderados de vinho.

Doenças respiratórias: Experimentos recentes têm demonstrado que o vinho é capaz de reduzir as chances de uma infeção pulmonar, sendo mais eficaz que alguns antibióticos modernos.

Doenças do aparelho digestivo: Há vários séculos, São Paulo já recomendava "um pouco de vinho para a saúde do estômago". Hoje, sabe-se que o consumo moderado de vinho está associado a uma menor incidência de úlcera péptica por uma série de razões: alívio do estresse, inibição da histamina, ação antimicrobiana contra o Helicobacter pylori, bactéria implicada na gênese da úlcera duodenal. Por atuar sobre o colesterol, o vinho parece reduzir as chances de formação de cálculos no interior da vesícula biliar.

Doenças do aparelho urinário: Estudos mostram que o vinho é capaz de reduzir em até 60% o risco de formação de cálculos urinários, ao estimular a diurese.

Diabetes: o vinho consumido de forma moderada melhora a sensibilidade das células periféricas à insulina, sendo interessante nos pacientes com diabetes tipo 2 (não insulino-dependente). Além disto, o vinho reduz as chances de morte por infarto do miocárdio em pacientes com diabetes tipo 2. Em mulheres, um estudo mostra que o vinho pode reduzir as chances de surgimento de diabetes.

Sangue e anemia: O álcool ajuda o organismo a absorver melhor o ferro ingerido nos alimentos. Além disto, um copo de vinho tinto contém, em média, 0,5mg de ferro.

Ossos: alguns estudos populacionais têm demonstrado que o consumo de pequenas quantidades de vinho é capaz de melhorar a densidade óssea, reduzindo as chances de osteoporose.

Visão: O vinho reduz a degeneração macular, causa comum de cegueira em idosos.

Câncer: A possibilidade de que os antioxidantes presentes no vinho pudessem prevenir alguns tipos de câncer despertou o interesse de muitos pesquisadores em todo o mundo. Alguns estudos populacionais mostram uma redução da mortalidade por doença coronária e por câncer em bebedores comedidos de vinho. Por exemplo, homens que consomem vinho sensata e regularmente têm menor chance de desenvolver Linfoma não-Hodgkin.

Como foi dito repetidas vezes, o consumo moderado parece ser o caminho para a felicidade. Muito ainda precisa ser entendido sobre os reais efeitos, benéficos e maléficos, do vinho sobre a saúde antes de torná-lo a panacéia universal para as moléstias do mundo moderno. Entretanto, em pouquíssimas situações, um remédio pôde ser tão infinitamente agradável e prazeroso.




(Fonte: http://www.news.med.br/p/

medical-journal/850/
vinho+e+saude+confira+artigo+sobre+os+beneficios+do+vinho+para+a+saude.htm)
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Não crie expectativa, crie oportunidade.

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Transforme o mínimo no máximo; simplifique; surpreenda-se…

Mude a perspectiva; inverta seus horizontes; veja diferente; ouça os pássaros; pise na grama, corra na praia; sinta a chuva… 

Seja cidadão, pense fácil, ajude a todos; reverencie a gentileza; respire; inspire… 

Desbrave o seu potencial; molde a sua alma; tire uma soneca; exercite a paciência; experimente o diferente… 

Anote as emoções; medite; ensine; aprenda… 

Nem sempre a simplicidade é a perfeição, mas a perfeição é quase sempre simples.


(Erica Dutra)
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Quem faz nem se sacode, mesmo quando não pode

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Em cima do laço, tento manter o traço e faço de meu compasso medida para decidir. É tempo de olhar, apreciar e analisar, para DEPOIS… votar!

Sou do bem e estou de mal com quem só quer o que é mau. Rebelde e guerreira que sempre fui, achava que essa força se esvairia com o tempo. Qual o quê. Sigo implacável. Não tenho um pingo de piedade com quem não faz direito seu papel, insiste em jogar pra torcida e comete todos os tipos de jogadas proibidas achando que está abafando. Entrou em campo? Conhece as regras? Então trate de segui-las. Não apenas por obrigação, mas para mostrar sua convicção em relação ao que é certo ou errado. Isso é sinal de respeito com seus opositores e quem assiste de arquibancada a partida.

