sábado, 28 de julho de 2012

Na Economist, a Justiça e as ratazanas.

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Na Economist, a Justiça e as ratazanas. Ou: O mensalão e a questão da impunidade. Ou ainda: Atenção, senhores ministros!


Sempre que a revista inglesa The Economist deu alguma notícia positiva sobre o Brasil, os petistas saíram por aí batendo bumbo. Desta vez, eles ficaram caladinhos. A publicação traz um texto sobre o julgamento do mensalão. Segundo diz, o impacto político imediato é pequeno, mas o evento contribui para diminuir a cultura da impunidade. Huuummm… Depende. Se for todo mundo inocentado, pode-se ter o contrário, não é mesmo?

De cara, a Economist lembra que a má reputação (“sleazy”, também “sujo”) não tem sido empecilho para que políticos se elejam no Brasil. Cita os ocaso de Fernando Collor, o impichado, que voltou ao Senado, e de Paulo Maluf, que, “acusado de roubo (…), é agora congressista”. A revista atribui a impunidade ao fato de que o Parlamento precisa dar licença para que seus membros sejam processados e à prerrogativa de foro (são julgados pelo supremo). Pode não ser bem assim, mas é fato que a impunidade existe.

Dado esse contexto, a revista classifica de “raridade” o julgamento do mensalão. E sintetiza o caso: “o PT desviou dinheiro de verba oficial de publicidade e de fundos de pensão controlados por estatais para pagar parlamentares de partidos aliados, em troca do seu apoio”. A revista lembra que o escândalo veio à tona em 2005 e está no Supremo desde 2007. E assim encerra o parágrafo: “Only now are the judges ready to try it.” Ou: “Só agora os juízes estão prontos para julgá-lo”. É uma constatação de espanto pela demora, é claro!

O caso relatado em língua estrangeira parece nos envergonhar de modo especial porque fica faltando aquela melodia com que, “nestepaiz”, já se naturalizou o escândalo. Leiam este trecho:
“The defendants face a range of charges including corruption, conspiracy, embezzlement, money-laundering and misusing public funds. Some admit they helped finance political parties off the books, which is illegal but common in Brazil. Others deny any role in the illicit payments.” Ou: “Os acusados enfrentam acusações como corrupção, formação de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos. Alguns admitem ter ajudado a financiar partidos com caixa dois, o que é ilegal, mas muito comum no Brasil. Outros negam qualquer relação com os pagamentos ilegais”. Olhe aí, Delúbio: tente a expressão em inglês para “recursos não-contabilizados”: “off the books”…

É evidentemente desagradável a gente ter de se deparar com o olhar estrangeiro — e preciso! — sobre o nosso país: “o que é ilegal, mas muito comum no Brasil” (which is illegal but common in Brazil). Vale quase como um emblema.

A Economist observa que o julgamento do mensalão não terá grandes consequências políticas, especialmente para a presidente Dilma porque ela não é próxima dos acusados. Sua virtude seria contribuir para diminuir a cultura da impunidade, já que os políticos, diz, abusam de sua imunidade para cometer crimes. Faz sentido. Mas é claro que isso depende do resultado, não é?

O texto não deixa de ser otimista com o país, que estaria mais transparente hoje do que antes, Trata-se de uma afirmação controversa, acho eu, não ancorada em fatos. Será mesmo mais difícil ser corrupto hoje do que há 15 anos, como afirma um dos entrevistados pela Economist? O caso Delta parece demonstrar que não! Ou este não é o país que inventou uma lei especial só para tocar as obras da Copa e do PAC, que estão praticamente imunes à investigação?

Pois é… O mundo está de olho no Supremo. É óbvio que o julgamento, por si, não significa nem avanço nem recuo da impunidade. É o seu resultado que vai definir uma coisa e outra. Os 11 do Supremo estarão decidindo se existe ou não pecado entre o Oiapoque e o Chuí.

Vamos ver se será a Justiça a vencer as ratazanas ou o contrário.


sexta-feira, 27 de julho de 2012

Tributos sobre energia - Reduções a vista

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A presidente Dilma Rousseff pretende convencer os governadores a aderir à redução da tributação do ICMS sobre energia elétrica – tal como o governo federal fará com o PIS/Cofins – mediante proposta que atenderia a uma antiga reivindicação dos Estados: diminuição do pagamento dos serviços das dívidas estaduais que foram renegociadas no fim dos anos 90 com a União. Além disso, haveria a troca do indexador aplicado nesses débitos.

Ao assinar os contratos de refinanciamento, os Estados concordaram com o limite de pagamento do serviço da dívida, que varia de 11,5% a 15% ao ano, conforme o caso. Há anos, os governadores pedem que esse comprometimento caia para a casa dos 9%. Reivindicam também a mudança do indexador da dívida do IGP-DI para o IPCA, desde que este, mais uma taxa fixa, não seja superior à Selic.

A presidente está disposta a negociar essas alterações – que independem de mudança legal – para que os governadores ajudem o governo federal a diminuir o custo da energia para grandes consumidores em cerca de 20%.

A redução da carga tributária incidente sobre a conta de energia é uma das principais medidas que o governo vai anunciar em agosto, provavelmente no dia 7, quando Dilma terá a terceira reunião deste ano com um grupo de empresários. A cobrança de impostos federais e estaduais e de uma série de encargos é responsável por cerca de 45% da fatura de energia, e essa foi uma das principais reivindicações do setor privado no primeiro encontro com a presidente, em março.

De lá para cá, a presidente começou a trabalhar em novas medidas para melhorar a competitividade da indústria e incentivar os investimentos, além de desvalorização cambial e queda de juros.

A alíquota do PIS/Cofins sobre a energia é de 8,5% e terá uma substancial redução. O que mais onera a conta de luz, porém, é a cobrança do ICMS. Dependendo do Estado, esse imposto supera 30%. Razão pel a qual o governo quer o envolvimento dos governadores. Os encargos atuais, da Conta de Consumo de Combustível (CCC) à Luz para Todos, serão todos transferidos para o Tesouro Nacional.

Associado à essa iniciativa, o governo também espera obter uma redução tarifária importante – da ordem de 10% – por ocasião da prorrogação das concessões federais do setor elétrico por mais 20 a 25 anos.

Valor Econômico


(Fonte: www.cavini.adv.br)
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sábado, 21 de julho de 2012

Não somos o avesso do jovem que fomos

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Um dia descobrimos que não nos transformamos em quem sonhávamos ser e isso não tem nada de errado.

A juventude é uma vertigem. As cartas ainda não foram dadas, os dados não foram lançados. O leque das possibilidades é imenso e sedutor. Somos fortes, belos e não temos medo da morte por isso sonhamos o impossível, o improvável e o utópico. Benditos sejam os dias e os anos da nossa juventude: eles nos dão uma dimensão de poder e invulnerabilidade que nunca mais teremos.

Eternos sempre serão os dias e os anos da nossa juventude porque o tempo não existia. Tínhamos tanto tempo que desperdiçávamos ou desdenhávamos das horas como se elas fossem inesgotáveis.

O tempo não era contado muito pelo contrário, na nossa avidez de tudo sentir e viver, queríamos que ele voasse. As horas não eram preciosas pois não eram raras, nem caras. Intactos sempre serão os dias da nossa juventude: só então fomos eternos.

Às vezes nos lembramos daquela arrogância maravilhosa e sentimos saudade da experiência da plenitude bruta e gratuita, do vigor físico e do idealismo heróico. No entanto, não conheço nenhum "adulto" razoavelmente bem resolvido que quisesse voltar a ser jovem - a não ser ter "juntas e vista" de jovem como diria João Ubaldo.

Descobrimos que se não somos especiais como pensávamos ser isso não é triste nem nos transforma em perdedores. É só vida real. Descobrimos que se não somos geniais ou revolucionários somos nossos próprios heróis. Descobrimos que não transformamos o mundo mas tocamos pessoas. Descobrimos que o possível é mais complexo que o impossível porque o possível está à nossa frente não no mundo das idéias. Descobrimos que o projeto de paz mundial não é viável sem paz interior. Descobrimos que mesmo sem prêmios nóbeis, fortuna ou fama nos realizamos em profissões e atividades comuns e isso não tem nada a ver com mediocridade.

Não somos o avesso do jovem que fomos: somos quem pudemos ser e se fazemos o nosso melhor, se lutamos com coragem nossas pequenas lutas, se defendemos com dignidade nossas bandeiras, se amamos com generosidade nossos amigos, pais e filhos, se respeitamos nossos semelhantes e a nós mesmos somos com certeza especiais, de um jeito muito real.

