segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Deus

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Eu me lembro ! Eu me lembro ! — Era pequeno

E brincava na praia; o mar bramia

E, erguendo o dorso altivo, sacudia

A branca escuma para o céu sereno.


E eu disse a minha mãe nesse momento:

Que dura orquestra ! Que furor insano !

Que pode haver maior que o oceano,

Ou que seja mais forte do que o vento ?”


Minha mãe a sorrir olhou p’ ros céus

E disse: — Um Ser que nós não vemos

É maior do que o mar que nós tememos,

Mais forte que o tufão ! meu filho, é — Deus !“



Casimiro José Marques de Abreu

(Barra de São João, 4 de janeiro de 1839Nova Friburgo, 18 de outubro de 1860)

Biografia

Filho de um abastado comerciante e fazendeiro português, e de Luísa Joaquina das Neves, uma fazendeira viúva. A localidade onde nasceu, Barra de São João, é hoje distrito do município que leva seu nome, e também chamada "Casimirana", em sua homenagem. Recebeu apenas a instrução primária no Instituto Freeze, dos onze aos treze anos,em Nova Friburgo, então cidade de maior porte da região serrana do estado do Rio de Janeiro, e para onde convergiam, à época, os adolescentes induzidos pelos pais a se aplicarem aos estudos.

Aos treze anos transferiu-se para o Rio de Janeiro para trabalhar com o pai no comércio. Com ele, embarcou para Portugal em 1853, onde entrou em contato com o meio intelectual e escreveu a maior parte de sua obra. O seu sentimento nativista e as saudades da família escreve: "estando a minha casa à hora da refeição, pareceu-me escutar risadas infantis da minha mana pequena. As lágrimas brotavam e fiz os primeiros versos de minha vida, que teve o título de Ave Maria".

Em Lisboa, foi representado seu drama Camões e o Jau em 1856, que foi publicado logo depois.

Litografia de Casimiro de Abreu em rótulo de cigarro.

Seus versos mais famosos do poema Meus oito anos: Oh! Que saudades que tenho/da aurora da minha vida,/ da minha infância querida/que os anos não trazem mais!/ Que amor, que sonhos, que flores,/naquelas tardes fagueiras,/ à sombra das bananeiras,/ debaixo dos laranjais!

Em 1857 retornou ao Brasil para trabalhar no armazém de seu pai. Isso, no entanto, não o afastou da vida boêmia. Escreveu para alguns jornais e fez amizade com Machado de Assis. Escolhido para a recém fundada Academia Brasileira de Letras, tornou-se patrono da cadeira número seis.

Tuberculoso, retirou-se para a fazenda de seu pai, Indaiaçu, hoje sede do município que recebeu o nome do poeta, onde inutilmente buscou uma recuperação do estado de saúde, vindo ali a falecer. Foi sepultado conforme desejo onde nasceu, estando sua lápide no cemitério da secular Capela de São João Batista, em Barra de São João, junto ao túmulo do pai. Em 1859 editou as suas poesias reunidas sob o título de Primaveras.

Espontâneo e ingênuo, de linguagem simples, tornou-se um dos poetas mais populares do Romantismo no Brasil. Deixou uma obra cujos temas abordavam a casa paterna, a saudade da terra natal e o amor (mas este tratado sem a complexidade e a profundidade tão caras a outros poetas românticos).

A localidade de Barra de São João passou a se chamar "Casimiro de Abreu" em sua homenagem.

(Fontes: www.antoniomiranda.com.br/.../casimiro_de_abreu.html e http://pt.wikipedia.org/wiki/Casimiro_de_Abreu)


Serra ou Dilma? A Escolha de Sofia

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Tudo que é preciso para o triunfo do mal é que as pessoas de bem nada façam.” (Edmund Burke)






Aécio Neves pulou fora da corrida presidencial de 2010. Agora é praticamente oficial: José Serra e Dilma Rousseff são as duas opções viáveis nas próximas eleições. Em quem votar? Esse é um artigo que eu não gostaria de ter que escrever, mas me sinto na obrigação de fazê-lo. Afinal, o futuro da liberdade está em jogo, sob grande ameaça. Nenhuma das opções é atraente. Nenhum dos candidatos representa uma escolha decente para aqueles que defendem as liberdades individuais. Será que há necessidade de optar? Ou será que o voto nulo representa a única alternativa?


