quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

J'acuse! - Eu acuso!



 

J'acuse! - Eu acuso!



Mon devoir est de parler, je ne veux pas être complice. - Émile Zola (Meu dever é falar, não quero ser cúmplice.)



Tributo ao professor Kássio Vinícius Castro Gomes, assassinado a facadas por um aluno (http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101209/not_imp651431,0.php).

Foi uma tragédia fartamente anunciada. Em milhares de casos, desrespeito. Em outros tantos, escárnio. Em Belo Horizonte, um estudante processa a escola e o professor que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subsequente. (Notem bem: o alegado "dano moral" do estudante foi ter que... estudar!). A coisa não fica apenas por aí. 

Pelo Brasil afora, ameaças constantes. Ainda neste ano, uma professora brutalmente espancada por um aluno. O ápice desta escalada macabra não poderia ser outro. O professor Kássio Vinícius Castro Gomes pagou com sua vida, com seu futuro, com o futuro de sua esposa e filhas, com as lágrimas eternas de sua mãe, pela irresponsabilidade que há muito vem tomando conta dos ambientes escolares.

Há uma lógica perversa por trás dessa asquerosa escalada. A promoção do desrespeito aos valores, ao bom senso, às regras de bem viver e à autoridade foi elevada a método de ensino e imperativo de convivência supostamente democrática. No início, foi o maio de 68, em Paris: gritava-se nas ruas que "era proibido proibir". Depois, a geração do "não bate, que traumatiza". A coisa continuou: "Não reprove, que atrapalha". Não dê provas difíceis, pois "temos que respeitar o perfil dos nossos alunos". Aliás, "prova não prova nada". Deixe o aluno "construir seu conhecimento." Não vamos avaliar o aluno. Pensando bem, "é o aluno que vai avaliar o professor". Afinal de contas, ele está pagando... E como a estupidez humana não tem limite, a avacalhação geral epidêmica, travestida de "novo paradigma" (Irc!), prosseguiu a todo vapor, em vários setores: "o bandido é vítima da sociedade", "temos que mudar 'tudo isso que está aí' "mais importante que ter conhecimento é ser 'crítico'."

Claro que a intelectualidade rasa de pedagogos de panfleto e burocratas carreiristas ganhou um imenso impulso com a mercantilização desabrida do ensino: agora, o discurso anti-disciplina é anabolizado pela lógica doentia e desonesta da paparicação ao aluno-cliente... Estamos criando gerações em que uma parcela considerável de nossos cidadãos é composta de adultos mimados, despreparados para os problemas, decepções e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e, pior, dotados de uma delirante certeza de que "o mundo lhes deve algo". Um desses jovens, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca com dezoito centímetros de lâmina, bem no coração de um professor. Tirou-lhe tudo o que tinha e tudo o que poderia vir a ter, sentir, amar. 


Ao assassino, corretamente, deverão ser concedidos todos os direitos que a lei prevê: o direito ao tratamento humano, o direito à ampla defesa, o direito de não ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito mais, fará parte do devido processo legal, que se iniciará com a denúncia, a ser apresentada pelo Ministério Público. A acusação penal ao autor do homicídio covarde virá do promotor de justiça. Mas, com a licença devida ao célebre texto de Emile Zola, EU ACUSO tantos outros que estão por trás do cabo da faca:

EU ACUSO a pedagogia ideologizada, que pretende relativizar tudo e todos, equiparando certo ao errado e vice-versa;
EU ACUSO os pseudo-intelectuais de panfleto, que romantizam a "revolta dos oprimidos" e justificam a violência por parte daqueles que se sentem vítimas;
EU ACUSO os burocratas da educação e suas cartilhas do politicamente correto, que impedem a escola de constar faltas graves no histórico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para tumultuar e cometer crimes em outras escolas;
EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e doutorado, muitos dos quais, no dia a dia, serão pressionados a dar provas bem tranqüilas, provas de mentirinha, para "adequar a avaliação ao perfil dos alunos";
EU ACUSO os últimos tantos Ministros da Educação, que em nome de estatísticas hipócritas e interesses privados, permitiram a proliferação de cursos superiores completamente sem condições, freqüentados por alunos igualmente sem condições de ali estar;
EU ACUSO a mercantilização cretina do ensino, a venda de diplomas e títulos sem o mínimo de interesse e de responsabilidade com o conteúdo e formação dos alunos, bem como de suas futuras missões na sociedade;
EU ACUSO a lógica doentia e hipócrita do aluno-cliente, cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual finge que não sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais do que seu sucesso e sua felicidade amanhã
EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com segundo grau completo cresceu "tantos por cento";
EU ACUSO os que aplaudem tais escolas e ainda trabalham pela massificação do ensino superior, sem entender que o aluno que ali chega deve ter o mínimo de preparo civilizacional, intelectual e moral, pois estamos chegando ao tempo no qual o aluno "terá direito" de se tornar médico ou advogado sem sequer saber escrever, tudo para o desespero de seus futuros clientes-cobaia;
EU ACUSO os que agora falam em promover um "novo paradigma", uma " nova cultura de paz", pois o que se deve promover é a boa e VELHA cultura da "vergonha na cara", do respeito às normas, à autoridade e do respeito ao ambiente universitário como um ambiente de busca do conhecimento;
EU ACUSO os "cabeças-boas" que acham e ensinam que disciplina é "careta", que respeito às normas é coisa de velho decrépito;
EU ACUSO os métodos de avaliação de professores, que se tornaram templos de vendilhões, nos quais votos são comprados e vendidos em troca de piadinhas, sorrisos e notas fáceis;
EU ACUSO os alunos que protestam contra a impunidade dos políticos, mas gabam-se de colar nas provas, assim como ACUSO os professores que, vendo tais alunos colarem, não têm coragem de aplicar a devida punição.
EU VEEMENTEMENTE ACUSO os diretores e coordenadores que impedem os professores de punir os alunos que colam, ou pretendem que os professores sejam "promoters" de seus cursos;
EU ACUSO os diretores e coordenadores que toleram condutas desrespeitosas de alunos contra professores e funcionários, pois sua omissão quanto aos pequenos incidentes é diretamente responsável pela ocorrência dos incidentes maiores;

Uma multidão de filhos tiranos que se tornam alunos-clientes, serão despejados na vida como adultos eternamente infantilizados e totalmente despreparados, tanto tecnicamente para o exercício da profissão, quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepções do dia a dia.

Ensimesmados em seus delírios de perseguição ou de grandeza, estes jovens mostram cada vez menos preparo na delicada e essencial arte que é lidar com aquele ser complexo e imprevisível que podemos chamar de "o outro"...