Um dia descobrimos com serena maturidade que não nos transformamos em quem sonhamos ser na juventude mas em alguém muito melhor.



quinta-feira, 19 de julho de 2012

Prazeres da "melhor idade"

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A voz em Congonhas anunciou: "Clientes com necessidades especiais, crianças de colo, melhor idade, gestantes e portadores do cartão tal terão preferência etc.". Num rápido exercício intelectual, concluí que, não tendo necessidades especiais, nem sendo criança de colo, gestante ou portador do dito cartão, só me restava a "melhor idade" - algo entre os 60 anos e a morte.

Para os que ainda não chegaram a ela, "melhor idade" é quando você pensa duas vezes antes de se abaixar para pegar o lápis que deixou cair e, se ninguém estiver olhando, chuta-o para debaixo da mesa. Ou, tendo atravessado a rua fora da faixa, arrepende-se no meio do caminho porque o sinal abriu e agora terá de correr para salvar a vida. Ou quando o singelo ato de dar o laço no pé esquerdo do sapato equivale, segundo o João Ubaldo Ribeiro, a uma modalidade olímpica.

Privilégios da "melhor idade" são o ressecamento da pele, a osteoporose, as placas de gordura no coração, a pressão lembrando placar de basquete americano, a falência dos neurônios, as baixas de visão e audição, a falta de ar, a queda de cabelo, a tendência à obesidade e as disfunções sexuais. Ou seja, nós, da "melhor idade", estamos com tudo, e os demais podem ir lamber sabão.

Outra característica da "melhor idade" é a disponibilidade de seus membros para tomar as montanhas de Rivotril, Lexotan e Frontal que seus médicos lhes receitam e depois não conseguem retirar.

Outro dia, bem cedo, um jovem casal cruzou comigo no Leblon. Talvez vendo em mim um pterodáctilo da clássica boemia carioca, o rapaz perguntou: 



"Voltando da farra, Ruy?". Respondi, eufórico:


"Que nada! Estou voltando da farmácia!". 


E esta, de fato, é uma grande vantagem da "melhor idade": você extrai prazer de qualquer lugar a que ainda consiga ir.

Primeiro, a aposentadoria é pouca e você tem que continuar a trabalhar para melhorar as coisas. Depois vem a condução. 
Você fica exposto no ponto do ônibus com o braço levantado esperando que algum motorista de ônibus te dê uns 60 anos.

Olha... a analise dele é rápida. Leva uns 20 metros e, quando pára, tem a discussão se você tem mais de 60 ou não.
No outro dia entrei no ônibus e fui dizendo:


- " Sou deficiente".


O motorista me olhou de cima em baixo e perguntou:


- " Que deficiência você tem? "


- " Sou broxa! "


Ele deu uma gargalhada e eu entrei.


Logo apareceu alguém para me indicar um remédio. Algumas mulheres curiosas ficaram me olhando e rindo...
Eu disse bem baixinho para uma delas:


- " Uma mentirinha que me economizou R$ 3,00, não fica triste não"


Bem... fui até a pedra do Arpoador ver o por do sol. Subi na pedra e pensei em cumprir a frase. Logicamente velho tem mais dificuldade. Querem saber?


Primeiro, tem sempre alguém que quer te ajudar a subir: 



" Dá a mão aqui, senhor!!! "

Hum, dá a mão é o cacete, penso, mas o que sai é um risinho meio sem graça.


Sentar na pedra e olhar a paisagem. 
É, mas a pedra é dura e velho já perdeu a bunda e quando senta sente os ossos em cima da pedra, o que me faz ter que trocar de posição a toda hora. 

Para ver a paisagem não pode deixar de levar os óculos se não, nada vê. 
Resolvo ficar de pé para economizar os ossos da bunda e logo passa um idiota e diz:

- "O senhor está muito na beira pode ter uma tontura e cair."


Resmungo entre dentes: ... "só se cair em cima da sua mãe"... mas, dou um risinho e digo que esta tudo bem.


Esta titica deste sol esta demorando a descer, então eu é que vou descer, meus pés já estão doendo e o sol nada.
Vou pensando - enquanto desço e o sol não - " Volto de metrô é mais rápido.."


Já no metrô, me encaminho para a roleta dos idosos, e lá esta um puto de um guarda que fez curso, sei eu em que faculdade, que tem um olho crítico de consegue saber a idade de todo mundo.


Olha sério para mim, segura a roleta e diz:


- " O senhor não tem 65 anos, tem que pagar a passagem."


A esta altura do campeonato eu já me sinto com 90, mas quando ele me reconhece mais moço, me irrompe um fio de alegria e vou todo serelepe comprar o ingresso.


Com os pés doendo fico em pé, já nem lembro do sol, se baixou ou não dane-se. Só quero chegar em casa e tirar os sapatos...


Lá estou eu mergulhado em meus profundos pensamentos, uma ligeira dor de barriga se aconchega... Durante o trajeto não fui suficientemente rápido para sentar nos lugares que esvaziavam...


Desisti... lá pelo centro da cidade, eu me segurando, dei de olhos com uma menina de uns 25 anos que me encarava... Me senti o máximo. Me aprumei todo, estufei o peito, fiz força no braço para o bíceps crescer e a pelanca ficar mais rígida, fiquei uns 3 dias mais jovem.


Quando já contente, pelo menos com o flerte, ela ameaçou falar alguma coisa, meu coração palpitou.


É agora...


Joguei um olhar 32 ( aquele olhar de Zé Bonitinho) ela pegou na minha mão e disse:


- " O senhor não quer sentar? Me parece tão cansado? "

Melhor Idade???



(RUY CASTRO)
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A morte não terá domínio

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Li que Samuel Beckett dizia que quem morria passava para outro tempo. Não queria dizer outro mundo, com um presumível outro clima. Referia-se ao tempo do verbo. Entre todas as mudanças provocadas pela morte havia essa: o morto passava irremediavelmente ao pretérito. Era bom pensar assim. A morte acontecia no mundo antisséptico das palavras e das regras gramaticais, nada a ver com a decomposição da carne. O "é" transformava-se em "era" e "foi", e pronto. A migração do morto, em vez de ser da vida para o nada, era só entre categorias verbais.

A vida vista como uma narrativa literária nos protege do horror incompreensível da morte. Podemos nos imaginar como protagonistas de uma trama, que mesmo quando não é clara indica alguma coerência, em algum lugar. O próprio Beckett só escreveu sobre isso: a busca de uma trama, qualquer trama, por trás do aparente absurdo da experiência humana. E um enredo, ou um sentido que faça sentido, só pode ser buscado na narrativa literária, no encadear de palavras que leva a uma revelação, mesmo que esta não explique nada, muito menos a morte. E se falar, falar, falar sem cessar, como fazem os personagens do Beckett na esperança de que aflore algum sentido não der resultado, pelo menos está-se fazendo barulho e mantendo a morte afastada. A literatura tem essa função, a de uma fogueira no meio da escuridão da qual a morte nos espreita. Ou de uma matraca contra o silêncio final. Vale tudo, mesmo a garrulice incoerente de um personagem do Becket, contra a escuridão e o silêncio.

Num poema que fez sobre seu pai moribundo Dylan Thomas o insta a reagir ferozmente contra o esvaecer da luz - "Rage, rage against the dying of the light" - e a não se entregar à morte sem uma briga. Não sei se o Beckett encontrou o consolo que procurava pelos seus mortos na ideia de que tinham apenas mudado de tempo de verbo mas imagino que, como Dylan Thomas na sua poesia inconformada, tenha recorrido à literatura como um meio de negar à morte o seu triunfo. Ninguém morre. Há apenas uma revisão na narrativa da sua vida para atualizar o tempo dos verbos. Outra vez Dylan Thomas: "And death shall have no dominion", e a morte não terá domínio.

Diz-se que quem morreu "já era", o que é o mesmo que dizia o Beckett com mais sensibilidade. Mas Beckett queria dizer mais. Os personagens de narrativas literárias mudam do tempo presente para o tempo passado mas continuam no mundo, mesmo que no mundo restrito dos livros e das estantes. Salvo, talvez, os cupins e as traças, nada ameaça a sua perenidade. "São" eternamente.


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Somente o reflexo...

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O homem que desmoralizou a patifaria

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Tão logo começaram a circular pelo mundo as imagens de Lula e Maluf selando aliança política para beneficiar Haddad no pleito paulistano, a mídia disciplinada pelo PT começou a reprovar o comportamento de Lula. Não o fazer seria escandaloso. Mas era preciso reprovar como quem estivesse surpreso. Como se aquilo fosse uma grande novidade e uma nódoa incompatível com a alva túnica do seráfico ex-presidente.