Texto completo


Tais questões me levaram à lembrança do excelente livro O Sonho de Cipião, de Iain Pears, uma leitura densa que desperta boas reflexões sobre o neoplatonismo.


Quando a civilização está em xeque, até onde as pessoas de bem podem ir, na tentativa de salvá-la da barbárie completa? Nas palavras do autor: “Usamos os bárbaros para controlar a barbárie? Podemos explorá-los de modo que preservem os valores civilizados ao invés de destruí-los? Os antigos atenienses tinham razão ao dizerem que assumir qualquer lado é melhor do que não assumir nenhum?”


Permanecer na “torre de marfim”, preservando uma visão ideal de mundo, sem sujar as mãos com um voto infame, sem dúvida traz conforto. Manter a paz da consciência tem seus grandes benefícios individuais. Além disso, o voto nulo tem seu papel pragmático também: ele representa a única arma de protesto político contra todos que estão aí, contra o sistema podre atual. Somente no dia em que houver mais votos nulos do que votos em candidatos o recado das urnas será ouvido como um brado retumbante, alertando que é chegada a hora de mudanças estruturais. Os eleitos sempre abusam do respaldo das urnas, dos milhões de eleitores que deram seu aval ao programa de governo do vencedor, ainda que muitas vezes tal voto seja fruto do desespero, da escolha no “menos pior”.


Mas existem momentos tão delicados e extremos, onde o que resta das liberdades individuais está pendurado por um fio, que talvez essa postura idealista e de longo prazo não seja razoável. Será que não valeria a pena ter fechado o nariz e eliminado o Partido dos Trabalhadores Nacional-Socialista em 1933 na Alemanha, antes que Hitler pudesse chegar ao poder? Será que o fim de eliminar Hugo Chávez justificaria o meio deplorável de eleger um candidato horrível, mas menos louco e autoritário? São questões filosóficas complexas. Confesso ficar angustiado quando penso nisso.


Voltando à realidade brasileira, temos um verdadeiro monopólio da esquerda na política nacional. PT e PSDB cada vez mais se parecem. Ambos desejam mais governo. Ambos rejeitam o livre mercado, o direito de propriedade privada, o capitalismo liberal. Mas existem algumas diferenças importantes também. O PT tem mais ranço ideológico, mais sede pelo poder absoluto, mais disposição para adotar quaisquer meios – os mais abjetos – para tal meta. O PSDB parece ter mais limites éticos quanto a isso. O PT associou-se aos mais nefastos ditadores, defende abertamente grupos terroristas, carrega em seu âmago o DNA socialista. O PSDB não chega a tanto.


Além disso, há um fator relevante de curto prazo: o governo Lula aparelhou a máquina estatal toda, desde os três poderes, passando pelo Itamaraty, STF, Polícia Federal, as ONGs, as estatais, as agências reguladoras, tudo! O projeto de poder do PT é aquele seguido por Chávez na Venezuela, Evo Morales na Bolívia, Rafael Correa no Equador, enfim, todos os comparsas do Foro de São Paulo. Se o avanço rumo ao socialismo não foi maior no Brasil, isso se deve aos freios institucionais, mais sólidos aqui, e não ao desejo do próprio governo. A simbiose entre Estado e governo na gestão Lula foi enorme. O estrago será duradouro. Mas quanto antes for abortado, melhor será: haverá menos sofrimento no processo de ajuste.


Justamente por isso acredito que os liberais devem olhar para este aspecto fundamental, e ignorar um pouco as semelhanças entre Serra e Dilma. Sim, Serra tem forte viés autoritário, apresenta indícios fascistas em sua gestão no governo de São Paulo, deseja controlar a economia como um czar faria, estou de acordo com isso tudo. Serra representa um perigo para as liberdades, isso é fato. Mas uma continuação da gestão petista através de Dilma é um tiro certo rumo ao pior. Dilma é tão autoritária ou mais que Serra, com o agravante de ter sido uma terrorista na juventude comunista, lutando não contra a ditadura, mas sim por outra ainda pior, aquela existente em Cuba ainda hoje. Ela nunca se arrependeu de seu passado vergonhoso; pelo contrário, sente orgulho. Seu grupo Colina planejou diversos assaltos.


