sexta-feira, 13 de julho de 2012

A Repartição

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Aquele poderia ser mais um dia típico na repartição, salvo pelo alvoroço de pernas, pés e papéis que de um lado a outro iam desviando-se, por vezes, chocavam-se em um resmungo vago que logo tornava a se alinhar.

Portas estreitas riscadas por pequenas placas que sinalizavam o setor ao qual davam acesso, surgiam aglomeradas em um longo e escuro corredor. A tonalidade verde-musgo da parede, em alguns trechos, era vencida pelo bolor alimentado por umidade excessiva. De fato, todos os funcionários se incomodavam com o estado do lugar, mas como o mesmo não pertencia a sua alçada, daquela forma ele permaneceria.

Um som ritmado surgiu no início do corredor, era forte e cadenciado. Despertou a atenção de todos e logo se configurou em passos decididos, sorrateiramente acompanhados por mais dois pares reticentes.

As portas se abriam lentamente conforme o trio ia passando. Sussurros, olhares e gestos inundavam o pequeno espaço entre as paredes que configurava aquele local. Diziam entre dentes:

- O que será que ela vai alegar?

- Vocês acham mesmo que ela errou? Logo ela que há tanto tempo trabalha aqui?

- Disso eu não sei. Só sei que o erro dela causou um grande problema em meu setor.

Diante da última porta pararam. Ela permanecia austera, coluna reta e em uma das mãos trazia seu objeto de trabalho. Um dos acompanhantes tentou em vão retirá-lo. Apenas um olhar bastou para que suas mãos disfarçassem a pífia investida. O outro, ignorando a ação do companheiro, adentrou a sala pedindo para que esperassem.

Mantendo seu olhar fixo na placa da porta, ela apenas respondeu ao acompanhante:

- Conheço o protocolo e, pelo que sei, isto ainda me pertence. Segurando, com força estremada, o objeto.

A porta se abriu revelando novamente o segundo acompanhante, com a cabeça baixa sem que seus olhos pudessem fitá-la, apenas indicou o caminho a seguir:

- Ele irá recebê-la agora.

Um leve titubear fez-se presente nos movimentos daquela figura feminina, quase demonstrando fragilidade, mas logo foi contornado por nova firmeza em seus passos. Deixando para trás os que a acompanhavam até então, ultrapassou a linha da porta.

A ante-sala parecia pronta a recepcionar. Mesmo não possuindo janela ou qualquer fonte de luz natural, era extremamente clara. Não havia nenhum resquício da umidade que contaminava o lado de fora. Um tom creme se apresentava desde os rodapés até a metade das paredes para ser substituído repentinamente pela alvura inconfundível do branco. Alguns poucos bancos encontravam-se ao lado da entrada. Em uma mesa de canto, ao fundo da sala e próxima a porta que dava acesso ao setor principal, uma funcionária dissimulava entreter-se em uma atividade enfadonha, seu fingimento não era capaz de segurar o movimentar de seus olhos que, a cada segundo, percorriam vorazmente a intrigante figura.

Lentamente, a mulher percorreu todo o comprimento da ante-sala até alcançar o limite entre ela e a outra. Apenas nessa hora, sua insegurança se fez nitidamente visível. Ao entrar, a cegueira causada pelo excesso de claridade, pousou por um instante em seus olhos.

A ampla sala era inteira recoberta por um branco ainda mais alvo do que o presente na anterior. Longas prateleiras de arquivos tomavam conta das laterais do aposento. A organização soava sufocante. Uma janela cortava lado a lado a parede oposta à entrada. Não era possível ver qualquer tipo de paisagem, apenas mais claridade, mais alvura e o retornar da cegueira se instalou como um corvo a ruflar suas asas diante de seus olhos.

Seu estado torpe foi interrompido por uma voz vinda do fundo da sala. Sentado à única e imponente mesa em mogno, encontrava-se um homem de aparência gentil. Um sorriso um pouco debochado desenhava-se em seus lábios. Apontando a cadeira à frente de sua mesa disse:

- Pode deixar essa…essa…digo, seu instrumento de trabalho encostado aí no canto. Creio que não será necessário seu uso agora.

Ela sentou-se à cadeira, um pouco desconfortável, procurando o melhor lugar para largar as mãos apreensivas. O sorriso na face do homem ainda se fez presente. Inclinando seu corpo um pouco à frente e apoiando os braços sobre a mesa, ele começou:

- Minha velha companheira, devo dizer que estou um pouco frustrado de ter que te encontrar justo aqui…Gosto de nossas conversas, mas elas são bem melhores fora desta repartição.

-É, também não me agrada estar aqui…

As mãos dele folheavam uma pequena pilha de papel que escondiam, ainda que em pequena parte, o lustroso brilho da mesa. Os olhos seguiam as linhas de palavras presentes nas folhas e a boca começou a balbuciar algo que tornou-se um questionamento:

- Imagino que saiba o porquê de sentar-se a essa cadeira. Confesso que quando os relatórios chegaram fiquei perplexo, não queria acreditar em algo tão sério, vindo de uma funcionária com a sua reputação.

- Se me permite, gostaria de saber qual é a minha reputação?

- Ora, vamos, não estou te reconhecendo. Sabe muito bem que todos aqui admiramos a seriedade com que executa seu trabalho. Até a presente data, não havia nenhum registro de atraso ou descaso de sua parte.

- Sei, pois bem, esta é a minha boa reputação, sempre acatar e cumprir ordens…

A calma e amabilidade com que ele pronunciava as palavras, por um breve instante, pareciam planejar uma fuga veloz de sua expressão. A ela, a sala agora parecia menos clara. Até mesmo a luz que antes dava a impressão de irradiar diretamente da janela ganhava uma certa opacidade. Um suspiro longo aprisionou novamente a tranqüilidade ao rosto dele. Empunhando uma das folhas voltou a falar:

- Vamos aos fatos. Você trouxe onze pessoas para cá que, segundo me consta, não deveriam estar aqui. Foi algum equívoco, ordem de serviço errada ou o quê?

- Elas simplesmente queriam vir… Cruzou as pernas e com o movimento a cadeira lhe pareceu mais confortável, a confiança começou a inundar seu corpo, sentia um ímpeto de contrariá-lo. Porém, a mesma fugacidade que trouxe a emoção esvaneceu-a sob as faíscas que agora pareciam saltitar nos olhos dele.

- Perfeitamente. Entenda o problema. Se é que você ainda pode entendê-lo. Como bem sabe, existem aqui três setores para receber as pessoas que chegam. O Superior, o Meio e o Inferior. Há aqueles que vão direto para o Superior, também temos aqueles que se dirigem rapidamente para o Inferior. Há ainda, os que devem aguardar segunda ordem no Meio, para só então se dirigirem a um dos outros. Mas, até onde eu sei, ainda não temos um setor intitulado “Você Não Deveria Estar Aqui”. Ao pronunciar essas palavras, suas mãos bateram com força sobre a mesa, fazendo as folhas saltarem assustadas. Inclinou-se ainda mais, quase tocando a ponta de seu nariz ao dela. Seus olhos se encontraram, um longo e sonoro suspiro o fez voltar-se reticente a seu antigo ar de calmaria.

- Permita-me explicar. Essa boa reputação que você tanto elogia só me é particular na repartição. Fora dela, ninguém reconhece meu trabalho. Cumpro apenas ordens, como você sabe, mas sou sempre culpada por elas. Ela aproximou-se da mesa e cruzou as mãos um pouco trêmulas sobre ela.

- Não estou entendendo. Seja mais clara. Não existe culpa, apenas ordens. Cumpra-as, como sempre fez. Era quase possível vislumbrar as faíscas trepidando novamente em seu olhar.

- Olhe, é realmente muito fácil dizer isso quando todo o lado positivo pende apenas para o seu. Sua reputação é boa em todos os lugares, não apenas aqui na repartição. Todos te admiram, nunca temem. Mas eu…ow…não! Sou sempre temida, odiada…Todas os dizeres pejorativos caem sobre meu nome.

- Não floreie. Vá direto ao ponto. Ele levantou da mesa dando costas a ela. Seguiu para a janela e lá ficou, como se admirasse uma paisagem inexistente aos olhos dela.

- Ah, senhor Destino. Você sabe muito bem do que estou falando…Quando algo bom acontece, qual a frase que ouvimos? “Oh, como o Destino foi bom comigo”. Se não é tão positivo assim… “Foi o Destino quem quis”. No meu caso é bem diferente….O buraco é mais embaixo: a pessoa agonizando, a família rezando, mas seu apareço para dar uma ajudinha….“Oh, Morte como você não tem pena”… E os casamentos então…. “Até que a Morte os separe”. Que história é essa? Você sabe que a maioria deles nunca sequer começou…

As palavras dela se aglomeravam em frases nervosas, quase não era possível compreendê-las. Ao final da sequência um tanto quanto escandalosa, ele já havia se sentado novamente à cadeira. O sorriso faceiro brincava novamente em seus lábios.

- Então é isso? Você desorganizou a repartição inteira, apenas por ciúme? E o que essas pessoas estão fazendo aqui?

Sua frase ricocheteou pela sala até atingi-la em cheio. O branco das paredes se somava na palidez excessiva do rosto dela. Não ousava mais encará-lo. Mantinha a atenção focada no chão da sala, como se o mesmo transmitisse uma mensagem muito importante a ser decifrada.

- Eu atendi a seus pedidos…

- Como assim?

- Eram umas reclamonas, qualquer coisa besta que lhes acontecia e pronto…. “a vida não vale mais a pena…” “Oh, Morte traga-me alívio”. Não é uma questão de ciúme. Estou a tanto tempo neste trabalho que gostaria de ter iniciativa própria. Acho que poderia muito bem decidir de quem é a hora.

- E como iríamos organizar as coisas se cada um que aqui trabalha, decidisse, por si próprio, que deve tomar iniciativa? O caos estaria construído. Será que sobraria mais alguém fora desta repartição?