Do lado oposicionista, surgiram comentários no sentido de que se tratava de uma aliança entre iguais. Dizia-se que ambos se mereciam. Que seriam parceiros na escassez de escrúpulos. Que os dois seriam dotados de uma consciência maleável como massinha de moldar. Também essa foi minha primeira opinião, até assistir a um debate em que tal afirmação foi feita, recebendo a seguinte contestação de um representante do PT: "Não dá para comparar Lula com Maluf. Lula não é procurado pela Interpol!". Essa frase me levou a colocar os dois personagens nos pratos de uma balança mental das iniquidades. Instalei-os ali, enquanto sopesava as respectivas biografias, que, a essas alturas, enchiam as páginas dos blogs e sites da rede.


Resultado do teste: Maluf foi catapultado para cima enquanto Lula se estatelava embaixo. De fato, Lula não tem condenação criminal. Mas até mesmo na balança de um juízo moral tolerante, é infinitamente mais danoso do que seu parceiro. O que ele fez com a política, com a democracia, com os critérios de juízo dos eleitores e com as próprias instituições nacionais é pior, muito pior do que o prontuário criminal do seu parceiro na eleição paulistana. Os estragos de Maluf se indenizam em São Paulo, com dinheiro, e se punem com cadeia. Os de Lula levarão décadas para serem retificados na consciência nacional e nas instituições do país.


A sociedade, em algum momento, emergirá da letargia produzida pelo carisma do ex-presidente e pela rede de mistificações em que se envolve. Compreenderá, então, que o modo de fazer política introduzido por Lula conseguiu desmoralizar a patifaria. Antes dele havia um certo recato na imoralidade. As vilanias eram executadas com algum escrúpulo. Quando alguém gritava que o rei estava nu, as pessoas olhavam para as partes polpudas do rei e se escandalizavam. Com Lula, as pessoas olham para o lado. Não querem ver. São como os julgadores de Galileu que se recusavam a olhar pelo telescópio com que ele lhes queria mostrar o universo: "Noi non vogliamoguardare perché se lo facciamo potremmo cambiare". Não olham porque mudar de opinião pode custar caro.


Então, o rei aparece no jardim, nu como uma donzela de Botticelli, e as pessoas olham para o Maluf, de terno e gravata com ar de escândalo. Se isso não é a desmoralização da moral, se a influência de Lula nos costumes políticos não nos submete, como cidadãos, aos padrões próprios de um covil de velhacos, então é porque - ai de mim! - em algum lugar do passado recente, perdi a visão e a razão.



(Percival Puggina - Fonte: http://www.tribunadaimprensa.com.br/?p=41157)

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Para as mulheres caras!

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Foi num longo bate papo entre mulheres que descobri que é fácil classificá-las por seu valor:

Cara é a mulher que quando a vida lhe deu um limão fez logo a limonada. Uma jarra enorme, gelada e adoçada.
Barata é a que ficou azeda.

Cara é a mulher que diante dos sonhos desfeitos, reorganizou-os como pode, juntou caquinhos no chão, catou migalhas, mas se refez.
Barata é a que manteve sonhos extintos, virou o pesadelo dos que a cercam e nunca acordou.

Cara é a mulher que descobriu seu corpo, apaixonou-se pelos seus defeitos e aprendeu a exibir-se com a maestria de quem é segura de seu poder.
Barata é aquela que nem sabe como é, não ousou se conhecer e vive tentando se esconder.

Mulher cara tem brilho nos olhos.
Barata só tem rugas.

Cara é a mulher que saiu a luta, foi ao fundo do poço e…voltou!
Barata é quem vive nas bordas, dependurada, sem coragem de se soltar.

Cara é a mulher que muda de casa, de cidade, de país, de marido, de namorado, de emprego quantas vezes for preciso mas se mantém fiel aos seus princípios.
Barata até muda, mas só a casca. Por dentro mantém as paredes rachadas, o relacionamento falido, o fracassado passado.

Cara é a mulher que tem assunto: Fala de política, moda, cozinha e amor com a mesma desenvoltura.
Barata só fala dos outros, porque de si mesma nada tem de interessante para contar.

A mulher cara ri a toa, é feliz com o que tem, e de tão bem humorada ri até de si mesma.
A mulher barata é carrancuda. Reflete por fora o que realmente é por dentro, não sorri…finge.

Mulher cara tem amigos. Muitos. Verdadeiros e pela vida inteira. Amigos que a admiram e defendem até debaixo d’água.
A barata tem conhecidos. Gente que foge como o diabo da cruz mas que quando não tem jeito…a aturam.

A cara é desprendida e solta.
A barata é pegajosa.

A cara é leve e livre.
A barata é pesada e presa.

Mulher cara tem preço sim e sabe disso. É rara no mercado.
Mulher barata tem aos montes. Pilhas, lotes, containers lotados!

SEJAMOS, ENTÃO, MULHERES CARAS.


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terça-feira, 17 de julho de 2012

O infiel

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Confesso: sou um infiel. Não no sentido de infidelidade amorosa, mas religiosa. Não creio no aquecimento global por causas antropogênicas (trocando em miúdos, não acho que nossos carros estejam aquecendo o planeta, e se o Sol fosse um Deus como uns pirados achavam que ele era, estaria rindo de nós e nossos ridículos celulares).

Freud estava certíssimo quando dizia que a maturidade é para poucos e viver uma infância retardada é um modo "seguro" de não enfrentar a vida adulta, que é sofrida, incerta, injusta e inviável.

Isso mesmo, repito para que meu pecado conste nos autos: não creio que o aquecimento global seja causado por emissão de gás carbônico, acho (inclusive tem cientista que afirma isso, os ecocéticos) que o recente aquecimento começou antes dos últimos cem anos, nos quais nosso gás carbônico cresceu, e ciclos de esquentamento e esfriamento sempre ocorreram.

Inclusive aquele aquecimento que se deu entre 50 mil e 20 mil anos atrás (muito conhecido por quem estuda religiões pré-históricas como eu), foi bem benéfico para nossos ancestrais, assim como também o foi o da Idade Média.

Não há consenso acerca das causas antropogênicas do aquecimento global, há sim consenso (todo mundo que estuda religião sabe disso) ao redor do fato que apocalipse sempre deu dinheiro. Gastava-se dinheiro com indulgências na Baixa Idade Média, por que não seria o medo do fim do mundo ainda hoje uma mina de dinheiro?

O mercado do apocalipse verde tem seus sábios-profetas-cientistas, mágicos, gurus espirituais, nutricionistas-sacerdotes de alimentação sagrada, mercado de cristais sustentáveis, enfim, tudo que há nos fanatismos humanos.

Ninguém saiu às ruas (muito menos nus) pela mecânica newtoniana, pela relatividade de Einstein, pelo empirismo de Bacon ou pelo evolucionismo darwiniano. Aliás, que mania mais "teenager" essa de tirar a roupa toda hora. Já estão barateando os seios.

As pessoas saem às ruas porque o verdismo é uma espiritualidade fanática como qualquer outra, regada a comunismo requentado: o verdismo é uma melancia, verde por fora, vermelho por dentro. A certeza daqueles que não comem carne acerca do pecado dos que comem é mais forte do que a condenação do orgasmo feminino pelas autoridades eclesiásticas mais idiotas que caminharam pela Europa nas Idades Média e Moderna.

Acho que a ciência do aquecimento global que afirma categoricamente que somos nós que aquecemos o planeta está mais para astrologia (sem querer ofender a astrologia) do que para astrofísica. Estamos perdendo um tempo danado deixando que as tribos dos sem-roupa fique atrapalhando um cuidado mais técnico acerca do futuro do planeta.

Isso não quer dizer que não exista um problema de sustentabilidade no mundo, apenas que os fanáticos verdes nem sempre ajudam a enfrentá-lo.

A "verdade científica" em jogo é o que menos importa, mesmo porque nenhuma controvérsia científica ao redor do tema pode ser vista como algo diferente de heresia. Discordar não é ser visto como alguém que debate teorias científicas, como deve ser o convívio saudável em qualquer ciência, mas sim como recusa de adesão a uma forma de verdade superior e pura.

As bobagens do tipo "teoria gaia" ofuscam os corações e mentes, como todo fanatismo sempre o fez, e impede muitas vezes de ver que a natureza em sua beleza é muitas vezes mais Medeia do que Gaia.

Em 1755, quando o grande terremoto destruiu Lisboa, a comunidade intelectual europeia se esforçou para eliminar das causas a "vontade de Deus". Hoje, supostos cientistas reintroduzem a forma mais vagabunda de metafísica na ciência, a da "deusa natureza".

Os coitados do Kant e do Newton nunca imaginaram que um dia iríamos retroceder às trevas assim. Andamos sim em círculos.