Ética, a ética. Conhece essa palavra? Sabe o que significa e implica? Se não sabe, sai da reta, pega o rumo, pica a mula ou passa longe, por que não tenho mais paciência para aguentar mentirosos e embromadores capazes de qualquer coisa por um pouco mais do mesmo cesto podre: o poder! Peguei pesado? Eu não! Eles que já botaram suas garras de fora mesmo antes do tempo regulamentar e que, quando adentraram o gramado saíram cometendo infrações a torto e a direito, sem medo de serem verdadeiramente punidos!

Fez uma, duas, três? Sai de campo, meu irmão. Está provado que não há respeito ao próprio pleito. Tá, te dou uma moral: em vez da decisão ficar restrita ao apito do juiz, vamos usar também o recurso de replay. Ele não mente jamais!

Nessa eleição a farra é nacional, mas está fragmentada: não há informações gerais, por assim dizer. Então a festa come solta! Por isso sugiro que o TSE produza um mapa nacional das irregularidades para que o país possa ver como a banda vai tocar seus vários instrumentos: de sopro, percussão e as cordas. Vai ser uma cacofonia! Com a pesquisa teríamos um ranking partidário, do quesito “quem faz mais merda” e, portanto, já demonstra sua intenção de enganar o eleitor. Sim, por que quem faz para se eleger, imagina do que é capaz depois de eleito. Imagina não. Dá muito trabalho e precisa puxar pela cabeça. Abre os jornais que está tudo lá!

Seria apenas uma questão de sistematizar as decisões na medida em que fossem saindo e jogá-las num banco de dados único para nossa gente bronzeada poder ver quem está no topo da parada dura das irregularidades eleitorais. Primeiro foram Haddad e Lula, depois Serra. Todos ainda antes de começar a campanha. Se a multa é tão ridícula e ainda pode ser paga por terceiros, vale a pena errar, inclusive desumanamente, repetidamente.

O atual prefeito do Rio de Janeiro é um que pegou a manha e está com bico para exercitar seu direito(?) de ser punido. Em poucos dias de campanha já chutou várias vezes a gol: deu a largada participando de várias inaugurações Dilmisticas, inclusive de um projeto apenas 10% concluído. Vaia neles que eles merecem! Na sequência, um final de semana, fomos brindados com gravações telefônicas pedindo votos pro cara. A compra de banco de dados é proibida. Infernizar a vida alheia não. Ele deve ter usado sua vastíssima agenda pessoal. Adentrando o gramado da apelação pura e simples, o vascaíno Eduardo Paes pegou carona na chegada ao Botafogo do jogador holandês Seedorf. O recebeu com o presidente do clube, filiado ao PMDB, no Palácio da Cidade. Cumprimentar o alcaide é praxe para todos os que aqui chegam! Tente ir lá. Ou, se for funcionário, aguarde notícias por que anexado ao contracheque de junho veio um panfleto falando dos feitos realizados. Crime eleitoral…

Enfim, se abriram as porteiras do universo da ilegalidade e pipocam irregularidades. Elas são muitas e, infelizmente, ficam voando por aí sem punição espalhadas em baixo dos tapetes processuais dos tribunais eleitorais locais, sem que possamos ter um quadro aproximado e atualizado do conjunto da obra no período em que é criada. Mais tarde, a gente sabe, Inês é morta, eles eleitos e nós? Continuaremos fazendo papel de idiotas, pelos próximos 4 anos.



*Valéria del Cueto é jornalista, cineasta e gestora de carnaval. Esta crônica faz parte da série “Ponta do Leme” do SEM FIM http://delcueto.multiply.com

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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Vacina contra o câncer tem eficácia de 80%

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A luta de pesquisadores brasileiros contra o câncer ganha uma nova arma. Com eficácia comprovada de até 80% no combate à expansão da doença em portadores de melanoma (câncer de pele) e carcinoma renal (câncer de rim), a Hybricell - produzida pela Genoa – faz parte do primeiro tratamento médico contra o câncer baseado em vacina a ser disponibilizado no País. O procedimento foi liberado pela Anvisa.