- Mas eu tenho mais tempo de serviço que qualquer outro aqui…

- Sim eu sei, mas você só deve executá-lo e não criá-lo. Pense na responsabilidade que anda junto com ditar as regras. Até eu já me peguei pensando que seria melhor apenas obedecê-las.

Um longo silêncio se instalou, a claridade parecia dominar toda a sala novamente e ela quase pôde sentir novamente o corvo-cegueira a bicar seus olhos. Ele tamborilava os dedos sobre a mesa, um novo brilho reluzindo a pena que sentia pela velha amiga invadiu seu olhar.

- Você entende o que esta situação lhe causará?

- Sim…Uma reticência amarga escorria por sua face. Seguiu o movimento da mão dele até o telefone e ouviu com pesar as palavras que se seguiram:

- Preciso que alguém acompanhe a senhora Morte até a saída da repartição. Avise o setor de concursos que temos uma vaga em aberto para o cargo dela.

Os mesmos acompanhantes que a haviam trazido, vieram buscá-la. O caminho até a saída parecia cada vez mais longo sob os olhares curiosos que os seguiam. Lá no fundo, a sala branca se tornava apenas uma lembrança distante e ela não pôde ver o caminhar do Destino até seu antigo instrumento de trabalho.

Recostada na parede, a foice antiga apresentava um brilho sobrenatural. Cativante, inebriante, de fato, fascinante. As mãos dele deslizaram suavemente em seu cabo. Puxou-a para si, experimentou alguns movimentos no ar. Um ar de sê, pintou-se em seu rosto, borrando-se na seqüência com a entrada de outro funcionário que viera para buscar o instrumento.



(Camila Capps - http://apinturadaspalavras.wordpress.com/2012/07/13/a-reparticao/)

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Os outros que ajudam (ou não)


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Muitos anos atrás, conheci um alcoólatra, que, aos 40 anos, quis parar de beber. O que o levou a decidir foi um acidente no qual ele, bêbado, quase provocara a morte da companheira que ele amava, por quem se sentia amado e que esperava um filho dele.


O homem frequentou os Alcoólatras Anônimos. Deu certo, mas, depois de um tempo, houve uma recaída brutal. Desanimado, mas não menos decidido, com o consenso de seu grupo dos AA, o homem se internou numa clínica especializada, onde ficou quase um ano --renunciando a conviver com o filho bebê.

Ele voltou para casa (e para as reuniões dos AA), convencido de que nunca deixaria de ser um alcoólatra --apenas poderia se tornar, um dia, um "alcoólatra abstêmio".

Mesmo assim, um dia, depois de dois anos, ele se declarou relativamente fora de perigo. Naquele dia, o homem colocou o filhinho na cama e, enfim, sentou-se na mesa para festejar e jantar.

E eis que a mulher dele chegou da cozinha erguendo, triunfalmente, uma garrafa de "premier cru" de Château Lafite: agora que ele estava bem, certamente ele poderia apreciar um grande vinho, para brindar, não é?

O homem saiu na noite batendo a porta. A mulher que ele amava era uma idiota? Ou ela era (e sempre tinha sido) companheira, não da vida do marido, mas de sua autodestruição? Seja como for, a mulher dessa história não é um caso isolado.

Quem foi fumante e conseguiu parar, quase certamente encontrou um dia um amigo que lhe propôs um cigarro "sem drama": agora que você parou, vai poder fumar de vez em quando -só um não pode fazer mal.

Também há parentes e próximos que patrocinam qualquer exceção ao regime que você tenta manter estoicamente: se for só hoje, uma massa não vai fazer diferença, nem uma carne vermelha. Seja qual for a razão de seu regime e a autoridade de quem o prescreveu, para parentes e próximos, parece que há um prazer em você transgredir.

Em suma, há hábitos que encurtam a vida, comprometem as chances de se relacionar amorosa e sexualmente e, mais geralmente, levam o indivíduo a lidar com um desprezo do qual ele não sabe mais se vem dos outros ou dele mesmo.

Se você precisar se desfazer de um desses hábitos, procure encorajamento em qualquer programa que o leve a encontrar outros que vivem o mesmo drama e querem os mesmos resultados que você. É desses outros que você pode esperar respeito pelo seu esforço --e até elogio (quando merecido).

Hoje, encontrar esses outros é fácil. Há comunidades on-line de pessoas que querem se livrar de seu sedentarismo, de sua obesidade, do fumo, do alcoolismo, da toxicomania etc. Os membros de uma comunidade registram e transmitem, todos os dias, seus fracassos e seus sucessos. No caso do peso, por exemplo, há uma comunidade cujos membros instalam em casa uma balança conectada à internet: o indivíduo se pesa, e a comunidade sabe imediatamente se ele progrediu ou não.

Parêntese. A balança on-line não funciona pela vergonha que provoca em quem engorda, mas pelos elogios conquistados por quem emagrece. Podemos modificar nossos hábitos por sentirmos que nossos esforços estão sendo reconhecidos e encorajados, mas as punições não têm a mesma eficácia. Ou seja, Skinner e o comportamentalismo têm razão: uma chave da mudança de comportamento, quando ela se revela possível, está no reforço que vem dos outros ("Valeu! Força!").

Já as ideias de Pavlov são menos úteis: os reflexos condicionados existem, mas, em geral, se você estapeia alguém a cada vez que ele come, fuma ou bebe demais, ele não parará de comer, fumar ou beber --apenas passará a comer, fumar e beber com medo.

Volto ao que me importa: por que, na hora de tentar mudar um hábito, é aconselhável procurar um grupo de companheiros de infortúnio desconhecidos? Por que os próximos da gente, na hora em que um reforço positivo seria bem-vindo, preferem nos encorajar a trair nossas próprias intenções?

Há duas hipóteses. Uma é que eles tenham (ou tenham tido) propósitos parecidos com os nossos, mas fracassados; produzindo nosso malogro, eles encontrariam uma reconfortante explicação pelo seu.

Outra, aparentemente mais nobre, diz que é porque eles nos amam e, portanto, querem ser nossa exceção, ou seja, querem ser aqueles que nós amamos mais do que nossa própria decisão de mudar. Como disse Voltaire, "Que Deus me proteja dos meus amigos. Dos inimigos, cuido eu".




(Contardo Calligaris - Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/contardocalligaris/1118615-os-outros-que-ajudam-ou-nao.shtml)
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De rei a cão sarnento


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"Cai o rei de espadas, cai o rei de ouros, cai o rei de paus, não fica nada", dizia Ivan Lins nos anos 1970, repetiu ontem Demóstenes Torres, o segundo senador cassado pelos seus pares em 188 anos.

Estava sendo contraditório. Se ele se é "bode expiatório", como diz, não vai cair mais nenhum rei, nem de ouros nem de paus. Tudo como dantes.

Ontem mesmo, a Câmara começou a inocentar os deputados envolvidos de alguma forma nesse esquemão do Cachoeira que inundava o Centro-Oeste e respingava em toda parte. Só sobrou o tucano Carlos Alberto Lereia para contar a história e ser julgado pelo Conselho de Ética.

Demóstenes, porém, não é só um rei a mais no castelo de cartas que começou a ruir em 29 de fevereiro, com a prisão de Cachoeira e a profusão de fitas. É um rei muito especial. Quanto mais alto, maior é o tombo. Demóstenes desabou do trono.

Como procurador, foi presidente do Conselho Nacional dos Procuradores Gerais de Justiça. Como senador, presidiu a poderosa Comissão de Constituição e Justiça. Filiado ao DEM, era líder do partido no Senado e potencial candidato a vice-presidente da República.

E, como arauto da ética e da moralidade, conquistou respeito e simpatia até mesmo no Supremo e na imprensa. Mas, ao ser cassado, era um ser absolutamente solitário --"cão sarnento". Tudo tinha, nada tem.

Se Renan, Sarney, ACM e Jader tiveram suas tropas de choque, Demóstenes morreu só e seu enterro foi sem choro nem vela. Nem ira nem comemoração, só silêncio. Desolador.

Demóstenes se vai e a CPI tende a ir atrás da campanha municipal, de palanques e holofotes, já que "a justiça foi feita" e o bode já expiou sua culpa. O resto? Deixa a polícia fazer. Reis, rainhas, cavalos e torres vão continuar deslizando em segurança no tabuleiro, até surgirem outros Demóstenes, outros Luiz Estêvão.

Vai demorar. Caiu uma peça, vem o suplente aí. E o jogo continua.


quinta-feira, 5 de julho de 2012

Único bem é impenhorável em dívida de 3º - STJ

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Único bem, penhora, dívida de 3º - STJ


O imóvel onde a família vive é impenhorável no caso de ter sido oferecido como garantia de dívida de terceiro (ainda que seja empresa com a qual a família tenha vínculo) e não como garantia de dívida da entidade familiar. Esse foi o entendimento da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no julgamento do recurso especial interposto por um casal que teve seu imóvel penhorado.

O Banco Tricury, de São Paulo, moveu ação de execução contra o casal, pretendendo receber o imóvel onde residiam como pagamento do empréstimo feito pela empresa da qual um dos cônjuges era sócio.

Avalistas do empréstimo, eles haviam assinado o contrato com o banco autorizando que seu imóvel fosse colocado como garantia hipotecária. Na fase de execução, requereram a desconstituição da penhora. O juiz negou o pedido.

Único bem

No recurso de apelação para o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), o casal sus tentou que o imóvel era o único bem da família, portanto, impenhorável. Afirmou que a hipoteca foi dada em garantia de dívida da empresa e não em garantia de dívida da entidade familiar.

O TJSP entendeu que a penhora seria possível com base no artigo 3º, inciso V, da Lei 8.009/90: “A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido: para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar.”

Além disso, para manter a decisão do magistrado de primeiro grau, o TJSP se apoiou também no fundamento de que não foi comprovado que o imóvel era o único bem da família no momento da penhora.