Como anular o voto sabendo que esta senhora poderá ser nossa próxima presidente?! Como virar a cara sabendo que isso pode significar passos mais acelerados em direção ao socialismo “bolivariano”?


Entendo que para os defensores da liberdade individual, escolher entre Dilma e Serra é como uma escolha de Sofia: a derrota está anunciada antes mesmo da decisão. Mesmo o resultado “desejado” será uma vitória de Pirro. Algo como escolher entre um soco na cara ou no estômago. Mas situações extremas demandam medidas extremas, e infelizmente colocam certos valores puristas em xeque. Anular o voto, desta vez, pode significar o triunfo definitivo do mal. Em vez de soco na cara ou no estômago, podemos acabar com um tiro na nuca.


Dito isso, assumo que votarei em Serra, mas não sem antes tomar um Engov. Meu voto é anti-PT acima de qualquer coisa. Meu voto é contra o Lula, contra o Chávez, que já declarou abertamente apoio a Dilma. Meu voto não é a favor de Serra. E, no dia seguinte da eleição, já serei um crítico tão duro ao governo Serra como sou hoje ao governo Lula. Mas, antes é preciso retirar a corja que está no poder. Antes é preciso desarmar a quadrilha que tomou conta de Brasília. Ainda que depois ela seja substituída por outra parecida em muitos aspectos. Só o desaparelhamento de petistas do Estado já seria um ganho para a liberdade, ainda que momentâneo.


Respeito meus colegas liberais que discordam de mim e pretendem anular o voto. Mas espero ter sido convincente de que o momento pede um pacto temporário com a barbárie, como única chance de salvar o que resta da civilização – o que não é muito.


(Rodrigo Constantino- http://rodrigoconstantino.blogspot.com - Baixado de www.averdadesufocada.com/ em 19/12/09)

Habeas Pinho!






Em 1955 em Campina Grande, na Paraíba, um grupo de boêmios fazia serenata numa madrugada do mês de junho, quando chegou a polícia e apreendeu... o violão!...

Decepcionado, o grupo recorreu aos serviços do advogado Ronaldo Cunha Lima, na época recentemente saído da Faculdade, e que também apreciava uma boa seresta.

Ele peticionou em Juízo, para que fosse liberado o violão.

Aquele pedido ficou conhecido como "Habeas Pinho" e enfeita as paredes de escritórios de muitos advogados e bares de praia, no Nordeste Brasileiro.

Mais tarde, Ronaldo Cunha Lima foi eleito Deputado Estadual, Prefeito de Campina Grande, Senador da República, Governador do Estado e Deputado Federal.

Eis a famosa petição:

HABEAS PINHO

Exmo. Sr.
Dr. Artur Moura,
Meritíssmo Juiz de Direito da 2ª Vara desta Comarca,


O instrumento do crime que se arrola
Neste processo de contravenção
Não é faca, revólver nem pistola.
É simplesmente, Doutor, um violão!

Um violão, Doutor, que, na verdade,
Não matou nem feriu um cidadão.
Feriu, sim, a sensibilidade
De quem o ouviu vibrar na solidão.

O violão é sempre uma ternura,
Instrumento de amor e de saudade.
Ao crime ele nunca se mistura.
Inexiste, entre os dois, afinidade.

O violão é próprio dos cantores,
Dos menestréis de alma enternecida,
Que cantam as mágoas e que povoam a vida,
Sufocando, assim, suas próprias dores.

O violão é música e é canção,
É sentimento de vida e alegria,
É pureza e néctar que extasia,
É adorno espiritual do coração.

Seu viver, como o nosso, é transitório,
Porém, seu destino o perpetua:
Ele nasceu para cantar, em plena rua,
E não para ser arquivo de Cartório.

Mande soltá-lo, pelo Amor da noite
Que se sente vazia em suas horas,
Para que volte a sentir o terno açoite
De suas cordas leves e sonoras.

Libere o violão, Dr. Juiz,
Em nome da Justiça e do Direito!
É crime, porventura, o infeliz,
Cantar as mágoas que lhe enchem o peito?

Será crime, e afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores,
Perambular na rua um desgraçado,
Derramando na rua as suas dores?