A pergunta que não quer calar é: se está certo quem diz que quando se quer saber a verdade sobre a sociedade deve-se seguir o dinheiro, cabe a nós identificarmos quem está ganhando rios de dinheiro com esse fanatismo que já se constituiu em mais um fator a dificultar sairmos do buraco econômico em que estamos.



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Dia de Eguinha Pocotó

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Minha primeira meia maratona eu nunca vou esquecer. Não só porque foi um feito inédito para mim, mas porque acho que meus joelhos nunca mais vão parar de doer.

Ontem, às sete da manhã, enquanto o preguiçoso leitor deixava um fino fio de baba escorrer pelo canto da boca e a sonolenta leitora ronronava feito uma gata (se bem que algumas mais lembram uma ursa), eu estava dando pulos no Jóquei Clube para espantar o frio de nove graus. Iria correr a Meia Maratona de Sampa.

Minha meta era fazer a prova em menos de duas horas. Para isso teria que correr 5min42s por quilômetro. E eu comecei bem. Nos quatro primeiros quilômetros, fiz a média de 5min30s. Dos quatro aos oito, idem. Dos oito aos 12, ibidem. E dos 12 aos 16, tribidem, se é que existe esta palavra.

Foi então que a coisa começou a complicar. Senti uma dor aguda na altura do coração. É infarto, pensei. Mas era só o alfinete que prendia meu número raspando no meu peito. Mais alguns metros e foi a vez das pernas começaram a doer. Primeiro os tendões calcâneos, depois os joelhos, aí as coxas. Cheguei até a mostrar o dedão para um fotógrafo que fazia seu trabalho de moto. Mas ele achou que eu estava fazendo gracinha.

Minha média despencou. Meus quilômetros seguintes foram feitos em mais de seis minutos. Com mais tempo para pensar, pensei que a organização da prova teve alguns problemas. Primeiro, o horário. A prova foi marcada para as 7h (mas só começou às 7h10, um atraso chato quando se está com frio). Porém, melhor seria se tivesse começado às 8h. Sete da manhã, ainda mais de um domingo, é um horário com certo ar de sadismo. E isso ficou ainda pior pelo fato de a direção de prova só distribuir os chips antes da prova (e não junto com o kit), o que fez os atletas terem que chegar ainda mais cedo.

Mas voltemos à prova. Curiosamente não havia fantasiados. Nem um único Ayrton Senna. Os meia maratonistas são mais sérios. Se bem que alguns usam tantos apetrechos (cintos, bonés, meias de pressão, óculos vermelhos, tênis verde limão, adesivos de músculo etc...) que parecem estar em um concurso de fantasia. Categoria luxo, é claro.

Nos últimos quilômetros, de novo no Jóquei, minhas pernas pareciam de pedra. Mesmo assim foi divertido correr na pista dos cavalos. Pensei até em relinchar ou cantar "Eguinha Pocotó", mas não podia desperdiçar fôlego com piadinhas. Fui ultrapassado por um monte de gente e, só nos últimos 20 metros, para sair bem na foto, acelerei. Fiz 1h59min01. Ou seja, consegui meu objetivo.

E assim me aposentei da meia maratona.


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Nem tão esotérico assim

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No varejão das pequenas crendices e mandingas, homem e mulher revelam uma diferença lindamente patética: a fêmea se põe mística quando inicia o processo de abandono do seu marido ou namorado; o macho se torna o mais crente e supersticioso das criaturas de Deus apenas depois que a casa cai, depois de um belo chute no traseiro.

Quando a sua mulher ou namorada, amigo, começa a falar em retorno de Saturno, na simbologia do tarô, nos recados do feng shui etc, te liga, campeão: é pé na bunda à vista e na certa. Como já alertei aqui nesta mesma coluna, por trás de todo mapa astral ou de uma nova visita à cartomante há sempre um bom par de chifre à nossa espera.

Ai só nos resta chupar o frio chicabom da solidão, como me ensinou o tio Nelson. Só nos resta mascar o jiló do desprezo. Só nos cabe sentar à margem do rio Piedra e chorar, segundo a recomendação suspeita do mago Paulo Coelho, este sim um incansável místico globalizado.

Sim, amigo, a mulher é esotérica desde a véspera da tragédia. Nós batemos na porta da cigana mais vagabunda apenas depois que Inês é morta. Aqui me pego, agora mesmo, reparem no ridículo, lendo o destino e a sorte na borra de café, o velho método das Arábias.

Mais perdido do que um escoteiro nerd e lesado no Pico da Neblina, um homem é capaz de tudo. No mato sem cachorro ou GPS, o macho moderno, este cara carente de banco de praça, faz sinal de SOS até para náufragos piores do que ele. Ô vidinha-Titanic e miserável.

Opa, calma, calma, que vejo algo nos desenhos involuntários do fundo da xícara. Tento enxergar na borra do café o meu destino, a minha sorte e as escaramuças da pessoa amada, aquela maldita que nos parafusa na testa uma fantasia de viking.

Sério, amigo, como somos esotéricos depois que a casa cai.

Perai, epa, calma de novo que vejo algo bem definido no diabo da xícara. Parece uma fruta. Pera, uva, maçã? Limpo as lentes de quase dez graus de miopia e astigmatismo e finalmente decifro: uma cebola!

Retrato do meu choro e do abandono? Seria o mais óbvio e imediatista. Na dúvida, recorro ao “Guia da leitura no sedimento do café –arte milenar árabe de interpretar sua vida”, um livro da Batia Shorek e Sara Zehavi, que acabo de adquirir em um sebo carioca.

Opa, reparem só no significado da tal cebola: “Indica que a pessoa amada esconde algo do seu cônjugue e o assunto escondido é importante e pode machucá-lo”.

Neste caso nem escondia mais, já havia ido embora, estava da caixa-prego para a frente, mas reparem como funciona a leitura da borra! Como homem, apenas li atrasado o fundo da xícara. Uma fêmea mística teria sabido tudo de véspera.



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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Dom Sebastião voltou

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Luiz Inácio Lula da Silva tem como princípio não ter princípio, tanto moral, ético ou político. O importante, para ele, é obter algum tipo de vantagem. Construiu a sua carreira sindical e política dessa forma. E, pior, deu certo. Claro que isso só foi possível porque o Brasil não teve - e não tem - uma cultura política democrática. Somente quem não conhece a carreira do ex-presidente pode ter ficado surpreso com suas últimas ações. Ele é, ao longo dos últimos 40 anos, useiro e vezeiro destas formas, vamos dizer, pouco republicanas de fazer política.

Quando apareceu para a vida sindical, em 1975, ao assumir a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, desprezou todo o passado de lutas operárias do ABC. Nos discursos e nas entrevistas, reforçou a falácia de que tudo tinha começado com ele. Antes dele, nada havia. E, se algo existiu, não teve importância. Ignorou (e humilhou) a memória dos operários que corajosamente enfrentaram - só para ficar na Primeira República - os patrões e a violência arbitrária do Estado em 1905, 1906, 1917 e 1919, entre tantas greves, e que tiveram muitos dos seus líderes deportados do País.

No campo propriamente da política, a eleição, em 1947, de Armando Mazzo, comunista, prefeito de Santo André, foi irrelevante. Isso porque teria sido Lula o primeiro dirigente autêntico dos trabalhadores e o seu partido também seria o que genuinamente representava os trabalhadores, sem nenhum predecessor. Transformou a si próprio - com o precioso auxílio de intelectuais que reforçaram a construção e divulgação das bazófias - em elemento divisor da História do Brasil. A nossa história passaria a ser datada tendo como ponto inicial sua posse no sindicato. 1975 seria o ano 1.

Durante décadas isso foi propagado nas universidades, nos debates políticos, na imprensa, e a repetição acabou dando graus de verossimilhança às falácias. Tudo nele era perfeito. Lula via o que nós não víamos, pensava muito à frente do que qualquer cidadão e tinha a solução para os problemas nacionais - graças não à reflexão, ao estudo exaustivo e ao exercício de cargos administrativos, mas à sua história de vida.

Num país marcado pelo sebastianismo, sempre à espera de um salvador, Lula foi a sua mais perfeita criação. Um dos seus "apóstolos", Frei Betto, chegou a escrever, em 2002, uma pequena biografia de Lula. No prólogo, fez uma homenagem à mãe do futuro presidente. Concluiu dizendo que - vejam a semelhança com a Ave Maria - "o Brasil merece este fruto de seu ventre: Luiz Inácio Lula da Silva". Era um bendito fruto, era o Messias! E ele adorou desempenhar durante décadas esse papel.