Sem efeitos colaterais expressivos, o procedimento tem como princípio ativar as defesas imunológicas dos pacientes contra as células do câncer. A vacina é produzida a partir de células do tumor do paciente e de células dendríticas - responsáveis pela apresentação de agentes nocivos às células de defesa do organismo de pessoas saudáveis. Aplicada após a retirada do tumor, em seu estágio inicial, a vacina pode dificultar o seu retorno e ser um preventivo eficaz à ocorrência de metástases.

Após 10 anos de estudos, em sua fase experimental, a vacina foi testada em pacientes com câncer já em estágio avançado, com a presença de metástases, o mais grave da doença. Nessa fase, a enfermidade se espalha pelo organismo.

Durante a pesquisa clínica, a Hybricell foi testada em trinta e cinco pacientes, entre março de 2001 e março de 2003. Treze pacientes tinham melanoma e vinte e dois apresentavam carcinoma renal. Logo após a primeira dose, dois pacientes com melanoma e três com carcinoma renal mostraram uma resposta positiva imediata e não chegaram a receber a terceira dose da vacina. Todos os demais receberam pelo menos as três doses planejadas. Ao fim da avaliação, o tratamento conseguiu, pelos menos, estabilizar a doença em 24 pessoas, das 31 remanescentes.

Responsável pelo estudo, José Alexandre M. Barbuto, professor doutor do Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo e consultor da divisão de Vacinas e culturas de células do Grupo Genoa, destaca o fato da Hybricell “conseguiu obter seus resultados clínicos sem provocar efeitos colaterais adversos significativos”.

Embora o pesquisador considere que o protocolo não tenha sido desenhado para detectar esta resposta, ele informa que “a vacinação parece ter sido capaz de aumentar a sobrevida dos pacientes, em alguns casos passando de 6 para mais de 22 meses”.

Para Barbuto, a Hybricell é uma aliada que traz um diferencial. “A vacina recruta para o combate à doença elementos de defesa do organismo que outras formas de tratamento não conseguem. Em estudos paralelos, a Hybricell vem demonstrando resultados promissores em pacientes com outros tipos de câncer”, ressalta o pesquisador.

Presidente da Sociedade Paulista de Oncologia Clínica e diretora do Instituto Avanços em Medicina, a imunologista e oncologista Nise Hitomi Yamaguchi vê a utilização da vacina como um instrumento promissor na luta contra o câncer. “É uma técnica inovadora, que eu vejo com bons olhos”.

Para a Dra. Nize, o desenvolvimento da vacina no Brasil também representa um avanço da ciência no País. “É motivo de grande orgulho nacional. Os pesquisadores envolvidos no trabalho são referência mundial sobre o assunto”.

A Hybricell foi aprovada pela a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) como procedimento adjuvante no tratamento do câncer de pele e rim, após a conclusão do trabalho científico demonstrando sua eficácia.

A vacina só pode ser prescrita por um oncologista, que poderá também ser responsável pela aplicação e monitoramento dos pacientes e suas respostas ao tratamento.

Grupo Genoa - Criada pelo staff do Laboratório de Patologia Cirúrgica e Molecular do Hospital Sírio Libanês, a Genoa Diagnósticos foi, em 1992, o primeiro laboratório privado no País a desenvolver a área de Biologia Molecular.

Hoje, com 31 pesquisadores vindos de conceituadas instituições científicas no Brasil, EUA e Europa - 90% deles com nível Ph.D -, o Grupo Genoa desenvolve trabalhos em biotecnologia em áreas diversas.

Em sua Divisão Médica, a Genoa disponibiliza uma série de testes e pesquisas diagnósticas em diversas patologias. Na Divisão Veterinária, oferece pesquisa sobre vírus, parasitas e testes genéticos. A Divisão Agrícola se concentra em pesquisa e identificação de fitopatógenos.Para auxiliar as pesquisas em saúde, o laboratório mantém um banco de tumores com mais de 1.000 espécimens, o que possibilita desenvolver pesquisas direcionadas a uma ampla gama de patologias.