Prova suficiente

Diante da negativa daquele tribunal, o casal interpôs recurso especial no STJ, sustentando que tanto a doutrina quanto a jurisprudência entendem que o bem de família é aquele no qual reside o casal ou a família, bastando essa prova para que a proteção legal seja aplicada.

Por fim, eles afirmaram que houve divergência em relação ao entendimento do STJ, segundo o qual a exceção do artigo 3º, inciso V, da Lei 8.009 é aplicado apenas no caso em que a dívida é do casal ou da família. Segundo eles, o empréstimo foi concedido pelo banco à empresa da qual um deles é sócio e não a eles, pessoas físicas.

“Nos termos da jurisprudência desta corte, não é necessária a prova de que o imóvel onde reside o devedor seja o único de sua propriedade para o reconhecimento da impenhorabilidade do bem de família, com base na Lei 8.009”, disse o ministro Raul Araújo, relator do recurso especial.

Dívida de terceiro

Ele levou em consideração que a garantia foi prestada para assegurar dívida de terceiro, no caso, a empresa. Citou precedente do STJ, segundo o qual “a possibilidade de penhora do bem de família hipotecado só é admissível quando a garantia foi prestada em benefício da própria entidad e familiar, e não para assegurar empréstimo obtido por terceiro” (Ag 921.299).

Com base em vários precedentes, o ministro sustentou que não se pode presumir que a garantia foi dada em benefício da família, para afastar a impenhorabilidade do bem, com base no inciso V do artigo 3º da lei referida.

A Quarta Turma deu provimento ao recurso especial para anular o acórdão do TJSP e afastar a penhora sobre o imóvel. Ficaram vencidos os ministros Antonio Carlos Ferreira e Isabel Gallotti.

Site STJ (Resp 988915)


(Fonte: www.cavini.adv.br)
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Aumento de gastos para educação pode 'quebrar' Estado, diz Mantega


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O ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou hoje que projetos em discussão no Congresso que aumentam os gastos do governo colocam em risco a solidez fiscal do país.

Mantega citou o PNE (Plano Nacional de Educação), que pretende elevar os gastos do governo federal para o equivalente a 10% do PIB, e as pressões por aumentos salariais do funcionalismo.

"Sempre nos deparamos com riscos de que o Parlamento aumente os custos de maneira extraordinária, o que põe em risco a solidez fiscal que conquistamos a muito custo", disse.

O ministro afirmou que o aumento dos gastos em educação para 10% pode "quebrar" o Estado brasileiro.

Ele criticou também os pleitos salariais dos servidores do judiciário. Nas palavras de Mantega, são os servidores que têm os melhores salários e estão pedindo reajuste superior a 50%.

"Nossa folha é de R$ 200 bilhões e temos que ter cuidado. Não podemos brincar em momentos de crise", afirmou Mantega.

Ele também criticou as tentativas de extinguir o fator previdenciário, que diminui a aposentadoria de quem se aposenta com menos de 60 anos (para mulheres) e 65 anos (para homens).

Segundo Mantega, o fim do fator retira a exigência da idade mínima para a aposentadoria, o que só existe em três países do mundo.

Mantega participa hoje de encontro organizado pelo Lide (grupo de líderes empresariais), em São Paulo.





(MARIANA CARNEIRO - http://www1.folha.uol.com.br/poder/1114889-aumento-de-gastos-para-educacao-pode-quebrar-estado-diz-mantega.shtml)

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Ignorância mata

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Sempre mostro aqui exemplos de como as novas tecnologias da informação conseguem, apesar da falta de recursos, tornar as cidades melhores. É o caso de uma experiência lançada hoje para ajudar as pessoas a cuidarem de sua saúde, usando os recursos disponíveis, batizada de São Paulo Saudável (mais detalhes aqui).

É uma rede colaborativa em que se pode saber desde onde encontrar o remédio de graça, passando por consultas e exames, até as ofertas de atividades físicas e lazer. Há uma lista de todas as ofertas gratuitas feitas pelas universidades, muitas vezes desconhecidas. Em essência é um guia colaborativo de bem-estar.

Como mostram as pesquisas eleitorais, saúde está em primeiro lugar na preocupação do cidadão. E um dos problemas da saúde, entre muitos, é a falta de informação.

Sabemos como ignorância mata.

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Ideias, de diferentes candidatos, que valem um bom debate.

Soninha propôs em encontro no Youpix, em São Paulo, a criação de uma Secretaria de Assuntos Digitais para intermediar a relação entre o cidadão, a cidade e os poderes públicos. Para isso, colocaria hackers trabalhando para dar transparência aos dados públicos.

Serra viajou a Nova York para conhecer como funciona lá a organização de dados pelo poder público. A cidade é um laboratório digital e tem mesmo muito a inspirar. Ou seja, foi ao lugar certo.

Haddad conta que, se eleito, colocaria em status de secretário alguém responsável pelo governo eletrônico.


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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Colesterol não é o Inimigo que você foi induzido a crer

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Cirurgião Cardíaco admite enorme erro!



Nós os médicos com todos os nossos treinamentos, conhecimento e autoridade, muitas vezes adquirimos um ego bastante grande, que tende a tornarmos difícil admitir que estamos errados. Então, aqui está. Admito estar errado... 

Como um cirurgião com experiência de 25 anos, tendo realizado mais de 5.000 cirurgias de coração aberto, hoje é meu dia para reparar o erro de médicos com este fato científico.Eu treinei por muitos anos com outros médicos proeminentes rotulados como "formadores de opinião." Bombardeado com a literatura científica, sempre participando de seminários de educação, formuladores de opinião que insistiam que doença cardíaca resulta do fato simples dos elevados níveis de colesterol no sangue.

A terapia aceita era a prescrição de medicamentos para baixar o colesterol e uma severa dieta restringido a ingestão de gordura. Este último é claro que insistiu que baixar o colesterol e doenças cardíacas. Qualquer recomendação diferente era considerada uma heresia e poderia possivelmente resultar em erros médicos.

Ela não está funcionando! Estas recomendações não são cientificamente ou moralmente defensáveis. A descoberta, há alguns anos que a inflamação na parede da artéria é a verdadeira causa da doença cardíaca é lenta, levando a uma mudança de paradigma na forma como as doenças cardíacas e outras enfermidades crônicas serão tratados.

As recomendações dietéticas estabelecidas há muito tempo ter criado uma epidemia de obesidade e diabetes, cujas consequências apequenam qualquer praga histórica em termos de mortalidade, o sofrimento humano e terríveis consequências econômicas.

Apesar do fato de que 25% da população tomar caros medicamentos a base de estatina e, apesar do fato de termos reduzido o teor de gordura de nossa dieta, mais americanos vão morrer este ano de doença cardíaca do que nunca. Estatísticas do American Heart Association, mostram que 75 milhões dos americanos atualmente sofrem de doenças cardíacas, 20 milhões têm diabetes e 57 milhões têm pré-diabetes. Esses transtornos estão a afetar pessoas cada vez mais jovens em maior número a cada ano.

Simplesmente dito, sem a presença de inflamação no corpo, não há nenhuma maneira que faça com que o colesterol se acumule nas paredes dos vasos sanguíneos e cause doenças cardíacas e derrames. Sem a inflamação, o colesterol se movimenta livremente por todo o corpo como a natureza determina. É a inflamação que faz o colesterol ficar preso.

A inflamação não é complicada - é simplesmente a defesa natural do corpo a um invasor estrangeiro, tais como toxinas, bactéria ou vírus. O ciclo de inflamação é perfeito na forma como ela protege o corpo contra esses invasores virais e bacterianos. No entanto, se cronicamente expor o corpo à lesão por toxinas ou alimentos no corpo humano, para os quais não foi projetado para processar, uma condição chamada inflamação crônica ocorre. A inflamação crônica é tão prejudicial quanto a inflamação aguda é benéfica.

Que pessoa ponderada voluntariamente exporia repetidamente a alimentos ou outras substâncias conhecidas por causarem danos ao corpo? Bem, talvez os fumantes, mas pelo menos eles fizeram essa escolha conscientemente. O resto de nós simplesmente seguia a dieta recomendada correntemente, baixa em gordura e rica em gorduras poli-insaturadas e carboidratos, não sabendo que estavam causando prejuízo repetido para os nossos vasos sanguíneos. Esta lesão repetida cria uma inflamação crônica que leva à doença cardíaca, diabetes, ataque cardíaco e obesidade.
Deixe-me repetir isso. A lesão e inflamação crônica em nossos vasos sanguíneos é causada pela dieta de baixo teor de gordura recomendada por anos pela medicina convencional.

Quais são os maiores culpados da inflamação crônica? 

Simplesmente, são a sobrecarga de simples carboidratos altamente processados ​​(açúcar, farinha e todos os produtos fabricados a partir deles) e o excesso de consumo de óleos ômega-6 (vegetais como soja, milho e girassol), que são encontrados em muitos alimentos processados.

Imagine esfregar uma escova dura repetidamente sobre a pele macia até que ela fique muito vermelho e quase sangrando. Faça isto várias vezes ao dia, todos os dias por cinco anos. Se você pudesse tolerar esta dolorosa escovação, você teria um sangramento, inchaço e infecção da área, que se tornaria pior a cada lesão repetida. Esta é uma boa maneira de visualizar o processo inflama tório que pode estar acontecendo em seu corpo agora.


Independentemente de onde ocorre o processo inflamatório, externamente ou internamente, é a mesma. Eu olhei dentro de milhares e milhares de artérias. Na artéria doente parece que alguém pegou uma escova e esfregou repetidamente contra a parede da veia. Várias vezes por dia, todos os dias, os alimentos que comemos criam pequenas lesões compondo em mais lesões, fazendo com que o corpo responda de forma contínua e adequada com a inflamação.

Enquanto saboreamos um tentador pão doce, o nosso corpo responde de forma alarmante como se um invasor estrangeiro chegasse declarando guerra. Alimentos carregados de açúcares e carboidratos simples, ou processados ​​com óleos omega-6 para durar mais nas prateleiras foram a base da dieta americana durante seis décadas. Estes alimentos foram lentamente envenenando a todos.