A infantilização eterna cria a seguinte e horrenda lógica, hoje na cabeça de muitas crianças em corpo de adulto: "Se eu tiro nota baixa, a culpa é do professor. Se não tenho dinheiro, a culpa é do patrão.. Se me drogo, a culpa é dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa é do sistema. Eu, sou apenas uma vítima... Uma eterna vítima. O opressor é você, que trabalha, paga suas contas em dia e vive sua vida. Minhas coisas não saíram como eu queria. Estou com muita raiva. Quando eu era criança, eu batia os pés no chão. Mas agora, fisicamente, eu cresci. Portanto, você pode ser o próximo."

Qualquer um de nós pode ser o próximo, por qualquer motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. A facada ignóbil no professor Kássio dói no peito de todos nós. Que a sua morte não seja em vão.

É hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e invencionices. A melhor "nova cultura de paz" que podemos adotar nas escolas e universidades é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.


(Igor Pantuzza Wildmann)

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Receita de Família

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Família é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes. Reunir todos é um problema, principalmente no Natal e no Ano Novo. Pouco importa a qualidade da panela, fazer uma família exige coragem, devoção e paciência. Não é para qualquer um.


Os truques, os segredos, o imprevisível. Às vezes, dá até vontade de desistir. Preferimos o desconforto do estômago vazio. Vêm a  preguiça, a conhecida falta de imaginação sobre o que se vai comer e aquele fastio. Mas a vida, (azeitona verde no palito) sempre arruma um jeito de nos entusiasmar e abrir o apetite.

O tempo põe a mesa, determina o número de cadeiras e os lugares. Súbito, feito milagre, a família está servida.

Fulana sai a mais inteligente de todas. Beltrano veio no ponto, é o mais brincalhão e comunicativo, unanimidade. Sicrano, quem diria? Solou, endureceu, murchou antes do  tempo. Este é o mais gordo, generoso, farto, abundante. Aquele o que surpreendeu e foi morar longe. Ela, a mais apaixonada. A outra, a mais  consistente.

E você? É, você mesmo, que me lê os pensamentos e veio aqui me fazer companhia. Como saiu no álbum de retratos? O mais prático e objetivo? A mais sentimental? A mais prestativa? O que nunca quis nada com o trabalho? Seja quem for, não fique aí reclamando do gênero e do grau comparativo. Reúna essas tantas afinidades e antipatias que fazem parte da sua vida. Não há pressa. Eu espero.


Já estão aí? Todas? Ótimo. Agora, ponha o avental, pegue a tábua, a faca mais afiada e tome alguns cuidados. Logo, logo, você também estará cheirando a alho e cebola. Não se envergonhe de chorar. Família é prato que emociona. E a gente chora mesmo. De alegria, de raiva ou de tristeza.


Primeiro cuidado: temperos exóticos alteram o sabor do parentesco.Mas, se misturadas com delicadeza, estas especiarias, que quase sempre vêm da África e do Oriente e nos parecem estranhas ao paladar tornam a família muito mais colorida, interessante e saborosa.


Atenção também com os pesos e as medidas. Uma pitada a mais disso ou daquilo e, pronto, é um verdadeiro desastre. Família é prato extremamente sensível. Tudo tem de ser muito bem pesado, muito bem medido.


Outra coisa: é preciso ter boa mão, ser profissional. Principalmente na hora que se decide meter a colher. Saber meter a colher é verdadeira arte. Uma grande amiga minha desandou a receita de toda a família, só porque meteu a colher na hora errada.

O pior é que ainda tem gente que acredita na receita da família perfeita. Bobagem. Tudo ilusão. Não existe Família à Oswaldo Aranha; Família à Rossini, Família à Belle Meuniere; Família ao Molho Pardo, em que o sangue é fundamental para o preparo da iguaria. Família é afinidade, é à Moda da Casa. E cada casa gosta de preparar a família a seu jeito.


Há famílias doces. Outras, meio amargas. Outras apimentadíssimas. Há também as que não têm gosto de nada, seriam assim um tipo de Família Dieta, que você suporta só para manter a linha. 

Seja como for, família é prato que deve ser servido sempre quente,
quentíssimo. Uma família fria é insuportável, impossível de se engolir.


Enfim, receita de família não se copia, se inventa. A gente vai aprendendo aos poucos, improvisando e transmitindo o que sabe no dia a dia. A gente cata um registro ali, de alguém que sabe e conta, e outro aqui, que ficou no pedaço de papel. Muita coisa se perde na lembrança.  Principalmente na cabeça de um velho já meio caduco como eu. 


O que este veterano cozinheiro pode dizer é que, por mais sem graça, por pior que seja o paladar, família é prato que você tem que experimentar e comer. Se puder saborear, saboreie. Não ligue para etiquetas. Passe o pão naquele molhinho que ficou na porcelana, na louça, no alumínio ou no barro. Aproveite ao máximo. 


Família é prato que, quando se acaba, nunca mais se repete.


(Francisco Azevedo)
 

"Se tivéssemos consciência do quanto nossa vida é passageira, talvez pensássemos duas vezes antes de jogar fora as oportunidades que temos de ser e de fazer os outros felizes".
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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Feliz Natal !!! Feliz Ano Novo !!!

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                Merry  Christmas 
                          Sheng  Tan Kuai Loh           

       Fröhliche  Weihnachten         Joyeux  Noel    Happy  Christmas                       Hauskaa  Joulua     
 Eftihismena Christougenna      Buon Natale 
   Gledelig Jul  
             Boas Festas        Hartelijke  Kerstroeten


                   Sarbatori  Vesele                Glaedelig  Jul         


Hristos  Razdajetsja
        Feliz  Navidad                            God  Jul           
Nadolig  Llawen


 e....



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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

‘Sou, mas quem não é?’

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O canalha inventado por Chico Anysio reencarnou no PT: 

‘Sou, mas quem não é?’


Tavares, o canalha, foi um dos grandes tipos criados por Chico Anysio. Sempre de pileque, copo de uísque na mão, topete de galã de antigamente, terno e gravata amarfanhados que identificam boêmios de botequim, o personagem passava o tempo tentando conciliar o noivado com a moça rica e feia com assédios explícitos às empregadas da casa ou às amigas do alvo do golpe do baú. O quadro terminava com o bordão popularíssimo no Brasil dos anos 70: “Sou, mas quem não é?”

Passados 30 anos, o canalha inventado por Chico Anysio reencarnou no PT: a cada canalhice consumada, a seita dos devotos de Lula alega ter feito o que todo mundo faz. Eles começaram a incorporar a criatura do humorista genial em 2005, quando o escândalo do mensalão revelou que o templo das vestais era só o esconderijo das messalinas. Aperfeiçoado ao longo do segundo mandato do chefe, o script se repete com ligeiros retoques a cada bandalheira descoberta pela imprensa. Enquanto atribui a denúncia da vez a “manobras políticas”, o partido que antes reivindicava o monopólio da ética agora prefere acusar o inimigo de ter incorrido no mesmo pecado. Todos são canalhas.