Custo médio da dose: R$3.018,00 para São Paulo, Capital e R$3.330,10 para interior de São Paulo e outros Estados.
Maiores informações no site: www.vacinacontraocancer.com.br

Fonte: José Gonçalves Neto, Edna Vairoletti e Sergio Ignácio
Fonte: www.bemstar.ig.br
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terça-feira, 31 de julho de 2012

Penhora X Comunhão Universal - TJRS

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Apesar de o casamento ter se dado pelo regime da comunhão universal de bens, não tem cabimento penhorar valores existentes em nome da esposa do devedor na execução fiscal, por meio do Sistema BACEN-JUD, uma vez que a mulher não é parte na execução e tampouco o credor comprova que o valor executado reverteu em proveito do casal.

Com base nesse entendimento, o Desembargador Carlos Eduardo Zietlow Duro negou seguimento a agravo de instrumento interposto pelo Estado do Rio Grande do Sul visando reformar sentença que indeferiu pedido de penhora. A ação originária é sobre uma execução fiscal de ICMS, na qual ocorreu redirecionamento contra o sócio, tendo o credor requerido a penhora sobre valores existentes em nome da esposa do devedor, casado em comunhão de bens desde 1994.

É possível a penhora dos bens eventualmente existentes em nome da esposa do devedor, nos termos do artigo 1.667, do Código Civil, lembra o Desembargador-Relator no agravo. Contudo, inaplicável a regra tendo em vista que a esposa do devedor não é parte na execução, tampouco comprova o credor que o valor da execução tenha revertido em proveito do casal, para efeito de possibilitar a penhora dos valores.

O magistrado ressaltou, ainda, que o simples fato de ser cônjuge de devedor não autoriza a penhora sobre ativos financeiros de sua titularidade, principalmente quando sequer se sabe a origem do numerário. É necessário verificar a possibilidade da penhora sobre o valor pretendido pelo exequente, podendo, por exemplo, ser oriundo de benefício previdenciário, o que afastaria o cabimento da medida, ressalta.

TJ/RS




(Fonte: www.cavini.adv.br)
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SEXALESCENTES OU… SEXYGENÁRIOS?

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Se estivermos atentos, podemos notar que está a aparecer uma nova classe social: a das pessoas que andam à volta dos sessenta anos de idade. Os sexalescentes: é a geração que rejeita a palavra “sexagenário”, porque simplesmente não está nos seus planos deixar-se envelhecer.

Trata-se de uma verdadeira novidade demográfica – parecida com a que, em meados do século 20, se deu com a consciência da idade da adolescência, que deu identidade a uma massa de jovens oprimidos em corpos desenvolvidos, que até então não sabiam onde meter-se nem como vestir-se.

Este novo grupo humano que hoje ronda os sessenta teve uma vida razoavelmente satisfatória. São homens e mulheres independentes que trabalham há muitos anos e que conseguiram mudar o significado tétrico que tantos autores deram durante décadas ao conceito de trabalho. Que procuraram e encontraram há muito a atividade de que mais gostavam e que com ela ganharam a vida.

Talvez seja por isso que se sentem realizados… Alguns nem sonham em aposentar-se. E os que já o fizeram gozam plenamente cada dia sem medo do ócio ou da solidão, crescem por dentro quer num, quer na outra. Desfrutam a situação, porque depois de anos de trabalho, criação dos filhos, preocupações, fracassos e sucessos, sabem bem olhar para o mar sem pensar em mais nada, ou seguir o vôo de um pássaro da janela de um 5.º andar…

Neste universo de pessoas saudáveis, curiosas e ativas, a mulher tem um papel destacado. Traz décadas de experiência de fazer a sua vontade, quando as suas mães só podiam obedecer, e de ocupar lugares na sociedade que as suas mães nem tinham sonhado ocupar.

Por exemplo, não são pessoas que estejam paradas no tempo: a geração dos “sessenta”, homens e mulheres, lida com o computador como se o tivesse feito toda a vida. Escrevem aos filhos que estão longe (e vêem-se), e até se esquecem do velho telefone para contatar os amigos – mandam e-mails com as suas notícias, ideias e vivências.

De uma maneira geral estão satisfeitos com o seu estado civil e quando não estão, não se conformam e procuram muda-lo.