Como é que um simples bolinho doce cria uma cascata de inflamação fazendo-o adoecer?

Imagine derramar melado no seu teclado, ai você tem uma visão do que ocorre dentro da célula. Quando consumimos carboidratos simples como o açúcar, o açúcar no sangue sobe rapidamente. Em resposta, o pâncreas segrega insulina, cuja principal finalidade é fazer com que o açúcar chegue em cada célula, onde é armazenado para energia. Se a célula estiver cheia e não precisar de glicose, o excesso é rejeitado para evitar que prejudique o trabalho.

Quando suas células cheias rejeitarem a glicose extra, o açúcar no sangue sobe produzindo mais insulina e a glicose se converte em gordura armazenada.

O que tudo isso tem a ver com a inflamação? O açúcar no sangue é controlado em uma faixa muito estreita. Moléculas de açúcar extra grudam-se a uma variedade de proteínas, que por sua vez lesam as paredes dos vasos sanguíneos. Estas repetidas lesões às paredes dos vasos sanguíneos desencadeiam a inflamação. Ao cravar seu nível de açúcar no sangue várias vezes por dia, todo dia, é exatamente como se esfregasse uma lixa no interior dos delicados vasos sanguíneos.

Mesmo que você não seja capaz de ver, tenha certeza que está acontecendo. Eu vi em mais de 5.000 pacientes que operei nos meus 25 anos que compartilhavam um denominador comum - inflamação em suas artérias.

Voltemos ao pão doce. Esse gostoso com aparência inocente não só contém açúcares como também é cozido em um dos muitos óleos omega-6 como o de soja. Batatas fritas e peixe frito são embebidos em óleo de soja, alimentos processados ​​são fabricados com óleos omega-6 para alongar a vida útil. Enquanto ômega-6 é essencial - e faz parte da membrana de cada célula controlando o que entra e sai da célula - deve estar em equilíbrio correto com o ômega-3.

Com o desequilíbrio provocado pelo consumo excessivo de ômega-6, a membrana celular passa a produzir substâncias químicas chamadas citocinas, que causam inflamação.Atualmente a dieta costumeira do americano tem produzido um extremo desequilíbrio dessas duas gorduras (ômega-3 e ômega-6). A relação de faixas de desequilíbrio varia de 15:1 para tão alto quanto 30:1 em favor do ômega-6. Isso é uma tremenda quantidade de citocinas que causam inflamação. Nos alimentos atuais uma proporção de 3:1 seria ideal e saudável.

Para piorar a situação, o excesso de peso que você carrega por comer esses alimentos, cria sobrecarga de gordura nas células que derramam grandes quantidades de substâncias químicas pró-inflamatórias que se somam aos ferimentos causados por ter açúcar elevado no sangue. O processo que começou com um bolo doce se transforma em um ciclo vicioso que ao longo do tempo cria a doença cardíaca, pressão arterial alta, diabetes e, finalmente, a doença de Alzheimer, visto que o processo inflamatório continua inabalável.

Não há como escapar do fato de que quanto mais alimentos processados e preparados consumirmos, quanto mais caminharemos para a inflamação pouco a pouco a cada dia. O corpo humano não consegue processar, nem foi concebido para consumir os alimentos embalados com açúcares e embebido em óleos omega-6.

Há apenas uma resposta para acalmar a inflamação, é voltar aos alimentos mais perto de seu estado natural. Para construir músculos, comer mais proteínas. Escolha carboidratos muito complexos, como frutas e vegetais coloridos. Reduzir ou eliminar gorduras omega-6 causadoras de inflamações como óleo de milho e de soja e os alimentos processados ​​que são feitas a partir deles. Uma colher de sopa de óleo de milho contém 7.280 mg de ômega-6, de soja contém 6.940 mg. Em vez disso, use azeite ou manteiga de animal alimentado com capim.As gorduras animais contêm menos de 20% de ômega-6 e são muito menos propensas a causar inflamação do que os óleos poli-insaturados rotulados como supostamente saudáveis. 

Esqueça a "ciência" que tem sido martelada em sua cabeça durante décadas. A ciência que a gordura saturada por si só causa doença cardíaca é inexistente. A ciência que a gordura saturada aumenta o colesterol no sangue também é muito fraca. Como sabemos agora que o colesterol não é a causa de doença cardíaca, a preocupação com a gordura saturada é ainda mais absurda hoje.

A teoria do colesterol levou à nenhuma gordura, recomendações de baixo teor de gordura que criaram os alimentos que agora estão causando uma epidemia de inflamação.

A medicina tradicional cometeu um erro terrível quando aconselhou as pessoas a evitar a gordura saturada em favor de alimentos ricos em gorduras omega-6. Temos agora uma epidemia de inflamação arterial levando a doenças cardíacas e a outros assassinos silenciosos.

O que você pode fazer é escolher alimentos integrais que sua avó servia (frutas, verduras, cereais, manteiga, banha de porco) e não aqueles que sua mãe encontrou nos corredores de supermercado cheios de alimentos industrializados. Eliminando alimentos inflamatórios e aderindo a nutrientes essenciais de produtos alimentares frescos não-processados, você irá reverter anos de danos nas artérias e em todo o seu corpo causados pelo consumo da dieta típica americana.

O ideal é voltarmos aos alimentos naturais e muito trabalho físico (exercícios).




(Dr. Dwight Lundell é ex-Chefe de Gabinete e Chefe de Cirurgia no Hospital do Coração Banner, Mesa, Arizona. Sua prática privada, Cardíaca Care Center foi em Mesa, Arizona. Recentemente, Dr. Lundell deixou a cirurgia para se concentrar no tratamento nutricional de doenças cardíacas. Ele é o fundador da Fundação Saúde dos Humanos, que promove a saúde humana com foco na ajuda às grandes corporações promover o bem estar. Ele é o autor de "A Cura para a Doença Cardíaca e A Grande Mentira do Colesterol")
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sexta-feira, 15 de junho de 2012

INSS sobre horas extras - TRF1

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A 8.ª Turma do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1.ª Região reconheceu o direito pleiteado pelas autoras de não terem desconto relativo à contribuição previdenciária sobre verbas de horas extras, consideradas de caráter indenizatório.

Conforme a relatora, desembargadora federal Maria do Carmo Cardoso, não há dúvidas de que só podem sofrer incidência da contribuição previdenciária as parcelas incorporadas ao salário do empregado para fins de aposentadoria pelo RGPS. E, para rechaçar qualquer posição contrária, a magistrada fundamentou o voto no § 9.º do art. 28 da Lei 8.212/1991, que dispõe que não integram o salário de contribuição as importâncias recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário.

Na doutrina de Maurício Godinho Delgado, enfocada pela relatora, a jornada extraordinária é o lapso de trabalho ou disponibilidade do empregado perante o empregador que ultra passe a jornada padrão, fixada em regra jurídica ou cláusula contratual. O trabalhador, portanto, ao sacrificar o tempo de que dispunha para o seu descanso, lazer e convívio familiar, recebe a verba adicional à hora trabalhada como indenização.

Reforçando o entendimento sobre a questão, a desembargadora destacou a posição doutrinária do professor Ives Gandra Martins, inserida no artigo intitulado “A Natureza Não Salarial do Adicional de Horas Extras: Caráter Indenizatório e Não Sujeição à Incidência do Imposto Sobre a Renda e das Contribuições Sociais”, de que o STJ já decidiu, sumulando, inclusive, a matéria, que “os Juízes que trabalham em Câmaras de Férias não recebem, por seu trabalho, vencimentos, mas indenização, visto que sacrificam, a bem do serviço público, seu lazer, para julgar questões, hoje em número maior do que a capacidade do Poder Judiciário de atender aos jurisdicionados”.

Assessoria de Comunicação Social do Tribunal Regional Federal da 1.ª Região (Processo 0029433-20.2010.4.01.3400/DF)



(Fonte: www.cavini.adv.br)

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Como mudam os valores ao longo do tempo...

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Na fila do supermercado, o caixa diz a uma senhora idosa:

- A senhora deveria trazer suas próprias sacolas para as compras, uma vez que sacos de plástico não são amigáveis com o ambiente.

A senhora pediu desculpas e disse:

- Não havia essa onda verde no meu tempo.

O empregado respondeu:

- Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora.

Sua geração não se preocupou o suficiente com o nosso ambiente.

- Você está certo - responde a velha senhora - nossa geração não se preocupou adequadamente com o ambiente.

Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidos à loja.

A loja mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso, e eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, umas tantas outras vezes.

Realmente não nos preocupamos com o ambiente no nosso tempo. Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios.

Caminhávamos até o comércio, ao invés de usar o nosso carro de 300 cavalos de potência a cada vez que precisamos ir a dois quarteirões.

Mas você está certo. Nós não nos preocupávamos com o ambiente. Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. Roupas secas: a secagem era feita por nós mesmos, não nestas máquinas bamboleantes de 220 volts. A energia solar e eólica é que realmente secavam nossas roupas. Os meninos pequenos usavam as roupas que tinham sido de seus irmãos mais velhos, e não roupas sempre novas.

Mas é verdade: não havia preocupação com o ambiente, naqueles dias. Naquela época só tínhamos somente uma TV ou rádio em casa, e não uma TV em cada quarto. E a TV tinha uma tela do tamanho de um lenço, não um telão do tamanho de um estádio; que depois será descartado como?

Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina apenas para cortar a grama, era utilizado um cortador de grama que exigia músculos. O exercício era extraordinário, e não precisava ir a uma academia e usar esteiras que também funcionam a eletricidade.

Mas você tem razão: não havia naquela época preocupação com o ambiente. Bebíamos diretamente da fonte, quando estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora lotam os oceanos.

Canetas: recarregávamos com tinta tantas vezes ao invés de comprar outra. Abandonamos as navalhas, ao invés de jogar fora todos os aparelhos 'descartáveis' e poluentes só porque a lâmina ficou sem corte.

Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as pessoas tomavam o bonde ou ônibus e os meninos iam em suas bicicletas ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como um serviço de táxi 24 horas. Tínhamos só uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E nós não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.
Não é risível que a atual geração fale tanto em "meio ambiente" mas não queira abrir mão de nada, nem pense em viver um pouco como na minha época?



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Agora que voce já leu o desabafo, envie para os seus amigos que têm mais de 50 anos de idade , e para os merdinhas que tem tudo nas mãos e só sabem criticar os mais velhos...
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Único bem, penhorabilidade - STJ

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Caso ocorra esvaziamento do patrimônio do devedor em ofensa ao princípio da boa-fé, a impenhorabilidade do imóvel ocupado pela família pode ser afastada. A Terceira Turma do STJ adotou essa posição em recurso movido por sócio de uma construtora contra julgado do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). A Turma, de forma unânime, negou o recurso do sócio.

O recurso refere-se à ação de execução ajuizada em 1995 por consumidor que entrou num plano de aquisição de imóvel ainda na planta, a ser construído pela empresa. Porém, mesmo após o pagamento de parte substancial do valor do apartamento, as obras não foram iniciadas. Verificou-se que a construtora havia alienado seu patrimônio e não teria como cumprir o contrato. Em 2011, foi pedida a desconsideração da personalidade jurídica da empresa, de modo que a obrigação pudesse ser cumprida com o patrimônio pessoal dos sócios.

Após a desconsideração, o imóvel residencial de um dos sócios foi penhorado. Essa penhora foi impugnada pelo empresário sob o argumento que se trata de bem de família, único que teria para residir. Entretanto, o TJRJ considerou que houve esvaziamento patrimonial, com a intenção de evitar a quitação do débito. Também considerou que a parte não conseguiu afastar a presunção de fraude à execução.

Princípio da boa-fé

Houve então o recurso ao STJ, com a alegação de ofensa ao artigo 3º da Lei 8.009/90, que estabelece ser impenhorável o bem de família. Segundo a defesa, o artigo estende a impenhorabilidade contra débitos trabalhistas, fiscais e de execução civil. Também invocou o artigo 593 do Código de Processo Civil (CPC), que define a alienação ou oneração de bens como fraude de execução se há ação pendente sobre eles.

Todavia, a relatora do processo, ministra Nancy Andrighi, afirmou que nenhuma norma do sistema jurídico pode ser entendida apartada do princípio da boa-fé. “Permitir que uma c lara fraude seja perpetrada sob a sombra de uma disposição legal protetiva implica, ao mesmo tempo, promover injustiça na situação concreta e enfraquecer, de maneira global, o sistema de especial proteção objetivado pelo legislador”, afirmou. Ela destacou que o consumidor tentou adquirir sua moradia de boa-fé e, mais de 15 anos depois, ainda não havia recuperado o valor investido.

Nancy Andrighi também observou que, segundo os autos, o consumidor estaria inadimplente e correndo risco de perder o imóvel em que reside com sua família. “Há, portanto o interesse de duas famílias em conflito, não sendo razoável que se proteja a do devedor que vem obrando contra o direito, de má-fé”, asseverou. Para a ministra, quando o sócio da construtora alienou seus bens, exceto o imóvel em que residia, durante o curso do processo, houve não só fraude à execução mas também à Lei 8.009/90. Na visão da magistrada, houve abuso do direito, que deve ser reprimido.

Por fim, ela refutou o arg umento de que as alienações ocorreram antes do decreto de desconsideração da personalidade jurídica e, portanto, seriam legais. A ministra apontou que, desde o processo de conhecimento, a desconsideração já fora deferida e o patrimônio pessoal do sócio já estava vinculado à satisfação do crédito do consumidor.


(STJ (Resp 1299580) - Fonte: www.cavini.adv.br)

terça-feira, 12 de junho de 2012

Crônica para a namorada madura

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Pois assim como a noite vinda depois do dia, que não mais pode ser da natureza do dia, mas no seu escuro, nas suas estrelas, tem um encanto, que por ser diverso daquele do dia não deixa de ser um encanto. Assim como nas sucessões físicas, temporais, de toda a natureza, da flor que fenece e cai e se ergue em outra a partir dos grãos derramados, até a onda do mar que se espraia e se desfaz e se refaz dos seus restos em nova onda, assim também o amor dos primeiros anos, que resistiu à inconstância da paixão, se faz sentimento curtido, de marcas e rugas que entranham o sol, organizando-se em nova pele. Ainda que sem a elasticidade e frescor dos primeiros anos, vem o sabor íntimo do vinho de que se aprendeu a gostar, uma cumplicidade de lições apreendidas no toque sem palavras, que o rebento dos primeiros fogos não alcançava.

Pois não é próprio do fogo o consumo e o autoconsumo, voraz no incêndio e lento depois até as brasas que por fim esfriam? Pois sendo natural do fogo a destruição inexorável, linear e de sentido único, do começo para o fim, do começo para o fim, e sempre, é no entanto mais próprio da coisa humana o guardar semelhança com os fenômenos naturais, mas sem se deixar reduzir ao que não tem o salto e a qualidade da natureza da gente. Se os primeiros anos de amor são um fogo sem medida, e ao dizer isso guardamos apenas uma cômoda aproximação, pois não são exatamente um fogo a loucura e a impulsividade e o não ter limites os atos e ações daqueles anos, menos própria será a comparação do amor que amadurece ao fogo que lentamente se apaga. Pois se esse amor guarda correspondência com o próprio amadurecimento da gente, e portanto faz sua casa nas rugas do nosso rosto, e por rugas lembramos sempre os efeitos do sol ao longo do tempo na matéria couro de nosso semblante, isto não quer dizer, a continuar nesse processo, que o amor que amadurece, por lembrar sol e destruição do frescor, venha a ser um inventário de perdas.

Pois ainda que assim fosse, a esta altura já aprendemos que as perdas na vida não são um número frio, acabado e fechado, afetado de um sinal negativo. Diríamos, num primeiro impulso, que elas se reservam em experiência. Dizendo menos mal, diríamos que as perdas na vida organizam um novo ser, aquele ser que sabe porque aprendeu que a vitória não é bem um metódico e unidirecional fazer a coisa certa. Que a vitória é um fazer inúmeras coisas erradas, que ao receberem uma reflexão e um julgamento iluminam o fazer a coisa menos errada. Que a vitória sobre as trevas é como um labirinto que oculta um caminho secreto e inteligível até a maravilhosa saída. Mas ainda aí, nessa tradução de perdas, o amor amadurecido ainda não é alcançado. Pois para ele, para esse amor que sofreu mudanças ao longo dos anos, o que há e o que houve não são nem foram exatamente perdas. Por exemplo, é exatamente uma perda o não levar a amada para a cama com a mesma frequência dos primeiros tempos? Um cínico, míope, como todos os cínicos, diria que sim. Que uma coisa é fazer sexo, e aqui mais se mostra a miopia ao fazer equivalentes o amor e o sexo, pois uma coisa seria fazer sexo três vezes por dia nos 30 dias de um mês, todos os meses, e outra bem diferente é fazer sexo quando Deus, a conveniência, a oportunidade e as forças forem servidas. Já nessa resposta o cínico não vê a etapa superior que é o prazer que conhece sobre a fome onívora. Enquanto o primeiro evita caminhos precários, já trilhados, a segunda vai às cegas até atingir uma provisória satisfação sempre insatisfeita.

É claro que o amor que amadurece não nos deixa menos carnais, mais virtuosos ou santos. Ele, de um ponto de vista mais pragmático, nos deixa mais perceptivos da bagagem que ao longo da jornada acumulamos. De um ponto de vista menos prático, menos visivelmente prático, queremos dizer, esse amor é a transformação daquele sentimento juvenil que só desejava a própria satisfação. Que em vez de abrigar buscava urgente abrigo. Em lugar da busca de formas perfeitas, e sabe-se lá o que a carência idealizava como perfeitas, coxas, busto, ventre, rosto, perfume e fetiches ativos e exuberantes, esse amor maduro põe a compreensão de que a estação das formas fôrmas não se guarda nua em mármore. Que aquela pedra é forma oca de experiência. Mas que nem por isso esse amor transformado é um sentimento outonal, do ocaso. Ele não é como o sentimento de alguém que vê a chuva batendo na janela, e aconchegado no calor da sala se diz, “para a rua não poderei mais sair”. Ele é apenas, talvez, uma doce intimidade conquistada. Sujeito a trovoadas, tempestades, pois a vida não é de paz, dentro e fora do sentimento. Mas sem aquelas soluções terminativas, definitivas, dos arroubos sectários dos primeiros anos, “ou isto ou aquilo”.

Esse amor maduro diz melhor, fala melhor às sístoles e diástoles do coração amadurecido. Dele fala melhor o que não é conceito, ao que é essencial encarnado no destino mesmo da gente. E o essencial é que as rugas, as gorduras, os ossos frágeis do objeto que se ama se revelam uma fortaleza. O amor que amadurece ama a pessoa exatamente nesse tempo de decadência física, e por essas, e por causa mesmo dessas formas. As fragilidades físicas se tornam uma qualidade, pois remetem a uma história comum. Esse amor apenas deseja dizer, “saiba que aprendi muito a amar as suas rugas”. O que quer dizer, ele, esse novo amor, não quer vê-la sozinha, ele a quer a seu lado nos próximos, nos poucos e infelizmente poucos anos que lhes restam. Como flores na praia açoitadas pelo vento, até que venham as ondas e tudo cubram.





(Do livro de Urariano Mota, Soledad no Recife - Fonte: http://boitempoeditorial.wordpress.com/2012/06/12/cronica-para-a-namorada-madura)
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Triste retrato de um país alheado

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Anomia Avassaladora


Anomia significa ausência de leis, de normas, regras de organização, falta de consenso moral e de controles normativos na Sociedade, resultante do colapso da autoridade tradicional. Émile Durkhein analisou o fato nas Ciências Sociais, observando a desintegração dos controles sociais da Sociedade que passava por grandes transições. Em seu estudo clássico Suicídio (1857) afirma que esta desintegração do Contrato Social leva à insegurança, à alienação, e, em condições extremas, ao suicídio.