Como um sebastianista, sempre desprezou a política. Se ele era o salvador, para que política? Seus áulicos - quase todos egressos de pequenos e politicamente inexpressivos grupos de esquerda -, diversamente dele, eram politizados e aproveitaram a carona histórica para chegar ao poder, pois quem detinha os votos populares era Lula. Tiveram de cortejá-lo, adulá-lo, elogiar suas falas desconexas, suas alianças e escolhas políticas. Os mais altivos, para o padrão dos seus seguidores, no máximo ruminaram baixinho suas críticas. E a vida foi seguindo.

Ele cresceu de importância não pelas suas qualidades. Não, absolutamente não. Mas pela decadência da política e do debate. Se aplica a ele o que Euclides da Cunha escreveu sobre Floriano Peixoto: "Subiu, sem se elevar - porque se lhe operara em torno uma depressão profunda. Destacou-se à frente de um país sem avançar - porque era o Brasil quem recuava, abandonando o traçado superior das suas tradições...".

Levou para o seu governo os mesmos - e eficazes - instrumentos de propaganda usados durante um quarto de século. Assim como no sindicalismo e na política partidária, também o seu governo seria o marco inicial de um novo momento da nossa história. E, por incrível que possa parecer, deu certo. Claro que desta vez contando com a preciosa ajuda da oposição, que, medrosa, sem ideias e sem disposição de luta, deixou o campo aberto para o fanfarrão.

Sabedor do seu poder, desqualificou todo o passado recente, considerado pelo salvador, claro, como impuro. Pouco ou nada fez de original. Retrabalhou o passado, negando-o somente no discurso.

Sonhou em permanecer no poder. Namorou o terceiro mandato. Mas o custo político seria alto e ele nunca foi de enfrentar uma disputa acirrada. Buscou um caminho mais fácil. Um terceiro mandato oculto, típica criação macunaímica. Dessa forma teria as mãos livres e longe, muito longe, da odiosa - para ele - rotina administrativa, que estaria atribuída a sua disciplinada discípula. É um tipo de presidência dual, um "milagre" do salvador. Assim, ele poderia dispor de todo o seu tempo para fazer política do seu jeito, sempre usando a primeira pessoa do singular, como manda a tradição sebastianista.

Coagir ministros da Suprema Corte, atacar de forma vil seus adversários, desprezar a legislação eleitoral, tudo isso, como seria dito num botequim de São Bernardo, é "troco de pinga".

Ele continua achando que tudo pode. E vai seguir avançando e pisando na Constituição - que ele e seus companheiros do PT, é bom lembrar, votaram contra. E o delírio sebastianista segue crescendo, alimentado pelos salamaleques do grande capital (de olho sempre nos generosos empréstimos do BNDES), pelos títulos de doutor honoris causa (?) e, agora, até por um museu a ser construído na cracolândia paulistana louvando seus feitos.

E Ele (logo teremos de nos referir a Lula dessa forma) já disse que não admite que a oposição chegue ao poder em 2014. Falou que não vai deixar. Como se o Brasil fosse um brinquedo nas suas mãos. Mas não será?



(Marco Antonio Villa - FONTE: O ESTADO DE S. PAULO em 16/06/2012)
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domingo, 15 de julho de 2012

Das Pessoas Naturais - Alteração do nome


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É possível ocorrer a modificação do nome de pessoa que se sinta ridicularizada pela forma como é chamada? 


Primeiramente é importante pontuar que perante a legislação brasileira o nome de uma pessoa é a conjugação de prenome com o sobrenome. 


O prenome é o nome próprio da pessoa, por exemplo, Maria ou José, usado no início do nome completo da pessoa.
O sobrenome é o nome da família, a qual faz parte a pessoa, por exemplo, Silva ou Camargo.


Nesse sentido, o nosso Código Civil determina no artigo 16 que: “Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome”. Além desse dispositivo legal, a Lei de Registros Públicos (Lei nº 6.015/73), também, determina em seu artigo 54, 4º, que o assento do nascimento deverá conter o nome e o prenome que foram postos à criança.


Para a proteção da pessoa quanto à ridicularização de seu nome, a Lei de Registros Públicos (Lei nº 6.015/73), também, determina no artigo 55, parágrafo único, com clareza que:


“Os oficiais do registro civil não registrarão prenomes suscetíveis de expor ao ridículo os seus portadores. Quando os pais não se conformarem com a recusa do oficial, este submeterá por escrito o caso, independente da cobrança de quaisquer emolumentos, à decisão do juiz competente.”


Por outro lado, com foco no entendimento de que o nome é elemento essencial para individualizar e identificar cada pessoa nas relações de direitos e obrigações desenvolvidas em sociedade, a sua alteração pela ridicularização da forma como a pessoa é chamada, é possibilitada pela previsão do artigo 57 da Lei de Registros Públicos (Lei nº 6.015/73) que diz “A alteração posterior de nome, somente por exceção e motivadamente, após audiência do Ministério Público, será permitida por sentença do juiz a que estiver sujeito o registro, arquivando-se o mandado e publicando-se a alteração pela imprensa, ressalvada a hipótese do art. 110 desta Lei..” 


A Ministra Nancy Andrighi faz a seguinte observação em seu Relatório no julgamento do REsp nº 729.429-MG – 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça - 


“Sob essa ótica, tem o STJ permitido a alteração do nome civil, por exceção e motivadamente, com a oitiva do Ministério Público e a devida apreciação Judicial, nos termos do art. 57 da LRP (REsp 538.187/RJ, de minha relatoria, DJ de 21/02/2005; REsp 146.558/PR, Rel. Min. Castro Filho, DJ de 24/02/2003; REsp 213.682/GO, Rel. Min. Ari Pargendler, DJ de 02.12.2002; REsp 66.643/SP, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ de 09/12/1997).”


Assim, partindo da reflexão sobre a expressão “motivadamente” inserida no referido artigo 57 da Lei de Registros Públicos, tem cabimento o entendimento de que, a efetiva modificação do nome pela situação questionada está diretamente ligada à comprovação de fatos que conduzem à exposição ao ridículo.





(Ana Lucia Nicolau - Fonte: http://ananicolau.blogspot.com.br/2012/07/alteracao-do-nome-por-exposicao-ao.html)
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O que você faria pelos seus filhos?

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Autocontrole - A clássica experiência de Walter Mischel em que para comer um segundo  marshmallow a criança tem de resistir à tentação de devorar rapidamente o primeiro. As que resistiram por mais tempo tiveram mais sucesso na vida




Em um experimento que virou um clássico, o psicólogo Walter Mischel criou o seguinte cenário na Universidade Stanford no fim dos anos 60: crianças de 4 anos de idade foram colocadas em uma sala pequena, que continha um marshmallow em uma mesa. O pesquisador explicava à criança que ele teria de sair, deixando-a sozinha na sala. Se, quando ele voltasse, a criança tivesse resistido à tentação de comer o doce, ela ganharia mais um marshmallow. Se capitulasse e o comesse, não ganharia mais nada. Anos depois do experimento, Mischel foi acompanhando informalmente o progresso daquelas crianças e notou que havia uma correlação entre o tempo que elas conseguiram esperar antes de comer o marshmallow e vários indicadores de bem-estar. 



Quase vinte anos depois do estudo original, Mischel e colegas mediram objetiva e cuidadosamente suas características, e os resultados foram surpreendentes: vários dos atributos mais importantes para seu sucesso podiam ser previstos pelo tempo a que resistiram ao marshmallow aos 4 anos de idade. Uso de drogas, peso corporal e até os resultados no SAT, o vestibular americano, estavam significativamente associados ao autocontrole demonstrado diante das guloseimas. A capacidade de sacrificar um pequeno ganho presente (comer um doce) pela possibilidade de um ganho maior no futuro (dois doces) se relacionava com o bem-estar em dimensões bem mais sérias ao longo de toda a vida.

Países são mais complexos que pessoas, e o estado de um país não é igual a uma simples soma dos atributos de seus habitantes. Mas creio que a diferença entre o todo e a soma de suas partes também não pode ser muito diferente, especialmente se esse país é uma democracia. E quero postular aqui que grande parte dos problemas que o Brasil enfrenta se deve à nossa incapacidade de fazer essas trocas intertemporais, de aceitar sacrifícios presentes para colher ganhos futuros. A tese não é original — Eduardo Giannetti já a traçou com mais brilhantismo e sutileza em seu livro O Valor do Amanhã —, mas me parece merecer mais atenção do que a que lhe é costumeiramente devotada.

Se tivesse de fazer um resumo grosseiro do que é o processo de desenvolvimento econômico, diria que depende de pessoas, dinheiro e instituições. Quando falo de pessoas, quero dizer produtividade, já que as outras variáveis — como o número de horas trabalhadas ou a fatia de pessoas empregadas — podem rapidamente bater em um limite intransponível, enquanto a produtividade pode aumentar indefinidamente. E ela está diretamente relacionada à educação. No quesito dinheiro (capital), a variável mais importante é a taxa de poupança. Que, grosso modo, determina aquilo que os agentes econômicos poderão investir. Sem investimento não há crescimento.