É o apelo que aqui lhe dirigimos,
Na certeza, já, do seu acolhimento.
É somente liberdade, o que pedimos
E, nestes temos, vem pedir deferimento!

Assinado:

Ronaldo Cunha Lima, advogado.


O juiz Arthur Moura, sem perder o ponto, deu a sentença no mesmo tom:

"Para que, por esta vida, eu não carregue
Mais um remorso, no cansado coração,
Determino, pois, que seja logo entregue
Ao seu dono, o malfadado violão!“


(Fonte: www.compadrelemos.com)

O "Quinto dos infernos"

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Durante o século 18, o Brasil Colônia pagava um alto tributo para seu colonizador, Portugal . Esse tributo incidia sobre tudo o que fosse produzido em nosso país e correspondia a 20% (ou seja, 1/5) da produção.

Essa taxação altíssima e absurda era chamada de "O Quinto".
Esse imposto recaía principalmente sobre a nossa produção de ouro.

O "Quinto" era tão odiado pelos brasileiros, que foi apelidado de "O Quinto dos Infernos".

A Coroa Portuguesa quis, em determinado momento, cobrar os "quintos atrasados" de uma única vez, no episódio conhecido como "Derrama".

Isso revoltou a população, gerando o incidente chamado de "Inconfidência Mineira", que teve seu ponto culminante na prisão e julgamento de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário - IBPT, a carga tributária brasileira deverá chegar ao final deste ano de 2009 a 38% ou praticamente 2/5 (dois quintos) de nossa produção.
Ou seja, a carga tributária que nos aflige é praticamente o dobro daquela exigida por Portugal à época da Inconfidência Mineira, o que significa que pagamos hoje literalmente "dois quintos dos infernos" de impostos...

Para que?
Para sustentar a corrupção, o PAC, o mensalão, o Senado com sua legião de "diretores", a festa das passagens, o bacanal (literalmente) com o dinheiro público, as comissões e jetons, a farra familiar no executivo.

Nosso dinheiro é confiscado no dobro do valor do "quinto dos infernos" para sustentar esta corja, que nos custa (já feitas as atualizações) o dobro do que custava toda a Corte Portuguesa.


E pensar que Tiradentes foi enforcado porque se insurgiu contra a metade dos impostos que pagamos atualmente!


(Autor desconhecido - Recebido por email)

Nós

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Nós (I)

Fico - deixas-me velho. Moça e bela,
partes. Estes gerânios encarnados,
que na janela vivem debruçados,
vão morrer debruçados na janela.

E o piano, o teu canário tagarela,
a lâmpada, o divã, os cortinados:
- "Que é feito dela?" - indagarão - coitados!
E os amigos dirão: - "Que é feito dela?"

Parte! E se, olhando atrás, da extrema curva
da estrada, vires, esbatida e turva,
tremer a alvura dos cabelos meus;

irás pensando, pelo teu caminho,
que essa pobre cabeça de velhinho
é um lenço branco que te diz adeus!


Nós (II)

Nessa tua janela, solitário,
entre as grades douradas da gaiola,
teu amigo de exílio, teu canário
canta, e eu sei que esse canto te consola.

E, lá na rua, o povo tumultuário
ouvindo o canto que daqui se evola
crê que é o nosso romance extraordinário
que naquela canção se desenrola.

Mas, cedo ou tarde, encontrarás, um dia,
calado e frio, na gaiola fria,
o teu canário que cantava tanto.

E eu chorarei. Teu pobre confidente
ensinou-me a chorar tão docemente,
que todo mundo pensará que eu canto.


Nós (III)

Mas não passou sem nuvem de tristeza
esse amor que era toda a tua vida,
em que eu tinha a existência resumida
e a viva chama de minha alma, acesa.

Nem lemos sem vislumbre de incerteza
a página do amor, lida e relida,
mas pouquíssimas vezes entendida,
sempre cheia de engano e de surpresa,

Não. Quantas vezes ocultei a minha
dor num sorriso! Quanta vez sentiste
parar, medroso, o coração de gelo!

- É que nossa alma às vezes adivinha
que perder um amor não é tão triste
como pensar que havemos de perdê-lo.