Poucas vezes na história de um país tivemos, como agora no Brasil, um predomínio tão avassalador da mediocridade e da corrupção generalizada, ocasionando um processo flagrante de anomia. E o fenômeno espalha-se por todos os setores da sociedade brasileira. E não existe uma reação à altura das forças vivas da Nação.

Não há setor invulnerável. Todos são atingidos, em menor ou maior proporção, pela epidemia avassaladora. A premissa básica de um regime democrático consiste justamente no respeito à harmonia, autonomia e independência dos três poderes da República, o Executivo, o Judiciário e o Legislativo. E é exatamente o que inexiste no Brasil hodierno.

Como admitir um Executivo que interfere ostensivamente nos demais poderes? E, pior. Quando um ex-presidente interfere absurdamente não apenas nas escolhas de candidatos de seu partido, cassando quem não aprecia e impondo seus protegidos, como, por exemplo, em SP e no Recife, de uma forma ditatorial, como também procura intimidar integrantes dos Poderes Legislativo e Judiciário, pressionando-os abusivamente, objetivando impor sua vontade, ao arrepio da lei.

O recente episódio da precoce propaganda eleitoral feita no programa de um popular apresentador de programas de TV, no SBT, pertencente, "por coincidência", é claro, a um ex-proprietário de um banco, salvo graças ao apoio decisivo da autoridade monetária, é revelador. O grupo Panamericano foi socorrido. O Banco Cruzeiro do Sul sofreu intervenção do Banco Central.

No Judiciário a intervenção é feita através da indicação dos membros das mais altas cortes do país. Na administração petista, foram nomeados, pelo antigo presidente, mais da metade dos ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e mais de 2/3 dos integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF). Recentemente, a atual presidente nomeou mais dois. O Legislativo apenas aprova, sem tergiversar, as ordens recebidas.

Outro absurdo é flagrar a indecente disputa pela nomeação de cargos de todos os escalões do Executivo por parte de membros do Legislativo. É patética a briga entre os partidos da base aliada pelo botim. Não possuem sequer vergonha na cara.

Como pressupor a isenção dos comandos dos partidos políticos no cumprimento de suas respectivas funções constitucionais, se vivem a mendigar a nomeação de seus apadrinhados para cargos importantes, dotados do poder de nomear centenas de acólitos para cargos comissionados e com capacidade para decidir sobre dezenas de licitações de valores astronômicos. Caso não votem de acordo com as ordens emanadas do Planalto, seus indicados serão decapitados, com as consequências lógicas de ameaça à reeleição de nossos congressistas. Em países mais democráticos, como os EUA, países europeus etc., é comum haver um presidente de um partido convivendo com uma maioria oposicionista em uma das casas do Congresso, ou até mesmo nas duas. Esta é a essência da Democracia. Cada decisão importante deverá ser negociada passo a passo, em função dos superiores interesses nacionais, e não por causa da nomeação do presidente de uma estatal.

O povo, inebriado pelo pão e circo, suporta tudo, sem protesto. Não há lideranças mais. As Instituições Nacionais vão sendo cooptadas uma a uma. Quase todos têm um preço. Passa a ser uma questão de atender ao que é imposto, seja na área financeira, ou em outra qualquer.

A omissão, a covardia, a cumplicidade, a leniência imperam. Inexiste oposição. Caso houvesse, com um mínimo de competência, o Brasil teria pelo menos o contraditório e a possibilidade de uma alternativa com propostas diferentes. O PT, caso fosse oposição neste momento, já teria levado não só esta administração como a anterior a nocaute. Por que ela não age? Afinal, a presidente atual foi eleita sem aprovação da maioria dos eleitores existentes, considerando-se as abstenções, votos brancos, nulos e no candidato derrotado no segundo turno.

A infra-estrutura econômico-social padece de graves carências, em especial nos importantes segmentos da saúde, da educação, da segurança e dos transportes. Como sonhar em ser a quinta economia do mundo (agora, com a alta do dólar, voltou a ser a sétima, teoricamente), com o baixo nível de qualidade da nossa força de trabalho, em todos os níveis? Com a falta de seriedade com a coisa pública? Com a inexistência de um Projeto Nacional de Desenvolvimento?

E ainda com o grau de corrupção predominante em praticamente todos os setores da sociedade? Com o nó logístico? Com o péssimo exemplo transmitido pelas nossas "autoridades" e pelos meios de comunicação, interessados apenas em audiência e lucro, inteiramente descompromissados com os princípios morais e éticos de nossa civilização judaico-cristã? Com o revolver do passado, ignorando os "mal feitos" atuais?

Infelizmente, não temos a solução para esta problemática apresentada, mas julgamos ser nosso dever expor nossa opinião sobre esta anomia reinante, objetivando buscar a correção dos graves erros existentes, com o auxílio de todos aqueles insatisfeitos, como nós, com este estado de coisas e que ainda são possuidores de amor à Pátria, realmente comprometidos com os valores de nossos antepassados e com o bem estar de nossos descendentes.

Nosso Brasil não merece este triste e melancólico destino. Vamos combater o bom combate, enquanto ainda é tempo. Os tristes e graves exemplos provenientes do Oriente Médio são contundentes. A intervenção externa de potências estrangeiras em países soberanos, provocando a fragmentação deles, a desagregação social e o caos, com a irrupção de guerras civis, levando a "balcanização" de Estados antes autônomos, é preocupante para países como m Brasil, ricos em recursos naturais escassos no mundo e desprovidos de meios adequados de defesa.



( Marcos Coimbra - Fonte: http://www.emdireitabrasil.com.br/index.php/esclarecimento/325-triste-retrato-de-um-pais-alheado.html)

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Importação Encomendada, PIS/COFINS - RFB


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PIS/Cofins, importação encomendada - RFB



A importação de máquinas, equipamentos e películas por encomenda de indústrias cinematográficas, audiovisual e de radiodifusão é tributada pelo PIS e Cofins. A interpretação é da Superintendência da Receita Federal da 2ª Região Fiscal, que abrange seis Estados do Norte.

Apesar de a legislação das contribuições sociais prever o direito à alíquota zero nas entradas de diversas mercadorias destinadas aos setores, o Fisco entende que a operação será tributada com alíquota de 9,25% pelo regime de recolhimento não-cumulativo se as mercadorias tiverem sido encomendadas. Por esta modalidade de importação, os produtos são comprados no exterior por uma trading e revendidos às empresas no Brasil.

O entendimento foi fixado pela Solução de Consulta nº 13, publicada nesta sexta-feira no Diário Oficial da União. A solução de consulta tem efeito apenas para a empresa que formulou a dúvida ao Fisco, mas pode ter imp acto sobre contribuintes de segmentos beneficiados com a alíquota zero, como hospitais, clínicas e consultórios médicos e odontológicos.

Todavia, a opinião da Receita pode ser questionada, pois o que importa é a destinação dos produtos.

Em dezembro de 2011, a Superintendência da Receita Federal da 7ª Região Fiscal (Rio de Janeiro) publicou solução de consulta em que dizia que as tradings que importassem mercadorias diretamente para estoque não teriam direito ao benefício, exceto se a operação fosse realizada por encomenda ou por conta e ordem.

Valor Econômico





(Fonte: www.cavini.adv.br)

Me engana que eu gosto

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Qual é a embalagem do açúcar que você compra? Saco plástico. Onde vem o sal que você compra? Em saco plástico. E a farinha de trigo, de mandioca, o fubá, o feijão, o arroz nosso de cada dia? Todos embalados em sacos plásticos. Onde é que você coloca as frutas e os legumes que você compra no supermercado? Em sacos plásticos.. Onde vem os remédios que você compra nas farmácias? Em sacolas plásticas. E, por acaso, esta profusão de sacos plásticos que fazem parte do seu dia a dia não poluem o ambiente? Não destroem o planeta? O único saco plástico que polui é a sacola plástica que você recebe dos supermercados?

Aquelas mesmo que você recicla colocando seu lixo de casa. Aquelas que, se for civilizado, você usa para apanhar e descartar as cacas do seu cachorro. Aquelas mesmo que as grandes redes de supermercado querem parar de fornecer a você na hora das compras. E o que eles dizem? Que elas são as responsáveis pela poluição do nosso planeta. Por que só elas? Só o plástico com que elas são feitas poluem rios, destroem as matas, tornam nosso mundo menos habitável? Mas porque só elas? Quem disse? As grandes redes de supermercado. E quem ganha com isto? O planeta? Me engana que eu gosto. Além dos fabricantes de rolos de sacos de lixo, que também são feitos de plástico, quem mais ganha com a proibição das sacolas de plástico são as grandes redes de supermercado que, a partir de agora, em cidades como São Paulo e Belo Horizonte, por exemplo, não terão mais despesa alguma com o consumidor. 
Depois que ele pagar — e muito bem — os produtos que comprar o problema de levar os produtos para casa passa a ser só do consumidor.

Como você vai levar seus produtos para sua casa? Problema seu. Até porque não são eles que vão entrar nos ônibus cheios, nos trens lotados, no metrô entupido, nas barcas sobrecarregadas, levando uma caixa de papelão. Uma mala sem alça. E ainda querem convencer você, pessoa de boa fé, que está ajudando na reconstrução do planeta. Não é meigo? Não. Acho cínico. E a parte deles? Bom, eles vendem a você sacolas retornáveis. E sabe o que acontece dentro delas? Se você não limpá-las, adequadamente, lavando com água e sabão, bactérias e fungos crescem dentro delas. Sabia também que o correto seria usar uma sacola para carnes, outra para vegetais e outra para produtos de limpeza? Sabia que elas não podem ser feitas de produto muito resistente, com muitas tramas? Porque as bactérias se entranham nos tecidos mais fortes com mais facilidade. E então? Mais tranquilos? Vai dar trabalho, ficará mais caro e você ainda acha mesmo que vai ajudar a salvar o planeta?