Por instituições, entenda-se o arcabouço jurídico que garante estabilidade e previsibilidade a empreendedores e trabalhadores, especialmente no que tange à proteção da propriedade. Desses três fatores, só as instituições não são, direta e explicitamente, fruto de trocas intergeracionais. Fazer poupança e criar um bom sistema educacional são atividades em que o sacrifício dos pais está umbilicalmente atrelado ao bem-estar dos filhos. E creio que não é por acaso que o Brasil fracassa em ambas. Temos não apenas um dos piores sistemas educacionais do planeta como também uma taxa de poupança historicamente baixa (de 18% do PIB em 2010, contra 52% na China, 32% na Índia, 34% na Indonésia, 32% na Coreia do Sul, 24% no México e uma média de 30% nos países de renda média, como o Brasil, segundo dados do Banco Mundial). Esqueça o pré-sal: não estamos conseguindo acumular o combustível que realmente importa para impulsionar nosso desenvolvimento.

Esses dados são costumeiramente expostos nas páginas de jornais e revistas, e a análise que sempre os acompanha, tanto no caso da poupança quanto no do ensino, é que é tudo culpa do governo. Que não planeja o longo prazo, que não controla gastos, que é corrupto e perdulário. Tudo isso é verdade, mas nosso governo não é um ente exógeno que chegou do espaço sideral para meter a mão em nossos impostos: nós o colocamos lá. E, apesar de ser doloroso reconhecê-lo, as ações dos políticos espelham as nossas.

Olhe para a nossa vida privada. Literalmente, desde o seu nascimento o brasileiro sai em desvantagem, pela impaciência de mães e médicos: nossa taxa de partos por cesariana (44% em 2011) é a mais alta do mundo, segundo a Unicef. A incapacidade de se controlar está chegando também à nossa cintura: logo que as famílias saíram da pobreza e passaram a poder consumir um pouco, o perfil nutricional do brasileiro passou da subnutrição diretamente para o sobrepeso. Entre 1989 e 2009, a obesidade infantil mais do que quadruplicou. Hoje, um de cada seis meninos de 5 a 9 anos de idade é obeso. Segundo o Ministério da Saúde, 49% dos brasileiros têm sobrepeso.

Quando falamos de escolas, a indisposição do brasileiro para sacrifícios é ainda mais aparente. Em Xangai, fui visitar a família de um aluno humilde escolhido aleatoriamente e vi algo que imagino ser raríssimo no Brasil: no modesto quarto e sala da família, os pais dormiam em um apertado sofá-cama na minúscula sala ao lado da cozinha, enquanto o filho tinha o quarto espaçoso para si. A prioridade era o estudo do filho.

Quando você leu o título deste artigo, provavelmente respondeu a si mesmo: "Eu faria de tudo pelo meu filho". Mas, se você for um brasileiro normal, a resposta real terá sido: "Tudo, desde que não atrapalhe o meu estilo de vida". Você topa trabalhar duro para pagar uma boa escola, e acha que por isso mesmo é que a escola não deve exigir de você que se envolva com os estudos do filho quando chegar em casa cansado, à noite. Várias vezes eu vi pais carregando filhos pequenos chorosos em restaurantes em horários em que estes deveriam estar dormindo. Há dois meses, usando a mesma lógica do "não tinha com quem deixar a criança", um sujeito levou o filho de 8 anos para explodir e roubar um caixa eletrônico. Já ouvi muito pai querendo colocar o filho em escola perto de casa — raramente encontro gente se mudando para deixar o filho mais próximo de escola boa.

Entre poupar para dar uma segurança aos seus filhos e comprar a geladeira nova, você opta pela geladeira. Mesmo que nem tenha o dinheiro e se comprometa com prestações a perder de vista. Entre renegociar uma Previdência impagável e empurrar o problema com a barriga, escolhemos o segundo. E, quando a nossa irresponsabilidade cobra a fatura, queremos que o governo segure nossas pontas. O livro A Cabeça do Brasileiro mostra que 83% de nós concordamos que o governo deve socorrer empresas falimentares. Inacreditáveis 70% gostariam que o governo controlasse os preços de todos os produtos do país. Queremos o retorno garantido, sem topar correr os riscos. Queremos desfrutar tudo aquilo que os países ricos têm, sem termos de trabalhar o que eles trabalharam para chegar lá. Queremos um futuro glorioso, desde que isso não signifique sacrificar nada do presente. Essa conta não fecha. Jamais fechará.

Antes de exigir dos outros que melhorem nossas escolas, hospitais ou estradas, vamos precisar olhar para nós mesmos e decidir se estamos dispostos a pagar, com sacrifícios no presente, o preço de ser o país do futuro. Ou se continuaremos a ser a eterna promessa, que comeu o doce da mesa assim que o adulto saiu da sala.


(Gustavo Ioschpe - Fonte:http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/o-que-voce-faria-pelos-seus-filhos)
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O desaparecimento de João Sebastião.

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Era um sujeito magro, raquítico. Tinha uma aparência encardida. Dois olhos redondos e amendoados flutuavam vagamente nas órbitas fundas, marcadas pela saliência dos ossos da face. A barba rareava em determinados pontos para surgir em demasia em outros. Seu tom castanho avermelhado era constantemente ameaçado pelo cinza desbotado.

Não contava muitos anos, mas os anos lhe emprestavam seu peso. Andava um pouco arcado, como quem tenta contrabalancear um fardo excessivo. Porém, seus passos eram leves, sorrateiros, imperceptíveis, como poeira a dançar no colo do vento.

Entrava e saía dos lugares sem despertar atenção, sem que olhos o seguissem, sem que, se quer, notassem o movimentar da tísica figura.

As roupas brancas, amareladas pelo uso, traziam a cada dia um novo desenho, sombreado pelo sangue contido nas peças carregadas. Eram paletas, costelas, pernis. Peças quase inteiras. O cheiro o incomodava, não era algo fétido, só não sabia dizer se era mesmo forte demais, ou apenas ele, assim julgava.

O ar denso e congelante do caminhão refrigerado despertava seus ossos em um sonoro tilintar. Buscava confirmar nos olhares daqueles que o rodeavam se o som era mesmo audível a todos. Mas nenhum olhar fitava o seu, pelo contrário, o curioso ruído parecia transportá-lo a invisibilidade.

Com gosto entregava-se a essa sensação. Sentia-se livre em seu mundo único e recordava saudoso o emprego anterior, abandonado apenas por insistência da mulher em melhorar a renda familiar. Lá sim se sentia invisível por completo, acompanhado pelo silêncio da madrugada, abastecia bancas com notícias e histórias frescas.

Por mais que houvesse tentado, nos poucos anos em que frequentou a escola, era incapaz de compreender uma frase completa. Mas as letras pareciam capiturá-lo, fasciná-lo, até que, dançando em meio a elas, escorregando em suas curvas, quicando em seus símbolos, produzisse seu próprio significado. Não se importava se seu entendimento era de fato o que trazia a história, mas era capaz de perder horas e horas apenas admirando as pequenas expressões de tinta.

Ao final do dia quando chegava em casa, era sempre recebido por um sonoro:

- Diacho, João! Parece um fantasma, não avisa não. Tá se escondendo pelos cantos é? Quer me matar do coração?

Deslizava então até a velha cadeira de madeira remendada, encostada em um dos três cômodos da minúscula casa. A seu lado, encontravam-se livros resgatados de lixeiras, capazes de o abstraírem em suas páginas incompreendidas. Mal podia perceber o movimentar dos dois filhos mais velhos, zombando da inércia do pai.

Os sons da mulher, vindos da cozinha iam silenciando aos poucos. Queixas isoladas, pronunciadas aos berros retratavam-no como um peso morto, sem valor, sem vida, sem nada. Gargalhadas ridicularizavam seu ato de apreciar as páginas.

- Olha lá, o Sebastião pensa que sabe ler. Essa é boa!

Apenas a figura do filho caçula, mantinha-se muda. Em apoio, abria seu caderno escolar com os primeiros rabiscos ganhando nomes e sons, para, por fim, fazer sentido em pequenas palavras.

O menino não via graça nas tentativas de leitura do pai, ao contrário, admirava-se, empenhava-se em aprender a ler e escrever, pois acreditava que só assim conseguiria decifrar o mistério das letras que tanto o intrigavam. Entendia que esta era a chave para atingi-lo, para adentrar em seu mundo.

A rotina se seguia como em todos os demais dias. E, nessa hora, mãe e os outros filhos já haviam se cansado do deboche e sentavam-se à mesa para o jantar. O pequeno ainda se colocava ao lado dele, lutava contra os roncos do estômago que insistiam em requerer um pouco de comida, fingia não ouvir os berros da mãe clamando sua presença.