Contemplada pelo olhar deliberadamente estrábico do PT, a história recente do país não tem nada a ver com o mundo real. Informa, por exemplo, que a roubalheira do mensalão não foi o maior de todos os escândalos, mas uma confusão envolvendo recursos não contabilizados. Muito mais graves foram o mensalão mineiro, coisa do PSDB, e o mensalão do DEM, protagonizado em Brasília pela turma do ex-governador José Roberto Arruda.

Na campanha presidencial, a mesma alquimia amparou a tentativa de equiparar Erenice Guerra, que fez da Casa Civil o covil da quadrilha chefiada pela melhor amiga de Dilma Rousseff, a um certo Paulo Preto, que na hipótese mais sombria embolsou dinheiro doado por empresas privadas à campanha de José Serra. Também ampliada pela lupa da malandragem, a partilha de obras do metrô combinada por grandes empreiteiras nem precisou acontecer para ser apresentada como um crime bem mais hediondo que o estupro do sigilo fiscal de dirigentes do PSDB.

“Quanto mais mentiras contarem sobre nós, mais verdades diremos sobre eles”, prometeu José Serra às vésperas do lançamento oficial da candidatura à Presidência.  Cabe ao governador Alberto Goldman cumprir a promessa que Serra esqueceu no discurso. Com a determinação e a ênfase que faltaram ao candidato, Goldman precisa cobrar o pronto esclarecimento do assassinato de Walderi Braz Paschalin, prefeito de Jandira eleito pelo PSDB. Só a identificação dos criminosos e a aplicação do castigo que merecem podem evitar que o PT transforme Paschalin num Celso Daniel tucano e Jandira numa Santo André do PSDB.

Quem acha que os fins justificam os meios é capaz de vender a mãe (e entregar em domicílio), tratar o pai a bofetadas, roubar a poupança da avó, encontrar semelhanças entre Lula e Winston Churchill ou entre os dois crimes sem parentesco. Celso Daniel já fora escolhido para exercer na campanha de 2002 as funções que, repassadas a Antonio Palocci, pavimentaram o caminho que o levaria ao Ministério da Fazenda. Paschalin era só mais um entre centenas de prefeitos tucanos. Os cofres abarrotados da prefeitura de Santo André continham boladas suficientes para bancar campanhas do partido e a boa vida da companheirada. Não é o caso de Jandira.

Mas os companheiros já decidiram que houve na cidade um crime decorrente de motivações políticas que negam ter existido em Santo André. E agora desconfiam de que o prefeito tucano andou pagando a vereadores o que batizaram de “mensalinho”. É preciso ser muito canalha para agir dessa forma, dirão os leitores. Mas quem não é?, retrucarão os sócios do clube dos cafajestes. É hora de mostrar-lhes que milhões de brasileiros não são.

O PSDB só poderá hastear a bandeira da moralidade caso consiga livrar-se dos próprios esqueletos no armário. A oposição oficial não chegará a lugar nenhum se continuar algemada a um Eduardo Azeredo, ou se hipotecar a honra em solidariedade a delinquentes refugiados no ninho. O homicídio em Jandira pode se tornar o inadiável ponto de inflexão. Se algum tucano estiver atolado no episódio, que acerte as contas com a Justiça já expulso do partido.

O Brasil decente espera que os responsáveis pela elucidação do assassinato encerrem o quanto antes o espetáculo da desfaçatez ensaiado pelo PT. Para tanto, basta que o crime seja inteiramente desvendado e se aplique aos autores, seja qual for sua filiação partidária, a punição devida. Feito isso, que o caso exemplar seja estendido aos ainda pendentes, começando por Santo André. Não se pode permitir que o PT utilize cinicamente o prefeito morto em Jandira para escapar da maldição que o persegue há oito anos ─ e há de persegui-lo até que sejam eliminadas as sombras que encobrem a verdade sobre a execução de Celso Daniel.

(Augusto Nunes - Veja - http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes)

A alternativa

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Tenho um amigo que está bem de vida, bem de saúde, bem até no amor. Mas quando se olha para ele, nota-se que não é feliz, parece trazer um crime abominável dentro de si.

Moreno forte, mais para baixinho, olhos escuros e vivos, cabelos cacheados. Mora com os pais, que são descendentes de suecos altos, louros, cabelos lisos e olhos azuis.


O rapaz nunca perguntou a razão de tal diferença. Os outros também, por caridade ou gentileza. A irmã mais velha, que é alta, loura e de olhos azuis, quando está aborrecida com ele, diz que os pais o encontraram numa lata do lixo. Penalizados, o levaram para casa, trataram os papeis no Juizado de Menores e o adotaram como filho. Quando está muito triste, ele até que acredita um pouco nesta história.


Dia desses, o pai pediu-lhe que fosse apanhar um recibo antigo numa velha pasta. Procurando entre os papeis, ele viu o recorte amarelecido de um jornal.


Estarrecido, leu que, justamente no ano em que nascera, um bebê fora raptado por duas ciganas, que deixaram no berço outra criança. Seria ele? Por que o pai guardava há tanto tempo aquele recorte de jornal? Por que saíra tão diferente dos pais e da irmã?


Durante alguns dias, viveu suas longas noites de angústia. Teve vontade de perguntar o que realmente acontecera. Mas dificilmente lhe diriam a verdade. Além do mais, faltou-lhe coragem. 


De qualquer forma, depois de avaliar a sua situação, assumiu a alternativa. Nunca perdeu seu ar triste, mas encontrou uma solução que em parte o redimiu. Talvez as ciganas o tivessem trocado por outro bebê -essas coisas aconteciam no tempo em que nasceu, crianças eram roubadas ou trocadas. Mas não fora apanhado na lata do lixo. O fato dele não ser ele, era mais dos outros do que seu.

(Carlos Heitor Cony - http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1912201005.htm)

Quem é o palhaço?

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Para os céticos e mal humorados de sempre, aqui vai uma excelente notícia: o Brasil está tão poderoso, mas tão poderoso, que não apenas vai solucionar o conflito do Oriente Médio como já começa a humilhar os países ricos. O resto do mundo que se cuide!

A jornalista Érica Fraga mostrou que, com o aumento de 62% nos salários de deputados e senadores, o Brasil vai gastar mais com seus congressistas do que Estados Unidos, Japão e União Europeia!


A remuneração anual vai a US$ 204 mil, mas não fica "só" nisso. O país é tão pródigo que lhes dá também auxílio moradia, passagens a rodo, correspondência grátis, carros com motoristas para uns, polpudos planos de saúde para todos. E, assim, os US$ 204 mil pulam para US$ 896 mil por ano.


Que não venha essa imprensazinha brasileira, tão sem controle (por enquanto...), fazer comparações desagradáveis de mérito: o que os nossos parlamentares fazem aqui, o que os outros fazem por lá e o que os países e seus povos lucram -ou perdem- com isso.