Nós (IV)

Quando as folhas caírem nos caminhos,
ao sentimentalismo do sol poente,
nós dois iremos vagarosamente,
de braços dados, como dois velhinhos,

e que dirá de nós toda essa gente,
quando passarmos mudos e juntinhos?
- "Como se amaram esses coitadinhos!
como ela vai, como ele vai contente!"

E por onde eu passar e tu passares,
hão de seguir-nos todos os olhares
e debruçar-se as flores nos barrancos...

E por nós, na tristeza do sol posto,
hão de falar as rugas do meu rosto
hão de falar os teus cabelos brancos.

(Guilherme de Almeida)

domingo, 27 de dezembro de 2009

Amor sem correntes

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Em seu livro, "O Profeta", Kalil Gibran fala do matrimônio com grande sabedoria. Vamos comentar algumas frases a fim de retirar delas ensinamentos úteis. Referindo-se ao casal, diz Gibran: "amai-vos um ao outro, mas não façais do amor um grilhão".

Desconhecendo ou ignorando essa importante orientação, muitos casais transformam o amor em verdadeiras cadeias para ambas as partes. O amor deve ser espontâneo. Não pode ser motivo de brigas e exigências descabidas.

O amor compreende: não deve se constituir em grilhões que prendem e infelicitam. Por vezes, em nome do amor, nós queremos que nosso companheiro ou companheira faça somente o que julgamos por bem. Só corta o cabelo quando permitimos. Só pode usar as roupas que aprovamos. Só sai se for em nossa companhia e não pode violar as regras estabelecidas pelo nosso egoísmo, para evitar brigas. Isso não é amor, é prisão. Amar sem escravizar, eis o grande desafio.

E o Profeta aconselha: "dai de vosso pão um ao outro, mas não comais do mesmo pedaço.Isso significa dizer que devemos compartilhar, ser gentil, dar do nosso pedaço, mas sem exigir nada em troca. É comum depois da gentileza vir a cobrança. Fazemos um favor e esperamos logo alguma recompensa. Pretendemos tirar alguma vantagem. Dividir o pão, sim, mas não comer do mesmo pedaço. Isso quer dizer deixar ao outro o direito que lhe cabe do pedaço.

E Gibran continua: "cantai e dançai juntos, e sede alegres, mas deixai cada um de vós estar sozinho". É importante compartilhar, mas saber respeitar a individualidade um do outro, sem invadir a intimidade da pessoa amada. Há pessoas que, se pudessem, controlariam até mesmo o pensamento do seu par, a ponto de torná-lo a sua própria sombra. Isso não é amor, é extremado desejo de posse.

Mais uma vez Kalil Gibran aconselha: "vivei juntos, mas não vos aconchegueis em demasia, pois as colunas do templo erguem-se separadamente, e o carvalho e o cipreste não crescem à sombra um do outro." Grande ensinamento podemos retirar daí, pois a comparação é perfeita.

Viver juntos, mas cada um respeitar o espaço do outro. O lar é um templo que deve ser sustentado por duas colunas: cada uma na sua posição para que realmente haja apoio. Se as colunas se aconchegam em demasia, o templo pode desabar. Por isso o profeta recomenda: "vivei juntos mas não vos aconchegueis em demasia."

O amor tem por objetivo a união e não a fusão dos seres. Não se pode querer viver a vida do outro, controlar os gostos e até mesmo os desgostos da pessoa com quem nos casamos. É preciso que cada um cresça e permita o crescimento do outro, sem fazer sombra um para o outro.

Se os casais observassem esses pequenos mas eficientes conselhos, certamente teriam uma convivência mais harmônica e mais agradável. O verdadeiro amor é aquele que compreende, perdoa, renuncia. Em nome do amor devemos estender a mão para oferecer apoio e não para acorrentar. Quem ama propicia segurança, confiança e afeto.

Lembre-se de que a pessoa com quem você convive não lhe pertence. É uma alma em busca do próprio aperfeiçoamento, tanto quanto você. Lembre-se também que beijos e abraços só têm valor se não forem cobrados. E, por fim, guarde a recomendação do profeta:

"Amai-vos um ao outro, mas não façais do amor um grilhão".

(Edite Malaquias -Fonte: Gibran Kalil Gibran, O Profeta, pág. 13 In: www.momento.com.br - www.acessepiaui.com.br)

sábado, 26 de dezembro de 2009

Um Conto de Natal

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Tudo começou porque Mike odiava o Natal.