João permanecia na mesma posição e o garoto sabia que assim se estenderia por horas. Vencido pela fome, seguiu com passos cautelosos até a cozinha, como se um movimento seu pudesse retirar o homem de seu transe.

Antes de abandonar a sala, virou-se para encará-lo por mais um segundo e pode notar algo novo, surpreendente.

O pai despertou, encarava-o com um sorriso largo, seus olhos se encontraram por um breve segundo, mas ao menino pareceu uma doce eternidade. Com uma piscadela, João cumprimentou o filho e voltou subitamente sua atenção às páginas manchadas.

Alegre, o pequeno rendeu-se ao prato montado pela mãe. Comia agilmente para retornar o mais breve possível à sala. Quando conseguiu, não mais encontrou Sebastião.

Na cadeira restava apenas o livro aberto ao meio. Correu estabanado até o quarto e nem sinal do pai. Alardeava a todos os cantos que ele havia desaparecido.

A mãe e os irmãos, sem entender o que sucedia, vieram em seu socorro. Ela, repetia para si mesma:

- Era só o que me faltava! Agora o desgraçado resolveu fugir!
Saíram em busca do calado João, os vizinhos aos poucos iam engrossando a passeata, chamavam, gritavam, berravam.

Apenas o garoto, havia ficado em casa sentado na velha cadeira, segurando em seu colo o livro desbotado, como se soubesse que os chamados eram em vão. Ele não podia dizer como, mas tinha certeza de que o pai finalmente conseguira entender aquele mundo que tanto o intrigara e agora à ele pertencia.

Enxugou as lágrimas na esperança de um dia poder reencontrá-lo. E, teve a certeza, de vislumbrar nas páginas sujas e rasgadas àquela piscadela.





(Camila Capps - Fonte: http://apinturadaspalavras.wordpress.com/2012/06/18/o-desaparecimento-de-joao-sebastiao/)
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Mensalão - Criminalistas apostam em absolvição geral

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Faltando menos de um mês para o início do julgamento do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), os advogados que defendem os 38 réus na Ação Penal nº 470 esperam dos 11 ministros da corte uma análise técnica do caso – e acreditam que, se ela ocorrer, praticamente não haverá condenações. Os argumentos que sustentam sua crença na absolvição vão desde a ausência de provas técnicas até a jurisprudência do Supremo, que, se seguida pelos ministros, favoreceria os réus. Ainda assim, o grupo – que inclui boa parte dos mais renomados criminalistas do país – não descarta um julgamento político e dá como perdidos os votos do relator Joaquim Barbosa e do presidente da corte, Carlos Ayres Britto.

Responsável pela defesa do deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), o criminalista Alberto Toron afirma que, durante uma conversa recente com o ministro Celso de Mello, decano do Supremo, ouviu dele que o julgamento será eminentemente técnico e jurídico. “O Supremo não vai deixar de seguir sua tradição e fará um julgamento justo”, diz. Seu cliente é acusado de corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro por ter assinado, em 31 de dezembro de 2003, um contrato de R$ 9 milhões com a SMP&B Comunicação, do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, que seria mais uma fonte de recursos para a compra de apoio político.

Toron compara o caso do mensalão ao processo penal em que o ex-presidente Fernando Collor de Mello, hoje senador pelo PTB-AL, foi acusado de corrupção passiva por seu suposto envolvimento no esquema montado pelo tesoureiro de sua campanha, Paulo César Farias, o PC Farias. Collor sofreu processo de impeachment em 1992 e renunciou ao cargo antes de ser afastado da Presidência da República. Em 1994, após quatro dias de julgamento, o Supremo absolveu Collor por falta de provas, mesmo diante da imensa pressão popular e da mídia pela sua condenação. “Não vejo o porquê de o Supremo julgar de forma diferente agora.”

A opinião é compartilhada por vários de seus colegas. “Tenho a mais profunda convicção de que o julgamento será técnico”, diz o criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende o publicitário Duda Mendonça e seu sócio, Zilmar Fernandes Silveira. Ambos são acusados de evasão de divisas e lavagem de dinheiro por terem recebido valores devidos pelo PT por serviços prestados durante a campanha eleitoral de 2002, supostamente originados de contratos publicitários destinados ao desvio de recursos. “Nossa defesa é 100% técnica”, diz Kakay, que afirma que os valores recebidos por Duda Mendonça referem-se a créditos de campanhas anteriores do PT e que nada têm a ver com o mensalão – que ele nega que tenha existido.

O criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, que defende a ex-vice-presidente do Banco Rural, Ayanna Tenório Tôrres de Jesus, acusada de formação de quadrilha, gestão fraudulenta de instituição financeira e lavagem de dinheiro, tem a mesma opinião. “O Supremo é um tribunal técnico, há uma diversidade grande de orientações jurídicas, mas todas elas voltadas para a lei e baseadas nas provas dos autos”, diz o criminalista. “É difícil avaliar como o Supremo vai julgar”, afirma Pierpaolo Cruz Bottini, criminalista que defende o ex-deputado federal pelo PT-MG Luiz Carlos da Silva, o Professor Luizinho, acusado de lavagem de dinheiro. No entanto, ele afirma que, ao despachar com os ministros do Supremo, observou que todos eles conheciam profundamente o processo, ouviram com atenção e discutiram temas técnicos. “Não senti nenhuma politização do processo”, diz.

A crença dos criminalistas de que, se o Supremo julgar o processo do mensalão de forma técnica, boa parte dos réus será absolvida baseia-se na instrução criminal – fase do processo em que o Ministério Público Federal tem a função de corroborar as provas colhidas durante o inquérito para confirmar as alegações feitas na denúncia, em face ao contraditório, ou seja, à defesa dos réus. Segundo Pierpaolo Bottini, a maior parte do grande conjunto probatório produzido na fase de inquérito do mensalão não foi corroborada na fase de instrução criminal. “Há uma dificuldade probatória no processo”, afirma. “Para a defesa foi uma instrução criminal muito boa, toda favorável aos réus”, concorda Kakay, para quem o Ministério Público não conseguiu provar as alegações feitas na denúncia.

Os criminalistas se referem às poucas provas técnicas produzidas e à enorme quantidade de testemunhas ouvidas no processo. E são unânimes ao afirmar que nenhuma delas confirmou a existência do mensalão durante a instrução criminal. “A prova decorrente da CPI dos Correios ou do inquérito serve para o oferecimento da denúncia, mas não serve para basear a condenação”, afirma o advogado Marcelo Leonardo, que defende o empresário Marcos Valério, acusado de formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Ele diz que o Código de Processo Penal prevê que o juiz, na formação de seu conhecimento, deve se basear nas provas produzidas em juízo, e que é essa a jurisprudência do Supremo em relação a provas. “E o Ministério Público Federal, em suas alegações finais, só se refere às provas do inquérito, que não podem servir de fundamento para a condenação.” Segundo ele, não há prova produzida na fase de instrução criminal, sob o crivo do contraditório, que confirme as acusações do Ministério Público. “Foram ouvidas 600 testemunhas e não teve uma que confirmou a existência do mensalão”, afirma.

A exceção é o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ). Presidente de seu partido, ele relatou a existência de um esquema de pagamento de mesada a parlamentares da base aliada em troca de votos favoráveis aos projetos de interesse do governo de Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso em 2005. Cassado pela Câmara dos Deputados, o delator do mensalão acabou tornando-se réu no processo, e não apenas testemunha, como era sua intenção. E essa condição, para a defesa dos réus, faz toda a diferença. “Se ele fosse testemunha teria o compromisso de falar a verdade, mas como réu não tem”, diz Marcelo Leonardo. Na ação penal, Roberto Jefferson é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro – ele mesmo declarou ter recebido R$ 4 milhões de Marcos Valério a mando do PT.

“Há um colosso de depoimentos, mas as provas técnicas são muito poucas”, diz Antônio Cláudio Mariz de Oliveira. Já Alberto Toron afirma que há provas técnicas em algumas situações, mas que “as provas testemunhais são absolutamente escassas” – ou seja, não comprovam a existência do mensalão. Segundo os criminalistas ouvidos pelo Valor, além do relato de Roberto Jefferson, outras testemunhas confirmaram a existência de caixa dois de campanha eleitoral – como o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, réu no processo e acusado de formação de quadrilha e corrupção ativa -, mas não do mensalão.