E o melhor da história é o efeito cascata: aumenta o salário dos parlamentares em Brasília, aumentam os salários dos parlamentares no país inteiro. Uma verdadeira festa às vésperas do Natal nesse Brasil tão varonil, cheio de encantos mis.


O Tiririca não tem nenhum motivo para estar tiririca e está rindo de orelha a orelha desde que pisou no Congresso, confirmando que, ao contrário do que ele dizia, pior do que está sempre pode ficar.


Os tiriricas de São Paulo e do resto do país estão de parabéns porque são mais espertos do que todo o mundo desenvolvido. Besta mesmo é quem paga conta, além, é claro, dos 14 milhões de miseráveis que continuam vivendo em condições medievais, à espera de um "futuro" que insiste em chegar antes para uns do que para outros.


Pensando bem, o Tiririca não tem nada de palhaço. Os verdadeiros palhaços somos nós.


(Eliane Cantanhêde - elianec@uol.com.br - http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1912201004.htm)

São todos "Tiriricas"

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O levantamento dessa excelente repórter que é Érica Fraga destroça o único suposto argumento para justificar o obsceno aumento para congressistas aprovado nesta semana. Ganhavam pouco, diziam.


Talvez até ganhassem, mas o aumento aprovado é tão desproporcional que passaram a ganhar mais do que congressistas de todos os países relevantes. Quinze por cento mais, por exemplo, do que nos Estados Unidos, que têm uma economia 12 vezes maior.


O "argumento" de que ganham pouco vem acompanhado de um raciocínio estapafúrdio, o de que, ganhando bem, não precisariam roubar. Se fosse verdade, o escroque-financista norte-americano Bernard Madoff não estaria preso.


A obscenidade fica ainda mais revoltante porque revela características indeléveis do ser brasileiro. Não por acaso, é no Brasil que se dá a maior diferença entre o salário do congressista e a renda média da população (20 vezes praticamente, contra 4,4 vezes na Argentina, para ficar apenas na vizinhança).


Ou seja, suas excelências fazem questão de reproduzir entre eles e os que deveriam representar a mesma distância que existe no conjunto do país, obscenamente desigual, por mais que o lulo-petismo se esforce para vender uma lenda, a da queda da desigualdade.


A velocidade supersônica com que aprovaram o autoaumento de cerca de R$ 10 mil contrasta brutalmente com as letárgicas discussões em torno de um reajuste de R$ 10 (e não de R$ 10 mil) para o salário mínimo.


Ainda bem que o Tiririca foi eleito. Ele não tem pudor em festejar a feliz coincidência entre sua primeira visita à Câmara dos Deputados e a aprovação do aumento. Pior: nem para dizer que nós é que somos os palhaços. Ninguém que aprovou o aumento usurpou o cargo. Foram todos eleitos pelos "tiriricas" cá de baixo. 


Bem feito.

(Clovis Rocha - crossi@uol.com.br - http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1912201003.htm)
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domingo, 19 de dezembro de 2010

Anos Lula se dividem em antes e depois do mensalão

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Foram dois mandatos, mas o marco divisório dos oito anos da era Lula é outro: antes e depois do mensalão. 

Revelado em junho de 2005, o escândalo derrubou o principal ministro do governo, dizimou a cúpula do PT e inaugurou uma temporada turbulenta de CPIs que, um ano mais tarde, viria a ceifar o outro polo de poder na Esplanada. 

Reeleito e escaldado, o presidente reconfigurou sua base de sustentação no Congresso Nacional, incorporando oficialmente o PMDB, e impôs a seu partido não apenas a candidatura de Dilma Rousseff como todas as concessões necessárias para elegê-la. 

O termo mensalão entrou para o vocabulário político brasileiro na primeira entrevista dada à Folha pelo então deputado Roberto Jefferson. Presidente do PTB, ele se vira exposto, semanas antes, num caso de corrupção miúda e explícita nos Correios. 


Convencido de que o Planalto o escolhera como bode expiatório de uma batalha por espaço na estatal, Jefferson, que havia pouco tempo recebera Lula para jantar, foi ao ataque, acusando o PT de operar, sob as ordens de José Dirceu na Casa Civil, um esquema de pagamentos a parlamentares aliados. "É mais barato pagar exército mercenário do que dividir poder." 

A segunda entrevista introduziu no noticiário o nome de Marcos Valério Fernandes de Souza, o pagador do mensalão. Apresentado como "publicitário", ele na verdade atuava como captador, intermediário e distribuidor de dinheiro, maximizando, em parceria com o tesoureiro petista, Delúbio Soares, papel que desempenhara no governo do tucano Eduardo Azeredo em Minas. 

As entrevistas deram início a um período de baixas sequenciais. "Sai daí rápido, Zé", disse Jefferson em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara. E José Dirceu saiu, não sem antes afirmar: "Nada fiz, à frente do PT ou da Casa Civil, de que Lula não estivesse informado". 

OS DEGOLADOS
 
Do PT foram degolados, além de Delúbio, o presidente, José Genoino, e o secretário-geral, Sílvio Pereira. Todos em pouco tempo e obedecendo ao mesmo roteiro de negação-evidência-queda. 

Na terceira e última entrevista, Jefferson apontou o diretor de Operações de Furnas, Dimas Toledo, como arrecadador de recursos para políticos de diversos partidos. Esse caiu no mesmo dia. 

A crise atingiu seu momento mais agudo em 11 de agosto, quando o marqueteiro Duda Mendonça admitiu à CPI dos Correios ter recebido de Valério, num paraíso fiscal, R$ 15,5 milhões relativos à campanha de 2002. 

O presidente --que, segundo Dirceu, hoje estaria disposto a ajudá-lo a desmontar "a farsa do mensalão"-- recorreu a um pronunciamento em cadeia nacional: "Eu me sinto traído. Traído por práticas inaceitáveis das quais nunca tive conhecimento. Estou indignado pelas revelações que aparecem a cada dia e chocam o país". 

Indagado em várias ocasiões, Lula jamais esclareceu por quem teria sido traído. 

A aprovação ao governo mergulhou para 31% no Datafolha publicado um dia depois do depoimento de Duda e até 28% em outubro (hoje, são 83% os satisfeitos). 

DEIXA SANGRAR
 
Foi também nessa altura que a oposição arquivou a ideia de um pedido de impeachment, apostando em "deixar Lula sangrar" até a eleição do ano seguinte. 

Do lado do governo, já estava em execução a estratégia concebida por Márcio Thomaz Bastos (fato negado pelo ex-ministro da Justiça): reduzir o dano a crime eleitoral. Tratava-se de martelar a tecla de que não teria havido corrupção, mas apenas caixa dois --"recursos não-contabilizados", no eufemismo cunhado por Delúbio-- para financiar campanhas. Algo que "todo mundo faz".
Jefferson foi cassado em setembro. Dirceu, em dezembro. Entre as duas votações e ao longo de 2006, 12 deputados que receberam dinheiro vivo do esquema, um deles o ex-presidente da Casa João Paulo Cunha (PT-SP), foram absolvidos por seus pares. Um perdeu o mandato (Pedro Corrêa, PP-PE). Quatro renunciaram para escapar. 