Claro que não odiava o verdadeiro sentido do Natal, mas seus aspectos comerciais.
Os gastos excessivos, a corrida frenética na última hora para comprar presentes para alguém da parentela de que se havia esquecido.

Sabendo como ele se sentia, um certo ano a esposa decidiu deixar de lado as tradicionais camisetas, casacos, gravatas e coisas do gênero. Procurou algo especial só para Mike. A inspiração veio de uma forma um tanto incomum.

O filho Kevin, que tinha 12 anos na época, fazia parte da equipe de luta livre da sua escola. Pouco antes do Natal, houve um campeonato especial contra uma equipe patrocinada por uma associação da parte mais pobre da cidade.

Esses jovens usavam tênis tão velhos que a impressão que passavam é de que a única coisa que os segurava eram os cadarços. Contrastavam de forma gritante com os outros jovens, vestidos com impecáveis uniformes azuis e dourados e tênis especiais novinhos em folha.

Quando o jogo acabou, a equipe da escola de Kevin tinha arrasado com eles. Foi então que Mike balançou a cabeça, triste, e falou: queria que pelo menos um deles tivesse ganhado. Eles têm muito potencial, mas uma derrota dessas pode acabar com o ânimo deles.

Mike adorava crianças. Todas as crianças. E as conhecia bem, pois tinha sido técnico de times mirins de futebol, basquete e vôlei.

Foi aí que a esposa teve a idéia.

Naquela tarde, foi a uma loja de artigos esportivos e comprou capacetes de proteção e tênis especiais e enviou, sem se identificar, para a associação que patrocinava aquela equipe.

Na véspera de Natal, deu ao marido um envelope com um bilhete dentro, contando o que tinha feito e que esse era o seu presente para ele.
O mais belo sorriso iluminou o seu rosto naquele Natal.

No ano seguinte, ela comprou ingressos para um jogo de futebol para um grupo de jovens com problemas mentais.

No outro, enviou um cheque para dois irmãos que tinham perdido a casa em um incêndio na semana anterior ao Natal.

O envelope passou a ser o ponto alto do Natal daquela família. Os filhos deixavam de lado seus brinquedos e ficavam esperando o pai pegar o envelope e revelar o que tinha dentro.

As crianças foram crescendo. Os brinquedos foram sendo substituídos por presentes mais práticos, mas o envelope nunca perdeu o seu encanto.

Até que no ano passado, Mike morreu.

Chegou a época do Natal e a esposa estava se sentindo muito só. Triste. Quase sem esperanças. Mas, na véspera do Natal, ela preparou o envelope como sempre.

Para sua surpresa, na manhã seguinte, havia mais três envelopes junto dele. Cada um dos filhos, sem um saber do outro, havia colocado um envelope para o pai.






O verdadeiro espírito do Natal é o amor.

Que nesta época, pelo menos, possamos exercitar nossa capacidade de doação.

Muito além dos presentes, da ceia, do encontro familiar, comemorar o Natal significa viver a mensagem do divino aniversariante, lançada há mais de 2000 anos e que até hoje prossegue ecoando nos corações...


(Fonte Mensagens e Poemas - http://mensagensepoemas.uol.com.br/natal/um-conto-de-natal-5.html)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Oração dos Brasileiros

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Senhor, tende piedade de nós

Pelo Marcos Valério e o Banco Rural

Pela casa de praia do Sérgio Cabral

Pelo dia em que Lula usará o plural


Senhor, tende piedade de nós!


Pelo nosso Delúbio e Valdomiro Diniz
Pelo "nunca antes nesse país"

Pelo povo brasileiro que acabou pedindo bis

Senhor, tende piedade de nós!

Pela Cicarelli na praia namorando sem vergonha

Pela Dilma Rousseff sempre tão risonha

Pelo Gabeira que jurou que não fuma mais maconha


Senhor, tende piedade de nós!


Pelo casal Garotinho e sua cria

Pelos pijamas de seda do "nosso guia"

Pela desculpa de que "o presidente não sabia"


Senhor, tende piedade de nós!