Raramente se desfazem em prantos sentimentais.

Ao contrário dos jovens, os sexalescentes conhecem e pesam todos os riscos. Ninguém se põe a chorar quando perde: apenas reflete, toma nota, e parte para outra…

Os maiores partilham a devoção pela juventude e as suas formas superlativas, quase insolentes de beleza; mas não se sentem em retirada.

Competem de outra forma, cultivam o seu próprio estilo…

Os homens não invejam a aparência das jovens estrelas do esporte.

Nem as mulheres sonham em ter as formas perfeitas de um modelo.

Em vez disso, conhecem a importância de um olhar cúmplice, de uma frase
inteligente ou de um sorriso iluminado pela experiência.

Hoje, as pessoas na década dos sessenta, como tem sido seu costume ao longo da sua vida, estão a estrear uma idade que não tem nome.

Antes seriam velhos e agora já não o são.

Hoje estão de boa saúde, física e mental, recordam a juventude mas sem nostalgias tolas, porque a juventude ela própria também está cheia de nostalgias e de problemas.

Celebram o sol em cada manhã e sorriem para si próprios…

Talvez por alguma secreta razão que só sabem e saberão os que chegam aos 60 no século 21…


(Tita Teixeira)
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segunda-feira, 30 de julho de 2012

Hora da verdade, por Ricardo Noblat

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Já valeu!

No país da jabuticaba e do jeitinho, do esperto que leva vantagem em tudo e da impunidade que beneficia os mais influentes e endinheirados, dá gosto ver 38 notáveis do governo passado enfrentando anos de incerteza quanto ao seu futuro próximo.

Na condição de réus são acusados pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, peculato, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta.

Acabarão condenados?

Convenhamos: foram condenados, embora possam ser absolvidos pela Justiça.

Lembra-se de Fernando Collor?

Acusado de corrupção, renunciou ao cargo de presidente para escapar do impeachment no Senado. Ignorou-se sua carta-renúncia. Decisão política, meus caros!

O mandato de Collor foi cassado por larga margem de votos. Mais tarde, o Supremo Tribunal Federal (STF) o absolveu por falta de provas de que prevaricou.

Mudou a situação de Collor? Ele passou a ser apontado como uma triste inocente vítima de escandalosa injustiça?

Collor pode se reeleger senador em seu Estado quantas vezes queira ou quantas os alagoanos desejem. E ser tratado pelos poderes da República com as mesuras reservadas a todo ex-presidente.

Pouco importa. Daí não passará.

Está escrito com tinta irremovível na memória coletiva que ele deixou roubar antes e durante o seu governo. E que desfrutou do roubo. Isso é suficiente para impedi-lo de sonhar com a recuperação da sua imagem.

Mesura nada tem a ver com respeito. Tem a ver com protocolo. Collor é um morto-vivo, um fantasma que vaga pelos corredores do Senado.

As prerrogativas dele são iguais às dos seus colegas. Nem por isso Collor é igual a eles. Faz parte de um passado que desejamos envergonhadamente esquecer.

O "caçador de marajás" foi uma fraude. Hipnotizou a maioria dos brasileiros ansiosos por mudanças. Os candidatos da mudança foram para o segundo turno. Collor derrotou Lula.

Por que Lula, que considerou "prática inaceitável" o suborno de parlamentares, confessou sentir-se traído por antigos companheiros e foi à televisão pedir desculpas?; por que ele, agora, se refere ao "mensalão" como uma farsa montada com o único propósito de derrubá-lo? O que o fez mudar de lado?

Não vale responder que Lula é uma "metamorfose ambulante". E que se reconhece como tal.

A verdade - ou algo parecido: o julgamento dos mensaleiros é também o julgamento de Lula e do PT. Lula quer ser lembrado como o "pai dos pobres". Não como o chefe dos mensaleiros. Nem dos aloprados. Nem...
O julgamento marcado para começar nesta quinta-feira não revelará o PT que temos por que esse já sabemos qual é. Revelará o STF que temos. Um STF capaz de ignorar o clamor popular pela condenação dos acusados - e assim afirmar sua independência. Ou um STF capaz de ouvir o clamor - e assim dar o basta mais forte à impunidade.