No final de 2005, eram visíveis os primeiros sinais de que o ano eleitoral seria diferente do sonho da oposição. 

Em 1º de janeiro, Lula concedeu ao "Fantástico", da Rede Globo, entrevista na qual buscou circunscrever a crise ao assunto caixa dois e projetar a recuperação de sua popularidade na esteira do crescimento econômico. "Meu papel é cuidar deste país, dizer à população que a economia vai crescer e que temos a oportunidade única de sair da condição de emergente para desenvolvido." 

Entre janeiro e fevereiro, pesquisas começaram a captar a inversão da curva. 

Em abril, o então procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, apresentou ao STF denúncia contra 40 pessoas envolvidas na "sofisticada organização criminosa", Dirceu à frente do "núcleo principal da quadrilha". Hoje, 38 respondem por crimes como peculato, corrupção ativa, corrupção passiva, formação de quadrilha e evasão de divisas. 

A notícia não interrompeu a rota ascendente de Lula, tampouco afetada pela saída, no final de março, do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, no episódio da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. 

Terminou em agosto passado a etapa de depoimentos do processo do mensalão, relatado no STF pelo ministro Joaquim Barbosa. A expectativa é que o julgamento ocorra até o final de 2011. 

Com Dilma eleita, o presidente voltou a falar sobre o mensalão, retomando o discurso de que tudo não teria passado de "tentativa de golpe". Como isso o aproxima da causa de Dirceu e dos demais petistas pendurados no Supremo, há quem enxergue no movimento o embrião do projeto Lula 2014. 

Seja como for, não faltam vozes a desautorizar essa narrativa, a começar pelo futuro ministro da Justiça. Em 2008, na condição de ex-integrante da CPI dos Correios, o deputado petista José Eduardo Cardozo declarou: "Vou ser claro: teve pagamento ilegal de recursos para aliados? Teve. É ilegal? É. É indiscutível? É. Não podemos esconder esse fato da sociedade". 

(RENATA LO PRETE e FABIO ZAMBELLI - http://www1.folha.uol.com.br/poder/846942-anos-lula-se-dividem-em-antes-e-depois-do-mensalao.shtml)

sábado, 18 de dezembro de 2010

Dubai Fountain - Show das Águas de Dubai

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Esta é uma gravação da cerimônia de abertura da Fonte de Dubai.
É considerado atualmente como o show tecnologicamente mais avançado.

A Fonte de Dubai custou EU$ 218 milhões. 

Os jatos de água podem atingir até 50 andares de altura. Além disso, a fonte mede mais do que dois campos de futebol (mais de 275 metros de comprimento).

É tão impressionante quando está em plena exibição, que pode ser vista de até 200 milhas em um dia claro.

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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Diário de Bordo - Um Bom Dia muito especial.

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Olhem só quem veio nos dizer Bom Dia!




Minha primeira manhã em Flagstaff. 
Acordamos com a neve caindo. Muito lindo e muito frio....brrr




Quando olho pela janela da cozinha... Olhem só!!! Temos companhia!

Estou em Flagstaff, visitando minha filha mais nova, que está grávida. Será o meu terceiro neto, o Caio. Já tenho Giovanna e Frederico. Meus amores só aumentam. 

A Vida é boa... Maravilhosa!
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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Senado do Brasil aprova $300 milhões para promover agenda gay

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Matthew Cullinan Hoffman
BRASIL, 10 de dezembro de 2010 (Notícias Pró-Família
 
O Senado do Brasil recentemente aprovou um enorme orçamento de 300 milhões de reais para combater a “homofobia”, um termo que inclui críticas ao estilo de vida homossexual.
As verbas serão gastas como parte de um programa homossexualista nacional do governo, “Brasil Sem Homofobia”, que canaliza parte do dinheiro diretamente para organizações homossexuais.
As verbas também deverão ser usadas para custear iniciativas legislativas para criar direitos especiais para os homossexuais no Brasil. Uma iniciativa tal, a “Lei da Homofobia”, também conhecida como PLC 122/06, tornará crime criticar a conduta homossexual no Brasil.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está fazendo pressões para que a lei seja aprovada nos últimos dias de seu governo, uma façanha que ele não pôde realizar depois de oito anos no cargo, apesar de sua enorme popularidade, indicou o ativista pró-família brasileiro Julio Severo. A sucessora dele, a presidenta eleita Dilma Rousseff, prometeu não promover tais iniciativas legislativas, uma garantia que ela deu aos eleitores quando sua campanha parecia estar ameaçada pelo apoio histórico do partido dela às medidas socialmente esquerdistas.
O programa Brasil Sem Homofobia também será usado para promover a agenda política homossexual a nível internacional, e nas escolas do Brasil. Neste ano o programa “Escolas Sem Homofobia” está destacando uma campanha para normalizar o travestismo nas escolas.
No entanto, a defesa apaixonada de Lula ao homossexualismo provavelmente não terá sucesso no atual clima político e cultural do Brasil. As eleições recentes indicaram que o público é hostil a tais iniciativas, o que fica reforçado pelos resultados de recente pesquisa de opinião pública que mostram que uma grande maioria dos brasileiros se opõe às uniões civis homossexuais.
 

Wikileaks - Agora é tarde....

 

 

Dom Cláudio: Dirceu aparelhou governo

Em conversa com cônsul dos EUA, arcebispo culpou ex-ministro por corrupção devido à ânsia de poder do PT

Tatiana Farah, O Globo

O cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, responsabilizou o ex-ministro José Dirceu pelos escândalos de corrupção do governo Lula, afirmando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "não merecia isso", em conversa com o então cônsul-geral dos Estados Unidos em São Paulo, Christopher McMullen, em março de 2006.


Para dom Cláudio, Lula foi mal servido de pessoas que possuíam seus próprios interesses e, no caso de Dirceu, o ex-ministro aparelhou o governo para atender à ânsia de poder do PT. O encontro foi relatado em telegrama enviado ao Departamento de Estado americano, em 14 de março de 2006, e divulgado ao GLOBO pelo WikiLeaks.


O cardeal se encontrou com o cônsul meses antes de ser nomeado pelo Papa Bento XVI para um dos mais altos cargos do Vaticano, o de prefeito da Congregação para o Clero. Há poucos meses, com 76 anos, deixou o posto por atingir o limite de idade para o cargo.