Embora os advogados acreditem em um julgamento técnico no Supremo, eles também admitem que há uma pressão para que alguns dos réus sejam condenados e não descartam “surpresas”. “O Supremo é um tribunal político pela própria natureza de sua composição, a nomeação dos ministros é uma escolha política”, afirmou um dos criminalistas que atua no processo. Nos bastidores, eles não têm esperanças em votos favoráveis aos réus vindos dos ministros Joaquim Barbosa e Ayres Britto, presidente do Supremo. “Entre nós, os votos de Britto e Joaquim damos como perdidos”, disse outro deles ao Valor.


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Frases de efeito


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'O amor é como capim: você planta e ele cresce. Aí vem uma vaca e acaba com tudo.'

'O novo e-mail do governo é: planalto@lheira.gov.br

'Estamos numa época em que o Fim do Mundo não assusta tanto quanto Fim do Mês'

'O homem é o único animal que consegue estabelecer uma relação amigável com as vítimas que ele pretende comer.'

'Nunca fiz amigos bebendo leite'

Quer conhecer tua namorada.... CASA! Quer conhecer tua mulher...SEPARA!!!

Quando me casei, descobri a felicidade. Mas aí, já era tarde demais...

Casamento é uma tragédia em dois atos: civil e religioso.

Amor é aquilo que começa com um príncipe beijando um anjo e acaba com um careca olhando para uma gorda.

Status é comprar uma coisa que você não quer, com um dinheiro que você não tem, para mostrar pra gente que
você não gosta, uma pessoa que você não é.

Feliz é aquele que é tão bonito quanto a mãe acha que é.


Tem tanto dinheiro quanto o filho dele acha que tem.
Tem tantas mulheres quanto a mulher dele acha que ele tem.


E é tão bom de cama como ele acha que é...

'Quem trabalha muito, erra muito. Quem trabalha pouco, erra pouco. Quem não trabalha não erra. E quem não
erra... é promovido.'

'Como é difícil se livrar de uma mulher fácil.'

'A verdadeira bravura está em chegar em casa bêbado, de madrugada, todo cheio de batom, ser recebido pela mulher com uma vassoura na mão e ainda ter peito pra perguntar : vai varrer ou vai voar?'

'Casamento é igual piscina gelada, depois que o primeiro tonto entra, fica falando para os outros: - Pula que a água tá boa.'

'Um cigarro encurta a vida em 2 minutos.... Uma garrafa de álcool encurta a vida em 4 minutos... Um dia de trabalho encurta a vida em 8 horas'

'Mulheres são como piscinas: O custo da manutenção é muito elevado se comparado ao tempo que passamos dentro delas.'


'Se você é capaz de sorrir quanto tudo deu errado, é porque já descobriu em quem pôr a culpa.'

'A posição sexual que os casais mais usam é a de cachorrinho: o marido senta e implora... a mulher rola e
finge de morta!!!'

'90% do meu dinheiro eu gasto com bebida. Os outros 10% são do garçom'

'Galileu, quando afirmou que o mundo girava simplesmente confirmou o que nós bêbados já sabíamos.

'Crianças no banco dianteiro podem causar acidentes... Acidentes no banco traseiro podem causar crianças.'

'A diferença entre uma mulher na TPM e um sequestrador, é que com o sequestrador ainda existe uma possibilidade de negociação.'

'Se não puder ajudar, atrapalhe, afinal o importante é participar.'

'Errar é humano. Colocar a culpa em alguém é estratégico.'

'Os homens mentiriam muito menos se as mulheres fizessem menos perguntas'

'Errar é humano, persistir no erro é americano, acertar no alvo é muçulmano.'

'Roubar idéias de uma pessoa é plágio... Roubar de várias, é Monografia'

'Nas horas difíceis da vida você deve levantar a cabeça, estufar o peito, e dizer de boca cheia: Agora fudeu...!!!'

'Não te cases por dinheiro, podes conseguir um empréstimo bem mais barato.'

'Casar é a metade do divertimento pelo dobro do preço'

'Não há melhor momento do que hoje para deixar para amanhã o que você não vai fazer nunca'

'Todos os cogumelos são comestíveis... porém alguns só uma vez'

'Mulher feia é que nem pantufa....dentro de casa é até gostoso, mas pra sair na rua dá uma vergonha...

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De que barro é feito Lula?

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De que barro é feito Lula? O que o motiva a viver? O que deseja deixar como legado, ao país e aos descendentes?

Assusta-me menos o fato político do que a sociopatia de Lula da Silva.

O PT aliar-se a Maluf (o próximo será Chalita), impor Humberto Costa no Recife, impedir legítimos candidatos no RJ e ser garçon em Belo Horizonte não é mais novidade. A rigor, é mais do mesmo. Um partido que obedece fielmente à voz de comando do dono, como cão amestrado. Que me desculpem os cães…

O PT que nasceu como alternativa à política tradicional, agregando Igrejas, intelectualidade, operariado e estudantes conseguiu o impensável: contaminar TODOS esses segmentos sociais.

As Igrejas (de diversas denominações) descobrem que o caminho das pedras no mar de lama é ter o profeta Lula como guia. E dá-lhe concessões de TV, propagandas oficiais e acordos feitos em templos.

Os intelectuais lutam para defender o indefensável. Torturam argumentos, abusam de uma reputação que já não têm na área acadêmica, se encastelam em Universidades públicas transformadas em púlpitos para discursos sonolentos e embolorados.

O operariado renunciou às lutas – e greves – para disputar cargos com as facas nos dentes. Repartem o butim de impostos sindicais. Criam sindicatos fantasmas como um imenso laranjal.

A UNE (ou UNEA) vive de roubos identificados pelo Ministério Público – com projetos inexistentes na execução e reais no aporte de dinheiro público – e da venda de carteiras de estudantes.

E ainda se multiplicam as ONGS, instrumentos de roubos (não todas, claro) sequer imaginadas pelos aliados de Lula, Sarney e Collor. Se pudessem prever o que arrecadariam essas “organizações”, certamente teriam criado um sem número delas.

O que move LULA?

Não existe outra explicação que não o ódio, inveja e sentimento de menos-valia. Doentio.

Acossado por delírios persecutórios, elege como alvos Arthur Virgílio, Tasso Jeiressati, Marconi Perrillo (mesmo tendo que mandar ao inferno o tatibitate do companheiro Agnelo), FHC e José Serra.

Reduz as eleições de 2012 (que ocorrem em 5.507 municípios!) a uma disputa paroquial na maior metrópole brasileira. Com o objetivo único de derrotar José Serra e “desalojar os tucanos” de São Paulo. Fica claro que não conseguirão.

Insisto: isto é menor frente ao que Lula faz e como se mostra sem disfarces.

Está aliado aos mesmos que definiu – corretamente – como ladrões e corruptos.

Pensávamos, à época, que era por nojo ou desejo de mudanças. Não era. Era somente inveja: ele ainda não dispunha de poderes para controlar cofres, iludir eleitores e ser também um cínico de sucesso.

Já é.

Os fatos é que dizem.

É capaz de abraçar a quem o acusou de tentar matar a própria filha, obrigando a ex-companheira a fazer um aborto. Não só apertar-lhe a mão, mas solicitar apoio em nome da própria popularidade.

Agora aperta a mão ágil do mestre em usá-la para roubar o dinheiro público. Notadamente em território paulistano, onde Lula pretende que o apoio do parceiro faça a diferença em favor do candidato ungido pelo Imperador de São Bernardo.

E o faz sem sequer tapar o nariz. Não se importa com o mau cheiro.

Humilha-se a ponto de puxar uma comitiva em busca de apoio na residência do procurado pela polícia em todo o mundo. Com mandado de prisão ainda válido.

E deixa-se fotografar ao lado do meliante, que ainda encontra espaço para fazer um sinal de positivo, selando a rendição do lulopetismo sem direito a apelações.

Maluf merece o PT. E este merece Maluf. São feitos do mesmo barro.

Daqueles que são encontrados nos fundos das fossas sanitárias em meio a excrementos.

Barro fétido e de nenhuma utilidade. Contaminado. Não reciclável. Poluído. Podre.

Ao perder a vergonha e promover acordos espúrios à luz do dia, no covil do ladrão e aos olhos da imprensa, Lula atingiu o ápice. Da decadência.

Demonstrou o desprezo absoluto que devota aos brasileiros com vergonha na cara e aos valores que defendem.

Drummond dizia que a Itabira em que nasceu era somente uma foto na parede. E doía.

Esta foto sequer serve para prontuário policial. Maluf já tem a própria nos arquivos da Interpol.

Serve, quando muito, para que lulopetistas e milicianos sejam acionados para defender o indefensável.

Estes ao menos não renegam ideias anteriores. Nunca tiveram.

E demonstra que as que Lula dizia representar não passavam de mentiras oportunistas de quem jamais teve apreço real pela ética.

Não é uma foto. É um quadro de horror. E nojo.


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