segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O Brasil em aberto

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A forma como se comportou o presidente Lula é caso à parte; será julgado pela história e ficará na memória do país só pelo mal que fez à República



Os três principais tópicos dos debates ocorridos nestas eleições de 2010 - aborto, corrupção e privatização - deixaram em aberto para o Brasil que surge das urnas discussões fundamentais para entendermos o país da forma que a nação e o povo brasileiros exigem.

Cada tópico desses é apenas uma ponta de imensos icebergs que, por anos, a hipocrisia eleitoral e a conveniência do governar para manter o poder mantiveram submersos.


A forma como se comportou o presidente Lula é um caso à parte.


Lula será julgado pela história e ficará na memória do país apenas pelo mal que fez à moral, às instituições, à formação dos jovens, à política e à República. O melhor para o Brasil, agora, seria ele demonstrar amadurecimento e entender que seu tempo acabou.


O falso debate sobre privatizações, com foco na Petrobras e no pré-sal, serviu apenas para que os graves desafios que se apresentam para a economia do país não viessem à tona. A campanha eleitoral transcorreu paralelamente a uma grave crise cambial que, para o Brasil, tem ligação estreita com o desastre que foi a política externa nos últimos oito anos.


A crise de 2008 promoveu uma necessidade de fortalecimento da globalização da economia. Do grupo dos Brics, apenas o Brasil não percebeu isso - ou não quis, por ideologia, perceber.


Não é por acaso que o governo Lula coleciona o maior número de derrotas nas disputas por cargos em entidades internacionais, sendo a última na União Internacional de Telecomunicações, setor elevado em todo o mundo e vital para o desenvolvimento do planeta.


E, no falso debate sobre privatizações - instrumento da economia moderna que, no caso do Brasil, só se revelou exitoso, como com CSN, Vale e telecomunicações -, o que é oferecido ao brasileiro?


Um discurso ideologicamente infantilizado, extemporaneamente nacionalizado, economicamente equivocado e desastrado.


Que tipo de esperança pode-se depositar nos autores desse discurso quanto aos rumos da economia e ao desenvolvimento do país?


O trabalho da oposição começa hoje. O que se pode esperar de governo que rejeita a receita que o mundo todo está aplicando para reorganizar a economia - cumprimento de metas fiscais, não a utilização de esquemas extraorçamentários que simulam a normalidade; redução de gastos públicos, com consequente diminuição dos juros.


A receita também inclui redução dos impostos e a implantação de justiça fiscal; a racionalização da gestão administrativa, com o funcionamento de um Estado adequado, eficaz.


E é urgente também entender o alarme que o brasileiro deu aos políticos e governantes do país.


O brasileiro é religioso e dá muito valor a isso. É conservador e forma sua família por essa régua. O brasileiro não é culturalmente corrupto; essa cultura está no poder.


O brasileiro, culturalmente, é honesto e tem caráter - e deu mostras de que está cansado de ser governado por quem despreza a honestidade e abraça a corrupção.



(PAULO BORNHAUSEN - http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0111201008.htm)

Um comentário:

  1. Reinaldo Carvalho Cardoso Neto7 de fevereiro de 2011 às 13:49

    Fantástico o texto do nosso querido homem bom Paulo Bornhausen. Vindo de quem vem, só poder-se-ia esperar um texto tão bom como esse.

    Primeiramente porque o texto vem de um deputado do ilibado e incorruptível DEM, partido esse que nunca se viu metido em corrupção, ao contrário da gangue petralha.

    Sem se esquecer que o DEM é um partido que é um eterno defensor e protetor da democracia e que nunca, jamais, em nenhum momento de sua gloriosa história se curvou e apoiou qualquer ditadura que fosse. Afinal de contas o próprio nome do partido diz, DEMOcratas. Onde que, no mundo, um partido com esse nome ficaria do lado de ditaduras?

    E segundo que o deputado pertence a nobre família de homens bons Bornhausen, que tantas coisas boas fez ao povo de Santa Catarina. Esse espírito democrático, de defensor e de lutador da pátria e dos homens bons da nação o jovem Paulo certamente herdou de seu querido pai Jorge Bornhausen, que tantos feitos bons deu ao Brasil, a seu estado e à democracia brasileira.

    Sem se ater a esses dois detalhes, o deputado Bornhausen mostra que está realmente antenado com a realidade do Brasil. Basta ver os frangalhos em que está a economia nacional, basta ver a crise de desemprego que se alastra pelo Brasil, basta ver como o crédito imobiliário reduziu-se a nada, basta ver como o governo, através da Petrossauro, alardeou a descoberta de uma reservazinha xexelenta de petróleo.

    E o principal, basta ver como o sapo barbudo é tratado lá fora. Não recebeu nenhum elogio da imprensa internacional, é tratado mal, debochado, humilhado, espezinhado, diminuído, xingado por líderes de outros países. Nnenhum deles reconhece Lulla como um grande estadista ou um grande líder popular. Enfim, a nossa política externa é uma piada de mal gosto.

    O deputado também se mostrou um grande defensor das privatizações e do neoliberalismo. Mais uma vez o deputado acerta em sua análise. Basta ver o que aconteceu no mundo nos últimos 2 ou 3 anos para notar que o neoliberalismo é um modelo de economia que dá certo. Basta ver a situação financeira dos países que adotaram a progressiva diminuição do Estado e o que esses países fizeram nos últimos anos.

    E o melhor de tudo é que essa opinião foi publicada no jornal Folha de São Paulo. Um jornal isento, de credibilidade, imparcial, ponderado, equilibrado, respeitador da liberdade de expressão e da democracia e que jamais publicou uma mentira que fosse em suas páginas.

    No mais, só gostaria de dizer que essa primeira frase do texto me lembrou muito o excelente analista político e humorista Marcelo Madureira.

    Att,

    Reinaldo Carvalho Cardoso Neto.
    Professor, sociólogo, filósofo e jornalista.

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