Amigo de Lula desde os anos 70, dom Cláudio tentou poupá-lo das críticas que pesavam sobre ele no escândalo do mensalão e quanto ao crescimento econômico insuficiente à época. "Ele (o cardeal) sabia que Lula estava, de fato, desapontado por não ter criado mais empregos. E, então, veio o escândalo de corrupção", escreve o cônsul, que continua, citando a conversa com o cardeal:


- Não que ele (Lula) não soubesse de nada que estava acontecendo, como afirmou. Mas Lula foi mal servido pelas pessoas a seu redor, com suas próprias agendas, especialmente o ex-ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu.


O cônsul descreve a conversa que teve com dom Cláudio: "Era uma agenda para manter o PT no poder, um objetivo que requeria uma grande negociação de dinheiro. Para Dirceu, os fins justificam os meios. Dirceu, que é muito racional, um operador político astuto, queria ser o sucessor de Lula, e usou os poderes do governo, incluindo mais de 20 mil cargos de nomeação do presidente para esse fim ('o que é injustificável na democracia', Hummes disse)".

 
(Comentário meu: Enfim, apareceu alguém de peso, não político, e ainda por cima amigo de Lula, que admitiu que Lula sabia.)


(Blog do Noblat - Twitter)

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Conto de Natal - Rubem Braga

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Sem dizer uma palavra, o homem deixou a estrada andou alguns metros no pasto e se deteve um instante diante da cerca de arame farpado. A mulher seguiu-o sem compreender, puxando pela mão o menino de seis anos.

— Que é?

O homem apontou uma árvore do outro lado da cerca. Curvou-se, afastou dois fios de arame e passou. O menino preferiu passar deitado, mas uma ponta de arame o segurou pela camisa. O pai agachou-se zangado:

— Porcaria...

Tirou o espinho de arame da camisinha de algodão e o moleque escorregou para o outro lado. Agora era preciso passar a mulher. O homem olhou-a um momento do outro lado da cerca e procurou depois com os olhos um lugar em que houvesse um arame arrebentado ou dois fios mais afastados.

— Péra aí...

Andou para um lado e outro e afinal chamou a mulher. Ela foi devagar, o suor correndo pela cara mulata, os passos lerdos sob a enorme barriga de 8 ou 9 meses.

— Vamos ver aqui...

Com esforço ele afrouxou o arame do meio e puxou-o para cima.

Com o dedo grande do pé fez descer bastante o de baixo.

Ela curvou-se e fez um esforço para erguer a perna direita e passá-la para o outro lado da cerca. Mas caiu sentada num torrão de cupim!

— Mulher!

Passando os braços para o outro lado da cerca o homem ajudou-a a levantar-se. Depois passou a mão pela testa e pelo cabelo empapado de suor.

— Péra aí...

Arranjou afinal um lugar melhor, e a mulher passou de quatro, com dificuldade. Caminharam até a árvore, a única que havia no pasto, e sentaram-se no chão, à sombra, calados.

O sol ardia sobre o pasto maltratado e secava os lameirões da estrada torta. O calor abafava, e não havia nem um sopro de brisa para mexer uma folha.

De tardinha seguiram caminho, e ele calculou que deviam faltar umas duas léguas e meia para a fazenda da Boa Vista quando ela disse que não agüentava mais andar. E pensou em voltar até o sítio de «seu» Anacleto.

— Não...

Ficaram parados os três, sem saber o que fazer, quando começaram a cair uns pingos grossos de chuva. O menino choramingava.

— Eh, mulher...

Ela não podia andar e passava a mão pela barriga enorme. Ouviram então o guincho de um carro de bois.

— Oh, graças a Deus...

Às 7 horas da noite, chegaram com os trapos encharcados de chuva a uma fazendinha. O temporal pegou-os na estrada e entre os trovões e relâmpagos a mulher dava gritos de dor.

— Vai ser hoje, Faustino, Deus me acuda, vai ser hoje.

O carreiro morava numa casinha de sapé, do outro lado da várzea. A casa do fazendeiro estava fechada, pois o capitão tinha ido para a cidade há dois dias.

— Eu acho que o jeito...

O carreiro apontou a estrebaria. A pequena família se arranjou lá de qualquer jeito junto de uma vaca e um burro.

No dia seguinte de manhã o carreiro voltou. Disse que tinha ido pedir uma ajuda de noite na casa de “siá” Tomásia, mas “siá” Tomásia tinha ido à festa na Fazenda de Santo Antônio. E ele não tinha nem querosene para uma lamparina, mesmo se tivesse não sabia ajudar nada. Trazia quatro broas velhas e uma lata com café.

Faustino agradeceu a boa-vontade. O menino tinha nascido. O carreiro deu uma espiada, mas não se via nem a cara do bichinho que estava embrulhado nuns trapos sobre um monte de capim cortado, ao lado da mãe adormecida.

— Eu de lá ouvi os gritos. Ô Natal desgraçado!

— Natal?

Com a pergunta de Faustino a mulher acordou.

— Olhe, mulher, hoje é dia de Natal. Eu nem me lembrava...

Ela fez um sinal com a cabeça: sabia. Faustino de repente riu. Há muitos dias não ria, desde que tivera a questão com o Coronel Desidério que acabara mandando embora ele e mais dois colonos. Riu muito, mostrando os dentes pretos de fumo:

— Eh, mulher, então “vâmo” botar o nome de Jesus Cristo!

A mulher não achou graça. Fez uma careta e penosamente voltou a cabeça para um lado, cerrando os olhos. O menino de seis anos tentava comer a broa dura e estava mexendo no embrulho de trapos:

— Eh, pai, vem vê...

— Uai! Péra aí...

O menino Jesus Cristo estava morto.


(Rubem Braga - Fonte: http://www.releituras.com/rubembraga_contonatal.asp - Texto extraído do livro "Nós e o Natal", Artes Gráficas Gomes de Souza - Rio de Janeiro, 1964, pág. 39.)

Cordel de Natal

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Um cordel para o Natal

A festa já está nas ruas
Tem gente se preparando
Poucos lembram, é verdade
Quem está aniversariando
É Jesus, o Mestre, o Guia
Que no Natal vem chegando
Comprar roupa e Peru
Panetone e presente
Será mesmo que o Cristo
É lembrado ultimamente?
Cada loja a se arrumar
Só pensando no cliente
Basta só olhar à frente
Não sei bem o que dizer
Pois já penso que o Natal
Algo bem maior vem ser
Muitos já enfeitam as casas
Poucos sabem o porquê
Hoje me ponho a pensar
Em nosso mestre, Jesus
Na pobreza da lapinha
A sua morte lá na cruz
E após os dois mil anos
Ainda brilha sua luz
Tudo bem que no Natal
O importante é cultivar
A cultura natalina
É também presentear
E só mesmo nessa época
Uns se lembram de ajudar
Desejamos pra você
Um Natal de muita paz
Alegria e saúde
Pra poder correr atrás
De tudo que necessita
E que já não se tem mais
Que um lindo Ano Novo
Faça logo sua chegada
Trazendo-lhe muita força
Para a nova caminhada
E que o amor seja o ponto
De partida e de chegada.