Pela jogada milionária do Lulinha com a Telemar

Pelo espírito pacato e conciliador do Itamar
Pelo dia em que finalmente Dona Marisa vai falar

Senhor, tende piedade de nós!


Pela "queima do arquivo" Celso Daniel
Pela compra do dossiê no quarto de hotel
Pelos "hermanos compañeros" Evo, Chaves e Fidel


Senhor, tende piedade de nós!


Pelas opiniões do prefeito César Maia

Pela turma de Ribeirão que caía na gandaia

Pela primeira dama catando conchinha na praia


Senhor, tende piedade de nós!


Pelo escândalo na compra de ambulâncias da Planam

Pelos aplausos "roubados" do Kofi Annan

Pelo lindo amor do "sapo barbudo" por sua "rã"

Senhor, tende piedade de nós!

Pela greve de fome que engordou o Garotinho

Pela Denise Frossard de colar e terninho

Pelas aulas de subtração do professor Luizinho


Senhor, tende piedade de nós!


Pela volta triunfal do "caçador de marajás"

Pelo Duda Mendonça e os paraísos fiscais

Pelo Galvão Bueno que ninguém agüenta mais


Senhor, tende piedade de nós!


Pela eterna farra dos nossos banqueiros

Pela quebra do sigilo do pobre caseiro
Pelo Jader Barbalho que virou "conselheiro"

Senhor, tende piedade de nós!


Pela máfia dos "vampiros" e "sanguessugas"

Pelas malas de dinheiro do Suassuna

Pelo Lula na praia com sua sunga


Senhor, tende piedade de nós!


Pelos "meninos aloprados" envolvidos na lambança

Pelo plenário do Congresso que virou pista de dança
Pelo compadre Okamotto que empresta sem cobrança

Senhor, tende piedade de nós!

Pela família Maluf e suas contas secretas

Pelo dólar na cueca e pela máfia da Loteca

Pela mãe do presidente que nasceu analfabeta


Senhor, tende piedade de nós!


Pela eterna desculpa da "herança maldita"

Pelo "chefe" abusar da birita

Pelo novo penteado da companheira Benedita


Senhor, tende piedade de nós!


Pela refinaria brasileira que hoje é boliviana

Pelo "compañero" Evo Morales que nos deu uma banana

Pela mulher do presidente que virou italiana


Senhor, tende piedade de nós!


Pelo MST e pela volta da Sudene

Pelo filho do prefeito e pelo neto do ACM

Pelo político brasileiro que coloca a mão na "m"

Senhor, tende piedade de nós!

Pelo Ali Babá e sua quadrilha

Pelo Gushiken e sua cartilha

Pelo Zé Sarney e sua filha


Senhor, tende piedade de nós!


Pelas balas perdidas na Linha Amarela

Pela conta bancária do bispo Crivella

Pela cafetina de Brasília e sua clientela


Senhor, tende piedade de nós!


Pelo crescimento do PIB igual do Haití

Pelo Doutor Enéas e pela senhorita Suely

Pela décima plástica da Marta Suplicy


Senhor, tende piedade de nós!


Para que possamos ter muita paciência

Para que o povo perca a inocência

E proteste contra essa indecência

Senhor, dai-nos a paz!

(Autor desconhecido - Recebido por email)

Ah, como este tempo corre...

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2009 já agoniza e morre.

Inexorável, vai a vida se arrastando.

2010 está quase começando:

Ah, como este tempo corre...

Por entre os dedos, a própria vida escorre.

Tento retê-la, com a ajuda da memória.

Conto e reconto a minha própria história:

Ah, como este tempo corre...

Outro Natal, é outro ano que decorre.

E eu, me vendo outra vez criança,

Vivo e revivo coisas na minha lembrança:

Ah, como este tempo corre...

Uma saudade, o meu coração percorre.

Faz-me lembrar, com uma dor ingente,

De outros natais, eu ainda adolescente:

Ah, como este tempo corre...

Também me lembro, que a inocência morre,

De tantas coisas que eu planejei fazer,

Desnecessária essa urgência de crescer:

Ah, como este tempo corre...

Neste Natal, talvez eu tome um porre.

Ou erga um brinde, na verdade, sem beber,

Pelo que fui ou que deixei de ser:

Ah, como este tempo corre...

(Wagner Pessôa)