(Leda Nagle - Fonte: http://odia.ig.com.br/portal/opiniao/leda-nagle-me-engana-que-eu-gosto-1.430225)
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segunda-feira, 11 de junho de 2012

Notas e aforismos de um anticamarada

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Você só vai a um culto ou missa vivenciar uma crença quando quer; mas tem que ser politicamente certinho no bar da esquina, no restaurante, no salão de cabeleireiro, no aniversário da sobrinha de quatro anos, na escola, no cursinho, na faculdade, no trabalho. Pode passar a vida inteira ignorando os seus pecados; mas ai de você ignorar as cotas raciais, os direitos dos homossexuais, as exigências feministas, a deusa Gaia existente em cada matagal ou a santidade do Chico Buarque. Só se confessa quando quer; mas não pode esconder do Estado onde mora, que tem uma arma, que tem uma empresa e que não tava a fim de votar no pleito passado. Só paga dízimo quando quer; mas ai daquele que não fazer Declaração de Renda. Religião ou Estado: quem é o opressor mesmo?

93% dos muçulmanos votam no candidato socialista francês e NINGUÉM na grande mídia vê indício de aliança com o fundamentalismo religioso. Nenhum escândalo diante do pragmatismo espantoso da comunidade islâmica com um governo que apoia duas coisas inexistentes no Islã: feminismo e movimento gay. No entanto, 10% de voto cristão certamente já seria visto como uma ameaça ao Estado laico, à liberdade de expressão sexual, um 'retorno à Idade Média', entre outras baboseiras. Mas não é para isso que servem as crises: a síntese de uma Nova Ordem?

James Lovelock desmentiu o Aquecimento Global. E daí? É mais ou menos como o Papa declarar que Jesus Cristo nunca existiu. Fiquei com pena agora foi de Marina Silva - sem o apocalipse do meio ambiente ela não passa de uma chicória falante.

O Brasil é um milagre de convivência entre povos, religiões e preferências sexuais. Ideologias importadas querem estragar tudo e consertar as coisas da forma errada acirrando 'orgulhos' e 'identidades'. Querem achar 'diferenças' e não 'o que temos em comum'. Há desigualdades? Há. Que elas sejam consertadas concedendo-se oportunidades para que as pessoas trabalhem o seu potencial e vivam com segurança - e certamente um Estado que quer regular as relações e nos explorar até às últimas forças não ajuda nada nisso.

Já repararam que para a imprensa não existe uma 'extrema-esquerda'? E onde a imprensa está para que aponte com tanta certeza e distância onde está a 'extrema-direita'?

"Não vou permitir que um tucano volte a ser presidente do Brasil", diz Lula. Como esperado, de acordo com o que se espera de uma oposição FAKE, os tucanos se calam.

Perco um 'amigo' comuna e ganho dez outros com quem converso de apologética cristã a Tarantino. Estou bem. Acreditem.

O critério da verdade no Brasil é a repetição: o que é falso ou verdadeiro só se torna conhecido de fato se repetido à exaustão, enfiado goela abaixo como um bordão de personagem de novela.

“Você sabe quanto o Estado gasta tratando câncer dos fumantes?” Gasta porque quer, ora! Devolvam meus impostos que eu mesmo pago meu plano de saúde.

O ateu diz para mim: "mas eu amo a minha mulher!". E eu retruco: "prove”.

Quando você aceita esse raciocínio (da Marcha das Vadias) como 'normal' é porque a sua inteligência já era, está em #fail, foi-se pro beleléu. É como o orangotango que se vê no espelho mas não SE imagina nele, incapaz de perceber o óbvio com o auxílio dos genes que partilham em 99% com o resto da macacada, inclusive a humana. 



A Marcha das Vadias é claramente um teste para saber se você já foi estupidificado o bastante pela ideologia. Os senhores do mundo devem estar se divertindo à beça.

(Luiz Fernando Vaz é ator e edita o blog O Anticamarada - Fonte:http://www.midiasemmascara.org/artigos/cultura/13135-notas-e-aforismos-de-um-anticamarada.html#.T9YpbevO108.facebook)
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O medo de se expor

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Amado Osho,
Porque eu ainda fico tão assustada ao me expor?

Nartan, Guatemala 1996

"Deva Gita.

Quem não fica? Expor-se cria um grande medo. É natural, porque expor-se significa expor todo o lixo que você carrega em sua mente, o lixo que tem sido amontoado por séculos, por muitas vidas. Expor a si mesma significa expor todas as suas fraquezas, limitações, falhas. Expor-se significa, por fim, expor sua vulnerabilidade. Morte... Expor a si mesma significa expor o seu vazio.

Por trás de todo esse lixo e barulho da mente existe uma dimensão de completo vazio. Sem Deus a pessoa é oca, é um simples vazio e nada, sem Deus. Ela quer esconder essa nudez, esse vazio, essa fealdade. Então ela cobre isso com belas flores e decora essa cobertura. Ela pelo menos finge que é alguma coisa, que é alguém. E isso não é algo pessoal para você. Isso é universal. Esse é o caso de todo mundo.

Ninguém consegue ser como um livro aberto. O medo toma conta: "O que as pessoas pensarão de mim?" Desde a sua infância foi-lhe ensinado a usar máscaras, belas máscaras. Não há necessidade de se ter uma bela face, só uma bela máscara é o bastante, e a máscara é barata. É árduo transformar a sua face, mas pintá-la é muito simples.

Agora, de repente, expor a sua face verdadeira lhe dá um arrepio no mais profundo centro do seu ser. Uma tremedeira surge: as pessoas gostarão disso? as pessoas irão aceitá-la, as pessoas continuarão a amá-la e respeitá-la? quem sabe?Porque eles amavam a sua máscara, eles respeitavam o seu caráter, eles glorificavam o seu vestuário. Agora o medo aparece. "Se eu, de repente, ficar nu, eles irão continuar a me amar, a me respeitar, a me valorizar, ou todos eles irão fugir para longe de mim? Eles podem retornar para seus caminhos e eu posso ficar só."

As pessoas, então, seguem representando. Devido ao medo há o fingimento, devido ao medo todas as falsidades. Para ser autêntica, a pessoa precisa não ter medo.

E essa é uma das leis fundamentais da vida: tudo aquilo que você esconde, se for errado, continuará crescendo. Aquilo que você expõe, se for errado, desaparece, evapora ao sol, e se for correto será nutrido. Exatamente o oposto ocorre quando você esconde alguma coisa correta, ela começa a morrer porque não está sendo nutrida. Ela precisa do vento, da chuva e do sol. Ela precisa de toda a natureza disponível para ela. Ela consegue crescer somente com a verdade, ela se alimenta com a verdade. Pare de lhe dar seu alimento e ela começa a diminuir.

E as pessoas estão acabando com aquilo que é real nelas e reforçando aquilo que não é real. A sua face não verdadeira se alimenta com mentiras, por isso você tem que continuar inventando mais e mais mentiras. Para dar sustentação a uma mentira você terá que mentir cem vezes mais, porque uma mentira só pode ser sustentada por mentiras ainda maiores. Assim, quando você se esconde atrás de fachadas, o real começa a morrer e o não real prospera, torna-se mais robusto. Se você expuser-se, o não verdadeiro irá morrer, ele estará pronto para morrer, porque o não verdadeiro não consegue permanecer no aberto. Ele consegue permanecer apenas em sigilo, na escuridão, nos túneis da sua inconsciência. Se você o trouxer à consciência, ele começará a evaporar. (......)

Se você conseguir expor-se religiosamente, não na privacidade, não com seu psicanalista, mas simplesmente em todos os seus relacionamentos, isso é o que significa o sannyas. Isso é auto-psicanálise. Isso é vinte quatro horas de psicanálise, todos os dias. Isso é psicanálise em todo tipo de situação: com a esposa, com o amigo, com os parentes, com o inimigo, com o estranho, com o chefe, com o seu funcionário. Por vinte e quatro horas você está se relacionando.

Se você continuar se expondo.... No começo vai ser ser realmente muito assustador, mas logo você começará a ganhar força porque uma vez que a verdade é exposta, ela se torna mais forte e a não verdade morre. E com a verdade tornando-se mais forte, você se tornará mais enraizado e centrado. Você começa a se tornar um indivíduo. A personalidade desaparece e o indivíduo aparece.

A personalidade é falsa e a individualidade é substancial. A personalidade é simplesmente uma fachada e a individualidade é a sua verdade. A personalidade lhe é imposta de fora, é uma persona, uma máscara. A individualidade é a sua realidade, ela é como Deus a fez. A personalidade é uma sofisticação social, um polimento social. A individualidade é crua, selvagem, forte e com tremendo poder.

Somente no começo, Gita, haverá medo. Por isso a necessidade de um Mestre, para que no começo ele possa segurar suas mãos, para que no começo ele possa lhe dar suporte, para que ele possa levar-lhe a dar alguns passos com ele. O Mestre não é um psicanalista. Ele é muito mais. O psicanalista é um profissional e o Mestre não é um profissional. Não é sua profissão ajudar as pessoas, é a sua vocação, é o seu amor, é a sua compaixão. E por causa dessa compaixão ele a conduz apenas o tanto que você precisa dele. No momento em que ele sente que você pode ir por si mesma, ele começa a soltar as suas mãos. Embora você quisesse continuar agarrada, ele não pode permitir isso.

Uma vez que você esteja pronta, corajosa e desafiadora; uma vez que você tenha experimentado a liberdade da verdade, a liberdade de expor a sua realidade, você poderá seguir por si mesma. Você conseguirá ser uma luz para si mesma.

Mas o medo é natural porque desde o início da infância, lhe foram ensinadas falsidades, e você se tornou tão identificada com o falso que abandoná-lo quase parece cometer suicídio. E o medo surge porque uma grande crise de identidade aparece.