 (Érica Montenegro - Fonte: http://www.pucrs.br/mj/poema-natal-28.php)

Poema de Natal - Vinicius de Moraes

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Poema de Natal



Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

(Fonte: http://www.releituras.com/viniciusm_natal.asp - O poema acima foi foi extraído do livro "Antologia Poética", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 147)

Então é Natal - Simone

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UM FELIZ NATAL E UM PRÓSPERO ANO NOVO!!!

MUITA PAZ, SAÚDE, FELICIDADE E AMOR PARA TODOS

OBRIGADA PELO APOIO DURANTE O ANO DE 2010.

CONTO COM VOCÊS EM 2011.

ABRAÇOS

BERENICE
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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Análise do governo Dilma por Hugo Studart

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 Carlos Hugo Studart Corrêa é jornalista e historiador brasileiro, pesquisador dos Direitos Fundamentais no Século XXI. Nasceu em Natal (RN), a 08 jun 1961. Formou-se em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB), especializou-se em Ciência Política, cursou Mestrado em História e é doutorando em História Cultural, pela UnB.

É uma análise - como existem outras, diferentes - para ser lida e conferida com o decorrer dos fatos.  Foi escrita antes das eleições, mas dois fatos já estão confirmados: o Lula escolheria o ministério; o Jobim, mesmo tendo divergências com ela, seria confirmado como ministro.  O restante, como disse, só o tempo confirmará ou negará.
 
 
ANÁLISE DO GOVERNO DILMA


Conheci Dilma o suficiente para arriscar algumas previsões sobre seu governo. Se o câncer não a pegar, vai trair Lula em menos de dois anos.
 
Logo-logo os ministros com espinha-dorsal vão cair fora por não aguentarem humilhações e maus-tratos; e seu governo será integrado exclusivamente por invertebrados com interesses pessoais não-republicanos. Seu lado bom é que na economia vai tentar crescer mais do que Lula ousou. Contudo, Dilma vai aprofundar uma economia baseada nos oligopólios setoriais, no qual cerca de 30 mega-corporações vão receber todo apoio do Estado para criar o sub-imperialismo sul-americano. Vejam por quê:

Getúlio Vargas gostava de se apresentar como “Pai dos Pobres”. A velha UDN , sempre corrosiva, acusava-o de ser também “Mãe dos Ricos”. Nada mais pertinente para aquele que foi, simultaneamente, o pai do populismo e a mãe do desenvolvimentismo brasileiro. Como Getúlio, Lula fez dois governos populistas, distribuindo, à moda de César, pão e circo aos plebeus. E ajudou tanto os banqueiros, os grandes empresários e os muito ricos, que Getúlio, se vivo estivesse, ficaria constrangido de rubor. Mas o crescimento econômico na Era Lula foi absolutamente medíocre. Se as previsões de que Dilma Roussef vai dar continuidade ao lulismo, como promete, tudo leva a crer que venha a ser, como Getúlio e Lula tentaram, a primeira e verdadeira “mãe dos pobres e pai dos ricos”.

Quem conhece bem Dilma Roussef garante que seria uma doida de pedra, caso de camisa de força, um misto de Nero com Stalin, grosseira como o primeiro e totalitária como o segundo. Talvez seja exagero da oposição, talvez… Como um acadêmico, devo evitar usar certos adjetivos fortes. De qualquer forma, relato aos senhores, prezados leitores, que eu a conheci pessoalmente, eu jornalista, ela autoridade do governo Lula. Primeiro como ministra das Minas e Energia, depois como chefe da Casa Civil.

Tivemos algumas entrevistas, nas quais só ela respondia e eu pouco perguntava. Fiz parte da regra, não sou exceção. Nossa primeira entrevista começou 1h30 da madrugada e se estendeu até as 3h. Não me lembro de ter conseguido fazer mais do que duas ou três perguntas. Venho acompanhando há oito anos sua trajetória pública, os bastidores das suas aventuras. Tenho o orgulho de ter sido o primeiro jornalista a registrar a decisão de Lula de fazê-la candidata à sua sucessão. O acordo era Dilma governar apenas um mandato, quatro anos, mantendo a cadeira para Lula se candidatar em 2014.
 
Somente uns três meses depois começaram as especulações sobre Dilma candidata. Enfim, conheço Dilma o suficiente para registrar aqui algumas previsões sobre seu futuro governo, caso se confirme nas urnas o que avisam as pesquisas.

ROMPIMENTO COM LULA
 
Como suas alianças com os aiatolás e com Hugo Chávez foram passos absolutamente idiotas e irreversíveis, Lula perdeu a chance de realizar o sonho de presidir a ONU ou ganhar o Nobel da Paz. Mas não vai se conformar em vestir o pijama, não quer virar um Fernando Henrique. Lula vai querer ficar dando pitaco em tudo. Quanto a Dilma, totalitária em seu DNA, stalinista e prepotente, vai começar a achar que ganhou a eleição pelos seus belos olhos, por sua suposta competência como “mãe do PAC”. Vai querer fazer seu próprio governo. Os dois vão acabar rompendo. No máximo em dois anos, anotem aí.

FORMAÇÃO DA PRIMEIRA EQUIPE
 
Ela deve aceitar que seu governo, numa primeira fase, seja nomeado por Lula e pelos dois “rasputins”, José Dirceu e Antônio Palocci. O PT vai ficar com o núcleo duro, ou seja, as áreas de coordenação política e econômica. Dilma tem poucos quadros pessoais, como Erenice Guerra (finada, foi-se) e Valter Cardeal (agora queimado). Sobrou Maria Luiza Foster, hoje diretora da Petrobrás e alguns raros novos amigos, como o petista José Eduardo Cardoso e José Eduardo Dutra. Quanto aos demais ministérios, a serem loteados com os aliados, o PT vem tentando avançar sobre as áreas onde dá para fazer mais caixa dois. Contudo, a tendência é manter os atuais feudos. Até ai, nenhuma grande novidade. Vamos então às previsões.

SEGUNDA EQUIPE DE GOVERNO
 
Em menos de um ano, anotem aí a previsão, os ministros com alguma personalidade, algum caráter ou vergonha na cara, começarão a pipocar do governo em razão de grosserias, humilhações, futricas e maus tratos da mandatária. Nelson Jobim, que tende a ficar na Defesa (assim Dilma não precisa entregar ao PMDB mais um ministério onde dá para fazer caixa), deverá ser dos primeiros. Mas sai ainda em 2011, anotem aí. Esses ministros serão em quase totalidade substituídos por gente de terceira categoria, capachos dispostos a aguentar as explosões emocionais da mandatária em troca de algum interesse inconfessável.
 
NOVOS AMIGOS
 
Vai ter um momento que a Dilma vai estar cercada essencialmente de invertebrados e de batedores de carteira. Gente da pior qualidade, capachos despreparados mas com interesses privados claros, como a finada Erenice Guerra. É muito curioso que seu principal consigliere, atual melhor-amigo-de-infância, seja o suplente de senador Gim Argello, do PTB do DF. Vale à pena acompanhar o governo Dilma pelos passos (e enriquecimento) de Gim.