Da redemocratização do país para cá, dois dos três poderes da República se viram expostos a sucessivas avaliações da sociedade – o Executivo e o Legislativo. Esse último foi reprovado todas as vezes.

Chegou a hora do Judiciário, o poder mais refratário a qualquer tipo de exame. O mais fechado. O mais autocrático.

Oremos por ele!

(Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2012/07/30/hora-da-verdade-por-ricardo-noblat-457763.asp)

Bullying pode ser tão nocivo quanto agressão

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Maus-tratos psicológicos são tão prejudiciais às crianças quanto agressões físicas







Em artigo, especialistas americanos afirmam que esse tipo de conduta é a forma mais comum de abuso na infância e, assim como punições físicas, pode causar diversos problemas comportamentais ao longo da vida


Maus-tratos psicológicos: excluir, aterrorizar e desprezar uma criança são condutas que afetam a saúde delas tanto quando agressões físicas (Thinkstock)

Maus-tratos psicológicos — como depreciar, denegrir, ridicularizar, aterrorizar, explorar e praticar bulliyng — são tão prejudiciais à saúde de uma criança quanto punições físicas, afirmaram especialistas em um artigo publicado nesta segunda-feira na revista Pediatrics. Segundo os autores, que fazem parte da Academia Americana de Psiquiatria da Criança e do Adolescente (AACAP, sigla em inglês), esse tipo de conduta é a forma mais prevalente de abuso e negligência infantil e pode acarretar, ao longo da vida, problemas de relacionamento, de desenvolvimento e de educação, que costumam ser mais intensos quando os maus-tratos ocorrem nos primeiros três anos de vida da criança.

Como explica Harriet MacMillan, professor da Universidade McMaster, no Canadá, e um dos autores do relatório, os abusos psicológicos aos quais o artigo se refere são os casos mais extremos, que fazem com que uma criança se sinta frequentemente “inútil, desprezada ou indesejada”. Um pai que levanta a voz após ter pedido ao filho várias vezes para que ele calçasse o sapato, por exemplo, não pode ser considerado como um abuso psicológico. “Mas gritar com a criança todos os dias, fazendo com que ela pense que é uma pessoa horrível, é exemplo de uma relação potencialmente prejudicial à saúde dessa criança”, diz o especialista. “Todos os pais já tomaram atitudes das quais se arrependeram depois, mas um padrão crônico de menosprezo e negligência em relação aos filhos constitui um abuso psicológico”.

De acordo com MacMillan, embora o abuso psicológico contra crianças tenha sido descrito na literatura médica pela primeira vez há mais de 25 anos, e apesar de ser tão prejudicial quanto os outros tipos de maus-tratos, essa conduta é pouco reconhecida e notificada. Na conclusão do artigo, os autores destacam a importância de os médicos estarem atentos aos maus-tratos psicológicos apresentados pelos pacientes pediátricos — e que uma colaboração entre pediatras, psiquiatras e profissionais que trabalham com a proteção da criança é essencial para ajudar uma criança em risco de abuso.

Brasil — Embora esse artigo tenha apontado para os maus-tratos psicológicos como o tipo de violência mais comumente sofrido pelas crianças, dados do Brasil tiveram outros resultados. Em maio deste ano, o Ministério da Saúde divulgou um levantamento indicando que, no país, entre crianças de até nove anos de idade, os tipos de violência mais comuns são negligência e abandono (36%), seguidos de abuso sexual (35%). Entre jovens de dez a 14 anos, os principais abusos são os físicos (13,3%) e os sexuais (10,5%); e entre adolescentes de 15 a 19 anos, os principais tipos de violência são as físicas (28,3%) e as psicológicas (7,6%).

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Viagem da comitiva de Dilma a Londres custou R$ 900 mil

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Presidente viajou com 6 ministros. E ninguém ficou hospedado em embaixada


Rainha Elizabeth 2ª recebe a presidente Dilma no Palácio de Buckingham ( Dominic Lipinski/AFP)


A estadia da comitiva da presidente Dilma Rousseff em Londres para acompanhar a abertura dos Jogos Olímpicos custou aos cofres públicos 900,1 mil reais, informa levantamento da ONG Contas Abertas. A delegação presidencial chegou à capital inglesa na última terça-feira e ficou hospedada no The Ritz London Hotel, um dos mais luxuosos da Europa, até sábado, dia seguinte à abertura oficial da Olimpíada.