Por cinqüenta, sessenta anos, você tem sido um certo tipo de pessoa. Agora a Gita deve estar atingindo os sessenta. Por sessenta anos você tem sido um certo tipo de pessoa. Agora, nesta última fase de sua vida, abandonar aquela identidade e começar a aprender a respeito de si mesma desde o ABC é assustador. A cada dia a morte está se aproximando mais. Será esse o tempo para aprender uma nova lição? Quem sabe se você será capaz de completá-la ou não? Quem sabe? Você pode perder a sua velha identidade e pode não ter tempo suficiente, energia suficiente, coragem suficiente para alcançar uma nova identidade. E, nesse caso, você iria morrer sem uma identidade? Isso será uma espécie de loucura, viver sem uma identidade. O coração desmonta e se encolhe. A pessoa pensa: "Agora, tudo bem levar isto adiante por mais alguns dias. É melhor viver com o velho, o que é familiar, o seguro e conveniente." Você se torna competente para lidar com isso. E isso foi um grande investimento: você colocou sessenta anos de sua vida nisso. De alguma maneira você administra isso, de alguma maneira, você criou uma idéia de quem você é, e agora eu digo a você para abandonar tal idéia porque você não é isso. Nenhuma idéia é necessária para conhecer-se. Na verdade, todas as idéias têm que ser abandonadas, somente então você poderá saber quem você é.

O medo é natural. Não o condene e não sinta que ele é algo errado. Ele é apenas parte de toda essa educação social. Nós temos que aceitá-lo e ir além dele. Sem condená-lo, nós temos que ir além dele.
Exponha pouco a pouco, não há qualquer necessidade de você dar saltos que você não possa administrar. Vá passo a passo, gradualmente. Mas logo você irá descobrir o sabor da verdade e você ficará surpresa de que todos esses sessenta anos foram puro desperdício. Sua velha identidade será perdida e você terá uma concepção totalmente nova. Não será, na verdade, uma identidade mas uma nova visão, uma nova maneira de ver as coisas, uma nova perspectiva. Você não será capaz de dizer "Eu" novamente, com alguma coisa por trás. Você usará essa palavra porque ela é útil, mas você estará sabendo todo o tempo que a palavra não carrega qualquer significado, qualquer substância, definitivamente qualquer substância existencial. Por trás desse "Eu" está escondido um oceano infinito, vasto e divino.

Você nunca alcançará uma outra identidade. A sua velha identidade terá ido embora e, pela primeira vez, você começará a sentir-se como uma onda no oceano de Deus. Isso não será uma identidade porque você não estará ali. Você terá desaparecido. Deus terá se apoderado de você.

Se você colocar em risco o falso, a verdade poderá ser sua. E ela vale isso, porque você coloca em risco apenas o falso e ganha a verdade. Você nada arrisca e ganha tudo.

Todo o meu trabalho é para, de alguma maneira, persuadir você, seduzir você, desse jeito ou daquele, para que abandone a velha identidade. Muitos medos virão. Muitas coisas você fez no passado e foi capaz de esconder com sucesso. Agora, sem qualquer propósito, de novo abrindo os capítulos fechados, os espaços fechadas e liberando os fantasmas do passado....

Você pode não ter sido fiel ao seu marido uma vez ou outra, mas você foi capaz de manter uma certa face de sinceridade e de fidelidade. Agora, expor-se desnecessariamente vai lhe criar medo. Você pode não ter sido fiel, mas qual é a razão de expor isso agora? Ou você tem sido leal em ações mas não em pensamentos. Mas, qual é a razão de expor isso? A mente lhe dirá: 'Não há qualquer necessidade! Já existem tantos problemas, porque criar mais um?'

Você pode ter sido bem sucedida ao contar muitas mentiras e espalhando tais mentiras como verdades. Você pode ter sido bem sucedida e, para os outros, aquelas mentiras são quase verdades agora, e mesmo para você. Agora, voltando lá atrás e olhando de novo, é muito natural ficar com medo e não querer olhar para trás e não voltar àqueles pesadelos. (...)

É melhor ficar quieto, diz a mente. É melhor não trazer todos os velhos fantasmas, não liberá-los. É melhor deixá-los sentados lá. Por sessenta anos você tem sido capaz de manter uma certa conduta, uma certa graciosidade, uma certa personalidade - polida, civilizada, respeitável - agora, de repente, expor-se sem qualquer razão? Você ficou maluca? A mente lhe dirá: 'você já agüentou tanto tempo, você pode agüentar um pouco mais.' (....)

Depois de sessenta anos de vida, a idéia simplesmente surge em sua mente: 'você já agüentou tanto tempo, por que você não pode agüentar alguns dias mais? Por que criar perturbações? Por que criar agitações desnecessariamente?' As coisas estão acomodadas, todo mundo respeita você, as crianças, o marido, toda a sociedade respeita você. Tem sido uma luta árdua, uma luta com o mundo externo e com o mundo interno. De alguma maneira você reprimiu tudo aquilo que era selvagem dentro de você. Você reprimiu sexo, raiva, ambição, inveja; você reprimiu tudo o que a sociedade condena. Você, de alguma maneira, desenvolveu um belo caráter. Agora, na última fase de sua vida, por que expor isso? Com que objetivo? O que você vai ganhar com isso?

A mente lhe dará todas essas razões astutas, essas racionalizações.

Se você viveu por sessenta anos de uma maneira falsa, então chega! Já foi o bastante. Já é hora de abandonar toda essa falsidade. O que as pessoas podem tirar de você agora? Mais cedo ou mais tarde você vai estar morta e todo o respeito, todo o caráter, tudo irá se perder e logo você será esquecida. Algumas poucas pessoas irão se lembrar de você por uns poucos dias, e depois elas irão morrer. Então, até mesmo a sua memória vai desaparecer da Terra. (...)

Quantos milhões de pessoas viveram na Terra? Ninguém nem mesmo sabe seus nomes agora. Na época em que elas viveram elas devem ter se gabado de suas personalidade, caracteres, força, verdade, coragem, religiosidade, santidade, e disso e daquilo. Agora, ninguém nem mesmo sabe os seus nomes. (...)

Agora, o que você tem a perder, Gita? Você nada tem a perder e tem tudo a ganhar. Você foi afortunada por, na última fase de sua vida, ter entrado em contato com este campo de energia. Você foi afortunada pois no final da tarde de sua vida uma porta está aberta e a pessoa que volta para casa, ainda que no final da tarde, não deve ser considerada perdida.

Existe um provérbio na Índia: 'mesmo no final da tarde, quando o sol está se pondo, se alguém volta para casa, ele não é considerado perdido.' Ele chegou, finalmente ele chegou.

Não perca essa última fase da vida. E a última é a mais importante fase, porque ela lhe trará a morte. E se você conseguir morrer como verdade, você não nascerá novamente. Se você puder morrer com todas as falsidades abandonadas, com todas as falsas identidades desconectadas de você, renunciadas, se você puder morrer completamente nua diante de Deus, absolutamente nua diante de Deus como uma criancinha diante de seus pais, a sua morte será a mais bela experiência que você jamais conheceu.

Aqueles que conheceram a morte sabem que a vida é nada comparada a ela. A vida tem uma extensão, setenta, oitenta anos, ela se espalha por todos esses anos. Daí, ela não conseguir ter a mesma intensidade que a morte pode ter, e que somente a morte consegue ter, porque a morte acontece num momento. Por oitenta anos você vive e num momento você morre. A morte tem intensidade, não extensão mas intensidade. Ela tem profundidade.

A vida é um longo caminho para viver. Você pode adiar para amanhã e viver de uma maneira sem entusiasmo. Mas a morte é tão total... E se você puder morrer conscientemente... E você só pode morrer conscientemente se você expor-se totalmente, de modo que tudo o que o inconsciente estiver carregando seja colocado para fora, tudo o que o inconsciente estiver reprimindo seja liberado, e assim o inconsciente se torna vazio e nada há para esconder. Você pode se expor no momento da morte e morrer conscientemente.

Lembre-se, uma pessoa que tiver qualquer repressão não poderá morrer conscientemente. A repressão cria o inconsciente. Quanto mais reprimido você for, maior o inconsciente que você tem. O que na verdade é o inconsciente? Ele é aquela parte de sua mente que fica de lado, é aquela parte de sua casa onde você nunca vai, o porão. Você vai atirando ali todo tipo de coisas e nunca você vai lá. (...)

O inconsciente é uma criação da civilização. Quanto mais civilizado você for, mais inconsciente você será. Se você for absolutamente civilizado, você será um robô, você será absolutamente inconsciente. Isso é o que está acontecendo. Esta calamidade está acontecendo em todo o mundo. Isso tem que parar. E a única maneira de parar isso é ajudando as pessoas a colocar para fora os seus inconscientes nas meditações.

Gita, exponha-se. Isso será um alívio. E eu estou aqui. Não fique preocupada e não tenha medo. Eu estou indo com você. Eu vou lhe fazer companhia até o ponto em que você não precise mais de mim. Eu só deixarei você no desconhecido quando eu sentir que agora você pode caminhar por si mesma. E aí não haverá mais medo.

Mas não perca esta oportunidade. Desta vez, morra conscientemente. Mas você tem que começar neste exato momento a viver conscientemente. Somente então você poderá morrer conscientemente. Mesmo que você consiga viver conscientemente por poucos anos, isso será o suficiente. Mesmo alguns meses ou mesmo alguns dias, se a intensidade for grande, mesmo alguns minutos serão suficientes para viver conscientemente. Então a pessoa se torna capaz de morrer conscientemente. E morrer conscientemente é ressuscitar numa dimensão totalmente diferente, a dimensão do divino.

Eu gostaria que todos os meus sannyasins morressem tão profundamente que eles nunca nascessem de novo, assim eles poderiam desaparecer no cosmos e se tornar parte do todo. "



(OSHO - The Guest - discourse nº 8 - tradução: Sw.Bodhi Champak - http://www.oshobrasil.com.br/conexaotexto18.htm)
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