DIRCEU OU PALOCCI?
 
De gente que pensa, a tendência é ficar apenas com Franklin Martins, antigo companheiro de armas, e José Eduardo Cardozo. Entre Dirceu e Palocci, aposto no segundo a longo prazo. Dirceu controla o PT; a tendência é Dilma querer se livrar dos grilhões, querer ficar livre, leve e solta para buscar um vôo-solo. Palocci controla o “mercado”, ou seja, as contribuições do caixa dois. Pode ser bem mais útil para Dilma.

PARALISIA ADMINISTRATIVA
 
O governo não vai andar, vai ficar todo travado por conta do excesso de centralismo democrático da presidenta. Ela acredita que informação seja poder. Não vai dividir informação com ninguém. Alias, enquanto foi ministra da Casa Civil, o governo só andou porque Lula colocou duas assessoras pessoais e suas equipes para controlar os ministérios pelos bastidores, Miriam Belchior e Clara Ant. Com sua mania de centralizar, controlar e querer saber de tudo, Dilma sempre atrapalhou mais do que ajudou.

RELAÇÃO COM O CONGRESSO
 
Tende a ser desastrosa. Dilma jamais gostou de negociar. O negócio dela é impor. Os parlamentares eleitos, por sua vez, têm em quase totalidade o DNA clientelista, franciscano, “é dando que se recebe”. Dilma tende a perder a paciência e a tentar passar o trator no Congresso, como registra todos os episódios de sua biografia. Paralisia política, impasses institucionais, talvez até crise de poderes. Ela não deve conseguir aprovar no Congresso nenhuma reforma relevante. O que não aprovar em seis meses, no máximo no primeiro ano de governo, não deve aprovar mais. A não ser que caia na tentação de tentar o “chavismo”.

IDEOLOGIA? ORA, O NEGÓCIO É…
 
Engana-se quem acredita que a ex-guerrilheira Dilma seja movida pela ideologia. Nos tempos de militância esquerdista e clandestinidade, ela notabilizava-se entre os guerrilheiros por duas características singulares.
Primeiro, o amor pela futrica e por provocar divisões. O ex-companheiro Carlos Lamarca morreu chamando-a de “cobra”, “maquiavélica”. Outra característica era sua atração pelo dinheiro. Ela convenceu Lamarca que tinha uma grande organização, a Colina, com milhares de militantes prontos a pegar em armas pela revolução. Tinha só ela, o marido de então, um companheiro bonito chamado Breno e mais dois ou três gatos-pingados.
 
Convenceu Lamarca a fundir o grande Colina e com a VPR em igualdade de condições, criando a VAR-Palmares. Convenceu Lamarca a assaltar o cofre do Adhemar de Barros, no mais ousado episódio da guerrilha. Por fim, convenceu a todos a rejeitar o “militarismo” de Lamarca e seus sargentos. Ela e o marido ficaram com o controle de quase todo o dinheiro do assalto, deixando Lamarca em dificuldades.

CAIXA DE CAMPANHA
 
Faço aqui uma previsão tão ousada quanto polêmica. Nossa presidenta tende a tentar fazer seu próprio caixa de campanha, fora do caixa dois do PT, a fim de ganhar a independência em relação Lula. Ela sonha ter o próprio grupo.Precisa de dinheiro para financiar a política.

BRASIL GRANDE
 
Do lado bom, Dilma vai tentar acelerar um pouco o crescimento econômico.
Isso é tão certo quanto o futuro rompimento com Lula. Como Adhemar, Médici e Maluf, ela gosta de obra grande, de usinas hidroelétricas gigantescas, de portos e auto-estradas rasgando a imensidão desse Brasil. Deveria ter sido ministra do governo Médici. Quer ressuscitar o Brasil Grande, mas com um viés de esquerda – ou daquilo que ela chama de esquerda. Confesso que não consigo ver muita diferença no PAC de Dilma com os projetos de Médici e Geisel.

SUB-IMPERIALISMO BRASILEIRO
 
No plano internacional, não vai trombar em hipótese alguma com os EUA. Acho até que vai dar uma guinada à direita. O jogo internacional dela é o sub-imperialismo. Vai usar dinheiro público para financiar grandes corporações brasileiras, criar oligopólios nacionais e sul-americanos Os maiores beneficiários de seu governo serão Gerdau, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Votorantim, Bradesco, etc. E a Vale? Ora, a Vale é do Bradesco

OLIGOPÓLIOS
 
Noam Chomsky, o mais instigante pensador da atualidade, tenta explicar a economia globalizada de uma forma singular. Segundo ele, não vivemos o capitalismo, nem nos Estados Unidos, nem na Europa. O sistema que haveria seria o do estatismo oligopolizante. A economia é toda organizada por oligopólios, com cinco ou seis mega-corporações dominando cada um dos principais setores da economia – bancos, siderúrgica, petro-química, mídia, fármacos, tecnologia, etc. Ao sistema não interessa monopólios, como o que a Microsoft tentou firmar, mas sim oligopólios. E essas mega-corporações oligopolistas, por sua vez, precisam da ajuda dos Estados e dos políticos para firmarem-se como corporações globais. Financiam os políticos que, no poder, lhes dão concessões de todo o tipo. Chomsky referia-se aos EUA, Europa e Japão.

Poderia estar falando do Brasil que Lula entrega à Dilma. Pensem num setor.
Bancos, por exemplo: Há dois grandes estatais, BB e Caixa, dois privados nacionais, Bradesco e Itaú, e dois estrangeiros, Santander e HSBC – o resto não conta. Construção: Odebrecht, Andrade e Camargo. Se listarmos os cinco principais setores econômicos – Bancos, Construção, Siderúrgico-Metalúrgico, Petroquímico e Farmacêutico, vamos descobrir que, no Brasil, menos de 30 empresas controlam dois terços dos empréstimos subsidiados do BNDES e 90% dos investimentos dos fundos de pensão das Estatais. Outra curiosidade:essas 30 empresas desses cinco setores financiaram a maior parte da campanha de Dilma e do PT, deixando Serra e os tucanos na mão. Mas essa é outra história a ser contada em detalhes em outra ocasião.

Por enquanto fica aqui o registro: essas 30 empresas desses cinco oligopólios, vão receber no governo Dilma todo subsídio que precisarem do BNDES para consolidarem ainda mais o oligopólio interno e o sub-imperialismo na América do Sul. Também vão receber dinheiro direto dos fundos de pensão das Estatais para fazer o mesmo. O governo Dilma, enfim será essencialmente oligopolista e sub-imperialista. Anotem as previsões.

(Hugo Studart - Jornalista e historiador, professor e pesquisador)