Além da presidente, a comitiva foi composta por outras oito autoridades: o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS); os ministros Antonio Patriota (Relações Exteriores), Aloizio Mercadante (Educação), Marco Antonio Raupp (Ciência, Tecnologia e Inovação), Aldo Rebelo (Esporte), Gastão Vieira (Turismo) e Helena Chagas (Comunicação Social); e o embaixador do Brasil em Londres, Roberto Jaguaribe. Também integra o grupo o intérprete Paulo Ângelo Liégio Matão.

O valor inclui também a hospedagem do chamado escalão avançado. Responsável pela preparação das viagens oficiais, o grupo viaja antes para garantir a segurança e preparar o terreno para a chegada de Dilma. Os maiores gastos foram

com hospedagem: de 783.600 reais. O Ritz London Hotel recebeu a maior quantia: 588.300 reais. Os demais 195.300 reais foram gastos no aluguel de quartos de hotel para o escalão avançado, no Millennium Hotel London Mayfair.
Além do custo com hospedagem, o grupo também gastou com telefonia e internet. No Ritz, foram gastos 12.600 reais para manter a comitiva conectada. Já no Millennium Hotel Mayfair, onde o escalão avançado ficou hospedado, os gastos chegaram a quase 1.400 reais.

Apesar de a presidente ter inaugurado a nova embaixada do Brasil em Londres na última quinta-feira, o Ministério das Relações Exteriores preferiu não usar a nova sede e gastou 102.000 reais com o aluguel de escritórios e salas. Mais uma vez, a despesa ficou dividida entre o Ritz, com 68.000 reais, e o Millennium Hotel Mayfair: mais de 34.000 reais.

Em comparação, a primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, que chefia a delegação diplomática americana, optou por ficar na embaixada do país em vez de usar os serviços de um hotel. O presidente americano Barack Obama não compareceu à cerimônia de abertura, pois se dedica à campanha eleitoral.


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domingo, 29 de julho de 2012

A tristeza Permitida

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Se eu disser pra você que hoje acordei triste, que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo que o sol estava se exibindo lá fora e o céu convidava para a farra de viver, mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar, acordei triste e tive preguiça de cumprir os rituais que faço sem nem prestar atenção no que estou sentindo, como tomar banho, colocar uma roupa, ir pro computador, sair pra compras e reuniões – se eu disser que foi assim, o que você me diz? Se eu lhe disser que hoje não foi um dia como os outros, que não encontrei energia nem pra sentir culpa pela minha letargia, que hoje levantei devagar e tarde e que não tive vontade de nada, você vai reagir como?

Você vai dizer “te anima” e me recomendar um antidepressivo, ou vai dizer que tem gente vivendo coisas muito mais graves do que eu (mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza), vai dizer pra eu colocar uma roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquela que sempre fui, velha de guerra.

Você vai fazer isso porque gosta de mim, mas também porque é mais um que não tolera a tristeza: nem a minha, nem a sua, nem a de ninguém. Tristeza é considerada uma anomalia do humor, uma doença contagiosa, que é melhor eliminar desde o primeiro sintoma. Não sorriu hoje? Medicamento. Sentiu uma vontade de chorar à toa? Gravíssimo, telefone já para o seu psiquiatra.

A verdade é que eu não acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro de nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido.

Depressão é coisa muito séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou consigo mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente – as razões têm essa mania de serem discretas.

“Eu não sei o que meu corpo abriga/ nestas noites quentes de verão/ e não me importa que mil raios partam/ qualquer sentido vago da razão/ eu ando tão down...” Lembra da música? Cazuza ainda dizia, lá no meio dos versos, que pega mal sofrer. Pois é, pega mal. Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso, melhor dizer que está tudo bem, melhor desamarrar a cara. “Não quero te ver triste assim”, sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música. Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato. Os esforços não são para compreendê-la, e sim para disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, de assegurar seu espaço nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e a verborragia, e que desconfia de quem está calado demais. Claro que é melhor ser alegre que ser triste (agora é Vinícius), mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for. Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia.

Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem pra isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor – até que venha a próxima, normais que somos.





(Martha Medeiros)
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sábado, 28 de julho de 2012

Eu, meu avô e as lembranças

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Enquanto corria descalço pela empoeirada Rua São Benedito, no bairro do Morro da Liberdade, arrastando “meu carro compactador” feito com três latas vazias de leite Ninho, cheios de areia e um arame passando por dentro delas, unindo-as como se fosse um só, ou correndo empurrando aro de bicicleta ou pneus velhos, imaginando serem meus carros de verdade, meu avô paterno, deixava sua casa na Rua Luiz, no bairro de Educandos, para visitar seus compadres em uma Rua do centro de Manaus, na década de 70.

José Raimundo andava sempre a pé, deslizando em catraias e sentindo a leve brisa do vento em seu rosto. Visitava seus compadres Rodrigo Pereira da Silva e Jorge Pereira da Silva, na Rua José Paranaguá conhecidos no Mercado Adolpho Lisboa, onde comercializavam as galinhas que compravam no motor regional “Barca Dalva” nas comunidades de Varre-Vento e Paraná da Eva para vendê-las no Mercado Municipal Adolpho Lisboa, na Capital.

A primeira visita era aos seus compadres, sempre com paletó de linho branco, chapéu na cabeça e um guarda chuva no braço. Era sempre assim que meu avô andava pelas ruas. Se desse e o sol não estivesse muito causticante – o que era muito raro - ainda visitava seu irmão adotivo, João Timóteo, no Bairro Parque 10 de Novembro, andando a pé (era uma distância considerável), ou ao seu amigo João Baré, no bairro de São Raimundo, tomando, mais a vez, a catraia que deslizava saindo de um porto improvisado no bairro de Aparecida.

No final da tarde, voltava para casa, cansado.

Essa era a rotina de meu avô paterno; enquanto, a minha, era frequentar o Grupo Escolar Adalberto Vale, quase em frente ao Batuque da Mãe Zulmira, correr pela Rua São Benedito, no Morro da Liberdade, puxando meu carro compactador ou empurrando aro de bicicleta na alegre companhia de João Couto da Silva. No Grupo, gostava de me acompanhar do colega Roque de Almeida Lima, porque o admirava muito! Ele era um exímio pintor em sua adolescência!

Manaus era emoldurada por um ar de tranquilidade, sem violência, assaltos, invasões de camelôs nas ruas ou outros problemas sociais graves.

Famílias ainda se reuniam em calçadas e dormiam com casas de portas e janelas abertas, conversando em cadeiras colocadas nas calçadas, garantidas essa pelo Secretário de Segurança do Governo Gilberto Mestrinho, Stênio Neves.

A Zona Franca já funcionava desde 1969. As Kombis, conhecidas por “Expressinhos”, circulavam em alguns bairros como Glória e São Raimundo. Ônibus de madeira também circulavam, mas eram poucos e ligavam outros bairros, mas a capital do Amazonas ainda era aquela cidade bucólica, despreocupada, sem qualquer pressa, com menos de 300 mil habitantes naquele ano. José Raimundo, teimoso, quando questionava sua mania de andar sempre a pé, dizia: “e eu lá preciso de ônibus ou Kombi para me locomover. Para quê existe catraia?”

As lojas comerciais do chamado quadrilátero central, formado pelas Ruas Marechal Deodoro, Guilherme Moreira, Dr. Moreira, Emílio Moreira e Theodureto Souto recebiam muitos turistas que caminhavam em busca de novidades eletrônicas, encerravam o expediente da manhã pontualmente às 11h30min e retornavam às 14 horas. Turistas apressados em busca de novidades eletrônicas caminhavam apressados, e eram muitos! As pontes ligando os bairros, encurtando as distâncias, só começaram a ser construídas mais tarde.

Essa era a Manaus de minha infância, calma, tranquila, despreocupada e feliz!


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